Capítulo 16

• Eu sei que ta muito sem graça, e que vocês esperavam mais, porém, vou postar o 17 hoje também <3 

Difícil foi enrolar a Anne para ir dormir. Até que consegui, e meu celular toca, nem olhei pensei que fosse o Bruno, ele toca novamente, olhei para a tela, e era Leonel. O que ele queria me ligando á meia noite?

-Alô. – Atendi.

-Michelle, onde você está? – Ofegante, sua voz saiu.

-Em casa. – Respondi de imediato. – Mas porque?

-Porque não atende o Bruno? Ele me ligou dizendo que você sumiu do apartamento.

-Por favor, não fala nesse nome. – Supliquei.

-O que houve? – o tom de voz dele muda.

-O Bruno não te ligou? Ele não te contou o porque vim embora? – Falei ironicamente.

-Não, ele só disse que era pra eu ver se você estava bem, porque ele não fazia ideia porque você não estava atendendo ele.

-Primeiramente, eu nem vi as chamadas dele, segundo, diz pra ele que eu sumi, e terceiro, amanhã conversamos direitinho.

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Sai do serviço e fui direto para o Starbucks me encontrar com o Leonel, no da principal novamente. Meu celular tocou a manhã inteira, ao total de 22 ligações perdidas do Bruno, não atendi nenhuma, apenas deixei tocando. Estava ferida, o meu consolo era que daqui a dois dias eu iria para Nova Iorque, pelo menos lá eu estaria longe dele, por alguns dias.

-Desculpa o atraso. – Fala Leonel chegando ofegante na mesa.

-Não foi nada, confesso que nem esperei muito. – Ele sorri.

Fizemos nossos pedidos e ele me olhou, como se dissesse com o olhar para eu falar o que aconteceu.

-Bom, eu vou falar o que rolou ontem a noite. – Disse e ele sorri. – Lembra que no ano novo ele não me ligou? Pois ele me ligou ontem a tarde, e disse que era pra nos encontrarmos, no inicio eu não queria ir, mas acabei cedendo. Péssima ideia. – Anexei o comentário e ele riu.

-Continue.

-Lá no apartamento, nós jantamos, conversamos, e passamos um tempinho juntinhos, até o telefone dele tocar, e ele estava conversando com uma mulher, me deixou muito tempo esperando, foi quando escutei ele falar que eu era um problema. Se não foi isso, foi quase parecido, fora as coisas não muito católicas que ele dizia no telefone, que não cabe aqui responder. Então eu fui embora de fininho e fui pra minha casa.

-Esse cara é doido?

-Não, pelo menos eu acho que não. – Torci os lábios, pensativa.

-Michelle, eu vou matar ele, como que ele pode fazer isso?

-Por favor, não fala nada com ele, eu quero evitar.

-Mas...

-Por favor Leo, eu estou te pedindo. Deixa que com ele, resolvo eu. – Falei.

-Bom, ontem depois que você desligou, eu liguei pra ele e ele parecia bem preocupado com você.

-Da boca pra fora. – Ironizei. – Vamos mudar de assunto! – Pedi

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Estava pronta para ir viajar, malas prontas também.

-Não quero que você fique uma semana sem mim. – A birrenta da Anne diz cruzando os braços na altura do peito.

-Eu tenho que ir, é a trabalho.

-O problema não é nem você ir, o problema é ir e não me levar. – Ela revira os olhos.

-Vai a merda Anne. – Pus o dedo do meio pra ela.

Nos despedimos e eu peguei o táxi para o aeroporto. Nem comentei, mas eu não falo com o Bruno desde aquele dia, e ele também não me ligou mais, desde as últimas 22 vezes que eu não o atendi. Leonel disse que iria viajar esse final de semana, pra pegar as coisas que tem na Holanda ainda, e iria voltar pra cá, pra morar fixamente. Ryan apareceu ontem lá em casa, mas eu não estava, Anne disse que ele perguntou por mim, mas ela disse que eu não estava em casa, e tinha viajado, amei essa atitude dela. Passei no banheiro do Aeroporto e me olhei no espelho. Estava cheia de roupas, uma blusa, um moletom fino, e um casaco grosso. Vi na televisão que em Nova Iorque frio.

-Pensei que não iria vir. – Alejandro estava embrulhado em um casaco de couro, enorme, ultrapassava o joelho.

-Claro que vou. – Afirmei.

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Bastou algumas horas de viajem para meu corpo se cansar de estar sentado, e um pouco desconfortável. Desembarcamos no aeroporto de Nova Iorque, e realmente como vi na previsão, estava frio demais.

Enquanto Alejandro procurava um táxi desocupado, sentamos eu, Tina e um outro arquiteto que eu não converso muito, Joseph. Olhei para a tela das televisões da sala de desembarque, e bem na hora passava uma chamada para o Brasil. Fiquei viajando em pensamentos distantes. Pegamos o táxi, e eu parecia uma estranha no paraíso, olhava tudo muito detalhadamente, Nova Iorque, um lugar tão maravilhoso, ta certo, algumas partes nem tão lindas assim, e eu esperava neve, mas está tudo bem.

Chegamos no hotel, eu fiquei no quarto com a Tina, eu e ela não nos falamos muito, a única coisa que eu sei de concreto é que ela é dois anos mais nova que eu, e que é do Canadá. Arrumei minhas coisas, como ainda estava de noite, apenas fomos dormir, amanhã seria outro dia. Acordei com frio, mais frio do que o normal, um calafrio no meu corpo. Espirrei e fui para o banheiro. Fiz minha higiene e me arrumei.

-Bom dia Tina. – Estava colocando meu casaco, enquanto ela calçava seus sapatos.

-Bom dia Michelle. – Ficamos em silêncio por um breve tempo. – Michelle, é... Me desculpa estar perguntando isso, mas você conhece o Bruno Mars? ... É que eu li numa publicação na internet, que você conhecia ele, e ... – Ela aparentemente estava nervosa e com muita vergonha, sorri.

-Conheço ele sim. – Afirmei e ela sorri.

-Eu sei que nós nem nos falamos direito, mas seria muito você me dar um autografo dele? Não é pra mim, mas minha irmã é muito apaixonada por ele. – Aparentemente, ela estava prestes a gaguejar.

-Claro que eu pego. – Olhei para minha roupa pelo espelho e conferi, vi que estava tudo certo.

Tomamos o café da manhã juntos, nós quatro. O impressionante é que o menino, Joseph, não fala quase nada. Ele me lembra muito um ator que já morreu, o Patric, que fez o filme “Ghost”... Adoro aquele filme! Mostramos nossos projetos para a nossa indicadora, ela nos mostrou onde ele vai ficar. Vai ser um hotel, de sete andares, sendo que o último será muito bem projetado, pois vai ser os mais caros. Passamos a tarde resolvendo isso, e quanto mais tarde ficava, mais frio eu sentia.

-Quero voltar pra Los Angeles, e vir pra cá só quando estiver no verão. – Revirando os olhos e tremendo o queixo, assim que estavamos andando em direção ao nosso quarto, disse Tina.

-Mas eu estou satisfeita com Los Angeles, voltar pra cá, nem a pau. – Falei enquanto abria a porta.

-Ah, o senhor Alejandro, e o Joseph vão tomar chocolate quente mais tarde, eles nos convidaram.

-Sinceramente, acho que não estou muito afim. – Sentei-me na cama e ela fecha a porta.

-Nem eu. – Ela tira o casaco e põe sobre a chapeleira. – Vamos ver um filme?

-Claro que vamos. – Concordei na hora.  – Vou tomar um banho, se quiser pode escolher o filme. – Falei tirando minhas botas.

-Okay.

Fui para o banho, que para ajudar era quentinho, tinha até medo de sair dali e passar frio novamente. Ouvi o toque de mensagem do meu celular, mas esperei eu terminar meu banho. Me enrolei na toalha do banheiro, e olhei o celular. Mensagem da Anne. (Escute essa música! Never let me go)

“Amore, eu estava com a Zoe aqui no apê, e o Ryan chegou aqui, conversamos durante um tempo, até que o Bruno subiu... Sinceramente, acho que ele esperava muito te ver por aqui. Saudades sz”

Torci os lábios, mas ao mesmo tempo estava feliz por saber que ele foi atrás de mim.

“Porque ele não me ligou mais então? Pra ver como eu sou importante! Estou morrendo de saudades, mas acho que depois de amanhã já voltamos. Beijos”

Respondi e terminei de me secar. Pus meu pijama de soft e deitei na cama, o filme já estava pronto, e Tina já estava deitada na cama dela.

-Que filme é? – Perguntei e ela pigarreia.

-O unico bom que achei nesse hotel, piratas do Caribe.

-Adoro o Johnny. – Falei e ela sorri.

-Quando eu era adolescente, meu sonho de consumo era ele. – Ela começa a rir, enxergando o passado.

-Quando adolescentes somos tão bobas né?! – Perguntei meio que afirmando, ela solta um risinho e da play no filme.

-O se somos! 

Durante o filme, Tina dormiu, e meu celular vibrou, peguei ele e vi uma mensagem do Bruno. Pensei bem antes de abrir. Passei o dedo na tela, desbloqueie ela e fiquei por um longo tempo decidindo ler ou não.

“Seja o que você escutou, ou o que deu em você pra ter saído aquele dia, me deixando preocupado, eu quero que tiramos nossas diferenças pessoalmente, como adultos. Quando voltar de Nova Iorque, eu vou te esperar pra conversarmos, me ligue que eu te buscarei no aeroporto.”

“Engraçada essa sua atitude de querer sermos ‘adultos’, quando é você que me trata como mais uma das suas meninas.”

“Eu errei. Por favor, me avisa quando chegar, quero te buscar.”

“Avisarei sim! Agora vou dormir, boa noite Bruno”

Não me importei com respostas vinda dele. Só queria achar uma resposta pra tudo isso! Porque que eu não consigo dizer não pra ele? Porque que quando ele fala “Mich”, minhas pernas tremem? Porque eu me sinto fraca e protegida ao lado dele, como se mais nada pudesse me atingir, além dele é claro! Eu nunca tive um relacionamento sério com uma pessoa, sempre foi apenas “apegos”, e agora que eu decidi abrir meu coração pra finalmente namorar, eu me apaixono pela pessoa errada.

Não quero levar as coisas pra outros lados, eu sei que entre eu e o Bruno sempre vai ser amizade, mas o que eu posso fazer quando dentre pouco tempo, eu dependo tanto de uma pessoa? Sem contar no sorriso, ele me abastece pela manhã, é como se o dia ficasse cada vez melhor quando eu sabia que iria vê-lo.

Acabei pegando no sono, e acordei com uma surpresa nada agradável, eu estava gripada. Meu nariz estava entupido, minha cabeça pesando e doendo, e meus olhos ardendo, parecia que eu estava de ressaca.

-Tina? – Olhei para sua cama, mas ela não estava ali. – ótimo, estou sozinha. – Reclamei.

Continuei deitada, mas logo levantei para ir ao banheiro. O gelo do ambiente, o ar que circulava ali, apesar de ser o único pois tudo estava fechado, ele estava gelado. Olhei para a janela do quarto assim que sai do banheiro, nada de neve, apenas nublado e frio.

-Para com isso, alguém pode ouvir. – Ouvi a voz da Tina, segui a voz.

-Ninguém vai ouvir, só quero aproveitar um pouquinho. – Ouvi uma voz que não me era estranha, mas ao mesmo tempo era estranha. Estavam do lado de fora do quarto.

-Mas assim você vai me deixar mal. – Diz a voz estridente da Tina.

-Grande coisa, eu já estou. – Deu um pequeno barulho na porta, e para me prevenir, eu deitei rapidamente na cama. Fechei os olhos deixando uma pequena fresta, vi Tina entrando com um enorme sorriso no quarto. Fingi que estava me acordando e pus a mão na cabeça.

-Que horas são? – Perguntei fingindo voz de sono.

-Acho que quase meio dia. – Ela responde me olhando. – Ta á muito tempo acordada? – A tempo suficiente de ouvir você gemendo e aos beijos com alguém no corredor, ao invés de falar isso, eu neguei.

-Não, acabei de ouvir um barulho e acordei. – Respirei fundo. – Inclusive, tem algum analgésico ai?

-Tenho sim... Tem alguma contra indicação?

-Nenhuma. – Respondi.

Ela me deu o remédio e eu o tomei. Voltei a deitar e não falamos nada por alguns minutos.

-Gripe? – Ela pergunta puxando assunto.

-Acho que sim, e das brabas. – Revirei os olhos e senti um incomodo na cabeça. – Vamos nos conhecer mais... Tem quantos anos? – Perguntei e ela se ajeita na sua cama.

-25 e você?

-27. – Respondi.

-Namora? – Porque eu esperava ouvir essa pergunta?

-Não, e você?

-Também não, apenas tenho um amigo colorido. – Ela morde levemente os lábios, pensando bem longe na pessoa.

-É natural daqui? – Burra eu, perguntando o que eu já sabia.

-Não, sou do Canadá. E você?

-Havaí.

-Ai que sonho, lá deve ser lindo.

-E é lindo mesmo, tem que conhecer um dia. – Disse me virando de lado na cama, ainda num angulo que pudesse vê-la.