segunda-feira, 17 de março de 2014

Capítulo 97

Mais dois longos meses se passaram. Estamos em abril, inicio dele. Eu ainda continuo desempregada, vivendo apenas a custa da minha tia, do meu irmão, da Anne e um pouco do vale presente que o Bruno me deu de natal - sim, se impressionem, mas eu não gastei tudo ainda. A sorte minha é que a loja é bem "legal" e deixa eu comprar quando eu quiser, claro tem um prazo de validade, mas é bom não precisar gastar tudo de uma vez.

Bruno retornou com a sua turnê e está sendo um sucesso tão grande que vejo em tudo quanto é canal de televisão falando dele, ou posters na rua. Zoe está cada dia mais ansiosa para o casamento, agora faltam menos de três meses, e cada dia mais ela "roí" unhas de ansiedade. Estamos fazendo nossos encontros mensais, dois por mês, e está super divertido somente as meninas. Os meninos como estão em turnê, quando pegam algumas horinhas para eles, pegam as coreografias por internet - aí que mecanismo maravilhoso a internet.

Vi algumas dificuldades para dançar, mas depois peguei táticas incríveis. Descobri que na dança, além de perder uns bons quilos, acabei relaxando.

-Só estou esperando você mover a sua peça a mais ou menos nove minutos... mas posso continuar esperando. - Ironicamente minha tia diz, fingindo que tem um relógio em seu pulso.

-Ah tia.. me desculpa. - Olhei para o tabuleiro de damas e vi minhas jogadas, meu jogo já está quase todo entregue, porque eu tenho certeza que irei perder. Movi a primeira peça que vi. - Estava pensando longe daqui.

-No Chucky? - Reviro os olhos assim que ela pergunta.

-Ele é meu amigo, nós transamos, mas nada além disso. - Bufei.

-Então é no Jake...

-Não, faz três semanas que eu não vejo ele desde que ele veio aqui. A namorada dele me odeia. - É, a namorada oficial do Jake me odeia tanto quanto eu odeio aquela cara cheia de plástica. Mulher horrenda.

-Normal, sempre quando um homem tem uma melhor amiga mulher, temos que desconfiar... - Minha tia move a peça dela numa estratégia incrível.

-Ah... - Ia protestar, mas é vão. Todos meus amigos homens eu já pelo menos beijei. Leo, já beijei, Bruno também, Jake também, Chucky também... É, mais um motivo para quando um dia eu ter um namorado é "desconfiar das melhores amigas mulheres".

-A culpa é dos homens, eles são galinhas, verdadeiros galinhas. Acho que o único homem que prestava era seu avô. - A dor da falta que meu vô faz à ela está expressa em sua voz que deu uma leve falhada.

-Ia dizer que meu pai também, mas não ponho minha mão no fogo pelo passado de ninguém. - Dei de ombros mexendo uma peça sem dar bola para a jogada que estava fazendo.

-Dama! - Grita ela. - Seu pai era um homem de muita sorte, ele e sua mãe foram um dos casais mais lindos, mas quando tinham se conhecido, nossa, o relacionamento era horrível, ele bebia e pegava outras mulheres e ela corria atrás dele. - Ela balança a cabeça.

-Então isso é hereditário. - Gargalhei.

-Pode ser. - Ela ri um pouco, bem brevemente. - Mas do contrário, sua mãe nunca fugiu, e sempre lutou, tanto que conseguiu e logo ficou grávida de você... ela e Bernie eram bem amigas... aí, que tempos do Havaí. - O pensamento dela voou para longe e os meus também.

-Eu entendi. Desisti do Bruno porque a gente sabe quando uma luta é em vão. - Comento e ela cruza os braços. - No fundo eu sentia que não iria dar em nada, e não deu.

-Não deu porque você parou de lutar.

-Tia, eu não poderia ficar correndo atrás dele minha vida toda. Existe uma coisa chamada amor próprio. - Arrumo a posição das minhas pernas e ela respira fundo e solta levianamente.

-Existe uma coisa chamada orgulho ferido, é isso que te fez pensar que não valia mais a pena.

-Mas não vale! - Bufo. - Vamos mudar de assunto, pode continuar falando do papai e da mamãe.

-Ah sim, éramos um quarteto espetáculo...

Minha tia contando as aventuras dela, da minha mãe, da Bernie, e de Susan, uma outra amiga delas. Falando sobre suas farras, suas festas - ah, tudo naquele tempo era diferente - ela falou também que por ser a única a ter filho - por enquanto - no bando das quatro meninas, Bernie ás vezes ficava mais tempo em casa, e minha mãe vivia ao seu lado. Talvez seja por isso que elas tinham uma conexão incrível.

Novamente ouvi a história de como minha tia foi para o Brasil, de como o pai da Anne é um babaca, mas que ela gostava muito dele. Aí chegamos num ponto delicado, minha ida para o Brasil junto com o Theo, a nossa adolescência lá e a terrível dor de cabeça que dávamos nela ás vezes.

Ás vezes é gostoso lembrar do passado desse jeito, olhando pelo lado bom da janela.

++++

Estamos à uma semana do grande dia do casamento. Sinceramente, não sou eu que irei casar, mas minhas pernas estão bambas.

-E então prometemos deixar esse final de semana acontecer sem que nenhum de nós falássemos do assunto... O que acontecerá nesse final de semana, morrerá aqui mesmo. - Zoe bate a palma das mãos.

-Estou morrendo de medo do que pode acontecer lá. - Blair torce os lábios.

-Eu não preciso me preocupar porque meu amor está ao lado da minha casa. - Anne dá de ombros.

-Ah sim, claro. - Zoe pareceu lembrar de algo. - Esqueci de anotar na lista, mas é de extrema importância ficarmos totalmente incomunicáveis nesses dois dias.

-Eu não tenho com que me preocupar. - E não tenho mesmo.

-Gente, repassando. Vamos ser nós quatro, sozinhas numa casa em Zuma, no Malibu. Nada de aparelhos eletrônicos, nem calculadoras se caso fosse necessária. Terá no sábado à noite quatro homens, lindos, dançarinos, e nosso extremo sigilo. Nada vai sair de lá, e vocês não são obrigadas a ficar com esses caras, é somente para a nossa diversão, mas pensem que seus namorados estão em Las Vegas, com mulheres...

-Meu senhor. - Dei uma gargalhada alta. - Ok, eu posso aproveitar os quatro inteirinhos então. - Gargalhei mais ainda.

-O que um beijinho poderia fazer, não é? - Zoe colocou a língua sapeca para o lado como uma criança travessa.

-Ok, tudo bem. Vamos que horas? - Anne levanta-se do sofá.

-Saímos daqui ás oito em ponto! Um segurança do Bruno irá nos levar, os meninos embarcam ás oito e meia, aproveitem a noite com eles hoje.

-Bom saber que o Theo está indo pra Las Vegas. - Blair implica sozinha. - Eu juro que corto o pinto dele fora se algo acontecer.

Nós rimos.

-Se algo acontecer, você não irá saber. - Anne dá de ombros. - Eu gostei dessa ideia em partes.

-E as bebidas? - Pergunto para Zoe.

-Muitas bebidas, comida, tudo o que vocês quiserem, temos um cartão só nosso.

-Aí que ótimo! - Comemoro.



-MALIBUUUUUU. - Grita loucamente Anne assim que colocamos os pés na areia limpa de Zuma.

-Estou me sentindo num filme. - Corro na frente delas e faço uma pose estranha.

-Paraíso! - Blair balança a cabeça, encantada.

-Nada de sentirem falta, pensarem, e nem falarem de seus romances. O que acontecerá aqui ficará aqui, vamos aproveitar isso tudo como se fosse um passe livre da vida. - Zoe levanta os braços. É, pra quem vai se casar em quatro dias ela está bem tranquila e despreocupada.

Fui a primeira a tomar coragem para tirar o vestidinho que cobria meu corpo. Meu biquíni rosa se destacava em minha cor de pele. Olhei para as meninas que ainda estavam acanhadas. A praia não estava tão cheia quanto eu pensei, mas deve ser por causa do horário, pois é época de férias de tudo quanto é coisa, então deve ter muitas pessoas por aqui, mas devem estar em suas casas.

-Ah, qual é, estamos em Malibu, um final de semana acaba rápido, então vamos aproveitar. - Disse tocando meu vestido por cima de nossas bolsas de praia.

-Queria ter uma máquina fotográfica se fosse possível pra fotografar o momento beleza disso. - Anne torce os lábios. -Mas minha prima aqui tem razão, vamos aproveitar. - Ela segura na barra de sua regata e a puxa para cima dando visão ao seu biquíni azul mais puxado para o verde.

Não foi um sacrifício tira-las da areia para irmos pra água, mas foi um sacrifício maior fazer elas tirarem suas roupas para ficarmos de biquíni, até parece que elas tem algo para se envergonharem. Mergulhamos entre as ondas, algumas bem altas, outras menores. Tomei duas vezes seguidas um caldo que me deixou mal por segundos, mas voltei ao normal.


Dá pra ver que elas querem se divertir, e estávamos fazendo isso, mas no fundo as três estavam com saudades dos seus namorados. Eu como sou descompromissada, não sinto saudades de ninguém, e também não devo me preocupar com alguém. Ser solteira tem seus lados bons.

Saímos da água, eu e Anne, para tomarmos um banho de sol, pegar uma cor e tirar o pálido de nossas peles pelo recente inverno sem muito sol. Estendi minha toalha, quando passou três homens por nós. Um era mais fofinho e com o cabelo cogumelo, o outro um belo moreno da cor do pecado, e o terceiro branco de cabelos loiros tingidos com seus olhos castanhos. Como sei dos olhos? Fácil, ele quase comeu a Anne com eles, e o mais gordinho me olhou de cima a baixo.

Começamos a rir assim que eles passaram, e por mais que eu não estivesse interessada - e nem a Anne - isso aumentou nossa auto estima. Coloquei meus óculos escuros e fiquei olhando para o céu com eles enquanto falava algum tipo de bobagem com a Anne. Não demorou muito e as meninas se juntaram de nós.

-Será que esses quatro homens são lindos? - Anne inicia o assunto.

-Se forem... eu não me importo de ficar com os quatro. - Dei de ombros.

-Nossa, quatro homens? Haja coragem. - Blair gesticulou com as mãos algo obsceno.

-Ai que horror. - Gargalhei. - Os quatro, mas um de cada vez, é claro. - Revirei os olhos.

-É o que eu iria dizer... será que dá pra uma mulher ficar com quatro caras de uma vez, porque tipo... - Anne mostrou sua curiosidade.

-Imagina, fica que é uma rosa de tão aberta. - Digo provocando riso nelas.

-É possível, eu vi um filme uma vez com um cara que eu ficava... sim, uma mulher e quatro caras. - Blair comentou.

-Prefiro nem imaginar. - Zoe faz uma cara de nojo. - Na minha primeira vez eu pensei que não aguentaria mais nenhum na minha vida. - Revela ela.

-Eu acho que sou a única pessoa no mundo que não reclamo da minha primeira vez. - Comenta Anne.

-Eu não reclamo da primeira vez, porque eu gostei, mas se fosse com outra pessoa seria melhor. - Zoe responde.

-Ai, eu me arrependo da minha. - Blair fez cara de nojo e fez como se fosse vomitar.

-Mich fica ali quietinha... - Zoe implica comigo.

-Eu prefiro nem comentar. - Me ajeitei de bruços na toalha. - Eu não amei minha primeira vez, mas não foi a melhor de todas e poderia ser com outra pessoa. - Digo respondendo a elas.

Continuamos com o assunto mulher, sexo, primeira vez, homens bonitos. Falando em homens bonitos, em Malibu é o que não falta.

Bruno Pov's 

-Vamos aproveitar. - Ryan esfrega as mãos.

-Eu não irei fazer nada, mas também se vocês fizerem algo eu não falarei pra ninguém. - Phil fez um zíper na sua boca.

E eu estou aqui, não sei o que eu faço na realidade. Estou à quase dois meses sem transar com alguém. Aliás, depois da Michelle, e daquela mulher que eu não consegui transar porque minha ereção foi embora, eu só transei com a Mary, uma mulher Caribiana linda, com um corpo de suspirar fundo, mas não foi tão gostoso assim, e quando cheguei no meu ápice, sim, eu fechei os olhos e não imaginei a Mary ali.

Agora fico entre a cruz e a espada, meus amigos vão aproveitar, afinal Vegas é Vegas, mas eu não quero transar com as mulheres, mas ao mesmo tempo eu quero.

-Deixa eu lembrar vocês mais uma vez... - Phred iria começar com seu discurso, mas Theo o atrapalha.

-...ninguém irá saber disso, esse final de semana vai ser aproveitado e depois esquecido por todos nós... - Ele tenta imitar o Phred que dá o dedo do meio pra ele, e nós rimos.

-Quero beber até cair. - Kam levanta o copo que estava em sua mão com um restinho de vodka.



  • Oi lindas, desculpem, mas eu tive que pular até uns dias antes do casamento... eu não tinha mais o que por nos capítulos, e odeio ficar enchendo morcilha. Enfim, muita gente ficou indignada que eu não narrei o sexo entre Michelle e Chucky, mas gente... vai ficar muito estranho se eu narrar, enfim! E sobre a Michelle "dar o troco no Bruno", ela não vai fazer isso, porque ela já disse uma vez que não está querendo se igualar a ele, ela quer é aproveitar a vida e esquece-lo. 
  • Espero que tenham gostado, e desculpem mais uma vez se eles estão chatos, mas eu ando passando por uma fase sem criatividade. Comentem, e é isso, beijos <3

sexta-feira, 14 de março de 2014

Capítulo 96

Bruno Pov's 

Batucando os dedos, inquieto, preocupante. Chegará eu a pensar que teria de tomar algum medicamento, algo para controlar minha inquietação, como um calmante, ou até tomar um simples chá de maracujá ou erva doce.

Eu ganhei meu segundo Grammy, e isso me deixa tão motivado, tão feliz, e ao mesmo tempo tão ambicioso para ganhar mais que nem sinto o tempo passar. A última vez que olhei no relógio eram oito e meia da manhã, e eu ainda não dormi - e nem consigo.

Queria poder falar isso pra alguém, alugar ouvidos para desabafar e falar de tudo que estou sentindo, esse misto de coisas. Uma felicidade de completa imensidão. Poderia compartilhar isso com minha mãe, que Deus a tenha, se eu pudesse lhe falar tudo que estou passando...ou talvez nada desses conflitos internos estariam acontecendo. Eu sei que ela me daria os melhores conselhos, e eu sei que a ela eu seguiria. Não posso falar disso com o Ryan, porque agora não se trata mais do Grammy que conquistamos - eu e todas as pessoas que me ajudaram - e sim sobre meus sentimentos, e quando se trata deles... Ryan não sabe falar sobre uma coisa que nunca sentiu: amor por uma mulher tirando as da sua família. Poderia eu chorar nos ombros do Phil, mas sei que não é justo, nenhum pouco! Phil desde cedo me avisou, ele tanto como o idiota do Leonel deram avisos, e eu como um belo idiota não ouvi ninguém, e agora eu acho que tenho que aturar esse peso sozinho.

Viu? Mudei do assunto de Grammy direto para a Michelle, porque normalmente qualquer mísera coisa que vou fazer acabo pensando nela e nos seus olhos, sua boca, seu corpo, tudo! Na forma que ela me faz rir. Agora eu deitado na minha cama, tentando absorver milhares de coisas, penso pra mim mesmo: Até quando isso continuará assim?

Pego meu celular e abro a caixa de mensagens. Escrevo com o destinatário pra ela.

"Desculpa a mensagem justo a essa hora em que você deve estar dormindo, descansando, mas me bate a vontade de mostrar que eu estou aqui pensando em você." 

Para de ser idiota. Revolto-me com meus próprios pensamentos idiotas, se fosse para mandar essa mensagem, então eu ligaria para ela e diria que estou morrendo de saudades e que quero ela de volta pra mim. Mas eu não posso. Um pouco orgulho. Outro pouco é o medo.

Acho que tenho que deixar ela ser livre - ou não, tenho pensamentos absurdos -, mas Michelle é uma garota por qual todos os caras gostariam de ter ao lado. Ela compreende, ela é amável, ela é linda por dentro e por fora, ela sabe o seu lugar, ela não tenta se aparecer mais que as demais garotas - não querendo me gabar, mas a maioria das pessoas se fossem minhas amigas, por eu ser famoso, elas se aproveitariam disso - ela é diferente. Diferente de um modo que eu sinto que ela merece outra pessoa, uma pessoa que chegue aos seus pés, uma pessoa que irá lhe proporcionar boas coisas, e eu sou mais um filho da mãe que não soube aproveitar oportunidades.Ela me faz pensar que para estar do lado dela eu teria que ser maravilhoso...

Mas eu não vou desistir!

Michelle Pov's 

-Não acha que é bobagem? - Pergunta ele com sua cerveja em mãos e seu corpo coberto por apenas uma cueca boxer.

-Em parte. - Digo convicta me ajeitando no seu sofá. - Não é porque você se apaixonou que você é idiota, você pode apenas ter escolhido a pessoa errada. - Dei de ombros enquanto observava ele sentar ao meu lado.

-E quando sabemos que é a pessoa certa?

-Arriscamos... temos que tentar para saber o que é certo ou errado. - Foi o que eu fiz uma vez na minha vida, e vi que foi errado. É estranho falar disso com ele.

-Enfim, dia dos namorados é mais um truque de mídia para venderem mais bombons em formato de corações, balões bonitinhos, e cartões com frases lindas. E não podemos esquecer das flores.

-Nossa... - Ele não tem esperança nenhuma quanto ao amor, isso é visível.

-Ah, qual é, vai dizer que é mentira? - Deu um sugada incrível na latinha de cerveja e ficou me encarando.

-Pode até ser um truque da mídia, mas os casais apaixonados gostam disso, e serve para reaproximar aqueles que estão em crise. É legal. - Pego o controle da televisão para mudar de canal e fico pressionando insistentemente os botões, mas não funcionam. - Acho que acabou a pilha. - Levanto-me para largar ele sobre o rack da televisão.

-Ah que pena. - Chucky na maior intimidade olha para o meu corpo, desejando-o abertamente, como se nós não acabássemos de passar meia hora na cama.

-Não... nem pense nisso, agora não. - Digo e ele me puxa para o sofá.

-Calma, só pensei em fazer cócegas em você.

Chucky começou a fazer cócegas em mim, mas não era a mesma coisa, eram fortes e não delicadas. Nada eu posso comparar com o Bruno, eu ria nas cócegas dele, passávamos horas e horas na cama, poderíamos transar uma vez atrás da outra que eu nunca me enjoaria disso, mas com o Chucky não é a mesma coisa. Eu e o Bruno, por mais que tenhamos as desavenças e coisas que nos fizeram acabar, nós conversávamos, e por mais que seriam poucas, ele ainda tinha esperança de um mundo melhor.

Dia dos namorados é amanhã e eu decidi passar o dia sozinha. Leo levou Anne para a Disney hoje - tive uma certa inveja branca, mas desejo tudo de bom para eles - e Phred e Zoe irão passar em Santa Monica, Blair e Theo nem sei onde irão ir, só sei que eu ficarei sozinha em casa, é melhor pra mim do que estar vendo esses corações vermelhos, e faixas de "happy valentine day" eu não mereço esse tipo de coisa quando se está solteira.

++++

Acordei numa depressão intensa, uma vontade de escutar músicas tristes e olhar para a janela num dia chuvoso, mas o universo não conspirou ao meu favor hoje. O dia está com um sol lindo, era pra estar frio, mas não está, e as músicas tristes insistem em aparecer.

Abro a janela para iluminar meu quarto e uma onda de calor e raios de sol invadem tudo. Fecho os olhos para me acostumar e parto para cima da minha cama, ligar a televisão.

"E como íamos dizendo, o dia dos namorados nos fazem pensar melhor em nosso coração, pensar melhor no nosso amor..." 

Troquei de canal. Não quero me tornar uma pessoa amarga por causa disso, mas eu não quero ter que me obrigar a pensar que em matéria de amor, eu não tiro nem um meio ponto.

"E vamos de mais um clipe..."

Deixei no canal, até aparecer um clipe com um casal, eu já deveria suspeitar. Prestei atenção na letra.


A hundred and five is the number that comes to my head
(Cento e cinco é o número que vem na minha cabeça)

When I think of all the years
(Quando eu penso em todos os anos)

I wanna be with you
(Quando eu penso em todos os anos)

Wake up every morning with you in my bed
(Acordar toda a manhã com você na minha cama)

That's precisely what I plan to do
(Isso é exatamente o que eu planejo fazer)

Porque eu não tenho um amor assim? Porque é difícil viver desse jeito? Eu quero ser mais forte, eu quero não poder chorar por bobagens, ou poder não pensar no que me deixa pior, mas é sempre ao contrário. Eu queria mesmo não pensar no Bruno - e eu não penso com mais tanta intensidade que nem pensava antes -, mas eu quero isso de um jeito que eu possa olhar pra ele depois e dizer "eu estou bem, me recuperei do mal que você me fez". Mas não é assim, nada é fácil assim. 


Sei que não vou mais ser fraca o suficiente para ceder aos seus encantos, agora estou vivendo por mim e assim quero continuar, é melhor para todos. 

++++

Passei a tarde conversando com a minha tia, sobre várias coisas, vários assuntos, inclusive amor. Pois é, minha tia me deu belos conselhos, que posso seguir, mas continuarei com meu plano de ficar melhor assim, sozinha do que me enganando por tempos novamente, pensando que é uma coisa quando na verdade é outra totalmente diferente. 

Pego meu celular a mando da minha tia, e já que eu não vejo o Bruno desde dois dias antes do Super Bowl, resolvi ligar para ele. Chamou uma vez, duas, três, quatro, quando ia desistir, ele atende. 

-Alô. - Sua voz saiu normalizada, pensei que até estivesse dormindo. 

-Tudo bem? - Pergunto e minha tia fica me olhando. 

-Ah, tudo sim... e contigo? 

-Tudo bem até. - Fico pensando no que falar, até que minha tia ajuda falando somente com os lábios sem emitir som. - O que está fazendo? 

-Acabei de sair do banho, por pouco não atendo você. 

-Ah, dei sorte então. - Dei uma risadinha sem graça e ele também. - Vai sair? - Pergunto receosa. 

-Na verdade não, iria deitar. 

-Não quer jantar aqui em casa? Está eu e minha tia... 

-Tudo bem. - Minha tia dá um sorriso assim que ela escuta ele falar que sim. - Estarei aí em vinte minutos, meia hora. 

-Ok. - Tive uma brilhante ideia. - Bru?

-Oi.

-Se importaria em trazer seu violão? - Pergunto com vergonha.

-Tudo bem.

Tia preparou todos os ingredientes para quando o Bruno chegasse, ela só teria o trabalho de cozinhar. Subi para o meu quarto e estendi minha cama que estava um caos, fechei a janela do meu quarto e na sala liguei o som bem baixinho. 

-Deixa que eu abro. - Digo assim que ouço a campainha.

Abro e lá está o Bruno, com chapéu, camisa, jaqueta jeans, calça preta e mocassins.

-Demorei porque passei num pub para comprar um vinho, e como é dia dos namorados, tudo está lotado.

-Aqui é a casa dos solteiros. - Brinco com ele que ri esperando o convite para entrar. - Sinta-se em casa. - Dou passagem pra ele.

Pego a bebida das suas mãos, o violão está nas suas costas, e ele se aproxima para um beijo no rosto.

-Minha tia está na cozinha. - Digo passando em frente dele.

Para a janta minha tia fez lasanha - ah, quanto tempo não como uma - e bebemos vinho, claro que eu briguei com o Bruno para ele não tomar mais do que uma taça, porque isso já estava ótimo. Conversamos enquanto esperávamos a comida baixar. Bruno perguntou onde todo mundo estava - até porque era muito provável que ele não estaria aqui (e se estivesse, não seria vivo) se Anne estivesse em casa - avisamos que todos estavam comemorando o dia dos namorados em algum lugar diferente.

Eu lavei a louça, Bruno secou e minha tia guardou, tudo para irmos mais rápido com tudo. Fomos para a sala, onde eu sentei no sofá de três lugares, Bruno sentou-se deixando um lugar no meio vazio, e minha tia sentou na sua poltrona. Entre conversas e risadas, Bruno pegou o violão e dedilhou algumas notas.

Primeiro ele cantou duas de suas músicas, depois uma dos Beatles ao meu pedido.

-Qual é o nome daquela música que eu gosto? - Pergunta minha tia pra mim.

-Ah, qual delas? - Fico pensativa e chuto. - Baby? - Minha tia amava a música Baby do Justin Bieber.

-Não... ela é com um cara e uma menina. - Sua mão vai na cabeça pensando no que seria.

-Lucky? - Perguntou.

-Eu sei tocar essa. - Alerta Bruno.

-Isso! - Minha tia aponta pra mim. - Sabe tocar Bruno? Porque não cantam?

O que ela tá querendo fazer? Seja lá o que for não é tão legal quanto ela está pensando.

-Hã...canta comigo? - Pergunta Bruno direcionado a mim.

-Não, eu não sei cantar, sou péssima nisso! - Saio na defensiva e ele revira os olhos.

-Por favor, cante com ele. - Pude sentir minha tia piscando pra mim. Isso não é legal, caramba.

(Escute a música aqui \õ) Assenti positivamente e Bruno começa a dedilhar as primeiras notas.


Do you hear me
(Você me ouve?)

I'm talking to you
(Estou falando com você)

Across the water
(Dou outro lado da água)

Across the deep blue ocean
(Do outro lado do profundo oceano azul)

Under the open sky
(Sob o céu aberto)

Oh my, baby I'm trying
(Oh, meu amor, eu estou tentando)

Sua voz saiu tão linda que eu tive vergonha de começar a cantar. Desviei o olhar dele e olhei rapidamente para minha tia que só balançava a cabeça com os olhos fechados.

Boy I hear you in my dreams
(Menino, eu ouço você nos meus sonhos)

I feel your whisper across the sea
(Eu sinto o seu sussurrar por todo o mar)

I keep you with me in my heart
(Eu trago você no meu coração)

You make it easier when life gets hard
(Você faz ser mais fácil quando a vida está difícil)

Me senti completamente desconfortável, mas Bruno parecia tão bem desse jeito. Isso o teria incomodado à um tempo atrás... não devo pensar bobagens, como sou idiota. Demos continuidade a música.

Lucky I'm in love with my best friend
(Sorte minha estar apaixonada pelo meu melhor amigo)

Lucky to have been where I have been
(Sorte de ter estado onde eu estive)

Lucky to be coming home again
(Sorte de novamente voltar pra casa)

Ohhohhohhohhohhohhohh
(Ohhohhohhohhohhohhohh)

-Preciso ir no banheiro. - Levanto rapidamente e corro até o banheiro. 

Eu precisava ir ao banheiro, mas eu também precisava escapar desse momento constrangedor, parar com essa música idiota, nesse momento que só me faz lembrar... Eu odeio isso, odeio ter que ficar fugindo dele pra ser forte porque sei que aqueles olhos me enfraquecem e me levam novamente para o fundo onde eu me entrego aos seus braços. 

Me recompus e fui novamente pra sala. Sentei-me no sofá, dessa vez bem mais afastada dele. 

-Sabe qual foi a conclusão que eu tirei desse momento? - Minha tia salva-nos do silêncio, mas ainda sim tenho medo do que pode vir daquela boca. Ficamos em silêncio esperando que ela falasse. - Que você canta mal demais meu amor. - Ela olha pra mim. 

E para minha salvação, nós caímos na gargalhada. 

  • Sobre esse capítulo.... não sei não hein... Brunelle tá... sei lá o que pensar nduisabdnioasno tô sentindo falta de escrever uns hots aqui :p ndioasndioas enfim, tô tentando passar mais rápido possível esse tempo, mas tá difícil. Querem que eu passe mais rápido o tempo? Ah, e me desculpem se estão achando chato, mas eu estou sem inspiração, então ou é isso, ou não tem fic! E sobre o Chucky... gente, ele é só um peguete, calmem. Comentem mais, e até segunda feira <3