segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Capítulo 22


  • Estou pasma e muito feliz com Gorilla, por isso postei hoje! ndsioadnosiand só pra constar, e porque eu quero falar mesmo, se não quiser não leia u_u Eu amei a apresentação de Gorilla, a do Justin, e de ROAR... Esse VMA foi o melhor <3 
  • Parem de ler aqui e vão ler o capítulo 
  • AAAAH, COMENTEM!


Passei o dia agarrada com a Anne. Ela tinha melhorado da dor, então resolvemos aproveitar esse momento só nosso. Enquanto víamos um filme muito idiota na televisão, eu pensei em tudo o que aconteceu desde que vim pra Los Angeles. Um sábio já dizia que nada acontece por acaso... Se isso realmente é verdade, então eu nasci pra sofrer, porque tudo o que está acontecendo só está me destruindo por dentro.
-Não acredito que as pessoas matem por vingança. – Anne comenta, acho que sobre o filme.
-Eu acredito, ego ferido faz você cogitar mil e umas possibilidades. – Dei de ombros.
-Ui, filosofa. – Ela dá a língua pra mim. Comecei a rir.
-Percebeu que não fizemos nada o dia inteiro? – Comentei e ela riu.
- Que dia? Se acordamos era umas três da tarde.
-Quatro. – Corrigi.
-Que seja. – Ela da de ombros. – Viu, já perdemos o dia dormindo. – Ela se espreguiça.
-Falando nisso, que horas são? – Perguntei e ela riu.- Não entendi o motivo da risada.
-Só estou afim de rir. – Olhei ela rindo, parecia que estava sei lá, bêbada, chapada.
-Para, ta me assustando. – Comentei e ela começou a rir mais ainda. Isso estava contagiando. – Para! – Implorei, e não me rendi as gargalhadas.
-Eu não sei do que estou rindo. – Ela da uma gargalhada alta.
-Louca. – Atirei uma almofada nela.
-Não bate em mim. – Ela da um tapa na minha coxa, deixando a marca.
-Vaca! – Gritei.
-To cansada. – Ela reclama, parando de rir.
-Você é uma vaca louca, isso sim! – Não entendi o surto de bipolaridade dela.
-Ah, só queria te distrair. – Ela diz mexendo a ponta do indicador perto do meu nariz.
-Não precisa, eu tenho é que pensar nisso mesmo, pra ver a burrada que estou fazendo. – Torci os lábios.
Meu celular apita de mensagem.
“Esqueceu que íamos nos ver por skype? Estamos esperando!”
Theo! Droga, me esqueci completamente disso.
-Tenho que pegar o notebook. – Levantei rapidamente do sofá.
-O que foi? – Anne apavoradamente pergunta.
-O Theo, e a tia, esqueci que tinha dito que iríamos nos ver hoje... Lembra?
-Ahhhhhhhhh! – Ouvi os passos apressados dela. – Vou dar uma ligeira no meu cabelo, que ta terrível. – Na verdade nem estava terrível nada, ela que gosta de aumentar um pouquinho.
Peguei o notebook e o modem, que Leo me emprestou. Levei eles até a sala, voltei ao quarto olhando para meu rosto, vendo se tinha alguma oleira ou olhos inchados pelo choro da noite passada.
-Estou pronta. – Anne passa correndo para a sala.
-Eu também. – Corri atrás.
-Não corre de novo, temos vizinhos lá em baixo, o que eles irão pensar, que eu crio hipopótamos? – Ela deu a língua e começou a rir.
-Vai a merda vaca! – Coloquei o dedo do meio pra ela.
-Quanta delicadeza. – Ela bufa.
Arrumamos o notebook sobre a mesa, e organizamos as cadeiras para sentarmos confortáveis. Liguei a internet que estava um pouco lenta, ma logo depois se estabilizou. Fiz meu cadastro no skype, e logo já adicionei o e-mail do meu irmão. Ele estava online.
Conectei a chamada, e ele atendeu. A imagem dele se formou na tela, aquele sorriso tão lindo.
-Boa madrugada. – Ele diz animadamente.
-Boaaaa noite. – Dizemos juntas, e felizes.
-Como estão? – Ele inclina um pouco a cabeça para o lado.
-Bem, ótima. – Anne responde.
-Na medida do possível, estou bem. – Falei e ele ficou olhando.
-O que houve? – Pergunta, parecendo preocupado.
-Saudades. – Falei! Não queria levar á conversa logo de inicio para o rumo chamado “Bruno”. – Cadê a tia? – Perguntei.
-Deve estar no décimo sono. – Ele dá de ombros. – Vocês demoraram...
-Desculpa, mas tinha esquecido por completo. – Pus a mão na testa.
-Que pena que a mãe está dormindo, queria tanto vê-la. – Lamenta Anne.
-Não vai faltar oportunidades. – Diz Theo, dando um sorriso meigo.
-E você senhor Theo, não deveria estar dormindo? – Perguntei autoritariamente e ele gargalha alto. Ai que saudades daquela gargalhada.
-Amanhã estamos sem aula. O professor não vai poder ir. – Ele revira os olhos.
-E as namoradas, primo? – Pergunta Anne apoiada com a cabeça em suas mãos.
-Tenho várias por ai. – Repreendi ele com um olhar e novamente ele gargalha. – Calma mana... Não tem ninguém.
-Dú-vi-do! – Falei separando as sílabas.
-Lindo desse jeito, e solteiro?! Me engana que eu gosto. – Anne com seu humor.
-Pretendo arranjar uma americana quando chegar ai. – Ele sorri.
-Pode deixar, arranjarei uma pessoa bem legal pra você. – Falei.
-Pode deixar. – Ele concorda. – E os namorados? – Pergunta ele interessado.
-Aqui?! Nada! – Afirmei e Anne pigarreia. – Que foi? – Perguntei e ela se ri completamente.
-Vai mentir pro seu irmão na cara dura? – Ela me encara.
-Não vou mentir. – Encarei ela, desejando que ele não perguntasse nada sobre isso.
-Ai, meu Deus. – Ela bufa. – Enfim, só tem uns casos aqui. – Ela sorri pra câmera.
-Ela ta com o Ryan. – Respondi e ela da um tapa no meu braço.
-O que? – Theo gargalha. – Nunca imaginei isso...
-...E ela ficou com o Bruno! – Vingança! Ela me paga.
-Como é que é? – Theo arregala os olhos, me fazendo corar e rir. – Manaaaa... – Ele parecia bobo, estava boquiaberto.
-Que foi? – Perguntei mau encarada.
-Eu sempre soube que você gostava dele!
-Eu? Não! – Respondi de imediato.
Não que eu não quisesse conversar sobre isso com meu irmão, até acho que seria bem legal, e que ele me daria ótimos conselhos, porém eu prefiro falar disso pessoalmente, e não por uma câmera  acho que assim não tem privacidade.
-Ah Mich sempre foi apaixonada por ele, mas nem ela sabia disso. – Reclama Theo que conversava com a Anne.
-Vão a merda vocês. – Levantei dali para pegar um copo de leite.
-Ontem eu comi brigadeiro, lembrei de vocês. – Theo muda de assunto rapidamente, fazendo meu estomago revirar.
-Ah, eu quero! – Grita Anne.
-Não grita animal! – Adverti.
-Desculpa, me emocionei. – Ela cai na gargalhada.
-Imagino como deve ser vocês duas morando sozinhas. – Theo balança a cabeça. Voltei com meu copo de leite em mãos.
-É legal. – Falei sentando-me na cadeira. – Fora a parte de ser chato. – Ele gargalha.
-É chato ter que morar comigo? – Pergunta Anne fingindo estar chocada.
-Descobriu agora? – Perguntei em meio a um gole do meu leite. Ela ri.
-Idiota. – Reclama ela.
-Como é bom ver vocês. – Theo sorri tão ternamente! Ás vezes da vontade de largar tudo e voltar para o Brasil com ele e a titia.

Theo, Anne, e tia Savanna são tudo o que eu tenho, são minha família, minha vida, minha sina. As pessoas pelas quais eu vivo a cada dia, e se eu sou o que sou, agradeço a elas. Nos despedimos de Theo, já deixando saudades. Lá estava tarde, e aqui nós teríamos que dormir para amanhã ir trabalhar. Coloquei meu pijama, e deitei na cama. Por um momento, o momento em que falei com o Theo, eu esqueci de tudo.
Esqueci do Bruno, esqueci do Leonel, esqueci do trabalho, esqueci do sofrimento... Esqueci do amor.
Acordei já não me sentindo num bom dia. Não dormi muito bem á noite, meu celular tocou bastante, até eu me irritar e coloca-lo no silencioso. Eu nem preciso dizer quem estava me ligando... Eu não quero falar tão cedo com o Bruno, e também não pretendo ver o Leonel até o final de semana, quero pensar um pouco. Eu fiquei com o Leo, eu não sei se fiz o certo, e agora o Bruno me ligando. Por um lado eu queria saber o que ele queria, por outro, eu quero ignora-lo. Como disse, meu humor não estava dos melhores, por isso mesmo coloquei uma roupa básica, e peguei a bolsa. Droga de bolsa, a que eu ganhei dele no natal. Porque tudo o que eu faço me lembra dele? Que saco isso.

Desci apressadamente e peguei o mêtro. Enquanto caminhava em direção ao serviço, passei na frente de uma auto escola. Por um tempinho fiquei olhando lá na frente, acho que eu vou começar a fazer, já está mais do que na hora de largar os transportes públicos de mão.
-Bom dia Mich. – Tina abre um sorriso grande pra mim, assim que entro na sala.
-Não tão bom assim, mas bom dia. – Sorri sem mostrar os dentes.
-Deixa eu adivinhar... Homens? – Ela pergunta, me acompanhando com os olhos, enquanto estava recostada na mesa.
-Certo! É sempre eles. – Bufei largando minha bolsa no armário.
-Deixa eles de lado, e se diverte. – Ela sorri. – Uma coisa que eu aprendi é que não podemos perder tempo com as coisas fúteis da vida, simplesmente temos que viver.
-Tem razão. – Parei para pensar, talvez isso tivesse tudo a ver comigo. Eu tenho que parar de pensar no que fulano iria achar, ou no que eu iria sentir, eu tinha que aproveitar. O problema é justamente esse, aproveitar! Eu passei toda minha vida aproveitando, me assusta pensar que daqui há três anos estarei com trinta, e ainda sim nunca namorei sério com alguém.
Eu nunca corri riscos, nunca fugi de casa para ver o namorado, nunca fiquei com medo da aprovação dos pais dele sobre eu ser a escolha de namorada, nunca tirei um dia de chuva para ver filme com meu namorado... Eu nunca senti algo tão forte... Até chegar o Bruno novamente.
-O problema é quando já nos apaixonamos. – De repente o olhar dela ficou distante, e ela falou exatamente o que eu estava sentindo... E se já fosse amor isso que eu sinto pelo Bruno? Ou melhor, e se já não, porque eu tenho certeza que é, mas o que eu posso fazer com isso?
-Cada vínculo tem uma consequência. – Baixei o olhar, entretecido agora.
-A consequência do amor é não ser correspondido. – Ela responde.
-Porque sempre o amor vem remetido com ódio, e sofrimento? – E não mais que de repente a história já estava melodramática.
-Talvez seja porque amar seja o mais complexo e completo dos sentimentos. – Ela se afasta da mesa que estava escorada e respira bem fundo. – Temos que aceitar nossas escolhas. – Ela sorri fortemente.
-Sejam elas boas ou ruins, são escolhas nossas! – Falei baixinho.
-Isso, agora cabe á nós convivermos com elas, ou não. – Vejo Tina se afastando, mas logo volta com os papéis na mão e coloca eles delicadamente sobre a mesa. – Tenha um bom dia, Mich. – Ela sorri.
Meu dia não está bom em nenhum aspecto. Já acordei de mau humor, agora tenho essa breve conversa sobre sentimentos, com a minha colega de trabalho que deve estar sofrendo alguma decepção amorosa assim como eu. Definitivamente tem dias que acordamos e pensamos “eu não deveria ter saído de casa hoje”.

Fiz meus trabalhos de hoje, e almocei juntamente com Tina. Não falamos mais nada sobre aquele assunto da manhã.  Peguei minha bolsa, e sai pela porta principal. Meu celular vibra no bolso da calça, tirei ele e vi no visor “Bruno chamando”... Eu não vou atender. Desliguei na cara dele e olhei para frente, mas pra minha surpresa, lá estava ele, escorado no seu carro caro, trajado de roupas caríssimas, uma calça jeans, tênis normais, e uma jaqueta de couro fechada. Balancei a cabeça, e querendo ou não, eu teria que passar por ali para pegar o metrô.
Andei em direção a rua, e passo por ele sem nem olha-lo. Sua mão encosta no meu braço, me pegando delicadamente.
-Eu sei que está brava comigo, mas fala comigo Mich. – Não queria imaginar suas bochechas, suas covinhas assim que ele pronuncia meu apelido, mas é quase impossível.
-O que houve? – Virei de frente a ele.
-Tudo bem? – Sua pergunta veio como se nada estivesse acontecendo.
-Bruno, eu tenho que ir logo, fala o que eu posso te ajudar, e me deixa ir. – Ele já havia largado meu braço, mas ainda sim seus olhos expressivos castanhos me observavam.
-Eu quero conversar com você! – Ele diz meio apreensivo.
-Que ótimo, me procura quando eu não estiver ocupada. – Reclamei.
-Mich! – Evitei olhar para seu rosto. Fiquei observando o movimento de vai e vem de carros e pessoas apressadas.
-Fala Bruno!
-Eu levo você pra casa, já que está com pressa.
-Eu posso pegar o metrô. – Virei-me.
-Mas eu quero que vá comigo. – Ele fica de frente a mim novamente.
-Nem tudo que nós queremos, conseguimos. – Eu não conseguia muito bem, mas era preciso ser dura com ele no momento.
-Me ignorar está sendo fácil pra você? – Seus olhos se misturaram com os sentimentos pretos que tinham em meu coração, e agora eu só conseguia ver ele como ele mesmo. Como o cara que eu amo.
-Não, não está. – Respondi. – Mas isso é preciso.
-Eu já pedi desculpas á você sobre a festa, quer que eu peça na frente de todos? Que eu me ajoelhe aos seus pés? – Ele aumenta um pouco o tom de voz.
-Não preciso que você se humilhe, não preciso que me peça desculpas novamente Peter, só peço que me deixe ir pra minha casa. – Meu dia estava péssimo, e agora eu estava quase chorando na sua presença, na rua... Eu tinha que me controlar.
-Eu deixo você ir, mas antes... Vai no teatro comigo, na quarta feira? – Golpe baixo, como ele sabia que eu queria ir nessa peça? Como...
-Bruno... – Fiquei sem palavras. Um teatro hollywoodiano, uma peça épica! Eu queria ir. Porém não sei se é aconselhável ir com ele. – Não quero ter que ir sozinha no final. – Reclamei baixinho, com uma dor no peito.
-Não vai, você tem a minha palavra. – Ele segura minha mão.
-E do que ela vale? – Perguntei integralmente.
-Minha palavra, minha honra! – A resposta veio sem muitos rodeios.
-Vou acabar indo sozinha...
-Não vai! Eu lhe prometo, você não vai sozinha, vai comigo! – Ele segura minha mão fortemente. – Prometo. – Olhando nos meus olhos ele diz isso. Meu coração amolece totalmente.
-Pra quê quer me levar?
-Pra me redimir, para aproveitar o tempo com a minha amiga de infância que a tanto tempo não nos víamos, para selar a nossa amizade. – Ah, claro, por amizade. Do que vale a amizade quando na verdade eu imagino ele como muito mais que isso.
-Na quarta feira, começa ás nove horas. Quinze para as nove estarei lá na frente. – Disse secamente.
-Eu vou buscá-la. – Ele sorri.
-Não confio mais nisso, portanto estarei lá na frente. – Falei séria, tirei minha mão das suas. –Agora, com licença. Boa tarde, Bruno. – Sai da sua frente e segui meu caminho em direção a estação.
-Deixa-me te levar. – Ele diz um pouco alto, o suficiente para eu ouvir de onde estava.
Fingi que não ouvi, era melhor assim, não queria correr o risco de beijar ele, e cair na tentação dos seus caprichos aproveitados pela minha fraqueza. Assim que me sentei no banco do metrô, meu celular toca. Argh, tenho quase certeza que é o Bruno. Respirei um pouco mais fundo e vi no visor: Leonel.
Que alívio.
-Boa tarde. - Disse ele assim que atendo.
-Boa tarde, Leo. - Falo timidamente.
-Está tudo bem?
-Sim sim. - Na verdade estou confusa, sei la, mas não posso falar sobre isso com você. Ao invés de dizer isso, só perguntei como ele estava! – E ai, está tudo bem?
-Perfeitamente. – Ele responde animadamente.
-Que legal. – Sorri.
-Na verdade, minha vizinha morreu. – Ele diz, apavoradamente.
-Nossa, e você conhecia ela? – Perguntei.
-É... não, ou sim ... – Tinha algo que ele não queria me contar. – Na verdade, eu transei com ela a um tempo atrás. – Entendi o porque ele não queria me falar. Comecei a rir.
-Desculpa. – Falei entre risos. – Eu sei que não devo rir da morte dos outros, mas você se enrolando só pra falar que dormiu com ela, ficou hilário. – Comecei a rir, e contagiei ele.
-É que eu não queria ser indelicado.
-Capaz... Mas, do que ela morreu? – Perguntei.
-Acho que foi de hemorragia. – Isso é dose. Uma senhora lá no Brasil que nos vendia pão caseiro (cá entre nós, eu adorei pão caseiro), também morreu disso.
-Nossa, que barra.
-Pois é... Está a onde?
-Saindo do serviço, na verdade, já no metrô. – Disse olhando para a janela.
-Ah, se eu soubesse teria ido buscar você, passei de carro a pouco tempo ali na frente.
-Ah, que pena, mas mesmo assim não queria lhe dar trabalho.
-Você nunca me dá trabalho. – Ele fala de uma certa forma que me fez sentir vergonha. Respirei fundo, e ficamos breves segundos calados. – Eu vou te ligar amanhã, assim que sair do enterro, tudo bem?

-Ah sim, claro, pode ligar. – Concordei e nos despedimos da ligação. 

domingo, 25 de agosto de 2013

Capítulo 21


  • Comente para que saia o próximo!
Dormi ali mesmo, no sofá dele. Curiosamente, acordei num quarto, numa cama confortável, sozinha!

-Leo? – Perguntei devastando a coberta sobre mim. – Leo? – Perguntei novamente.
Comecei a andar pela casa. Abri algumas portas que estavam com cômodos vazios. Fui até a sala, e tudo estava fechado. Entrei em outra porta, e lá estava o Leo, apenas de cueca boxer preta, aparentemente tinha saído do banho agora.

-Desculpa. – Fechei a porta no mesmo momento.
Meu Deus! Tenho que admitir que o corpo dele é lindo demais. Respirei fundo e na hora me veio na mente o que tinha ocorrido noite passada...
Beijos...
Decepções...
Choros...
Que droga de sentimentos! O que o Bruno fez comigo? O que ele está fazendo comigo? Eu faço tantas perguntas, que ninguém pode responder, nem eu mesma. Odeio essa minha mania de me apegar facilmente, de gostar profundamente das pessoas, de enxergar elas e pensar que elas são capazes de serem melhores, de querer que elas gostem de mim na mesma intensidade que eu gosto delas! Isso só me mata aos poucos.
Retornei ao quarto em que ele me deixou, coloquei meus sapatos, peguei minha bolsa, e sentei na sala, olhando para o meu celular, tinham algumas mensagens.
“Mich, eu sei que está com o Leo, mas caso aconteça algo demais, me liga que eu dou um jeito de te buscar. Te amo” – Que linda, Anne!
A outra mensagem era da Zoe.
“Lembre-se Mich, nós sempre vamos estar ao seu lado, e aquele idiota, um dia vai ter o que merece, a própria vida vai dar uma rasteira nele!”
Sorri com as mensagens.
-Desculpa não falar com você, estava no banho. – Leo aparece na sala, com uma camisa preta, e uma calça jeans.
-Não foi nada. – Levantei do sofá. – Tenho que te agradecer por cuidar de mim ontem a noite. – Abri um sorriso.
-Não precisa, amigos são para essas coisas. – Ele diz rapidamente.
-Mas você perdeu a festa para cuidar de mim, e ficou me ouvindo chorar e lamentar sobre o Bruno.
-Shiii, não fala dele! – Ele sorri. – O Bruno merece que ele seja esquecido.
-Sabe que é impossível, não é?
-Sei! – Ele responde de imediato. – Pensei em comermos algo para o almoço. Que tal comida japonesa.
-Não, obrigada Leo, mas eu gostaria de ir pra casa.
-Ah tudo bem, então eu te levo.
-Não precisa. – Recusei sua carona.
-Eu faço questão. – Eu sorri em gratidão. – Vou pegar as chaves.
Leo pegou as chaves no seu quarto, enquanto eu fui para a porta. Ele me guiou ao carro e eu segurei a máscara, pensando na noite anterior. Meus olhos marejaram, acho que ele percebeu, impossível não perceber. Ficamos em completo silêncio. Me despedi dele agradecendo por tudo novamente.
Bruno Pov’s
-Desculpa chegar assim, mas eu acho que precisamos ter uma conversa. - Leonel entra porta adentro falando isso, não entendi. Fechei a porta e o olhei.
-Boa tarde. - Falei para ser educado.
-Boa tarde... Onde nós podemos conversar? - Ele aparentemente estava nervoso.
-Sobre o que? - Perguntei curioso.
-Não pode ser aqui, preciso que seja só eu e você. - Ih, vem me dizer que ele gosta de homens? Não, não pode ser.
-Vamos para a biblioteca. - Falei apontando para ele seguir em frente. A biblioteca/escritório, era aconchegante, e não tinha perigo de ninguém ouvi nossa conversa, seja ela qual for.
Entramos e ele se acomoda em pé. Ofereci a cadeira mas ele disse que estava bom assim. Ele parecia tenso demais, nervoso, algo o incomodava. Ofereci uma bebida, ele não aceitou também, bom, já vi que o assunto é sério.
-Pode começar. - Permiti que ele matasse minha curiosidade.
-Até onde quer ir nesse lance com a Mich? - Ele arqueia levemente a sobrancelha. Meu almoço quase voltou.
-Como assim?
-Eu vou ser direto... Até onde quer levar isso? - Ele parecia incomodado com o assunto, e conseguiu passar a tensão dele pra mim.
-Okay, eu não estou entendendo. - Admiti.
-Bruno, você sabe que eu considero você um amigo e tanto, mas só quero saber se a sua intenção é continuar usando a Michele para tapear as suas vontades e desejos. - Ele foi tão franco que senti um punhal nas minhas costas. Engoli a seco.
-Eu não estou tratando ela como brinquedo.
-Ah não? - O tom dele não era de discussão. - Então pra que esfregar na cara dela as suas sirigaitas? Para que sair com uma e com outra e deixar ela ferida? - Eu não tinha respostas.
-Desculpa, mas eu sempre fui sincero com ela. - Dei de ombros, falando a verdade. Sempre falei das minhas coisas pra ela.
-Bruno... - Ele olha para a janela, respirava fundo,parecia estar se aguentando para não soquear meu rosto, mas ele não era louco a esse ponto. Seus olhos azuis saiam fúria... - Você sabia que ela gosta de você desde pequena? - A voz dele saiu falha.
-Eu não sabia. - No fundo eu sabia, mas eu não queria me sentir tão culpado assim.
-Você já prestou atenção no sorriso dela pra você? - Nunca prestei atenção no sorriso dela...
-Como assim? - Perguntei querendo mais respostas e explicações.
-Ah, então você não percebeu que ela tem diferentes tipos de sorrisos, de risadas...? - Ele pergunta e eu nego com a cabeça. Ele senta e olha para o chão. - Já imaginava.
-Mas, quais são? - Agora minha curiosidade estava aguçada.
-Ela tem o sorriso tímido, que dá quando está com vergonha. O sorriso safado, quando vê malícia em algo, o sorriso discreto, quando não quer ser muito vista, o sorriso alegre, quando verdadeiramente ela está pulando de felicidade, e o sorriso quando ela te vê, que sinceramente, é o sorriso mais lindo dela. - Nossa, me senti um completo idiota agora, como não reparei antes? - Ela adora quando você chama-a de "Mich", porque ela admira as suas covinhas e como elas se contraem. Ela baixou músicas suas, e quando não o ve, ela escuta para se sentir próxima, ela tem medo de se aproximar demais e parecer grudenta. Ela gargalha com vontade quando está com você, e quando falam de você, novamente ela abre aquele sorriso.
-Isso quer dizer alguma coisa? - Ainda me impressiono com minha capacidade de não dar bola para as coisas, quando me tornei uma pessoa assim?
-Isso quer dizer tudo! - Ele bufa e ficamos em silencio por um tempo. - Ela te ama, e me mataria se soubesse que estou aqui. - Ele diz e levanta-se da cadeira.
-Gostei que tenha me falado isso. - Levantei também.
-Eu só tenho uma coisa pra dizer a você. Michele é a pessoa mais maravilhosa que escolhi, o seu dom de ter compaixão e dar sentido a vida das pessoas, é inigualável. Ela conseguiu me melhorar como pessoa, o que sou hoje eu devo a ela. - Ele suspira fundo. Não posso negar que as palavras estavam me atacando. - Então Bruno, se você não tomar um rumo na sua vida, nessa vida medíocre que está vivendo, do mesmo jeito que ela me mudou, eu mudarei ela, e mostrarei que não vale a pena ficar chorando por você. Mostrarei a ela o que o mundo a reserva, e se precisar afastar ela de você, para ela parar de sofrer, eu afastarei. -As palavras dele me atingiram, pela primeira vez me senti vulnerável a alguém. Senti que se naquele momento ele tocasse um dedo em mim, eu cairia em milhares de pedacinhos. Eu sou esse monstro assim? Que todo mundo quer me afastar.
-Eu vou fazer o possível... - Antes que pudesse completar o que iria falar ele me interrompe.
-Você vai fazer o possível, e o impossível, porque se ela sair magoada por você, não é conversando que nós vamos nos entender!  - O recado estava mais que dado, ele iria me quebrar se eu a magoasse.
-Espera ai, quer dizer que se ela se magoar, eu vou apanhar de você? - Perguntei em tom de deboche. - Não mandei ela se apaixonar por mim.
-Justamente por isso, você não pediu que ela se apaixonasse, mas entregou de bandeja os sentimentos para que ela pudesse senti-los. E quanto a bater em você, eu não irei fazer isso, sabe porque? - Ele faz ar de autoritarismo.
-Porque? - Perguntei abaixando um pouco a crista.
-Porque eu vou fazer ela se afastar de você, e quando se der conta que a perdeu, não vai precisar ser soqueado, vai sentir coisa pior, um coração partido, aperto no peito, nó na garganta... Vai se arrepender, vai olhar pra cama e ver ela ali dormindo, vai ouvir uma piada e imaginar a gargalhada dela, vai escutar uma música e vai lembrar da dança dela, vai ouvir alguma notícia, sei lá, e vai lembrar dela. E nesse momento vai se tocar, que é tarde demais, que já perdeu ela. - O punhal que estava sentindo antes, agora parece que estava acertado em cheio no meu peito, respirei fundo e baixei o olhar. Eu não amo ela, eu gosto da companhia dela, gosto dela, adoro a amizade, mas no fundo, isso tudo que ele falou pode ter razão.
-Cara, me desculpa. - Foi a única coisa que saiu da minha boca, que agora eu sentia que estava cheia de idiotices.
-Não tem que se desculpar comigo. - Ele toca meu ombro num gesto de amizade. - Tem que se desculpar consigo mesmo, e se redimir enquanto é tempo. - Ele da um sorriso de canto, ele estava sendo verdadeiro.
-Obrigada por me conscientizar. - Agradeci baixinho.
-Não foi nada, inclusive, estou aqui porque gosto de você, e gosto muito dela, e sinceramente, vocês são um casal lindo. - Me senti um completo anta.
-Obrigada, novamente. - Agradeci novamente e ele dá passos até a porta.
-A propósito, quarta a noite ela me comentou sobre uma peça que irá passar no teatro de hollywood, se sentir-se a vontade. - Ele abre a porta e assenti com a cabeça, como se fosse um tchau.
Ele me mostrou como sou! Mas eu não posso fazer nada, infelizmente, eu sou sincero, não consigo mentir, eu quero ficar com as outras mulheres, quero aproveitar a vida, quero ser feliz pulando de galho em galho, quero sair a noite e pegar uma ou outra, sem compromisso, mas ao mesmo tempo que quero isso, eu preciso dela. Eu sei que estou fazendo o errado, quer dizer, é errado querer alguém mas seu próprio ego dizer que não, não é? É errado enganar as pessoas, mas querendo ou não, é isso que estou fazendo. Enquanto fico com outras e com a Mich, estou alimentando o amor dela por mim, e isso é de péssima atitude minha, isso é cachorragem. Nunca quis ser assim, mas meus extintos falam mais alto.
Agora, depois dessa longa conversa com ele, eu não sei o que fazer. Não sei se desisto de tudo indo contra minha vontade e fico com ela, mesmo sabendo que sou capaz de cair em tentação e trai-la - o que resultaria em uma enorme mágoa -, ou se simplesmente falo a verdade e digo para ela que a quero, mas também quero as outras - o que eu também corro risco de tomar um tapa na cara dela, e nunca mais vê-la.
Estou com um problema em mãos, e dos grandes. Não tenho para quem recorrer. Mich é minha melhor amiga, mas justamente o problema envolve ela. Phil não me entenderia suficientemente. Ryan não opinaria em nenhum dos lados. Não tenho mais ninguém para partilhar da minha angústia.
-Preciso beber. - Pus a mão sobre minha cabeça. Na estante do escritório, pego um copo e um Whisky importado. Sirvo um copo e olho para a mesa do escritório, e lembro o dia que ela me instigou tanto aqui, que acabamos indo para o quarto. Andei até a janela e peguei a ampla visão de uma tarde.
O horizonte calado, o céu caindo em sua cor azul clara para escura. Os pássaros voando ao sul, atrás do seu bando para todos ficarem completos e se sentirem seguros com quem amam. É errado eu querer as duas coisas? É errado eu ter essas confusões de sentimentos? Antes que sentissem minha falta, voltei para o estúdio dos fundos, tomando em goles escassos, o resto da minha bebida. Preciso disfarçar e voltar com minha normalidade.
Será que levo ela na tal peça de teatro? Não... acho que vou piorar a situação, mas pensando bem depois de lá nós dois poderíamos conversar seriamente. Vou mandar uma mensagem. Peguei meu celular e enquanto caminhava para o estúdio dos fundos, ia escrevendo.
“Mich, não marque nada para quarta feira a noite, e se vista bem, como sempre. Vou busca-la ás 20:30... Beijos”
Não queria dar mais informações, apenas isso estava bom.
-Até que enfim. – Kam levanta as mãos como glória.
-Era quem na porta? – Phil pergunta, curioso.
-A curiosidade matou o gato a paulada. – Respondi sentando no banquinho e pegando a guitarra.
-Ah para que não vai contar... – Phred cruza os braços, todos me olhavam.
-Uma menina vendendo biscoitos. – Não segurei meu riso, definitivamente, eu não sabia mentir.
-Aham, sei. – Phil não caiu nessa, nem ninguém.
-Conversei um pouco com o Leonel, assuntos pessoais dele. – Dei de ombros. – Onde paramos? – Perguntei para darmos continuidade com nosso ensaio.
Michelle Pov’s
Como voltei para casa, as meninas estavam dormindo então, voltei a dormir, com uma horrível dor de cabeça. Estava explodindo. Acordei, e já estava melhor um pouco.
Olhei meu celular, e tinha uma mensagem!
“Mich, não marque nada para quarta feira a noite, e se vista bem, como sempre. Vou busca-la ás 20:30... Beijos”
Bruno? Cara de pau, combinando outra coisa comigo. Pra que? Pra me dar o bolo novamente?
“Eu não ia responder, mas acho que vácuo não é uma atitude adulta o suficiente. E não Bruno, quarta feira eu não tenho nada para fazer, mas também não quero fazer nada que envolva você. Um toco já basta.”
Sem sentimentos. Eu queria dar na cara dele, descontar minha raiva. A resposta veio tão rápida, que até me impressionei.
“Eu sei que está brava comigo por causa das coisas que aconteceram ontem, Mich. Mas deixa-me permitir te fazer feliz por uma noite.”
“Ah sim, me fazer feliz? Até chegar o horário e você vai me deixar preocupada, fazendo eu chegar novamente na sua casa, e você estar transando com uma mulher. Não que isso me envolva, mas prometer e não cumprir, é ato que mostra o quão homem incapaz você é!”
Nunca deixe uma mulher com orgulho ferido, eu queria a caveira dele.
Ouvi um barulho vindo da cozinha, me antenei. Fui até a cozinha, calçando uns sapatos velhos. Vi Anne apoiada na pia.
-O que houve? – Perguntei indo na sua direção.
-Dor de cabeça. – Ela põe a mão sobre a cabeça.
-Gripe?
-Pode ser que seja. – Ela bufa. – Mas e ai, temos que conversar.
-Nós? – Perguntei retoricamente.
-Nós mesmos. – Ela fala seriamente.
-Vamos sentar ali no sofá. – Disse guiando ela para o sofá. Sentei de um lado, com as pernas pra cima dele, e ela também, ficando de frente para mim.
-O que aconteceu ontem? – Droga, eu odiava lembrar dessa parte.
-Eu esperei o Bruno, e ele não veio.
-Não foi só isso!
-Okay! – Respirei fundo. Não tinha como fugir do assunto. E se tinha, eu mesma não queria fugir.
-E liguei pra ele muitas vezes, e ele não me atendeu, sempre desligado. Eu jurei que tivesse acontecido algo com ele, fui preocupada até a casa dele, perguntei ao porteiro e ele disse que o Bruno nem tinha saído. O que ao mesmo tempo me deu alívio e apreensão. – Respirei fundo novamente, dando um suspiro forte. Não quero ter que chorar. – Toquei a campainha, ele atendeu, e logo apareceu uma... mulher. – Minha voz saiu embargada, engraçado era como eu tocava nesse assunto, do Bruno, e sempre ficava assim, vulnerável. Uma lágrima escorreu pelo meu rosto.

-Mich! Não chora, por favor. – Anne diz, acho que tarde demais. Sentia cada vez mais meu olho desaparecer no meio de tantas lágrimas que estavam por cair.
-Eu queria, juro que queria, não ter me apaixonado por ele. – Reclamei choramingando.
-Nós não mandamos no coração, Mi. – Ela segura minhas mãos.
-Eu sou uma idiota, uma idiota de 27 anos, chorando por outro otário. – Reclamei.
-Quer continuar falando, ou vamos parar por aqui?
-Eu continuo. – Tentei limpar um pouco das lágrimas. – Leonel me buscou lá, não sei nem como me achou, mas no momento que eu vi ele, senti um alívio no peito. Fomos pra festa, e eu prometi a mim mesma que ia me divertir... Como se isso fosse possível! – Revirei os olhos, sentindo-os marejarem novamente.
-E lá na festa, pensou muito nele?
-Tentei não pensar, porém chegou uma parte que eu só conseguia ver o lado do “e se ele estivesse aqui?”. – Exclamei e ela torce os lábios com pena de mim. – Foi ai quando fui embora com o Leonel, desabafei com ele, e ele me fez sorrir, colocando música e fazendo-me dançar. – Eu dei um sorriso no meio das lágrimas. – Até eu fazer a burrada de beijá-lo.
-Como? – Anne arregala os olhos.
-É, eu o beijei. – Falei e ela fica me encarando. – Mas não me julga... Eu vi o Bruno ali! – Fechei os olhos, lembrando do beijo.
-Quer saber ... Você gostou?
-Gostei. – Respondi envergonhada.
-Então aproveita, se o Bruno está só usando você, usa ele também! Fica com o Leonel, nada sério, e quando o Bruno quiser algo, recusa. Faz o possível e impossível. E faz o Bruno saber que você e o Leo ficaram. – A ideia até que não era ruim.
-Olha, gostei.
-Pois é! Assim vamos saber se o senhor Peter realmente quer algo com você.
-Mas... Eu não vou estar usando o Leonel se fizer isso?
-Não se ele estiver a par e de acordo com a situação.

-Boa ideia. – Era isso que eu iria fazer.