segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Capítulo 66

Dois meses passam voando. Estamos em Agosto!

Há dois dias atrás tivemos um almoço, e um pedido lindo de casamento que emocionou a mim e a todos que ali estavam. Phred e Zoe, assim como ela disse, aconteceu. Ele pediu ela em casamento na frente de nós todos, e bem, eu não contive as lágrimas. Bruno está na turnê já. Ontem ele foi pra Boston e hoje já voltará para LA, combinamos de passar o dia juntos para matar a saudades.

Meu serviço está péssimo, tive uma briga séria com o Alejandro, mas ele não me mandou embora, me ofereceu férias até por isso, mas fui obrigada a recusar, pois quero pegar férias em dezembro. Tina não trabalha mais lá, agora entrou uma outra menina com a qual eu nem falo direito.

Bom, eu e o Bruno estamos indo. Depois da traição, nós prometemos um ao outro que iriamos respeitar a privacidade, e ele deixou com muito custo eu ser amiga do Jake. Agora com a turnê quase nem brigamos, pra falar a verdade só discutimos uma vez nesses dois meses, e ainda por um motivo completamente superficial: comida. Eu queria japonesa, Bruno queria brasileira, então acabamos discutindo e não jantando.

Anne e Leo estão namorando oficialmente e até anéis estão usando para simbolizar isso. Ryan já mostrou que não está nem aí para os dois, ele apareceu outro dia com uma morena muito linda. Ah, falando em morena, agora eu tenho uma cunhada. Na verdade meu irmão e Blair estão enrolando, eles ficam quase todos os dias, porém ele ainda não pediu ela em namoro pois acha que ela não vai aceitar. E tudo começou quando ela conseguiu um emprego para ele onde ela trabalha. Estou feliz em ver minha família toda feliz.

Quanto ao Jake e eu... Estamos com uma amizade maravilhosa, ele é querido demais e entendeu os meus motivos por não querer mais ficar com ele. Estou conversando com ele direto, e como ele me prometeu um dia, ele foi me buscar uma vez para tomar café, mais vezes na verdade.

No momento estou acordada ás três da manhã, escrevendo algo em meu caderno pois perdi completamente o sono.

++++

-Os meninos vão ir direto para a casa do Brunz? – Pergunta Zoe.

-Não sei. – Digo abrindo o notebook.

-Não vai pra frente do computador, nós já vamos sair. – Zoe bate os pés no chão. – MICHELLE

-Eu só quero checar meu email. – Digo. Eu tinha que ver se a Meggie, a nova mulher que está trabalhando no lugar da Tina, havia me mandado o rascunho de algumas plantas.

-Aí, deixa pra depois. – Ela diz manhosamente.

-Tem alguém que tá ansiosa pra ver o amorzão. – Anne debocha da cara dela.

-Ah, tô com saudades dele. – Zoe faz beicinho.

-Viu ele há três dias no máximo. – Reviro os olhos.

-Vai dizer que não está com saudades do Bruno? – Zoe arqueia as sobrancelhas.

Não digo que estou com saudades, estou sentindo falta dele. Dele ser mais presente, dele me mandar uma mensagem, porém ele está em turnê e não posso cobrar atenção demais dele quanto a isso.

-Acho que não.

-Eu desisto de vocês dois. – Anne joga as mãos pro ar.

Nem eu sei mais se estou persistindo na nossa relação, acho que no fundo apenas estou me deixando levar pelo calor da emoção e pelo pouco de sentimento que ainda tenho por ele. É dose admitir que depois de tanta luta, eu quero desistir... Na verdade desistir não é a palavra, a palavra é outra, eu não sei qual ainda. Bom, enfim, o que eu quero dizer é que eu estou pronta e precisamente armada para quando nós tivermos outra briga, acabarmos de uma vez por todas. Literalmente eu estou cansada de tantas bobagens, palhaçadas, idas e vindas, isso não é vida pra mim, nem pra ele.

Chequei meu email e o de Meggie estava lá, acompanhado de um bilhete "tenha um bom final de semana". Meu sábado será ótimo ao que tudo indica. Respirei fundo e com a internet lenta, salvei o arquivo no computador.

-Não fecha! - Grita Zoe. - Eu preciso ver um negócio no meu facebook.

-Ok. - Saí da cadeira e dei espaço para ela sentar.

Me guiei até a pia da cozinha, peguei uma caneca e enchi de leite gelado, precisava beber algo assim, já que me neguei a tomar café.

-Bom dia família. - Diz Theo. Olho para ele que está com uma regata preta, bermuda jeans e tênis.

-Posso saber onde vai? - Pergunto. - Bom dia, mano. - Me aproximo dele e dou um beijo no seu rosto.

-Mal me deu bom dia e já começa a espionagem? - Ele ri e dá um sorriso de lado, bem timido, parecido com o de mamãe. - Vou correr um pouco.

-Não vai correr sozinho que eu sei. - Grita Zoe.

-Não grita infeliz, a tia ta dormindo. - Avisei a ela e olhei para ele. - Vai correr com a Blair?

-É... sim. - Timidamente ele diz.

-Prevejo sobrinhos antes mesmo que eu possa dar à ele. - Reviro os olhos e ele me dá um tapa.

Ouço um "oun" da Zoe, mas ignoramos. Zoe liga a televisão e se joga no sofá, bebendo uma garrafa de água, já disse o quanto ela está saudável ultimamente? Pois é. Retornei a cozinha e Theo saí porta à fora no pique da corrida. Lavei minha caneca e ouço o ruído da cadeira se arrastando.

-Michelle... - Ouço a voz da Zoe.

-Oi?

-Bruno está a onde mesmo?

-Boston? - Perguntei a mim mesma em voz alta.

-Ele esteve a onde nos últimos tempos?

-Ai, nem sei... - Fiz um esforço para pensar, mas realmente não sei a onde ele andou com a turnê ultimamente, ele anda tão disperço... - Porque a pergunta?

-Por nada não. - Ela diz indo para a frente do computador, mas logo se levanta novamente. - Você ainda ama ele? - Pergunta ela me rondando enquanto seco as mãos num pano de prato.

-Ora que pergunta. - Começo a rir. - É claro que sim, amor não se passa de uma hora para outra.

-Mas está apaixonada por ele? - Pergunta ela. Esse interesse todo está me deixando aflita, nervosa.

-Acho que sim. - Respondo confusa.

-Quer ver uma coisa?

Meu coração logo se apertou. Depois de uma sessão de perguntas como essas, e agora esse "quer ver uma coisa?" não me cheirou um bom resultado. Tenho medo do que está por vir.

-Pode ser... - Respondo com medo e concordando com a cabeça também. Anne estava tão concentrada na televisão que nem percebeu o que estávamos fazendo. 

(Escutem essa música até o final do capítulo)

Acompanhei Zoe até a frente do notebook. Tinha duas abas abertas. Uma era o facebook dela, outra era do YouTube. Não consegui ver o nome do vídeo, pois bem na hora pisquei e ela clicou em tela cheia. A príncipio uma casa noturna lotada, a música de fundo é um remix eletrônico. Vejo Ryan sentado tomando um líquido verde, ao lado dele está Phil. A pessoa que está gravando fala algo para outra que dá um gritinho. A gravação paíra sobre um único local, agora aparece Bruno escorado em uma parede vermelha veludo, a sua frente tem uma mulher com cabelos castanhos e longos, não é possível ver mais detalhes, afinal uma casa noturna não é tão cheia de luzes assim. A moça que está ao lado de quem está gravando fala algo, a câmera se vira rapidamente e logo volta para o local. A aproximação do Bruno e da tal mulher faz meu estômago se apertar, a mão de Zoe repousa sobre meu ombro que ao invés de relachado, está tenso. Bruno olha para a mulher e é visível sua mordida nos lábios. Sua mão parte para o cabelo dela e eles começam um beijo. Meu estômago revira como se eu tivesse comido algo podre a muito tempo, mas o mais engraçado é que eu sinto isso e não sinto vontade de chorar. Acho que eu estou em fase de negação do que estou enxergando. Estralei meu pescoço e continuei olhando, o beijo estava cada vez mais profundo e as mãos dele desciam pela cintura fina dela. Mas que droga. O vídeo acaba e eu fico encarando a tela cheia de vídeos sugestivos para assistir. 


-Desculpa te mostrar isso, não é minha intensão te magoar, mas eu sou sua amiga e sempre vou prezar o seu bem! - Zoe me conforta, se agaixando ao meu lado e olhando para o meu rosto.

-Obrigada. - É a única coisa que eu digo.

-O que vai fazer agora? - Pergunta Anne. Ué, mas ela nem estava vendo. Acho que Zoe pensou a mesma coisa que eu e olhou para ela. - Que foi? Eu sou curiosa e vim ver o que aconteceu.

-Eu não sei o que fazer. - Dei de ombros.

-Simples, fala com ele, pede explicações, conversa... - Diz Zoe na maior tranquilidade.

-Não. - Anne rebate. - Soca a cara dele, mostra quem manda, pega o Jake e esfrega na cara dele. - Como ela é radical, nossa.

-Não quero fazer isso. - Levantei e caminhei até o sofá, como sombra, as duas vieram atrás de mim. - Acho melhor eu pensar. - Disse e olhei para elas. - Sozinha. - Complementei.

Caminhei até o meu quarto e sentei na minha cama, de pernas de índio, olhando para o nada. Eu não sei o que fazer, isso tá doendo silenciosamente, e está me arrancando um bom pedaço do meu coração, minha mente fica girando, mas as lágrimas não veem aos meus olhos. Talvez seja tempo de acabar com tudo mesmo... Por isso ele está disperço, e feliz... Por isso não brigamos constantemente e ele não fica tão doido por sexo assim... É por isso! Ele anda com outras, sabe se lá quantas mulheres ele não andou no ínicio da turnê. Meu mundo, simplesmente, desaba.

Agora meus olhos se enchem de lágrimas, mas acho que são de raiva. Ser enganada e traída é pior do que receber um "não". Agora eu entendo a luta que as pessoas tem quando se sentem traídas e sabem que as coisas que eram, não são mais. Eu entendo o peso, e a dor que dá uma separação e o quão difícil vai ser ter que olhar para o seu rosto traíra e dizer que nada mais do que era vai continuar sendo.

Batidas na porta. - Com licença. - Diz uma voz que eu conheço tanto, com o antebraço tentei secar as lágrimas que pelo meu rosto rolavam. - Trouxe um chá para você. - Minha tia senta na cama e coloca o chá sobre a mesa da cabiceira.

-Obrigada tia.

-Sabe que a sua mãe teria o maior orgulho de você? - Balancei a cabeça negativamente. - Ela teria, seu pai também. Você se formou na faculdade, é uma bela arquiteta, e uma moça linda, com os traços da sua mãe, uma personalidade forte e sensível. Uma garota que desde cedo já sabia amar intensamente cada coisa, e que dá valor a tudo que tem, pois sabe o grande peso que é perder alguém...Ela teria muito orgulho de você, Michelle.

Eu só sabia chorar, eu sei que não era certo ficar chorando, mas agora que as lágrimas desataram a vir, não iram parar. Eu preciso puxar minha válvula de escape. Me inclinei e afaguei-me no abraço e colo de minha tia. Ela passou as mãos sobre os meus cabelos e deu um beijo na minha testa.

-Você nunca estará sozinha, e nem nunca esteve. Amores vão e vem, não vê eu e o pai da Anne? Nunca mais nos vimos, mas tivemos um amor perfeito enquanto durou, mas tudo tem um final. Quem sabe não é Deus mostrando à você que tem algo melhor reservado no teu nome?! A dor é momentânea, assim que se tocar vai sentir raiva dele, capaz de querer mata-lo. - Nós duas rimos. - Olha esse sorriso lindo, não deixa ele se perder assim. Hoje você chora por ele, amanhã pode aparecer alguém melhor.

Bruno se vingou da pior forma, fazendo o mesmo que eu fiz. Eu me sinto culpada por isso que está acontecendo comigo mesmo, meu peito desmorona. Se eu tivesse sido forte e não tivesse ficado com o Jake, se eu não tivesse traido ele, nós poderiamos estra felizes agora.

++++

Estava preparada. Coloquei uma roupa leve, nada demais, nenhuma produção muito chique. Zoe convidou Phred pra vir aqui, e Anne está com Leo aqui também. Blair, Theo e minha tia estão conversando na cozinha, e eu saindo pela porta da frente, determinada. Combinamos de não fazer nada na casa do Bruno, eu disse a ele que estava me sentindo meio mal, aí ele vai estar sozinho, assim é melhor para conversarmos. 


Peguei um táxi, e no percurso me lembrei do dia em que sai do Havaí, ele disse que sempre estaria aqui para mim, que sempre estaria comigo. Como ele pode ter mudado tanto, e tão repentinamente? Caminhei dentro do condomínio e cheguei perto da casa dele, o nó na garganta já estava presente. Vi acessa a luz da sala, e todas outras apagadas. Caminhei sobre a estradinha de ladrilhos que faziam o caminho até a porta e respirei bem fundo antes de continuar. Bati três vezes e fiquei esperando.

-Phil, o que esqueceu? - Pergunta ele e quando viu que era eu, sorriu. - Oi princesa.

-Oi. - Ele veio me dar um beijo e de um selinho nele, mal e porcamente.

-Não estava doente? - Sua sobrancelha se arqueia. - Quer beber algo?

-Já estou melhor, e não, obrigada, não estou com sede. - Digo e ele sorri. Caminhamos até a sala, calados.

Ele sentou-se no sofá e gesticulou para que eu sentasse ao seu lado. Pensei duas vezes antes de ir até o sofá, mas ao invés de ir, fiquei ali parada, o encarando.

-O que houve? - Pergunta ele estranhando meu jeito e já mudando o tom de voz.

-Podemos conversar? - Perguntei num to normal.

-Podemos, claro. - Ele pigarreia.

-Bruno, você é vingativo?

-Não... - Ele balança a cabeça.

-Então porque ficou com outra mulher? Ou seja, com outras, sei lá.

Seu semblante de surpreso foi comico, mas eu não tinha forças para rir e nessa situação não seria apropriado. Ele engoliu a saliva duramente e fez uma careta antes de responder.

-Como assim? - Ainda consegue se fazer de desentendido.

-Bruno, não se faça de bobo, coisa que você não é! - imponho e ele se assusta. - Há quanto tempo me trai?

-Eu não te trai! - Rebate ele aumentando um pouco a voz.

-Não grita, nós estamos conversando.

-Eu não te trai. - Diz ele em tom ameno.

-Vai negar até quando algo que está publico no YouTube? - Perguntei ironicamente.

-Michelle. - Seu rosto para e fica pensando. - Eu não acredito.

-Então sabe que é verdade! - Droga, parte de mim queria que não fosse.

-Aquilo... Aquilo foi idiotice, eu tinha bebido demais...

-Não me mente Bruno, por favor. Eu já sofri demais pra estar aguentando isso.

-Ah, quer saber. - Seu corpo levanta com fúria do sofá, fazendo o meu dar um passo para trás, agora o medo prevalecia. Eu não sei do que ele é capaz. - Eu traí mesmo, traí várias vezes, por que você merece. - Minhas lágrimas é claro que teriam que cair, mas contra a minha vontade! Eu não queria chorar, eu não queria mostrar uma Michelle fraca. - E não chora. - Diz ele um tanto quanto atensioso.

-Não chorar? - Pergunto espantada. - Bruno... - Eu não tinha o que falar, qualquer palavra seria bobagem. Eu que comecei com essa bobagem de traição.

-E não foi a primeira... Tá achando que me enganou primeiro? - Diz ele debochadamente. - A primeira foi uma japonesa, gostosa pra caramba, um corpo que era uma delícia. No nosso segundo dia de namoro... Lembra quando eu fui pro Japão? Pois é.

SEGUNDO DIA DE NAMORO? E eu me culpando... O que eu fiz com o Jake, aquele beijo de segundos, não chegou nem na metade do que ele fez pra mim. Meu peito doeu e eu o estufei, minhas lágrimas que tinham parado, agora estavam todas estacionadas nos meus olhos, qualquer piscada eu derrubava um rio. Nada era comparado com a raiva que eu estava sentindo dele. 


-Eu não consigo acreditar.

-Pois bem. - A única coisa que ele diz.

Já tá mais do que na hora de dar um jeito na sua vida Michelle! Qual foi a promessa que você tinha se feito? Que qualquer briga resultaria num fim definitivo, está nas suas mãos... Eu tenho que decidir. Meu subconsciente fica martelando as coisas para mim. Eu preciso por um fim nisso. Vai doer, mas vai passar, é melhor a dor repentina do que continua.

-É melhor acabarmos por aqui! - Digo firmemente, ele apenas dá de ombros. Ele não tá dando a mínima, que saco! - Bruno, seja lá o que nós tivemos e estávamos tendo, agora eu estou acabando, e eu vou pedir que não venha atrás de mim. Eu quero viver a minha vida, e quanto mais longe de você, melhor vai ser!

Não saiu nenhuma palavra da sua boca, enquanto o meu coração queria transbordar todo o alfabeto para ele. Minha vontade de escumunga-lo era grande, de deixa-lo triste, mas eu não posso atingi-lo, porque ele me atingiu primeiro, porque ele foi precavido, ele trabalhou nisso melhor que eu... E pra mim dói mais porque eu amo ele.

Mas vou deixar de amar! Eu juro!

  • O capítulo de hoje tá grande, tem babado dnsianodias e como dá pra perceber, o próximo é o fim do flashback. Será que o Bruno vai se arrepender, e será que ela vai correr atrás e deixar ceder? *U* quero saber de vocês. 
  • Ah, gente, a música que eu pus do Chris Medina - eu já havia posto um capítulo qualquer -, pois bem, ela é linda, a tradução mais ainda, e quem não sabe a historia dela, procurem que não vão se arrepender! 

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Capítulo 65


Dormi na casa do Phil, em um quarto ao lado do das crianças. Acordei com um barulho de vídeo game, e quando lavei meu rosto, arrumei a cama, fui até a sala para me despedir de todos, vi a cena talvez mais linda. Urbana estava de avental, provavelmente fazendo comida, e Phil debruçado na bancada de mármore dizendo que a ama. 
(escute essa música, se quiser até o fim do capítulo)

Eu estou sensível demais à certas cenas, certas coisas que vejo. Pigarreei e eles perceberam minha presença.

-Hey, desculpa incomodar vocês, mas eu estou indo. Queria agradecer pela hospedagem, e pela ajuda de ontem. – Dei um sorriso para os dois.

-Não vai, almoça conosco. – Diz Urbana.

-É, depois eu largo você em casa. – Phil concorda. – E outra que a comida da Urbana está maravilhosa.

-Não prometa nada a ela, Philip. – Urbana diz revirando os olhos.

-Você sabe que sempre fica ótimo. – Phil levanta-se e vem a minha direção. – Fica conosco.

-Não quero atrapalhar...

-Vá a merda com todo o respeito Michelle. – Phil diz e eu me assustei, exceto por suas gargalhadas depois. – Não atrapalha em nada.

-Então tudo bem. – Dei um leve sorriso e ele me guiou até a bancada.

Enquanto a conversa rolava solta entre nós três, algo na minha mente dizia que eu não estava bem, e que algo de muito ruim iria acontecer. Sabe quando acontece essas más impressões que fazem sua mente virar de ponta cabeça tentando descobrir qual é o real significado? Pois é assim que está tudo aqui. Tem que ter algo muito errado.

Agora mudando o assunto para o Bruno, isso sim está errado. No fundo ele que está com a razão, ele pode ter ficado com outras garotas, ter me feito chorar, mas isso foi antes de namorarmos, e agora sem querer eu acabei me vingando e criando um círculo no qual se ele aprontar alguma coisa, eu não poderei falar absolutamente nada, afinal eu vou estar com a imagem suja.

Droga de pensamentos. Meu celular vibra para me descontrair, e vejo uma mensagem, do Jake.

“Oi, desculpa se algo ficou mal entendido após nosso beijo, eu não queria lhe confundir e nem comprometer seu compromisso, foi mal. Espero que possa me entender.”

Eu entendo, Jake, eu entendo! Mas o que eu fiz foi burrada. Droga.

-Quer conversar? – Pergunta Phil apoiando sua mão no meu ombro.

Respirei fundo. – Quero! – Concordei.

Ele pediu licença para a Urbana e nos sentamos no sofá. As crianças correram pela casa, cada uma me deu um beijo no rosto e saíram correndo novamente. Phil me olhou e balançou a cabeça.

-Está arrependida?

-Sim, e não. – Balanço a cabeça e olho nos seus olhos. – Eu não sei o que eu estou!

-Você está apaixonada, está pondo a razão contra as emoções, criando um vínculo entre elas... Não é pressionar você Michelle, mas o tempo está correndo, você precisa saber que ser continuar com ele ou se prefere ficar sozinha.

-Phil, eu não consigo decidir isso. – Apertei os olhos. – Eu não consigo.

-Tenta.

Pensei nas razões. Bruno todo o tempo me fez de gato e sapato, ele me “traiu”, ele ficou com garotas, brincou e feriu meus sentimentos, me deixou a deriva de todos meus choros e profundidades.

Pensei nas emoções. Querendo ou não eu o amo, eu amo esse Bruno, eu amo o que ele sempre foi, e essa versão querendo ou não também é parte dele, faz parte da construção do Bruno. Seus olhos expressivos, sua fala calma e ás vezes safada. Sua boca desenhada, e seus perfeitos cachos.

Eu não tenho como escolher uma coisa só. Eu que errei. 


-Eu vou atrás dele, Phil.

-Isso garota! – Ele sorri e eu também.

-Posso ser tachada de burra por isso.

-Não. Você não vai ser tachada assim, sabe porque? – Balancei a cabeça negativamente. – Porque ninguém é burro de escolher os sentimentos.

-Obrigada. – Meus olhos estavam marejados, mas eu não estava com vontade de chorar.

-Mas vou esperar mais um tempo. 

-Você que sabe. - Ele sorri pra mim. 

-Eu tenho certeza que vocês se gostam, tantos anos e tantas coisas não devem ser passadas apenas em branco. Não vamos virar a página antes de lutar, e eu ainda vou ser convidado para o casamento de vocês.

-Casamento? – Balancei a cabeça. – Não, não.

-Quem sabe!?

-Não, não Phil. – Comecei a rir das suas ideias.

-Imagina você de branco, ele de terno... Paris para lua de mel... – Enquanto ele falava, mesmo não querendo para não alimentar meu ego de maneira errada, eu pensei em nós dois, não digo casando, mas juntos, com uma família, uma casa, cachorro... Eu tenho que parar com essas idiotices. – E quem sabe até um filho.

-Não tão cedo. – Balancei a cabeça.

-Um mini Bruno, uma mini Michelle.

-Só você mesmo. – Balancei a cabeça e ele ri.

-É sério, você sabe que o Bruno ama crianças, e mesmo dizendo que não quer, ele amaria um filho.

-Mas não. – Neguei! Eu não quero um filho agora, filho é compromisso e outra que do jeito que eu e o Bruno estamos, um filho seria pior, porque o coitadinho ficaria doido com as nossas brigas e discussões, não vou fazer meu filho passar por isso.

Me passou algo na cabeça, falando em casamento e filhos, algo que até então eu tinha esquecido completamente. Minha mãe falava, principalmente com a dona Bernie, enquanto faziam comida ou teciam em seus belos panos, algo sobre isso, traição! Me lembro que ela falava “Quando o relacionamento chega no estágio de traição, de ambos se traírem, é porque a relação já está gasta, e não há mais amor”. Tá, ok, não crucifico o Bruno porque ele não me ama, ou porque me traiu, mas agora ponho em questão a minha dignidade. Será que eu quero isso? Eu traí ele e agora estou nesse constante pensamento de que se realmente eu gosto dele. Esse é o problema, se eu gostasse realmente, eu teria certezas e não dúvidas.

Phil me chamou para a mesa posta. Sentei no meio das crianças, cada uma ao meu lado me fazendo perguntas. Comíamos e ríamos, porque é praticamente impossível estar na mesma mesa que Phil e Urbana e não rir das palhaçadas, piadas e até do próprio riso deles. Lavei toda a louça, porque era o mínimo pra eu fazer já que fui totalmente depreciativa quando não me ofereci a ajudá-la na cozinha.

-Então, é isso. – Digo secando as mãos em um pano que Urbana me alcançou. – Eu vou indo lá.

-O Phil vai levar você.

-Eu acho que não precisa se incomodar.

-Claro que preciso, vou levar você, o tempo está se armando, não quero que pegue uma gripe com essa possível chuva. – Diz ele.

-Tudo bem. – No fundo eu estava querendo uma carona mesmo, não vou negar. Ir de carro é milhares de vezes melhor do que ir de ônibus.

Me despedi das crianças e dei um abraço bem apertado na Urbana, agradeci a ela por ser uma pessoa tão acolhedora e hospitaleira como ela foi. Segui com Phil até o carro e sentei no banco do carona. Coloquei o cinto e ele ligou o rádio. Fomos conversando coisas banais, até eu perceber que aquele não era nem um pouco parecido com o caminho da minha casa.

-Phil, onde estamos indo? – Pergunto olhando para o bosque de palmeiras que passamos.

-Para um encontro!

-Hã? – Fiquei sem sentido quando ele falou.

-Vamos encontrar o Bruno, vocês vão se falar e resolver isso.

-Ele não quer me ver. – Principalmente depois do tapa, que sinceramente, acho que extrapolei, passei dos limites da física e do auto controle.

-Ele quer ver sim.

-Aí, como tem tanta certeza?! – Já comecei a me irritar.

-Vai por mim. – Ele fez o retorno e quando entrou no condomínio do Bruno meu coração se apertou, uma dor, uma coisa sem explicação. Não sei dizer o que eu senti, só sei que senti.

-Vamos parar aqui. – Disse e ele quase freio, porém somente diminuiu a velocidade. – Eu não sei se quero ver ele, eu cheguei a dar um tapa no seu rosto, Phil, ele deve estar muito bravo comigo.

-E dai, ele vendo que você está aqui é o que importa. – Chegamos à frente da sua casa. Passei a mão na porta do carro e a abri. – Vou estar aqui fora, qualquer coisa me chama.

Ajeitei minha roupa sem saber o que vinha pela frente, garanto que um tapa eu não levaria, pois ele nunca seria tão louco a ponto disso, mas prevejo uma longa discussão, brigas e bastante arrependimento da minha parte. Bati na sua porta, três vezes seguidas. Não demorou muito ouvi alguns barulhos e logo latidos.

-Vai estragar a porta, saí Gege. – Ouvi sua voz e o arrepio se formou na minha coluna. A porta se abre e assim que ele me vê, sua expressão muda, não sei dizer se é de bom ou de ruim, mas ela muda. – Oi.

-Oi, Bruno. – Tentei ao menos fechar os olhos, mas não consegui.

-Entra. – Diz sua voz seca. Olhei para trás e entrei na casa.

Bruno Pov’s

Há um tempo atrás, eu me lembro muito bem, que pensei “E daí, eu posso ficar com outras, da mesma forma que ela também pode ficar com outros homens, eu não ligo”. Eu acho que era mentira.

Quando vim pra casa, depois daquele episódio terrível de brigarmos e ela novamente bater no meu rosto, o que me deixou furioso, eu pensei em tanta coisa. Principalmente em nós dois juntos. Não sei se estamos fazendo o certo, ou o errado, ou se não estamos fazendo nada, mas eu não quero que acabe do jeito que aconteceu ontem. Se tiver que acabar, vai acabar tudo bem.

Soltei o Gerônimo dentro de casa um pouco, o tempo está ameaçando para chuva, e eu preciso de companhia. Ele acabou dormindo comigo, enquanto martelava algumas coisas na minha casa.

Pedi comida japonesa, daí lembrei que eu traí ela sim. No inicio do namoro, quando eu fui para o Japão, eu fiquei com outra garota, uma japa. Nossa! Desviei meus pensamentos absurdos e comi meu almoço. Liguei para Ryan diretamente.

-Alô. – Falei antes que ele dissesse.

-Fala aí negão, qual foi?

-Quando é que começamos outra viagem?

-Acho que daqui há três dias precisamos ir para Nova Iorque.

-Perfeito. – Já pensei em desviar meus pensamentos para lá.

-Porque?

-Ansiedade pra turnê.

Dei tchau e desliguei o telefone. Ansiedade pela turnê eu tenho muita, pessoas novas, meus shows, minhas músicas, meus fãs, isso tudo me acalma tanto. Meus hooligans me acalmam, eles são um ponto de equilíbrio nessa vida doida que tô levando. Peguei meu celular e escrevi uma mensagem pro Phil.

“Por favor, se a Michelle ainda estiver aí, traz ela aqui. Juro que não é pra brigar, eu preciso mesmo falar com ela. Obrigada brother” 

Arrumei as coisas do meu almoço e tomei um banho. Na porta ouço três batidas seguidas, coloquei minha camisa apressadamente e Gerônimo foi na frente. Eu sei que é ela.

-Vai estragar a porta, saí Gege. –Disse quase rindo da euforia dele. Suas patinhas arranharam a porta e eu o segurei pela coleira.Como eu esperava, assim que abri a porta ela estava ali, mas algo me fez fechar a cara quando vi ela, lembrei dela com aquele idiota. – Oi.

-Oi, Bruno. – Aí sua voz.

-Entre.

Michelle Pov’s

A qualquer custo eu iria falar com ele, saber o que se passa na sua cabeça, o que ele pretende, o que vai acontecer com nós dois, se é que ainda existe nós dois. Ele me guiou para a sala, sentei no sofá e ele se sentou na poltrona. Gerônimo veio pra cima de mim, querer brinquedo. Passei a mão no seu pelo macio e ele ficou todo feliz, abanando o rabinho de um lado para o outro rapidamente. Perdi o medo por ele. 


-Antes que me pergunte, o Phil que pediu pra mim vir aqui falar com você. – Saí na minha defensiva. Ele abriu um sorriso um tanto quanto irônico. – Mas se eu fiz mal, posso ir embora.

-Vamos conversar, ué. – O sorriso dele não era tão irônico assim, até que saiu meio verdadeiro, meu Deus que medo.

-Claro que vamos... Precisamos! – Cruzei minhas pernas e senti seus olhos passar por minhas pernas e me assustei com uma trovoada.

-Sabia que logo começaria a chover. – Ele olha para a rua e levanta-se da poltrona.

Observei ele fechar as janelas, e quando retornou para onde eu estava sentada, ele sentou-se no mesmo sofá que eu. A sala já estava mais escura do que antes, seus lábios estavam mais arroxeados, que cor mais linda. 


-Eu que pedi pro Phil trazer você aqui. – Por essa eu não esperava.

-Porque? – Pigarreei.

-Nós chegamos a terminar o que tínhamos? – Não nós não terminamos, mas sinto que agora vamos. Um pedaço de mim não quer acabar com tudo.

-Por mim, eu acho que não!

-Então se não acabamos... – Ele para pra pensar um pouco, desvia o olhar do meu e volta a encarar meu rosto de forma gentil. – Eu não quero terminar nada, ok?

-Tudo bem... – Não sabia o que iria falar.

-Não quero que tudo acabe assim, eu vou procurar entender o porque você fez isso, e como nossa relação está, eu juro que não quero mais brigar, e prometo tentar ser compreensivo. – Seu corpo se aproxima do meu. Suas mãos seguram as minhas.

-Bruno eu quero que saiba, que se nós vamos continuar junto mesmo após tudo isso, dá próxima vez que ocorrer qualquer coisa, não irá mais existir “nós”. – Disse convicta. Engoli minha saliva e ele sorri.

-Tudo bem, eu juro que eu vou tentar ser melhor.

-Aí, veremos.

-Acho que você é a pessoa mais sensata que existe. – Ele se aproxima mais do meu rosto e larga minhas mãos para segurar-me.

  • Desculpem se o capítulo ficou chato, mas estou com uma falta de criatividade enorme. Aiiiiin gente, amei os comentários do capítulo passado dsnioadnisa e entendam que a Michelle voltou com ele, porque na próxima briga é o fim do flashback TA CHEGANDO dsaudnsao <3
  • Ah, capítulo na segunda normal, porque tenho vestibular sábado e domingo, tô tentando tudo que é faculdade né *u* Obrigada por sempre estarem aqui comigo <3