sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Capítulo 40

Não entendi o porque Bruno me chamou para esse jantar. Por isso passei a manhã toda do trabalho pensando nisso, pensando no porque, pensando no motivo que isso teria. Assim que cheguei em casa coloquei minhas mãos e meus pés de molho para fazer minhas unhas.

-Aluguei um filme para vermos. – Anne chega bem animada.

-Oba, quando?

-Hoje á noite. – Ela responde largando a sacola sobre a mesa e indo para o quarto.

-Anne, eu não vou estar aqui hoje a noite. – Respondi e ouço os passos dela. Colocando a cabeça no corredor, ela me olha.

-Como assim?

-Eu vou num jantar. – Respondi torcendo os lábios.

-Ah, com o Bruno? – Ela ainda não estava muito bem com ele, eu sei.

-É, com ele. – Respondi.

-Não tenho nada a falar sobre isso. – Ela dá de ombros.

-E nem tem o que falar. – Resmunguei.

-Quer dizer que eu não tenho o direito de expor meus pensamentos? – Ironiza ela.

-Não disse isso... – Tentei me explicar.

-Olha, eu estou na tpm, não quero discutir com você. – Seus olhos reviram.

-Nem eu quero discutir com você, mas acho que se eu escolhi isso pra mim, e você encheu seu saco com isso, pelo menos respeite minhas decisões.

-Será que você não vê que ele está brincando contigo? – Pergunta ela com um tom mais elevado.

Fiquei boquiaberta. Eu poderia escutar isso toda a hora, de qualquer pessoa, mas parece que quando vem dela, é pior. Engoli a seco e literalmente fiquei sem palavras. Não consegui dizer nada, nem pensar em nada.

-Olha, me desculpa. – Ela chega perto de mim.

-Você tem razão. – Digo desanimada.

-Não, eu não tenho razão, e nem vá pela razão. – Ela diz. – Desculpa, me desculpa. E olha, eu prometo que vou parar com isso, e vou deixar você viver. Okay? – Diz ela com um sorriso e um pedido de desculpas.

-Tudo bem Anne. – Digo.

Desanimei agora, totalmente. Depois que eu me arrumei, e fui para o banho, finalizei pondo uma roupa legal. Ou nem tão legal assim. Agora eu estava me sentindo um nada, depois que ela vive me alertando, parece que finalmente eu fui tocada por isso, e fiquei sem palavras. No fundo é verdade, é tudo verdade. Passei a maquiagem de leve, e sem vontade. Fui para a sala com a minha bolsa no ombro e os passos meio tímidos. 

-Está linda, mas tem que por um sorriso nesse rosto. – Anne alerta-me.

-Assim. – Dei um sorriso a contra gosto e ela ri gostosamente o que me fez rir também.

-Assim. – Diz ela. – Não importa o que eu diga, sempre o que vai valer é o que seu coração e sua mente dizem pra você! As opiniões alheias são pra quando você está indecisa quanto a uma peça de roupa, e não para quando quer saber o amor da sua vida, e o destino da tua felicidade.

Com as palavras de Anne, eu sorri, e fiquei parada um tempo. Meu celular tocou, peguei ele na bolsa e vi o número do Bruno. Me despedi da Anne e desci as escadas tranquilamente. Cheguei na frente do carro e Bruno destranca a porta.

-Oi. – Disse assim que entrei.

-Boa noite. – Ele diz com um sorriso. – Já foi ao Distro LQ? – Pergunta ele, aparentemente ele estava animado com algo.

-Nunca. – Respondi desanimada e tirei o sorriso dele.

-Aconteceu alguma coisa? Está tudo bem? – Bruno larga a direção e fica me olhando.

-Nada Bruno. – Aconteceu tudo. O que a Anne me falou fica martelando na minha cabeça, trechos de tudo que já aconteceu, e agora minha paixão contínua por ele, e eu não sei o que fazer, eu não sei que riscos correr. Okay, pode ser que eu esteja radicalizando demais.

-Não quer ir? – Pergunta ele semicerrando os olhos para mim.

-Claro que quero. Vamos. – Me animei um pouco e dei um sorriso pra ele, no qual foi retribuído claramente.

O caminho não muito longo foi passando rapidamente. Perguntei para o Bruno se ele está ansioso para ir ao Japão e ele respondeu que sim, falamos mais algumas coisas sobre o seu serviço, e ele perguntou como estão as coisas no meu serviço. Respondi dizendo que está tudo bem, mas estamos numa época cansativa e coisas assim. Bruno estacionou no estacionamento privado que não pertencia ao Bistrô. Saí do carro, e ele fez a volta nele para irmos ao restaurante. Bruno estava com uma sacola preta, sem símbolos, nem emblema de alguma loja, estranhei. 


-Não tinha visto como está linda. – Ele me olha de cima a baixo. – E quase sem maquiagem, o que deixa você mais bela ainda. – Bruno segura meu queixo e olha tão profundamente nos meus olhos que senti meu estômago chamar borboletas para andar por ele.

-Obrigada, não é todo o dia que nós saímos com o Bruno Mars. Você também está lindo. – Disse com um sorriso gratificante.

Bruno estava com uma calça social e um mocassins sem meia, tudo preto. Sua camisa social cor cinza me chamava a atenção, ela parecia um mesclado de cores. Qualquer roupa no Bruno fica bonito impressionante, até o brega deixa de ser brega com ele. Entramos no restaurante e a recepcionista com cara e fala de robô nos guiou até uma mesa vazia. O clima naquele local estava meio romântico, isso me preocupou. Tinha poucas pessoas ali, mas dessas poucas chamamos a atenção de todas. Sentamos na mesa e eu coloquei o guardanapo sobre minhas pernas e ele ficou me observando.

-Se continuar me olhando eu vou chamar o segurança. – Disse divertidamente e ele ri.

-Deixa de bobagem, até parece que eu vou te agarrar, ou te estuprar aqui. – Ele ri com a piada dele.

-Tenho medo de você ás vezes. – Digo entre risos.

-Porque? – Ele toma um gole da água que já estava servida em duas taças de boca grande.

-Sei lá, você é imprevisível. – E de repente, não mais que de repente, a conversa já tinha ido par o lado tenso.

Senti um pequeno incomodo com o aromatizante que ora se exalava. Aspirei o cheiro e voltei a olhar para o Bruno.

-Gosto de ser assim. – Ele dá de ombros. Garoto complicado. – Pensei em comermos Frango com Champanhe. – Diz ele chamando o garçom com um gesto.

-Muito bom. – Dei minha opinião.

-Olá, no que posso ajuda-los? – Pergunta o bom senhor, entregando a nós um menu em forma de caderno. – Aqui tem o prato do chef. – Diz ele apontando para a primeira página, no menu que estava na minha mão.

-Nós queremos dois pratos de Frango com Champanhe. – Responde Bruno folhando o menu, e o senhor anotando o pedido. – Para beber, vamos pedir o que? – Pergunta Bruno diretamente pra mim.

-Quero vinho do porto, por favor. – Pedi fechando o menu.

-Pra mim, um espumante. – Diz o Bruno entregando o menu para o garçom que se vai.

-Espumante, que chique. – Digo em tom de ironia.

-Quero que goste dessa noite. – Ele sorri e estica a mão sobre a mesa, deixando seu palmo praticamente somente esperando a recepção da minha mão. Pensei duas vezes e não pus minha mão na dele.

-Já estou gostando. – Sorri. – Mas ainda tentando entender o porque disso tudo! – Discuti comigo mesma em tom baixo.

-Eu trouxe algo pra você. – Ele se vira para pegar a sacola. – Disseram pra mim que eles são bons, e eu espero que goste. – Ele sorri quando me entrega uma caixa retangular dourada. Desfiz o laço dourado escuro que a prendia, e abri a caixa de bombons finos que ele comprou.

-Mas não é nem meu aniversário hoje. – Reclamei baixinho, boquiaberta com o presente.

-Eu sei, mas eu quis te dar. – Olhei para ele, e ali estava o pequeno Peter com um sorriso feliz no rosto.

-Obrigada. – Disse e minha voz quase nem saiu. – Obrigada. – Agora repeti, e logo pigarreei.

-De nada. – Ele estica a mão novamente.

-Casal. – Chega o garçom com nossos pratos. Bruno recolhe a mão e senti minha bochecha dar o ar da graça, ficando levemente corada.

Começamos a comer, acompanhado das nossas bebidas. Bruno acabou com o seu prato antes de mim, enquanto eu ainda remava para comer. Limpei minha boca levemente com o guardanapo e olhei para ele que estava com a taça perto da sua boca e com os olhos fixos em mim. Minhas bochechas coraram, eu tenho vergonha quando as pessoas me olham muito. (Escute essa música)

-Você comendo é uma graça, parece um pássaro. – Ele ri.

-Gosta de me chamar de animal né? – Digo e ele ri.

-Errou. – Ele nega com a cabeça levemente. – Pássaro é ave. – Diz ele todo de si.

-Vá a... – olhei para as pessoas que estavam ali e completei baixinho. – Vá a merda, Bruno. – Ele ri do jeito que eu falei.

-Que gracinha. – Ele se curva para mexer na minha bochecha, e seu dedo passa sobre a minha boca. Olhei para ele e abaixei o olhar. – Ainda quer saber porque eu te trouxe aqui? – Pergunta ele voltando ao seu lugar.

-Ainda. – Protestei.

-Bom, eu sei que eu sou meio estranho, e que ás vezes pareço que sou doente, ou indeciso. – Ele diz e o papo me assusta. Fiquei encarando seus olhos que estavam mais pequenos agora. –Mas eu queria poder te proporcionar um tempo, de nós dois juntos, sabe, como namorados? Eu sei que eu posso estar confundindo você...

-Bruno,sinceramente, não entendi. – Disse a realidade. Não estava entendendo o que ele queria dizer. Tenho medo da minha mente fantasiar coisas que não são reais.

-Basicamente eu pedi você em namoro! – Ele responde meio envergonhado. Namoro?

Juro que ouvi um coro de aleluias na minha volta, e posso jurar também estar pensando besteira, e ter confundindo as coisas, mas ele disse com todas as letras, que quer namorar comigo! Isso é uma pegadinha, agora é a hora que cai um balão de água na minha cabeça, ou eu desperto do sonho. Fiquei olhando para ele fixamente.

-Seria ótimo se respondesse. – Diz ele com um sorriso torto.

-Eu preciso responder? – Perguntei, Bruno assenti e me faz rir. – Se isso não é uma brincadeira...

-Não é, pode confiar em mim. – Ele diz seguro, e me atrapalhando.

-Cla-claro. – Tropecei nas palavras e ele aperta minha mão fortemente.

-Mas já vou avisando, minhas fãs são preciosas, não meche com elas. – Ele dá uma gargalhada.

-Eu irei compreender sua ausência, suas fãs malucas amando você, e tudo que englobe sua vida. – Falei firmemente. Meu sorriso radiava um pouco da emoção que saia do meu coração. Nem acredito que agora eu sou oficialmente namorada do Bruno. (Se quiser pode parar a música aqui)

Bruno Pov’s

Reunião de produtores. Não sei o que eles querem, só sei que eu quero a minha cama e dormir mais um pouquinho. Levantei me espreguiçando e tomei um banho rápido. Coloquei uma camisa branca, uma calça jeans e tênis. Olhei para o meu cabelo no espelho e ajeitei ele dentro do meu Fedora favorito.

-Bom dia Meredith. – Falei indo para a cozinha e vendo ela arrumar as coisas.

-Bom dia Bruno. – Diz simpaticamente. Meredith se acostumou a me chamar de “senhor Bruno”, mas quando me falam isso eu me sinto um velho de oitenta anos, então acostumei-a a dizer somente Bruno, ou Peter.

Falei em Peter e lembrei-me da Michelle. Gostei do final de semana que tivemos juntos, e amei nossa pequena rapidinha na garagem. Pra falar bem a verdade, eu não sei o que o sexo dela tem, que me deixa tão aflorado, eu mau penso, e já puft, a barraca ta armada. Melhor parar de pensar.

-E ai. – Ryan chega na cozinha exalando um cheiro forte de perfume.

-Quer conquistar alguém na reunião? – Perguntei abrindo a geladeira.

-Não, mas pensando bem, não seria ruim dar uns amassos na Dani. – Ele lambe os lábios de forma nojenta.

-Ela é gostosa. – Falei e tomei meu café.

Escovei meus dentes, dei uma olhada no Geronimo, que quando viu Ryan, só faltou virar a bunda para ele e latir algo que fosse como “me come”. Tenho ciúmes do meu cachorro amar mais o meu amigo, do que a mim mesmo que sou dono dele. Saímos de casa e passamos na casa do Phil para buscar ele. Iriamos apenas nós três, muita gente dá bagunça. Subimos para a sala de reuniões e sentei em uma cadeira aleatória. Entrou a Dani, o Rick que é nosso auxílio de produção – tudo é com ele, ou melhor, tudo passa por ele -, e mais um homem que eu sempre me esqueço o nome, mas também ele não é tão importante assim, só fica quieto anotando um monte de baboseiras.

-Sobre o que é a pauta da reunião? – Perguntei observando Dani se ajeitar em pé na ponta da mesa.

-Bruno, acho que o seu assistente pessoal não viu muito essa parte, mas eu sou do marketing. – Ela começou a falar mas deu uma pausar para pigarrear. – Desculpa... Bom, tem algumas revistas de fofoca falando sobre você.

-Sempre tem. – Dei de ombros.

-Só que falando dos seus “pegas” em diversas mulheres. – Completa Rick, gesticulando as aspas.

-Ah... – Balbuciei.

-Então, como eu promovo a sua imagem, não é nada bom ficar conhecido desse jeito, inclusive pela mídia preta. – Mídia preta é o termo que eles usam para se direcionar aquelas mídias que só sabem falar mal da pessoa. – eu e o Rick conversamos, e achamos melhor conversar com você junto. O que acha que podemos fazer a respeito disso? – Pergunta ela com ar de superioridade.

-Não sei. – Digo baixinho.

-Nós podemos deixar você pensar numa solução, se quiser. – Diz Rick.

-Pode ser. - Digo olhando para Ryan. Os três se retiram da sala de reunião deixando eu, Ryan e Phil. Olhei para os dois e preguei meu olhar na janela.

-O que vamos fazer senhor pega todas? - Pergunta Phil cruzando os dedos sobre a mesa.

-Não sei. - Só conseguia pensar na minha carreira. Eu sei que é egoísmo da minha parte, mas não me imagino sem minhas fãs e tudo isso que me rodeia.

-E se você começasse a namorar? Assim não fica com fama de come todas. - Ryan da uma ideia. Minha mente brilhou na hora.

-Não é uma má ideia. - Comenta Phil.

-É perfeito. - Digo.

Ryan chamou Dani, Rich e o outro cara que está sempre junto. Sentamos na mesa e Ryan expôs sua ideia e para a minha surpresa eles gostaram.

-Mas essa menina que você vai namorar tem que ser de confiança, e passar uma boa imagem. - Comenta Rick enquanto olhava para um papel.

-Isso é... Tem alguém em mente? - Pergunta Dani.

-Não. - Digo rapidamente. - Na verdade, eu não sei se quero namorar.- Falei. De repente me vem tudo a tona na cabeça, a ideia de namorar com alguma garota. Não sei, mas algo me diz que isso não vai ser muito bom.

-Tecnicamente você não precisa namorar de verdade, casar e ter filhos, pode simplesmente apresenta-la pra mídia como sua namorada, assim se você a trair ou algo assim, faça bem feito. - Rick iluminou minha mente, e novamente tive uma ideia.

-Mich... - Falei em voz alta.

-Não, me diz que não está pensando em fazer isso com ela. - Phil protesta, olhei para ele e com o canto da boca eu sorri.

-Pensa comigo, será perfeito. Ela disse que gosta de mim, ela é bonita, tenho certeza que nunca irá brigar por causa da minha fama. Ela é a melhor pra isso. - Meu pensamento extremamente egoísta me impressionou.

-E pra isso vai alimentar os sentimentos da garota? - Phil arregala os olhos. - Sou totalmente contra essa ideia.

-Ryan... - Chamei a atenção dele.

-Apesar de ser muita cafajestice, ela é a melhor candidata. - Ryan da de ombros.

++++

Foi decidido. Chamei ela pra jantar no mesmo dia, mas ela disse que estava cansada, então preferi deixar para hoje, terça feira.

Michelle Pov’s

Eu não estava acreditando que aquilo estava acontecendo. Bruno me pedindo em namoro. Isso é um sonho? Só pode ser. Um pouco até desconfiando da situação, eu fiquei olhando para ele, mas tinha algo que ele não me falou, algo estranho no olhar dele. Eu sorri pensando nas possibilidades e coisas assim.

-Morango envolvo no marshmellow. – Diz Bruno do nada. Acordei do transe.

-Ah, é bom? – Perguntei.

-E ótimo, vamos comer? – Pergunta ele nem esperando pela minha resposta, então levanta a mão e o garçom vem na nossa direção.

Bruno explicou o que queria de sobremesa e as coisas foram retiradas da nossa mesa e trocando por pratos limpos e louças limpas. Para acompanhamento eu tomei ainda vinho, e ele vinho também, trocando o espumante. Quase nem falamos nada.

-Vai viajar amanhã? – Perguntei assim que limpei a boca.

-Vou sim. – Responde ele. – Ansioso para o Japão. – Ele sorri tão fofo.

-Ah, deve ser legal lá. – Disse sorrindo pela felicidade dele.

-Um dia nós dois vamos a Paris, e Japão, e Itália... – Ele segura minha mão novamente. – Vou pagar a conta, e vamos?

Assenti positivamente. Bruno levanta e assim que ele se desloca eu olho para minha bolsa, procuro meu celular e fico olhando para a tela, pensei em falar algo para a Anne, mas eu sei que ela vai vir com uma bíblia inteira de “porquês”. Passei o dedo na tela e fiquei pensativa quanto ao que a Anne me falou hoje mais cedo, e o que acabou de acontecer aqui. O Bruno não seria tão idiota de brincar com meus sentimentos... ou seria? Ele chegou e eu levantei, caminhei um pouco atrás dele, e ele parou para uma foto. Vi um flash na nossa direção mas ignorei completamente. Entramos no carro e ele arrancou, na rádio tocava algo aleatório, e minha janela meio aberta fazia com que o vento batesse nos meus cabelos.

-Pensativa... – Comenta ele olhando para o transito.

-Medo é a palavra certa. – Disse e ele me olhou.

-Medo porque?

-Sei lá, até semana passada você disse que gostava de mim como sua amiga, e no inicio disse que não queria que ninguém desconfiasse que nós ficamos. E agora, você me pede em namoro. – Fiquei tentando organizar as ocorrências na minha cabeça e ele dá uma risadinha sem graça e volta a olhar o transito.

Quando eu iria comentar algo, após um minuto no pleno silêncio, ele fala.

-Eu só disse que não amava você, mas eu sei que gosta de mim, então resolvi arriscar um novo romance. – Não sei porque, ele não me convenceu totalmente.

-Ah... – Disse ainda com o pensamento martelando.

-Não acreditou, não é?

-Não, sinceramente, não. – Balancei a cabeça levemente.

-Nós temos que correr riscos, tentar fazer de tudo para viver e sobreviver, e eu pensei sobre nós dois, e pensei principalmente no “porque não”. – Ele dá de ombros. – Eu sei que parece loucura, mas o tempo é nosso, se quiser voltar atrás e pensar, sinta-se a vontade.

As palavras saíram tão seguras, e a força com a qual ele falou foi tão forte, que eu sei que ele falava algo de verdade. Quando eu disse que ele não mente, não quis dizer que ele é cem por cento certinho, ele apenas não mente quanto ao que está sentindo, agora, sobre outros assuntos, eu não sei. Afinal, passou dez anos, as pessoas mudam, o mundo muda.

-Não Bruno, eu não vou voltar atrás, é claro que eu aceito. – Dei um sorriso um pouco amarelo e ele para o carro.

-E também, nós ficávamos sempre que dava, éramos namorados praticamente.

-Praticamente. – Repeti e ele riu. – Defina.

-É algo que ainda não é, mas está quase. – Diz ele. Bruno Mars também é cultura.

-Agora é. – Disse e ele sorrio. Fiz uma careta engraçada e ele se aproximou de mim.

-O bom disso é que agora eu posso te beijar... – Ele dá um selinho. – Sem me preocupar com fofocas. – Ele me faz sorrir no automático. 



-Só uma pergunta... – Disse e ele fez sinal com que eu prosseguisse. – O que eu faço em relação as suas fãs, e a mídia... Se vierem me perguntar algo... sei lá, essas coisas, sabe. Nunca fui namorada de um famoso.

Opa, eu nunca fui namorada de um famoso. Nem nunca fui namorada de alguém. Eu nunca namorei, sempre tive dificuldade com essa palavra, e agora, o Bruno mal pediu, e um sim enorme já queria sair da minha boca. O que esse homem está fazendo comigo?!

-A mídia com certeza vai correr atrás, mas quanto a isso, eu vou te apresentar como minha namorada, normal. E minhas fãs, algumas vão te adorar, outras ciumentas vão querer sua cabeça. – Pus a mão no pescoço e ele ri. – Mas no fundo elas querem o meu bem. – Ele sorri. – Então, só te peço pra não falar mal delas.

-Nunca falarei, sei como elas te amam, mesmo mal te conhecendo. – Ele sorri e eu também.


  • O capítulo está bem grande, e tem o que vocês tanto queriam - tá, eu sei que por uma cachorragem, mas é sério, entendam que esse é o jeito do Bruno e isso faz parte da fic, quem sabe um dia ele mude. 
  • Comentem gente! Eu só postarei na segunda feira agora, pois esse final de semana vai ser corrido para postar. E pretendo ver empolgação nos comentários hein. Eu adoro vocês, demais mesmo, então me façam feliz ndsaidisaodno *-* Beijos, e até segunda. 

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Capítulo 39

Assim que eu e o Bruno chegamos na sala começaram os olhares maldosos para cima de nós, o que restava era rir. Sabia que a bebida já estava fazendo um leve efeito nas nossas cabeças. Sentei na poltrona, e Bruno sentou-se no sofá, com uma cara leve, despreocupado. Ryan gargalhava e ninguém estava entendendo o porque do riso. Zoe trocava olhares apaixonantes com o Phred. Sei não, mas acho que rolou uma química muito grande entre esses dois. Eu parei logo de beber e pedi licença para comer alguma coisa. Estava fazendo algo muito errado, como beber de estômago vazio. Peguei um sanduíche pequeno na geladeira, e me servi. Kam aparece na cozinha.

-Boa noite. – Ele diz divertidamente.

-Seu bêbado. – Disse entre risos.

-Tomei só um pouquinho de bebida. – Diz ele tentando medir com os dedos. Tive que rir da cena extraordinária.

Voltamos para a sala, onde estavam quase todos dormindo, achei que estava mais do que na hora de ir embora. Chamei Zoe discretamente.

-Acho melhor nós irmos, se lembra que a Anne quer ir no cinema durante o domingo. – Disse pra ela baixinho. – Ou então vamos dormir no filme. – Disse dando de ombros.

-Não. – Ela ri. – Vamos chamar um táxi para irmos embora. – Ela voltasse para o lugar.

-Bruno, tem uma lista telefônica? – Perguntei.

-Tenho sim, pra quê? – Pergunta ele curioso e vindo na minha direção.

-Porque vou chamar um táxi. – Disse prontamente.

-Eu levo vocês. – O sorriso dele até poderia me convencer.

-Não Bruno, obrigada, se fosse em outras circunstâncias eu até aceitaria, mas você bebeu bastante.- Disse tranquilamente dando um sorriso fraco.

-Mas eu peço pro Dre...

-Não, não vá incomodar o pobre coitado sem necessidade. – Falei e ele sorriu.

-Eu também pensei em vocês dormirem aqui. - Bruno pega o fecho da minha jaqueta.

-Ah, não da também. - Falei totalmente sem graça.

-Porque? - Pergunta ele com uma sobrancelha levemente arqueada.

-Porque a Anne quer ir ao cinema, e tal.

+++++

-Eu não quero ver filme idiota de comédia. - Protesta Anne como se fosse uma criança birrenta.

-Mas se não for comédia, é terror, e a Mich não gosta, e se for ação, quem não gosta é eu. - Disse Zoe Olhando atentamente para o cartaz.

-Grande coisa. - Anne revira os olhos marcados por delineador preto. - Vamos ver essa bendita comédia. - Anne deu o braço a torcer.

Ontem à noite eu e Zoe dormimos na mesma cama, por não estarmos em condições de arrumar uma cama pra ela no chão, ou ela dormir no sofá. Quando chegamos a Anne dormia profundamente. Ás onze horas da manhã Anne nos acordou no grito, muito animada. Ela negou até o fim, dizendo que não ficou com o Leo, e eles nem tiveram momentos tensos, apenas foram eles, amigos. Arrumamos-nos e viemos para o shopping, aproveitamos para almoçar por aqui mesmo. Comemos comida japonesa, e o sonho que o Bruno teve, me veio na cabeça, quase comecei a rir sozinha dessas besteiras. Assistimos o filme "Se beber não case parte 3". Anne parecia que iria ter um filho de tanto que ria. Assim que saímos da sala do cinema, na fila dos ingressos vi um cara com cabelo preto, pele clara, olhos castanhos, e aparentemente uns 30 anos. Parei no meio do saguão e fiquei olhando, vidrada.

-Mich, vamos logo pra ir comer. - Diz Anne fazendo birra. Continuei a olhar. - Michelle? - Ela estala os dedos na minha frente para chamar minha atenção.

-Tio Frank. - Disse numa suplica, meus olhos custavam a acreditar que seria ele.

-Não bebe Michelle. - Repreende Anne.

-Quem é Frank? - Pergunta Zoe.

-Nosso tio mais novo, mas ele mora na Inglaterra desde os 18 anos. - Anne responde por mim.

-Posso jurar que é ele ali. - Falei desacreditando.

-Mas não é. É só olhar pra bochecha e ver a cicatriz... Não tem nenhuma, não é o Frank. - Ela diz com rispidez.

-É impressão minha ou não gosta muito dele? – Pergunta Zoe diretamente para Anne.

-Não é que eu não goste, mas ele se foi. A última vez que ele apareceu foi no ... – Ela me olhou.

-No enterro dos meus pais. – Completei. Com dor.

-Nossa. – Zoe ficou sem palavras, mas também, quem é que teria.

-Acho que não é ele mesmo. – Disse recompondo meu estado.

-E mesmo se fosse, ele é um idiota que nem liga pra saber se estamos bem. – Anne não disse mais que a verdade.

Fomos comer porcarias agora, porque logo que almoçamos, começou o filme daí não compramos nada para levar para a sala de cinema. Anne começava a falar coisas da sua rádio, dizendo o quão forte está sendo por aturar uma mulher fofoqueira que tem lá. Zoe falou dos seus pais, e da sua família, que estão no Colorado. Ela disse que sente saudades e que liga sempre que dá pra eles. Disse também que está cansada do trabalho que tem, porém ninguém começa de cima. É claro, eu não poderia ficar sem falar, disse alguma coisa sobre o Theo, e me veio o Tio Frank na cabeça. Era ele, minha tia Savanna, e minha mãe, os três irmãos inseparáveis, mas quando minha vó morreu de AVC, eles meio que se afastaram, mas mesmo assim ainda continuaram se falando. Quando meu tio completou 18 anos, na época eu tinha 14, ele se mudou para Inglaterra, tentar uma nova vida lá. Depois só o vi no enterro dos meus pais, onde nem por um segundo ele tirou os óculos escuros, e só me deu um breve abraço, depois disso sumiu e nunca mais apareceu.

O dia foi acabando por ali. Nos despedimos da Zoe que ia direto para casa e seguimos para a nossa. Quando entrei, Anne foi para o banho primeiro, e eu mexi na minha velha caixinha de lembranças. Apesar dele ter sido tão repentino na nossa vida e ter saído assim, sem mais nem menos, eu e Anne éramos apegadas a ele, por ele ser quase da nossa idade. Achei nossa foto, minha, dele e da minha mãe, em noite de natal. Quem bateu foi o Theo. 



-Não tenho ódio dele, mas acho, do fundo do coração, que ele deveria se importar mais com nós. – Anne tinha entrado no quarto, levei um susto enorme.

-É, mas agora acho que é meio tarde, ele nem deve saber quem é nós. – Disse tentando trazer minha realidade.

É por isso que Anne tem um pouco de amargura quando se trata dele, porque ele era o tio maravilhoso nosso, e vivia com nós – lembro muito bem que ele implicava comigo quanto ao Bruno, dizia que nós iríamos namorar, eu dava gargalhada e Bruno sempre dizia que não. Velhos tempos. -, e Anne era um grude com ele, e quando ele viajou, ela ficou assim, de “mau” com ele.

Fomos dormir. Dormi facilmente por estar cansada, e acordei parecendo que tinha passado um trator sobre meu corpo. Cansada era apelido, sei lá o que meu corpo tinha, acho que ficarei gripada. Vesti uma roupa confortável e fui a caminho do trabalho. Meu celular tocou, número do Brasil... Theo!

-Me ligando a essa hora. – Me surpreendi e falei assim que atendi.

-Eu espero que o meu quarto já esteja pronto. – Diz ele seriamente.

-Como assim? Vai vir quando pra cá? – Perguntei ao mesmo tempo que animada, preocupada.

-Quero ir no inicio de abril. – Diz ele.

-Mês que vem? – Perguntei espantada.

-Não, estou brincando. Acho que em junho já estarei ai.

-Bem no verão, é um sortudo.- Disse e ele ri. – Saudades tuas.

-Nem me fala mana, apesar de quando eu chegar ai nem vai me dar bola. – Ele diz com desdém.

-Como que não? – Perguntei.

-Ah, pensa que as noticias não correm. É o Peter, e quem mais? ... Eu me esqueci o nome dele, só sei que tem o olho azulão. – Ele diz de uma maneira bem brasileira.

-Leonel. – Digo surpreendida.

-Enfim, esse mesmo. – Ele diz em inglês.

-Ainda bem que sabe o inglês ainda. – Respondi e ele riu.

-Eu só sai dos Estados Unidos, mas ele não saiu de mim.

Conversamos brevemente e logo cheguei no serviço. Tina ficou muito tempo conversando comigo que eu acabei me atrasando para iniciar o recorte da planta final. Comecei a recorta-la e logo Tina me chamou para o café. Recusei, é claro, precisava terminar isso. Quando deu duas da tarde meu estômago doeu e eu me levantei. Abri minha bolsa para pegar o cartão e bater o ponto, só pensando na minha caminha quentinha e numa comidinha boa. Saí do escritório e olho uma mensagem.

“Podemos nos encontrar hoje a noite? Quero te levar ao bistrô. Beijos, e pensa com carinho haha.”

Do Bruno... O que ele quer comigo no bistrô? Sei que é ruim recusar convites, mas hoje eu não estou no clima para sair, estou cansada, ainda com sono, e com o estômago doendo...Definitivamente hoje não dá.

“Bru, desculpa, mas teria como ser amanhã? É que eu estou cansada e com um pouco de dor. Beijos”

A resposta veio quase de imediato.

“Tudo bem, pode ser amanhã sim! Passo na sua casa ás seis horas. Tomou algum remédio pra dor?”

Adorei ele ter se preocupado comigo. Sorri quando vi a mensagem, mas só respondi depois que entrei no apartamento.

“Vou comer algo agora e depois vou tomar um remédio, acabei de chegar em casa. Obrigada pelo convite.” 

Comi muitas coisas que estavam na geladeira, nem sei se não vou passar mal por causa disso. Espirrei duas vezes e constatei de que irei ficar gripada. O vírus da gripe me ama, só pode. Me deitei tapando até a cabeça e peguei no sono rapidinho. Anne chegou e eu ouvi o barulho dela. Olhei no relógio, eram seis e meia.

-Não acha que chegou muito tarde não? – Perguntei em voz bem alta do quarto.

-Eu estava no starbucks. – Responde ela.

-Não estava sozinha que eu sei. – Nem sabia nada.

-Não... estava com o Leo. – Ela responde.

-Isso vai dar namoro. – Digo e ouço a gargalhada dela.

-Mas é claro que não. – De imediato, após rir, ela responde.

-Me engana então. – Dei de ombros.

-Ta doente? – Pergunta ela agora chegando na porta do quarto.

-Acho que peguei um resfriado. – Respondi.

-Bem que eu percebi, estar deitada a essa hora. – Ela da de ombros. – Tomou algum remédio?

-Ainda não. – Respondi.

  • Esse capítulo tá meio grogh dusadusai' não tem nada demais, não é? Mas o próximo eu recompenso :p O próximo fica pra sexta feira. Ah continuem comentando. Beijos. (Pra quem quiser saber, eu já melhorei, estava com faringite :) )