terça-feira, 3 de setembro de 2013

Capítulo 26

"A la orilla de un suspiro
a la orilla de tu abrazo
déjame vivir siempre a tu lado, siempre a tu lado"

Bobagem, eu sei. Mas estava em conflito com as minhas roupas. Iria levar um pijama, já que é de noite, e provavelmente eu irá ficar por lá.
Sabe, nesses dois dias que eu não falei com o Bruno, não me fizeram falta, mas também me deram um pequeno espaço pra pensar! Depois do que ouvi do Leonel, as verdades que ele me disse, eu resolvi mudar tudo, eu vou virar esse jogo, e eu vou fazer o Bruno voltar...Tenho fé nisso. Escolhi uma blusinha fininha, cor salmão, uma calça jeans preta. Coloquei um lenço só pra incrementar, um tênis preto básico, batom e prendi meu cabelo num rabo de cavalo, e para completar, coloquei um par de brinco.

-Lembra, faz ele lembrar de como amar é bom. – Zoe estava parada na porta com um sorriso singelo.
-Ah sim, claro. – Lembrei disso, o mais importante.
-Vai dormir lá?
-Acho que sim. – Sorri olhando para minha bolsa pronta. Peguei ela e pus sobre meu ombro.
-Te desejo muita sorte. – Seus olhos azuis me passaram confiança, Zoe um pessoa que se tornou importante demais pra mim, também.
-Obrigada. – Agradeci. Apareci na sala. – Vou indo. – Falei interrompendo o momento love dos dois.
-Sorte minha linda, qualquer coisa me liga.
-Ah, boa sorte, e não liga avisando que vai... Eu garanto que ele vai gostar da surpresa.
-Obrigada. – Agradeci baixinho.
-Ah, pega aqui, acho que vai precisar. – Ele me toca um molho de chaves.
-Mais uma vez, obrigada.
Desci as escadas apressada. Na padaria da frente de casa comprei um potinho com mouse e uma caixinha de chá, caso ele não tenha lá. Andei até o metrô mas antes avistei um táxi, corri para ataca-lo mas já estava ocupado. Fui andando até ver outro parado, esse sim eu consegui pegar.
 Assim que paguei o táxi fui pra frente da porta dele, a casa estava silenciosa. Silenciosamente introduzo a chave e a giro para não fazer barulho. A casa estava meio escura, fechei a porta com a chave novamente e fui a procura do seu quarto. Achando ele com a porta anteaberta, pude ver ele meio deitado na cama, encolhido e somente com a luz da televisão iluminando ele. Como eu pude sentir uma presença boa, uma alegria, eu estava vendo o Peter frágil ali, o que estava doente, e que não era o babaca do Bruno Mars que ilude algumas mulheres.
-Espero que não esteja vomitando, porque a última coisa que eu quero limpar é vomito. – Dei um sorriso assim que entrei e ele olhou atentamente pra porta.
-Michelle. – Um sorriso brota no rosto dele, fiquei feliz por isso.
-Eu. – Sorri sem mostrar os dentes. – Ryan me disse que você estava doente, e presumi que estivesse sozinho, espero que não se importe que eu tenha vindo. – Já fui dando o assunto, porque realmente se fosse pra me magoar e se eu não estivesse tão segura, eu não iria vir.
-Não me importo, eu gostei, gostei muito. – Ele se ajeita na cama e conforme a posse que ele ficou a luz bateu no seu rosto e eu pude ver o abatimento causado pela doença.
-Trouxe um mouse de chocolate, e chá. – Mostrei a sacola com as coisas e ele sorri.
-Senta aqui comigo. – Ele gesticula o seu lado para eu sentar. Eu não queria dizer que não, mas também não queria sentar ali, hoje eu quero ser a amiga dele, e não a ficante/mata fome. (Podem optar por escutar essa música, só se quiserem <3)
-Não se acostuma. – Digo com humor largando minha bolsa sobre a sua escrivaninha.
-Já estou mal acostumado. – Ele sorri com a voz fraca.
Sentei-me ao lado dele.
-Se tapa. – Ele levantou a coberta, com os pés mesmo tirei meus tênis e coloquei minhas pernas pra baixo das cobertas. – Estou me sentindo péssimo. – Ele diz fechando os olhos.
-Deita aqui, a dor vai passar. – Disse. Não sei como é ter uma infecção de estômago, mas deve doer demais.
-Não é exatamente dor. – Ele me olha com a cabeça sobre minhas pernas cruzadas.
-Não vai vomitar né? – Perguntei e consegui arrancar um esboço de sorriso do seu rosto.
-Não...Eu estou com um aperto no peito por ter brigado com você da última vez, e ter colocado a fama na frente da nossa amizade.
Assunto delicado, coração machucado, lágrimas querendo vir, lembranças. Só eu que acho que não vai dar em boa coisa? Droga, não quero estragar isso.
-Não lembra.
-Eu te magoei. – Ainda está magoando de certa forma, sem ter você comigo. Ah Bruno, como eu te amo, caramba.
-São coisas que acontecem.
-O pior de tudo é que eu sou medroso. – Ele reclama.
-Porque?
-Eu pensei que tinha perdido sua amizade pra sempre aquele dia, quando você disse que era pra falar isso pra mídia. – Minha mão repousou no seu rosto e a dele sobre a minha.

-Você nunca vai me perder, nunca. – Pena que pra você é só amizade. – Eu sempre vou estar com você, sempre aqui. – Com a outra mão apontei pro seu peito e ele ri.
-Só você mesmo pra me fazer sorrir.
-Amigos são pra isso. – Dei de ombros com um sorriso amarelo sem graça.
Aquela dor básica no peito, aquela angústia de querer falar pra ele. Aquilo que eu queria despejar, dizer que eu amo ele, que não vivo sem aquele sorriso, e que desde sempre eu aprendi a conviver com ele, e que eu o amo a cada instante mais e mais. E quando ele me aconchegou á dez anos atrás prometendo que meus pais iriam me cuidar de onde eles estivessem, eu nunca queria ter saído daquele tempo, queria estar lá pra sempre, sempre ao lado dele. O Bruno é uma droga, eu estou eternamente condenada aquele vício, e se for preciso eu vou esperar o tempo que for, ao não ser que ele olhando nos meus olhos diga que não quer nada comigo, aí sim, vou levar minha vida adiante e deixa-lo pra trás, e vê-lo a partir daquele momento como meu amigo, e nada mais que amigo.
-Mich, você me ouviu?
-Oi? Não! Desculpa, estava pensando longe daqui. – Balancei a cabeça e olhei para a televisão logo voltando o olhar para o dele. – O que tinha falado? – Perguntei.
-Estava dizendo que eu sinto falta do tempo nosso no Havaí.
-Ah... Verdade, sinto falta de tudo aquilo. – A voz embargada da saudades.
-Quem diria que iriamos estar aqui depois de tudo o que passamos quando eramos pequenos.
-Você continua pequeno. – Dei a língua e ele também.
-Você continua pequena também.
-Pois é, mas brincadeiras a parte, eu sinto falta daquilo tudo também.
-Minha mãe amaria vê-la aqui comigo. – Ela sorri e encara o teto. – Tenho certeza que muitas coisas que eu fiz, com ela presente eu não faria.
-Mas eu acredito que a vida seja pré destinada, e que o ciclo um dia tem que se fechar. Ela criou vocês lindamente, seis filhos sejam dela mesmo ou não, ela os criou, e agora vocês tem que levar a vida de vocês, a missão dela se cumpriu.
-Eu acho injusto as pessoas que nós amamos, se afastarem. – Por algum motivo Bruno olhou nos meus olhos, desviei o olhar dele, e ele segura minha mão fortemente. – Não sabe o quanto eu sofri quando você saiu do Havaí.
Eu esperava tanto tempo por ouvir aquilo que foi um choque ouvir.
Sorri. – Acredite, eu sofri muito também.
-Você era minha única amiga de verdade, aquela companheira pra tudo.
-E continuo sendo a mesma amiga, só que mais velha. – Disse e ele ri.
-Você me entendeu... Eu precisava de você naquela época, assim como preciso agora e precisarei sempre.
-Até a morte desfazer nossa amizade. – Disse num tom escuro de voz. Eu tinha receio da palavra morte, achava ela forte, e dolorida, mas não tenho medo da morte... Sou complicada.
-Nem a morte vai desfazer, porque se eu ir antes venho puxar seus pés. – Falei fazendo ele rir.
-Só você mesmo pra me fazer rir no estado em que estou.
-Ainda está com dor?
-Um pouco de incomodo.
-Quem sabe você não dorme Bruno, descansa, aproveita esse tempinho. – Tirei minha mão da sua. Ficamos no completo silêncio, enquanto eu passava minha mão delicadamente no seu braço. De certa forma eu estava ninando ele, como uma criança pequena que fazemos dormir.
Os olhos dele pesavam, e ele parecia querer não se entregar para o sono. As piscadas ficavam mais constantes e mais lentas, ele demorava com elas. Vontade de cantar uma canção de ninar, se eu soubesse cantar. Agora era o meu pequeno Peter. Peguei o controle da televisão e coloquei-a no mudo. Quando voltei o olhar pra ele, ele já adormecerá no meu colo. Um anjo, era o que eu poderia adjetivar sobre ele no momento, lindo! Cachos, olhos levemente repousados, e respiração calma, as feições de príncipe, um príncipe grego. E se ele fosse um Deus grego? Quem ele seria? Seria um misto de Dionísio com Apolo e a Eros!? Beleza, talento, guerreiro, festas, prazer, música, e amor... Acho que sim, ele seria filho dos três, uma bela e gigante – porém pequena no tamanho, digamos, compacto – mistura de Deuses do Olímpio. Ajeitando com cuidado, pus ele ao meu lado, repousando sua cabeça cuidadosamente no travesseiro, e sem ele acordar ele me ajudou movendo o corpo um pouco. Levantei-me, vesti meu pijama, escovei meus dentes e peguei minha bolsa. Sai do quarto de fininho. Entrei no mesmo quarto que “dormi” na noite de natal. Lentamente meus olhos se fecharam, e literalmente eu estava olhando para dentro, em poucos segundos.


Abri meus olhos e logo fechei novamente e os abri lentamente. A cortina estava aberta, claro, eu não a fechei ontem, então o sol invadiu o quarto lindamente, aquecendo muito o ambiente. Me espreguicei e dei com a minha mão em alguma coisa. Eu me viro lentamente, somente com a cabeça e olhando pelo canto dos olhos. Bruno estava deitado ao meu lado, estávamos quase de conchinha. Mas eu tenho certeza que ele dormiu no quarto dele ontem. Não quis acordar ele, então peguei minha bolsa, minhas escovas de cabelo e de dente, fui ao banheiro, fiz minha higiene e guardei minhas coisas. Na cozinha procurei o que eu poderia fazer para ele tomar café. Coloquei o café para passar na cafeteira e enquanto esperava, aqueci a água na chaleira elétrica para fazer um chá pra ele. Abri uma das muitas portas dos armários, e achei uma diversidade de temperos, incluindo uma pequena caixa com saches de chá, peguei um de maçã e guardei os outros. Uma coisa não saia da minha cabeça, porque o Bruno foi pra minha cama a noite? Será que ele se sentiu sozinho, ou sei lá, ficou com medo... Precisava saber disso. Peguei pequenas torradinhas e pus num recipiente, peguei a geleia caso ele quisesse, apesar de eu saber que não é muito aconselhável ele comer isso, com o estômago fraco.
Levei tudo em uma bandeja para o quarto, e largo sobre a cama, no lado oposto ao que o Bruno está. Sento-me na cama, com os pés pra fora dela, e balanço o braço dele levemente.
-Bru, vamos tomar café. – Disse perto do seu ouvido.
-Hmmmm. – Ele resmunga.
-Tudo bem, depois você toma o café, mas o remédio tem que tomar agora, eu vi no horário. – Tinha um horário anexado na porta da geladeira.
-Não quero. – Ele parecia uma criança birrenta que não quer levantar cedo para ir a escola.
-Bruno, tem que tomar. – Ordenei. Nada dele se mover. Cheguei nos seus ouvidos e assoprei bem de leve. – Levanta. –Disse. Do susto que ele levou, ele vira o rosto rapidamente, fazendo nós ficarmos frente a frente, com a ponta dos narizes de encostando.
-Não adianta resmungar, toma o café, depois toma o remédio e quando fizer isso, volta a dormir. – Disse me ajeitando. Ele se ajeita e eu coloco a bandeja sobre o seu colo. – Não se acostuma. – Disse e ele ri.
-Mas que amor. – Ele pega uma torradinha.
-Como você veio pra cá ontem a noite? – Perguntei assim que ele dá um gole do chá.
-Com as pernas. – Agora ele quebrou minhas pernas. Dei uma gargalhada.
-Abobado... Porque veio pra cá?
-Porque eu queria que você dormisse comigo ontem, ai quando eu acordei e não vi você lá, deduzi que estivesse aqui. – Ele dá uma golada do seu chá e faz uma careta, acho que se queimou. – Porque saiu de lá?
-Não me senti muito a vontade. – Falei a verdade dando de ombros.
-Não se sentiu a vontade por estar comigo, ou porque eu estava mal?
-Na verdade eu sai por sair mesmo, não é que eu não estivesse a vontade, mas queria deixa-lo sozinho. – Levantei da cama, pegando meu celular na bolsa.
-Ah. – Bruno só falou isso e se calou para comer.
Abri a caixa de mensagens e vi minha conversa com o Leo, nossas mensagens, resolvi dar um oi pra ele.
“Se eu não lembro a você que existo, você não me manda nem a merda né :p Bom dia.”
Abri meu twitter com a internet lenta pra caramba que a operadora do celular me proporciona, e vi minhas menções, nenhuma! Eu fui esquecida, mas também, eu nunca entro no twitter. Enquanto estava sentada na poltrona observando o Bruno tomar seu café dight, abri o perfil dele no twitter e vi seu último tweet: “Mal, mal, mal... Odeio ficar doente.”. Nem preciso dizer a quantidade de rt e fv que tinha, não é? Pois é, tenho que me acostumar com o fato de que meu melhor amigo de infância é um cara famoso.
-Obrigada. – Ele diz limpando a boca no guardanapo.
-Ui que lindo, limpando a boca no guardanapo. – Assim que terminei de falar, ele arrota, um arroto alto e estrondoso. – NOJENTO. – Berrei entre risadas.
-Quem era o lindo a segundos atrás? – Ele me olha.
-Com certeza ele saiu correndo depois desse arroto.
-Acho que era até ele querendo sair. – Bruno ri da própria piada e meu celular vibra. Abri a mensagem do Leo.
“Quer que eu te mande a merda? :o Você que pediu... Vá a merda, Michelle. Bom dia.”
Tive que rir com a mensagem dele.
-Rindo do celular, hm, hm, hm. – Bruno implica, se estirando na cama.
-Vai derrubar a bandeja no chão o imbecil. – Disse correndo para segurar a bandeja.
-Me deixa, to doente. – Ele põe a língua.
-É, tadinho. – Coloquei a mão sobre a testa dele como se fosse ver a febre. – Doente mental né, abusado. – Dei um leve tapa.
-Ai, você se aproveita do meu estado de fraqueza né. – Ele se cobre por inteiro.
-Já mandaram você hoje?
-Não, e eu nem vou. – Ele responde.
-Por quê? – Perguntei.
-Porque eu tô doente. – Ele ri novamente do que diz.
-Espera só eu voltar da cozinha.
Gostei do ânimo do Bruno, ele está tão alegre, o rosto dele não está tão abatido quanto antes, agora o sorriso está melhor, mais animado, parece que não está sentindo tanta dor, estou feliz, e me sentindo melhor por ele. Coloquei as louças na pia, e guardei a bandeja. Peguei uma barrinha de cereal de banana e comi ela. Retornei ao quarto, mas não tinha ninguém. Acho que ele deve estar no dele. Fui até o dele e nada.
-Bruno, anão, onde foi que eu te perdi? – Gritei no corredor.
-Vê dentro das calcinhas. – Ele berra, parecia de longe, fui a porta do banheiro e abri, mas estava vazio.
-Vai a merda, Bruno. – Gritei novamente, ele ficou em silêncio. – Ah que saco,odeio ter que procurar no esconde-esconde. – Birrei fazendo beicinho.
-Se você fosse esperta, já teria me achado. – Ouço a voz dele.
-Vem cá, está me chamando de burra? – Perguntei olhando para o teto.
-Quem sabe. – Ouço a voz dele abafada, acho que já sei onde ele está.
-Bruno, sendo o Bruno... Tão previsível. – Bufei abrindo a dispensa e achando-o.
-Como você ... – Ele olha ao arredor dele. – Eu tinha que ter ficado em silêncio. – Ele revira os olhos.
-Você está bem de saúde pra andar de pés descalços né. – Empurrei meus chinelos pra ele, que estava com os pés no chão puro, e ele ri.
-Agora eu sou a Bruna. – Ele torce a mão assim que coloca o chinelo. Bobo, só porque o chinelo é rosa.
-É, vai ser quem você quiser, só que no quarto,de repouso. – O puxei pelo braço.
-Tá parecendo uma mãe cuidando de um filho doente. – Ele birra enquanto o carrego para o quarto dele.
-Mas com você é só a base do puxão de orelha. – O empurrei delicadamente pra cama, puxando as cobertas para o cobrir.
-Puxão de orelha, mordida no pescoço... – Ele diz baixinho.
-Até doente não deixa de ser safado, credo.  – Bufo e ele gargalha.
-Mich, fica comigo esse final de semana, cuida de mim... Eu prometo ser uma criança boazinha, e não me escondo mais. – Ele pisca os olhos parecendo aquelas crianças tentando convencer os pais a algo.
-Você não presta. – Bufei e ele continua olhando pra mim do mesmo jeito. É impossível resistir à ele. – Eu fico.
-Eba. Agora eu mereço um chocolate.
-Quem merece sou eu, por te aturar. – Disse e ele ri.
-Mas a criança sou eu. – Bruno cruza os braços na altura do peito.
-E daí? A criança é você, mas quem compra o chocolate sou eu, e se eu quiser comer todo o chocolate, eu sumo, porque fui eu que paguei. – Autoritariamente falei e ele se segura pra não rir.
-Credo. – Ele diz entre risadas. – Não vai ter filhos né? Porque imagina eles, coitadinhos.
-Com eles eu vou ser um amor de pessoa, eles vão ser meus filhos né. – Revirei os olhos indo para os pés da cama, ajeitar as cobertas.
-Nossos. – Ele diz, evitei olhar pra ele. – Nossos filhos. – O olhei, ele sorria lindamente e deu uma piscadinha.

Esse homem ainda vai me matar do coração. A cada minuto consigo ficar mais apaixonada por ele, como se amor e paixão fossem algo sem medidas, mas mesmo assim tem um instrumento, o coração. Estava sentindo ele bater na minha garganta agora. 
  • Qual vai ser o nome de vocês? dnisoandsoai' Porque antes as fãs eram as "colors" na Colorindo Los Angeles... E nessa, tem ideias? 
  • Ah gente, eu quero falar algo! Eu posto um capítulo um dia sim e um dia não, porque eu estou no terceiro ano do ensino médio, e estou rodeada de trabalhos, provas, e todas coisas a mais que são importantes, daí eu preciso me dividir, e pra não deixar vocês sem, eu faço isso! Espero que me entendam <3 
  • Comentem! 

domingo, 1 de setembro de 2013

Capítulo 25

-Oi – Disse com um sorriso chegando na sua frente, ele me olhou sério.
Bruno não esboçou nenhuma reação por alguns segundos, apenas sua cara de tempo fechado.
-Isso não pode mais acontecer. – A voz dele saiu rouca, mas grave.
-O que não pode acontecer? – Perguntei tentando entender o que estava acontecendo.
-Isso, de ontem! – Como? Como que não pode acontecer? Cadê o cara que deitou comigo ontem a noite, que me ajudou, que me levou ao teatro?
-Como assim, Bruno? – Perguntei com a voz embargada.
-Nós demos um beijo em público. – Ele diz vorazmente.
-Nossa, que crime. – Ironizei.
-Já viu em quantos sites de fofocas está estampado a nossa foto? E quantas pessoas comentando? – Ele bufa bravamente.
-Bruno. – Pensei em algo pra dizer.
-Que merda. – Ele praticamente grita.
-Merda? – Perguntei horrorizada fitando seu rosto, enquanto ele encarava o chão. – Ontem, na hora de dizer coisas bonitas, de me levar pra cama, e de me iludir, nada era uma merda! – Minha voz saiu chorosa.

-Michelle, entenda que eu sou uma figura pública. – Ele diz tentando fazer com que eu entendesse a situação. A minha sorte é que esse horário no meu bairro as ruas estão quase vazias.
-Que se dane que você é uma figura pública, se você é um cantor famoso. QUE SE DANE. – Berrei em alto e bom som.
-O que eu sou não importa pra você? – Pergunta ele. Partindo pro emocional então senhor Hernandez. Não vou desistir dessa vez.
-O que você é, importa é claro! Mas importa pra mim que você é de verdade, o Peter, e não o Bruno Mars com a sua fama mundial. – Repreendi, minha voz estava embargada, queria chorar.
-Mas eu sou o Peter ainda.
-Não é! – Disse juntamente a ele. – Não é não. – Neguei e agora sim ele olha nos meus olhos.
-Isso não pode voltar a se repetir, não sei o que vou falar para a mídia agora. – Lamenta ele, mordendo a parte interior da sua bochecha.
-Sabe o que você fala?
-O que?
-Que você perdeu uma amiga, e que passou dos limites em brincar com os outros. – Dei a sugestão. – Aproveita e diz também que nós não somos nada, nem nunca fomos, diz que aquela foto foi uma mera montagem.
-Michelle, você sabe que não é assim, eu só estou aqui e dizendo isso, porque a mídia pega no meu pé. Você não sabe o que é ser uma pessoa popular.
-Tem razão. – Embarguei mais ainda a voz e as lágrimas aparecem nos olhos, lutei pra não deixa-las caírem. – Eu não faço ideia como é ser uma pessoa popular, mas se for sinônimo de virar um pessoa sem coração, uma pessoa assim como você, obrigada, mas eu nem quero saber como é ser ‘famosa’. – Deixei uma lágrima escorrer.
Bruno toca no meu braço, agora ele me olhava com compaixão, enquanto eu enxugava as lágrimas com a manga do meu casaquinho.
-Me deixa. – Desvencilhei-me do seu toque.
-Você sabe que as coisas não são assim.
-Bruno, eu não quero saber de nada, e por favor, vai embora. – Estava lutando pra não deixar as lágrimas caírem, mas elas relutavam para rolarem livremente no meu rosto.
Vários sentimentos misturados, conflitos entre eles. Estava com ódio, ira, raiva, do Bruno, mas do outro lado da corda do cabo de força estava o amor, a amizade... No pleno silencio que ficamos nos encarando, ele abre a porta do carro e eu continuei parada, em pé, na calçada, com os olhos marejados. Me encarando, ele entra no carro e arranca com ele para longe. (Escute – Skinny love)
Acho que meu coração foi junto com ele, ou ele está tão ferido que está se retorcendo no meu peito. Eu não quero ter que viver um dia feliz e um dia triste, estou cansada dos caprichos do Bruno, mas não há nada que eu possa fazer, ao não ser deitar na minha cama, e chorar lamentando juntamente ao meu travesseiro. Entrei no prédio tentando conter as lágrimas, não mostrar pra ninguém que eu estava assim, vulnerável. Abri a porta do apartamento, e como eu esperei estava vazio, ninguém lá, Anne está no trabalho. Caminhei até a geladeira e peguei o leite, enchi meu copo até a borda e tomei todo. Deixando as janelas todas fechadas, tranquei a porta, peguei a minha chave, e fui para o meu quarto. Ninguém é feliz o bastante, ninguém é feliz por completo. Eu estava sabendo desde o inicio que era encrenca querer ficar com o Bruno, eu sabia que poderia quebrar a cara, mas mesmo assim tentei. Agora estou chorando, porque ele não me ama, ele não gosta nada de mim. Ele prefere sua carreira, é claro.
-Mãe, o que a senhora me aconselharia agora? – Perguntei assim fitando o teto, com a esperança de poder vê-la.
Como eu queria um amor como os dos meus pais, que eram casados á 3 anos assim que nasci, depois permaneceram mais 16 anos, até sua morte. Faz 10 anos que eles morreram. Faz dez anos que meu coração se quebrou pela primeira vez. Ao total dessa conta, eles estão juntos á 29 anos. E é bem como o seu padre disse no altar “na saúde e na doença, na alegria ou na tristeza, na riqueza e na pobreza, até que a morte os separe”. Nem a morte os separou, eles continuam juntos. Como eu queria vê-los nem que fosse por alguns segundos, só vê-los, somente a imagem deles. O tumulo permanece no Havaí, mas eu não quero ir lá ver o corpo que os hospedou, eu quero ver a alma, quero poder saber que está tudo bem.
Meus olhos estavam pesados, o choro baixinho me consumia. Ouvi vozes e o barulho da chave virando na porta.
-Será que ela já chegou? – Leonel? Garanto que é a voz dele.
-Acho que não, a casa está toda fechada. – Ouço o barulho da porta sendo fechada.
-A noite deve ter sido boa. – Sim, era o Leonel. Ele deu uma gargalhada que eu reconheci.
A noite foi péssima Leonel. Quer dizer, foi maravilhosa, perfeita, mas o dia estragou tudo! Fechei os olhos fortemente e pensei na peça, foquei lá, onde o Bruno cavalheiro estava presente, onde o Bruno se emocionou, e onde eu pude ver toda a minha vida, que agora era uma peça. Eu estava no lugar do Erik, amando uma pessoa que não me ama.
-Deve ser mesmo, ela nem me ligou. – Ouço os passos da Anne no corredor. Mas espera, porque eles estão juntos?
-Quero tanto que ela seja feliz. – A voz do Leonel saiu meio falhada.
-Ela vai ser, garanto... – Ela deu uma pequena pausa, senti que ela estava perto. – Ela está aqui Leo, está aqui no quarto. – Preocupada sua voz saiu. Ouvi os passos apressados do Leo pelo corredor, me encolhi mais do que já podia, e fechei os olhos.
Anne subiu na cama, ficando atrás de mim, passando a mão no meu braço, Leo se abaixou na minha frente e tentou segurar minha mão.
-Mich, olha pra mim. – Implorava ele.
-Está se sentindo bem? Aconteceu alguma coisa? – Anne perguntava.
-Dor no peito, angústia, raiva... – Disse abrindo os olhos e pairando-os sobre um ponto distante e fixo.
Eles ficaram em silêncio.
-Vou fazer um chá. – Anne levanta da cama. Leo se senta na beirada da cama, e pega minhas mãos, o contato com ele me lembrou o nosso beijo. Eu não quero ser um Bruno da vida, usando os dois.
-O que ele fez pra você? – Leo pergunta tão bravamente, até me assustei.
-Nada. – Disse num sussurro.
-Como que nada? Eu sei que você estando aqui, dessa forma, tem haver com ele. – Aparentemente ele estava bravo. Mas a minha resposta não era pra ser “nada”, e sim “tudo”, porém ás vezes o “nada” é automático.
-Eu irritei ele. – Disse novamente, com um sussurro atordoado.
-Você irritou ele? – Tinha um ponto de interrogação no rosto do Leo, com as sobrancelhas levemente juntas.
-Acabou saindo algo nosso numa revista... e ele se irritou. – Disse sentindo meus olhos enxerem, marejarem, enquanto minha vontade persistia em não deixa-las caírem.
-Como que ele teve coragem de se irritar com isso? – Ele pergunta e eu não respondo. Ficamos em silêncio. – Idiota! Idiota! Nunca que eu ficaria bravo com isso. – Leonel se ajeitou na cama, e se escorou na guarda dela, colocando meu tronco delicadamente perto do dele. Encostei minha cabeça no peito dele, e uma das suas mãos passou na minha cabeça acariciando-me.


-Assim vou dormir. – Disse com um leve sorriso.
-Pode dormir meu anjo.
-Eu não quero dormir. – Temperamental, sou eu.
-O Bruno não merece você.
-Alguma novidade? – Ironizei tranquilamente.
Leo dá uma risada sem graça. – Mich, entenda, ele não merece você! Ele nunca vai mudar por ninguém.
-Isso dói ouvir. – Senti uma fisgada no peito.
-Dói, mas é a verdade. Melhor que doa agora, do que depois.
-Eu sei Leo, mas eu preciso dele pra viver. – Me encolhi mais sobre seu peito.
-Não, você não precisa dele pra viver. – Eu sei, eu sei que não preciso. Quem sabe tudo o que ele estava falando agora me ajudasse. – Já eu, preciso de você. – Ouvi bem baixinho ele dizer.
-Oi? – Perguntei, digamos que bem assustada.
-Isso mesmo Michelle, eu to cansado de te ver sofrendo por ele, não é a primeira vez que você chora por ele... E o pior de tudo é que eu não posso fazer nada.
-Leo... Não entendi. – Tá, talvez eu tenho entendido e estava querendo não entender.
-Mich. – Virei meu olhar pra ele. – Eu acho que estou me apaixonando por você.
O que? Eu estava ouvindo mal mesmo, tendo alucinações... Quando que eu iria pensar que ele falaria isso pra mim? Leonel apaixonado por mim? Espera, Leonel apaixonado? Fiquei fitando seu rosto, sem piscar, fiquei confusa, não estava entendendo mais nada.
-Leo, você sabe que eu amo o Bruno, não sabe? – Eu precisava falar pra ele, caso ele tivesse esquecido.
-Eu sei, mas ele nunca vai mudar Mich.
-Um dia... Um dia pode ser que ele mude. – Eu estava sendo idiota, eu sei.
-E vai esperar quando até esse dia? Vai chorar quantas vezes mais? Vai sofrer quantos anos?
-Espera, calma... Eu não mando no meu coração, Leonel. – Desvencilhei-me do seu colo e sentei de pernas cruzadas.
-Tem razão, nenhum manda no coração. – Seu semblante ficou triste de repente.
-Leo, não fique bravo comigo, por favor.
-Não estou bravo, eu só estou pensando.
-Não pense, não deixe nada te consumir, mas entenda, eu amo ele... – Eu tinha que falar isso, eu sei que deve doer muito a pessoa que nós amamos dizendo que ama outra pessoa, mas eu não poderia deixar ele levar isso em diante.
-Me ajuda? – Ele pergunta. Não mais que de repente a história já estava transferida, quem estava triste totalmente era o Leonel, e não eu.
Mas eu não poderia ficar com o Leonel sendo que eu gosto do Bruno.
-Como eu posso te ajudar?
-Me dando uma chance, ou me ajudando a gostar de outra pessoa.
-Leo, talvez você não goste de mim, e esteja confundindo a amizade com amor... Isso é uma coisa normal.
-Ih, acho que cheguei em má hora. – Anne aparece na porta.
-Não, não, está tudo bem. Vem cá. – Chamei ela dando um sorriso fofo.
Sentados na cama ficamos conversando. Leonel parecia não estar mais tão triste assim. Rimos bastante. O dia de hoje foi corrido, foi estranho, revelações que fizeram, Bruno mostrando as garras, meus sentimentos virando um turbilhão de coisas mistas, eu já nem mais entendia o que estava entendendo no final. O conflito principal: Leonel e Bruno. Um é lindo, um amor de pessoa, me ajuda sempre, e está apaixonado por mim. O outro lindo também, safado, não presta, mas eu o amo, mais que muitas coisas. Minha primeira e única paixão verdadeira. Eu não posso desistir assim, eu quero tentar resgatar o verdadeiro Bruno, o Peter de verdade. E eu estou decidida a fazer isso.
+++++
-Eu não gostei dela ter passado para a final. – Comentou Anne cortando uma fatia do pão.
-Ah, ela canta bem. – Dei de ombros.
-Mas ela é muito mesquinha. – Zoe revira os olhos.
-Muitos cantores são assim. – Anne fala e acho que depois se toca. Ela me olha e eu após um gole de café, dei uma risada.
Estamos na sexta feira. Eu estou bem, obrigada. Prometi não chorar e vou tentar resgatar o antigo Bruno. Como? Lembrando como é bom ser uma pessoa amada. Zoe, Anne e eu estamos tomando café, é noite, e está calor, por milagre.
-Me passa a geleia. – Pede Zoe.
-Eu não. – Disse.
-Ai que te custa.
-Tempo. – Disse rapidamente e Anne ri.
-Vai dar 5 segundos, nem isso. – Bufa Zoe.
-Com 5 segundos eu faço muita coisa. – Mordi minha bolacha água e sal.
-Sexo? – Pergunta Anne, se encaixando na conversa. Quase pus minha bolacha pra fora, comecei a rir muito.
-Não... Sexo pra ser bom tem que ter mais de 30 minutos. – Pus a linguinha safada para o lado, e Zoe gargalha.
-Nota. – Pede Anne.
-Nota de que? – Pergunta Zoe.
-Sexo com o Bruno... – Ela responde e meu rosto cora.
-De 0 á 10? – Perguntei.
-Aham.
-Pra ser sincera 9,9.
-Nossa 9,9? Ele deve ser bom hein. – Zoe comenta.
-Muito.
-Mas porque não dez? – Pergunta Anne.
-Porque falta amor, sei lá. –Dei de ombros. – Vamos mudar de assunto, aliás, como viemos parar nesse?
-Sei lá, estávamos falando da mulher que canta bem mas é uma perfeita idiota. – Sim, Zoe tinha pego a geleia de perto de mim, e passa tranquilamente em seu pão.
-Eu continuo não gostando dela, e achando que muitas pessoas poderiam ter ganho. – Anne se pronuncia.
Ouço uma batida na porta e ficamos nos encarando em silêncio. Impressionante, as duas me olhavam.
-Ta, eu atendo. – Me rendi e levantei do meu lugar. Abri a porta e Ryan entra.
-Boa noite, Mich. – Ele dá um beijo no meu rosto.
-Boa noite. – Falei olhando ele entrar. Abusado, nem pediu licença.
-Tudo bem Ry, pode entrar, é claro. – Corrigi sua atitude falando sozinha e ele gargalha.
-Mas o que devo a honra dessa visita? – Pergunta Anne assim que eles deram um selinho.
-Estava passando aqui por perto, ai resolvi subir.
-Ai que lindo. – Comenta Zoe.
-E só nós aqui sozinhas... Vem, Zoe, vem ser a minha Julieta! – Chamei ela esticando os braços.
-Porque eu não posso ser o Romeu?
-Desculpa, mas o Romeu não fica sujo de geleia na peça. – Disse apontando para seu queixo.
-Ai que vergonha. – Sua bochecha corou.
-Mas o seu Romeu está doente, Mich. – Oi? Meu Romeu? Doente?!
-Como assim? – Antes que eu perguntasse, Anne perguntou.
-É, sei lá, parece infecção no estômago.. Algo assim. – Ryan parecia tentar lembrar.
-E você só me fala isso agora? – Arqueei a sobrancelha. Tadinho do Bruno, e se ele estivesse precisando de algo? Ele está sozinho? Eu tenho que saber como ele está. – Vou ligar pra ele. – Disse me virando em direção ao quarto.

-Acho que ele ficaria mais feliz em ver você lá. – Fiquei tão feliz em ouvir isso. Sorri sem olhar pra eles e corri para o meu quarto.