Capítulo 76

Michelle Pov’s

Coloquei minha calça preta, uma blusa branca sem estampa, um gorro para proteger a cabeça do frio e uma jaqueta jeans. Pensei mil vezes antes de calçar algo, queria algo que combinasse, então nada melhor que velhos all stars!

Já tinha avisado para a tia que iria voltar um pouco mais tarde pois iria no pub com o Phil, ela estava sozinha em casa, Anne está aqui ao lado na casa do Leo, e Theo foi sair com a Blair.

Peguei o metrô escutando minhas músicas alegres, nada queria me deixar pra baixo. Desci na estação que o Phil combinou de nos encontrarmos.

-Olá. – Cheguei perto dele que estava sentado em um banco.

-Oi, Michelle. – Ele levanta e dá um abraço em mim com direito a dois beijos estalados na bochecha. 

-Que saudades! – Digo.

-Muitas.

-Sua mulher sabe que o senhor está encontrando outra mulher em plena noite de sexta feira? – Pergunto fazendo voz de mistério.

-Ela sempre sabe onde eu estou. Sempre aviso ela e sempre digo com quem.

-Ain, quero um amor assim. – Comecei a rir e ele também.

Subimos as escadas do metrô rindo sobre as brincadeiras que fizemos quanto a ele e a Urbana. Quis descontrair depois que falei que queria um amor assim. Eu estou mais que certa que não preciso de um amor, eu preciso de tempo para curtir cada segundo da minha vida.

-Você precisa saber que eu estou morrendo de fome. - Balbucio bem baixinho e ele gargalha alto.

-Você precisa saber que posso ser preso por isso. - Fico olhando para ele sem entender. - Posso ser preso porque sou comprometido, aliás aceita ir num motel?

Começamos a rir mais ainda. Como é boa a sensação de rir e não ter que pensar por alguns instantes em coisas mais importantes e sérias. Ás vezes é bom se destrair, ás vezes é bom por o rosto na janela e pegar sol, deixando todo o seu corpo branco, é bom se arriscar e correr, mas sempre tomar cuidado, mas acima de tudo, não podemos perder o humor.

Phil é um ótimo amigo. Entramos em um pub mais relax do que o que fui com o Leo. Procuramos uma mesa, mas acabamos sentando no balcão. O garçom de uns dois metros, cara larga e corpo malhado, se aproxima de nós com um avental azul forte e um pano em suas mãos.

-Boa noite. Gostariam de algo agora? - Pergunta sua voz mascula.

-Sim, de um beijo seu. - Pensei e por pouco não falei, comecei a rir do meu pensamento.

-Vai querer beber o que? - pergunta Phil a mim.

-Na verdade eu quero petiscos de queijo e grelhado, e um copo de tequila com red bull.

-Meu Deus. - Comenta Phil. - Quero o mesmo que a moça, por favor. Quer dizer que eu vou ter que internar minha amiga nos alcoólicos anônimos? 

-Não... todos brincam com isso agora. - comentei e ele torce os lábios.

-Bom, eu estava brincando.

-Eu sei. - Digo - Até porque se fosse sério, você já teria apanhado.

-Ui, desde quando tá agressiva assim? - Phil começa a rir.

-Defensiva. - Dou de ombros.

Chegou um belo prato de petiscos só pra mim, e um só pra ele. Fiquei babando antes mesmo de comer, só pela fome que eu estava. Enquanto comíamos, eu acompanhava com um copo de água pra depois tomar minha bebida. Phil conversava sobre a turnê agora, e em como as coisas estão bem nela e tudo está ocorrendo de maneira esperada. Estádios lotados, fãs malucos, ele disse que apesar de ter três anos de "carreira" - não são só três, mas estão há três no estrelato -, ele ainda não se acostumou com certas coisas.

-Tão agradável a noite que nós nem vemos passar o tempo. - Tive a leve impressão que Phil se impressionou quando pegou o relógio, mas creio que nós estávamos ali há uma hora. Isso não é tanto tempo.

Phil mexe em alguma coisa no celular e identifiquei a música do Frank Sinatra dando na rádio que ali tocava. Comecei a tamborilar meus dedos no ritmo da música e olhei para o belo garçom, que me olhou também. Não sou assim, mas dessa vez eu fiquei encarando-o, ele riu e virou. Qual é o meu problema? Eu não consigo nem paquerar um cara.

-Olá. - Tinha sentido que alguém havia chego, mas quando a gente ouve, é, aa vozes são inesquecíveis. Virei meu corpo e ali estava ele.

-Ih, pronto. - Bufei por dentro, virei pra frente.

-Bruno, que bom que chegou.

-Então sabia que ele viria? - Perguntei.

-Na verdade... - Phil fica um pouco sem resposta, ele ri e eu continuo o olhando. - Ai desculpa, mas odeio o modo que vocês não se falam mais. Cara, vocês tem anos de amizade, se criaram juntos...

-Pois é. - A única coisa que o Bruno falou fora o oi, e eu fiquei dividida entre dar uma cadeirada nele ou encarar a realidade.

-Que seja. - Me ajeitei no banco que estava sentada, de forma que eu pudesse olhar para Phil e para o Bruno.

Ele estava tão lindo, como sempre. Uma jaqueta de couro que eu não conhecia, uma blusa branca por baixo, calça jeans, não cheguei a ver o que ele calçava, mas nos seus cabelos tinham um boné. Era incrível a sensação que deu no meu peito, não sei se consigo explicar. Parece que eu queria agarra-lo, beija-lo e não pensar no amanhã, porém eu o olhava e imaginava todas as garotas que ele ficou enquanto estava comigo. Quantos eu te amo que eu disse e não foram retribuidos por que ele não sente. Meu peito doía, mas um pouco eu sei que é falta dele, falta da amizade dele, por que quando ele estava a sos comigo, sempre éramos tão amigos.

-Nós vamos para uma mesa. - Diz Phil.

Nos ajeitamos em uma mesa perto da janela. Ok, sentei de frente pra ele, odeio isso, por acaso estamos em uma terapia de casais para não-casais?

-Ok, vocês podem começar se cumprimentando. - Phil sorri.

-Eu deveria ter imaginado que isso era um tipo de armação. - Falei baixinho. - Oi Bruno!

-Oi Mich. - Golpe baixo! Golpe baixíssimo! Como assim, Mich? E essa covinhas? Resistência mulher...

-Quero que vocês conversem. Eu vou lá fora e mais tarde eu volto aqui e eu proibo qualquer um dos dois de sairem aqui de dentro.

-Jogar cadeiras pode? - Perguntei e Bruno arregalou os olhos e Phil riu.

-Não, se jogar cadeiras eu te levarei ao invés de alcoólicos anônimos para o manicômio.

-Ok! - Agi tranquilamente enquanto o Bruno riu. Tive a vontade de perguntar se algo ali foi engraçado, ou o porque ele estava rindo se ele não foi chamado na conversa, aliás, ele não foi chamado pra nada. Nossa, fico parecendo aquelas crianças birrentas e mimadas.

Phil silenciosamente se retirou. Olhei para o Bruno, para os olhos dele. Havia algo diferente, eu não sei explicar. (pode dar play aqui e continuar com ela até o final do capítulo)

-Fumou algo? - Perguntei.

-Que? - Pergunta incrédulo.

-É, deu um tapinha? Um baseado?

-Mas que pergunta... - Bruno começa a rir. - É sério? - Fico olhando pra ele esperando a resposta. Minha mãe uma vez disse que quando não sabemos levar alguma situação, temos que usar o humor. - Ok, eu não fumei nada.

-Ah. - Só digo isso.

-E como você está?

-Estou ótima. - Respondo, ele me olha como "ta, não irá perguntar se eu estou bem?", mas não me importava.

Mentira, no fundo importa um pouco. - E você?

-Pensei que não iria perguntar. - Ele riu.

-E não ia. - Dei de ombros.

-Ah... bom, eu estou bem.

Ficamos no mais pleno silêncio novamente. Agora eu não sabia o que perguntar, mas isso era a prova que eu não tinha mais o que fazer com ele, que o que tínhamos não vamos ter mais, e que a amizade talvez nunca volte a ser a mesma, infelizmente.

Seu semblante era de alguém que queria falar algo, mas não sabia como. Fiquei curiosa somente esperando ele fazer alguma coisa.

-Posso falar uma coisa? Na verdade perguntar.

-Pode.

-Porque nós não somos mais amigos?

-Por que? – Comecei a rir. – Esqueceu do que fez a mim? Não posso ser amiga de alguém que me faz derrubar litros de lágrima a cada semana que passa, desculpa.

-Entendi.

-Pois é.

-Mas você sabe que eu nunca quis fazer isso, não é? Minha intenção nunca foi te magoar. Você é minha melhor amiga, você sempre esteve comigo e eu talvez não consiga viver sem a tua amizade novamente na minha vida. Passei dez anos longe de ti, e eu não sei se cheguei a comentar, foram torturantes. No inicio eu pensava em você dia e noite, depois isso passou, mas eu ainda pensava “onde anda minha melhor amiga? Ela ainda lembra de mim?”.

Fiquei chocada. Eu não tinha o que responder na verdade. Eu sei que isso está longe de uma declaração amorosa, e devido a algumas circunstâncias é até bom que não seja, mas ele disse que precisa da minha amizade...

Eu falei que poderia voltar a falar com ele, mas...Eu não sei! Me culpo por ser tão confusa e achar que tudo um dia irá se resolver sem nenhum esforço. Não posso ficar sem responder, algo tenho que falar.

-Desculpa por confundir amizade com amor, acho que nunca te amei, sempre pensei que fosse algo real, mas acho que era a amizade gritando mais alto! Eu tenho a culpa por isso, e se eu não tivesse feito essa confusão talvez nós nem tivéssemos passado por isso que estamos passando.

-Isso quer dizer que...

-Bruno, podemos ter uma amizade, e eu te peço desculpas por ter confundido todo esse tempo a nossa amizade com amor. – Disse firmemente.

-Nossa, obrigada. E eu que te devo desculpas, porque por mais que você tenha confundido nossa amizade com algo a mais, eu não deveria ter tratado você daquele jeito. 

-É, isso não deveria mesmo. – Comentei entre risos.

-Mas agora eu aprendi e não irei fazer isso com mais ninguém.

-Espero que tu seja muito feliz e encontre uma pessoa que te faça sentir-se assim.

-Nós vamos encontrar, porque quero que você também ache essa pessoa que te ame e que você ame também.

-Obrigada. – Falei e ele esticou a mão sobre a pequena mesa. Coloquei minha mão e no toque das nossas uma bola se fez no meu estômago. Tentei disfarçar o máximo possível, e acho que deu certo.

-Vamos ser felizes e amigos novamente!

-Isso!

Bruno Pov’s 

Foram poucas vezes que eu soube o que é verdadeiramente chorar. Evito chorar o máximo possível, principalmente na frente das pessoas, mas quando ela falou que confundiu esse tempo todo amizade com amor, e que na verdade nunca me amou, meu coração ficou quebrado. Não sei explicar.

Queria chorar, deitar no abraço de alguém e chorar até soluçar, como uma criança. É estranho eu ter esse sentimento. Não sei o que está dando em mim.

Falei pra ela conseguir alguém que a fizesse feliz, mas não é isso que eu quero, não sei se suportaria a ideia de vê-la com outro cara, não importa quem ele seja.

O toque daquela mão me fez revirar todos os órgãos possíveis dentro de mim.

Michelle Pov’s

Saímos do pub rindo de histórias da turnê. Ele ficou falando em como as pessoas são doidas e o que elas fazem para conseguir abraça-lo.

-Bom, eu vou pra casa, está bem tarde e acho que o Phil já foi embora.

-É, ele foi embora mesmo. – Bruno riu. – Eu levo você pra casa.

-Na verdade o metrô larga perto de casa e acho melhor ir.

-Mas a essa hora é perigoso... Deixa que eu levo você.

Fui no zoológico uma vez, vi diversos animais, mas vi um avestruz... Nos desenhos animados eles enterram a cabeça quando estão com medo, decepcionei-me quando vi que eles somente correm e não enterram a cabeça na terra. Mas se eu pudesse enterrar a minha agora, seria uma boa ideia.

Uma música para distrair... Não estava adiantando, eu estava tensa e mal sabia o porque, pois o certo era eu estar relaxada e tranquila já que voltei a falar com o Bruno, mas não era assim que eu estava me sentindo.

-Obrigada por me trazer aqui. – Digo assim que ele para na frente de casa.

-Tudo bem, pra mim não foi nada. – Ele fala e eu sorrio. – Tem meu número ainda? – Pergunta ele.

-Não mais. – Torço os lábios.

-Nossa... queria me esquecer mesmo. – Ele começa a rir.

-Óbvio, até as fotos eu apaguei. Estava com raiva, e sabe, qualquer lembrancinha é motivo de tristeza.

-Pois é, mas eu te mandarei uma mensagem para você anotar novamente.

-Ok, bom eu vou entrar.

-Ok, tchau, foi muito bom voltar a falar contigo.

-É... foi mesmo! – Digo e abro a porta do carro. – Tchau e muito obrigada Bruno.

• Gente o casamento será em junho, eles estão em setembro... ainda tem muita água pra rolar! Sei que algumas irão me xingar por esse capítulo, mas faz parte da fic isso! <3 Espero que gostem e comentem, próximo capítulo segunda feira :D