Capítulo 43

Quase caí das escadas enquanto descíamos. Parecíamos três patetas, uma escorada na outra para descer as escadas. A cena deveria estar mega engraçada para quem estava vendo. Atravessamos a rua pois na frente do prédio já tinha um carro estacionado, e encontramos com o Leonel. 

-Hoje sim, estou me sentindo um shake. – Leo fala abrindo a porta do carro.

-Porque? – Pergunta Zoe.

-Três mulheres lindas em minha responsabilidade. – Ele senta-se no banco dele. – Só falta eu ter um harém pra mim. – Posiciona-se no volante.

-Como se acha, coitado. – Comentei e todos riram.

Por todas as possibilidades que eu tinha quanto ao meu namoro com o Bruno dar certo, eu estava me impressionando cada vez mais. Nós estamos bem, apesar de estarmos quase a uma semana juntos, está tudo bem. Ás vezes parece que eu sinto necessidade de gritar que eu estou com ele, de gritar que eu estou feliz e realizada, que nada mais pode me atingir. Escorei minha cabeça no vidro e olhei para o céu estrelado, indicando um domingo de sol. Fechei os olhos e pensei nos meus pais, como sempre. Eu só queria poder saber o que eles sentem em relação á mim, em relação ao que eu me tornei hoje, a mulher que eu sou.

-Chegamos. – Meus pensamentos conturbados foram distraídos por Leonel avisando que chegamos.

-Eu não vou cantar, já estou avisando. – Disse abrindo a porta do quarto.

-Ah, mas é claro que vai. – Anne tenta meter algum tipo de pressão psicológica.

-É óbvio que não. – Reviro os olhos.

-Eu não canto. – Zoe se pronuncia.

-Todos nós vamos cantar. – Leo diz num tom de ordem. – Agora vamos entrar. – Ele indica a entrada.

Entramos no local, sentamos em uma mesa do canto, mais sozinhos. O local não estava lotado, mas tinha um número razoável de pessoas. Leonel pediu uma porção de fritas e chop. A quanto tempo não bebo um bom chop gelado. No karaokê alguém cantava uma balada dos anos oitenta, muito contagiante. Via Leo e Anne cantar alguns pedaços, e se olharem, começavam a rir os dois. Zoe me cutucou para mostrar a seguinte cena, e eu só sabia rir. A noite estava agradável.

-Vamos cantar. – Anne se levanta puxando eu e a Zoe.

-Eu tenho vergonha, não sei cantar. – Falei emburrada.

-Claro que sabe, é só fingir que está embaixo do chuveiro. – Descontraí Leonel.

-Ah, claro, no chuveiro com mais quase 30 pessoas. – Revirei os olhos.

-Vamos Mich. – Zoe me puxa.

-Ué, não era você que não queria ir? – Perguntei divertidamente.

-Eu sei que não queria, mas vamos, vamos se divertir, comemorar. – Ela diz tão animada.

Lembrei-me que nós conseguimos a casa, e que daqui á dois meses eles vem do Brasil para cá, lembrei que estou namorando com o cara que eu amo. Quer saber, a inibição que saia um pouco de mim. Posso cantar mal até, mas eu vou cantar porque minhas amigas merecem que eu me divirta com elas. Fomos caminhando até o palco, eu olhei para Leo que piscou pra mim num incentivo.

-Tem essas músicas. – Anne mostra a lista de músicas em um tablet.

-Eyes the tiger. – Diz Zoe. – Eu adoro essa música.

-Mas não vamos cantar essa porque eu me atrapalho. – Disse Anne.

-Por mim qualquer uma delas. – Dei de ombros.

-Então vamos de AC/DC. – Diz Anne. – Amo demais.

-Me esqueci do lado roqueiro dela. – Falei para Zoe e ela gargalha.

Nos posicionamos no palco, o qual um homem nos entregou um microfone. Baixaram as luzes da platéia e ficou mais iluminado o palco. Agora a música começou pela introdução instrumental, e já veio a letra rolando através de um painel a nossa frente.

No stop signs, speedin' limit

(Sem sinais de "pare", sem limites de velocidade)

Nobody's gonna slow me down

(Ninguém vai me fazer reduzir a velocidade)

Like a wheel, gonna spin it

(Como uma roda, vou rodar)

Nobody's gonna mess me 'round

(Ninguém vai me sacanear)

Hey Satan! Paid my dues

(Ei Satã, paguei minhas dívidas)

Playin' in a rockin' band

(Tocando em uma banda de rock)

Hey Mama! Look at me

(Ei mamãe, olhe para mim)

I'm on my way to the promise land. Uau!

(Estou no meu caminho para a terra prometida)

I'm on the highway to hell

(Estou na estrada para o inferno)

Cantamos a música, e não querendo nos achar as mais tops, mas fomos bem aplaudidas.

-Vamos Zoe. – Disse quando estava descendo do palco e Anne foi na frente.

-Eu vou cantar uma música. – Ela disse timidamente.

-Vai cantar, sozinha? – Perguntei arregalando levemente os olhos.

-Sim.

Deixei Zoe ali e fui caminhando em direção a mesa onde estávamos sentados. Anne sorria feito uma boba por alguma coisa que Leo dizia pra ela.

-Não sei como tem vergonha de cantar, até que canta bem. – Leo diz e eu sorri. – A propósito adorei o “uau”. – Ele ri divertidamente fazendo nós rir também.

(Escute little house) Paramos de rir pois uns dedilhados de violão apareceram, e uma básica limpada na garganta para tirar o pigarro. Zoe ajeitou o microfone e olhou para nós primeiramente com um sorriso tímido e começou a cantar. Porque eu nunca prestei atenção no quanto ela canta bem? Meu Deus, essa menina é um talento! A voz dela adentrava aos nossos ouvidos como as harpas de um belo anjo que tocava a nossa frente, todos ali boquiabertos com a sua voz, inclusive eu, Leonel e Anne. A música foi curtinha mas mereceu todos os aplausos que demos. Cheguei a ficar emocionada.

++++

Zoe recebeu muitos elogios, vindo de todos, mas exclusivamente de mim que estava impressionada com a sua voz linda e mágica. Nós permanecemos lá no karaokê até á meia noite, que foi quando resolvemos ir para a balada. Todos já bem animados, alimentados e felizes.

Bruno Pov’s

Não poderia estar mais completo. Comida japonesa é ótima. Coloquei meus pés sobre a mesinha de centro que tinha no quarto que eu fiquei e inclinei minha poltrona pra trás. Aproveitarei o pouco tempo que tenho para descansar pois amanhã vamos voltar e ir para Nova Iorque.

-Posso te fazer uma pergunta? – Ouço a voz do Phil. Abri os olhos e me ajeitei de forma que eu pudesse vê-lo.

-Claro negão. – Digo dando um sorriso de canto.

-Você pediu a Michelle em namoro, não é? – Ai, lá vem esse assunto novamente. Fechei os olhos, e com eles fechados, eu revirei-os.

-Pedi, porque? – Perguntei diretamente.

-Parabéns, bateu o recorde. – Diz ele levantando.

-O que eu fiz? – Perguntei sem entender. – Que recorde?

-O recorde de conseguir trair uma menina em menos de vinte e quatro horas de namoro praticamente. – Agora era o Phil que revirava os olhos. Não acredito que ele vai se encarnar nisso.

-Relaxa. – Disse dando de ombros.

-Tem noção que ela deve estar apaixonada e fantasiando tudo isso, enquanto você trata essa situação como brincadeira?

-Phil... – Pensei em falar algo. Fiquei em silêncio.

-Você pode não amar ela, mas ela gosta de você, e se consideração você tiver, vai pensar que além de mulher gostosa que você pega, ela é sua amiga, sua amiga de infância. – Aí, ele pega no ponto fraco. Engoli a seco o que ele disse.

-Desculpa. – Foi a única coisa que consegui dizer.

-Esquece, não me pede desculpas, pede á ela, e outra, me mantém longe de você e suas mulheres enquanto estiver fingindo levar um relacionamento com a Michelle. – Diz ele dando de costas pra mim. – Ela não merece isso. – Lamenta ele para si mesmo baixinho.

Fechei os olhos e lembrei da pequena japonesa que peguei logo que cheguei aqui. Eu sou homem, tenho instintos, e outra que meu namoro nem é tão sério assim. Mas eu me toquei de que quando eu estou com ela é diferente de quando estamos longe um do outro.Tá certo que a Mich é minha amiga, mas não acho que eu esteja brincando com ela, porque se ela quiser ficar com outros ela pode ficar tranquilamente. Eu vou entender. O problema é que todos dizem que eu mudei, mas eu não mudei, eu sempre fui assim, não entendo isso.

Michelle Pov’s

-E esse é o trato. – Repete Leo fazendo nós rir.

-Parecemos quatro bêbados fazendo promessas na frente de uma balada. – Disse entre risos.

-E o que somos? – Pergunta Zoe.

-Quatro bêbados fazendo promessas na frente de uma balada? – Pergunto pensando no comentário que eu fiz. Causou risada em todos nós.

-Okay, eu prometo que essa noite vai ser comemorada só por amizade, sem pensar em amor, nem nada assim. – Diz Anne empolgada parando com o seu riso.

-Tudo bem, todas de acordo? – Pergunta Leo novamente.

-Sim. – Gritei junto com as meninas e novamente começamos a rir.

-Me lembrem de eu pegar um táxi para ir pra casa. – Disse enquanto caminhávamos para a balada.

-Ué, porque? – Pergunta Leo apavorado. – Eu dirijo tão mal assim?

-Dirige bem, porém está todo mundo bêbado, e acha mesmo que eu vou andar com gente assim? – Comecei a rir.

-Ninguém está bêbado aqui, ainda. – Completa Zoe.

Nós fizemos uma espécie de pacto, para não falarmos de namoro, amor, nem lembrar de coisas ruins, apenas comemorar. Entramos na balada que estava mais reservada hoje. Ficamos como sempre na área vip, me incomodei um pouco com o salto. Balancei meu corpo ao som de música somente eletrônica, somente aquela batida forte e pessoas muito loucas. Na rodinha em que estávamos, chegou dois amigos do Leonel, me senti mais incomodada ainda pois estávamos em “par”. Imagina se para alguma foto na mão do Bruno, ou algo assim... Aí, estou ficando paranoica com isso. 

Um deles ofereceu-se para pagar uma bebida para Zoe, mas ela recusou. Acho que ela está mesmo gostando do Phred.

-Aceita um drink? – Pergunta o outro amigo dele.

-Ah, me desculpa, mas não. – Digo secamente e ele sorri.

Dancei bastante. Perdi o horário totalmente, foi quando vi o horário enquanto estava no banheiro.

-Acho que perdi completamente noção do tempo. – Reclamei.

-E eu acho que meus pés estão cheios de bolhas. – Reclama Zoe.

-E eu acho que vocês estão reclamando demais. – Diz Anne retocando o batom.

-E eu acho que você está apaixonada. – Disse e ela me fuzila com os olhos.

-E eu acho que vocês devem calar a boca, e vamos voltar a dançar porque daqui a pouco vamos embora. – Zoe abre a porta do banheiro para nós sairmos. 

Embora tudo estivesse bom, e eu prometer que não iria pensar em outra coisa, meu pensamento pairava no Bruno, e no que estaríamos fazendo depois de sair daqui da festa. E enquanto na festa? Dançando com os corpos coladinhos, juntinhos... Não posso pensar nessas coisas, nessas coisas safadas, mas quando eu penso nele, me obrigo a pensar essas coisas.

• Eeew, blog com design novo *u* eu gostei, e vocês? Ah, parece que o capítulo tá menor porque agora a página de leitura está mais larga como vocês podem perceber. Eu espero que gostem. Créditos do Banner à Daniele Cristina <3 
• Comentem se sentirem á vontade. Próximo capítulo na segunda, pois domingo vou ter que sair, e irei voltar tarde - isso se segunda eu tiver forças após o clipe de Gorilla :)