Capítulo 41

Chegamos na minha casa logo. Ele estacionou.

-Se amanhã você não trabalhasse, e eu não fosse viajar, estaria implorando para dormir comigo. – Ele consegue me encabular sem ao menos falar nada demais.

-Tudo bem, temos bastante tempo para isso. – Dei um sorriso de meia boca.

-Muito tempo.

Sua boca se aproximou da minha, e entreabertas elas se encaixaram. Minha língua percorria sua boca, dando de encontro com a sua. Nunca vou desacostumar com essa sensação única que é beijar sua boca tão deliciosa. Nosso primeiro beijo como namorados. Eu nem acredito nisso.

-Tenho que subir. – Disse e colei a testa na sua.

-Que pena. – Bruno torce os lábios.

-Mas nós nos vemos quando você voltar. – Disse agora distanciando nossos rostos um pouco e levando minha mão a sua gola.

-Só não sei dizer quando vamos voltar de lá. – Ele torce mais uma vez os lábios.

-É loucura, mas eu acho você tão lindo quando faz isso. – Indiquei seus lábios torcidos para o lado, e quando seu sorriso se abre, o meu também o imita.

-Eu sou bonito de qualquer jeito. – Bruno continua sorrindo.

-Pois é. – Digo sem jeito e ele ri. – Vou indo, okay?!

-Tudo bem. – Ele me dá um rápido selinho. – Boa noite. – Bruno da um sorriso mais forte do que estava antes.

-Boa noite am...Bruno. – Corrigi minha fala antes que pudesse falar alguma besteira.

Bati a porta do carro e entrei no apartamento. Abri a porta de casa cuidando para não acordar a Anne, porém escuto risadas abafadas. Entrei curiosa, pela porta fechada do quarto e a fresta mostrando quea luz estava ligada, pude ver que era a Anne rindo de algo. Larguei minha bolsa no quarto e tirei o sapato. Com os pés descalços fui até o quarto dela e abri a porta. Anne continuou rindo de algo np telefone e me abanou com a mão que estava livre.

-Amanhã nos falamos então. - Disse já virando pra porta.

-Espera. -Ela diz em tom mais alto. - Amanhã nos falamos então [...] okay, beijos, boa noite. - Anne falava com alguém que além de tirar risos dela, tirou um sorriso de até logo.

-Ui. - Disse e logo afinei a voz. - "Beijos, boa noite". - tentei imita-la.

-Para, nem falo assim. -Se defende em risos. - Como foi o jantar? - Pergunta ela, agora sentando como índio.

-Foi ótimo. - Suspirando respondi. - Foi maravilhoso.

-Nossa, desse jeito vou pensar que está até namorando. - Argumenta ela, e eu arqueio uma só sobrancelha pra ela. Com o olhar duvidoso, Anne me olha.

-Senta aqui e me fala o que rolou. - Ela sinaliza o lugar.

-O Bruno veio me buscar aqui, e fomos para o restaurante... - Comecei a contar tim tim por tim tim. Anne me olhava com um sorriso terno, acho que estava gostado de me ver assim, de me ver feliz. - E por fim, ele me pediu em namoro. - Completei e quase literalmente o queixo dela cai.

-Ta falando sério? - Pergunta ela.

-Sim, óbvio. - Respondi sorridente. -Caramba, sério, nossa, eu estou sem palavras. - Ela abre a boca.

-Ele foi tão fofo, que eu tenho medo de estar sonhando. - Disse com um suspiro e ela ri.

-Eu ainda não sei o que falar. - Anne gargalha.

-Sei la, pode ser um "parabéns Michelle, acho que conseguiu fisgar o moço". - Levei minha mão sobre a outra.

-Mich, isso significa que ele quer tentar algo com você. - Disse empolgadamente. - E desculpa pelo que eu te falei, sei que fui meio grossa com você. - Anne coloca a mão sobre as minhas duas.

-Talvez possa ser isso. – Compreensivamente falei.

Nós demos boa noite uma para a outra e eu fui dormir. Decidi tomar banho antes de ir para o serviço, que seria melhor. Um sorriso interno, uma felicidade sem tamanho e uma alegria que não tem explicação. Eu me sentia asssim, um misto de coisas na minha cabeça, meu coração palpitante. Virando de um lado para o outro na cama, o sono acabou vindo e vencendo minha luta.

Acordei mais cedo que meu despertador. Fiquei olhando para o teto, sorrindo. Como eu sou boba, meu Deus! Levantei, tomei um banho bem relaxado, e assim que saí do banho escutei meu despertador e vi Anne saindo do quarto.

-Caiu da cama? – Ela pergunta ajeitando sua bolsa bege.

-Acho que sim, já até tomei banho. – Disse fingindo que iria tirar a toalha que me cobria.

-Não faz isso, não estou afim de ver nada ai não. – Ela saí da porta. – Até a tarde. Beijos e bom serviço. – Grita ela.

-Beijos, bom serviço pra ti também. – Falei começando uma luta para achar um roupa.

Coloquei todas as opções de vestuário na cama e me vesti com um vestido comprido e relax. Com um cintinho bege. Coloquei uma sandália rasteira bege também, e meu vestido preto merecia uma maquiagem leve. Me arrumei e olhei para o espelho. Estranha essa vontade de me arrumar, não é mesmo? Meu celular apitou, alguma mensagem. Peguei-o.

“Bom dia princesa, acho que agora deve estar indo para o serviço, não é? Pois bem, eu quero muito voltar logo para te ver. Beijos, se cuida.”

Princesa? Quero te ver? Se cuida? Bruno não está bem, não mesmo. Não tem como não sorrir com tudo isso, e só de pensar no que passamos ontem a noite, e que agora eu estou namorando com ele, meu coração palpita.

++++

Trabalho cansativo, porém hoje fiz tudo rapidamente, e ainda lidei bem com as travas daquele programa no computador. Tina percebeu minha felicidade, porém não sabia se poderia contar algo pra ela ou não, não sabia o certo sobre o que fazer. Decidi falar que estava namorando, mas disse a ela que precisava manter o segredo de quem era meu namorado até então, ela entendeu e levou numa boa tudo o que falei. No meio do expediente recebi uma mensagem, corri para ver se era do Bruno, mas era do Leo. Ele perguntou se nós poderíamos nos ver, eu disse que sim. Combinamos e agora estou indo até o local.

Era uma lancheria perto do estúdio da Warner, onde agora ele estava. Vi ele sentado, lendo um jornal e com um óculos escuro.

-Boa tarde. – Falei assim que sentei. Ele sobe o olhar para o meu e tira o óculos.

-Boa tarde senhora sorriso.

-Tenho que ser feliz, não é. – Disse com um sorriso bem grande. – O que me trazes ao seu encontro? – Perguntei mantendo uma classe.

-Até parece que fala bonito assim. – Ele ri.

-Falo, ás vezes. – Ele continua rindo.

-Vamos conversar... Faz tanto tempo que nós dois não conversamos. – Coloquei minha bolsa ao meu lado. – Quer beber algo? – Pergunta ele.

-Aceito um chocolate. – Sorri.

A menina veio e ele pediu um chocolate para mim, e para ele um pingado com limão. Achei meio forte. Logo os cafés vieram.

-Porque o motivo dos sorrisos a toa?

-Sei lá, estou muito feliz. – Dei mais um sorriso.

-Hm, o motivo da felicidade... – Ele queria saber, não ia ter como “escapar”.

-Estou namorando. – Disse e ele me olha boquiaberto.

-Namorando? – Repete ele.

-Sim. – Respondi. – Tá, eu sei que é estranho, mas é que eu estou feliz porque nunca namorei. – Disse. Na verdade não é porque eu nunca namorei que estou feliz, estou feliz porque é com o cara que eu mais amo nessa vida, tirando meu irmão que é família então não conta.

-Com quem? – Pergunta ele. Encarei seus olhos. Não sei se eu falo pra ele, apesar dele ser meu melhor amigo ele disse que gostava de mim. Mas também ele vive com a Anne pra cima e para baixo, nem me dá mais “bola”.

-Com o Bruno. – Admiti.

-Estou feliz por você. – E por um estranho motivo, sim, ele estava feliz por mim, e não me deu uma lição de moral, e nem nos seus olhos expressavam raiva, nem ódio, nem ressentimento.

-Obrigada.

-Mich, só quero pedir pra não ir a fundo demais com essa história, sabe como ele é. – Sabia que iria começar o discurso.

-Não quero discutir. – Avisei.

-Ninguém vai discutir, apenas quero o seu bem. Só peço á você que se cuide com esse relacionamento. Estou feliz de verdade com isso. – Repete ele insanamente.

-Obrigada Leo. – Agradeci.

-Ah, tenho uma coisa para te falar, na verdade quis falar pra você primeiro, depois para a Anne. Assim você pode me ajudar a convence-la.

-O que é? – Perguntei curiosa.

-É que mesmo vocês não pedindo, estou ajudando também...

-Leo, vá direto ao ponto. – Minha curiosidade passou dos limites e da educação também. Até interrompi o que ele estava falando. Ainda bem que ele riu e pigarreou.

-Lembra daquela minha vizinha que morreu?

-Lembro sim. – Respondi.

-Então, a mãe dela acabou se mudando, e disse que vai colocar a casa para vender. Ela é grande até, e está por um preço muito acessível. Enfim, mesmo não consultando vocês, eu marquei uma visita para sábado. – Ele diz com orgulho de si. Sorri.

-Nem sei o que dizer, obrigada Leo, muito obrigada mesmo.

-De nada, é pra isso que servem os amigos.

-Falando em amigos... e você e a Anne? – Perguntei dando um gole do meu chocolate. Leo olha para os lados e olha pra mim.

--O que tem ela? - Pergunta ele como se não tivesse entendido o que eu falei.

-Quer que eu desenhe o que eu estou achando? - Disse ironicamente arqueando levemente a sobrancelha. Leone ri.

-Quero.

-Tem uma caneta? - Pedi pegando um guardanapo.

Leo me deu uma caneta. No guardanapo de pape desenhei uma boneca, que representa a Anne e um boneco que representa o Leo. Fiz um coração entre os dois.

-Isso. - Entreguei o desenho pra ele, que ri demais.

-Isso foi hilário, mas não, ela é só minha amiga, assim como você. - Leo sorri ternamente. Pigarreei e ele ri soando um 'sério'.

-Bons amigos podem se tornar algo a mais. - Falei, observando minha caneca.

-Mas nesse caso, eu acho que não. - Deu de ombros.

Leo é um cara interessante, além de ser bonito e legal. Não entendo o porque ele não consegue se achar no amor, não consegue parar com alguém, namorar com essa pessoa. Anne também é linda, querida, e não posso bajular mais porque sou suspeita a falar, mas ela é ótima. E também não está namorando, e eu sei que no fundo ela quer um príncipe encantado. Penso que os dois poderiam ser um casal perfeito, um casal muito lindo, e de muito sucesso. Eu não sou a expert em relacionamentos como todo mundo sabe, mas eu sei, eu sinto, quando as pessoas pode dar certo. Mas eu só sinto isso quando é para os outros, porque comigo nada funciona. Aí, quisera eu saber um pouco dos segredos do amor, e desvendar tudo que a por trás dele. E agora, falando em amor, lembrei que eu estou feliz demais. E bem que o que o Leo falou faz sentido, eu não posso me tocar de primeira nisso. Não posso fingir que nada do que eu passei por ele não doeu. Simplesmente esquecer tudo e fingir que nunca existiu, não é a saida.

-Michelle... - Leo chama minha atenção estalando os dedos na frente do meu olhar que estava parado sobre a bicicleta da menina que deixou do lado de fora.

-Oi. - Voltei a mim mesma.

-A conversa comigo é tão chata assim? - Lamenta ele com voz chorosa.

-Não é isso. Me desculpa, mas comecei a pensar.

-É, eu percebi, mas tudo bem. Onde o Bruno está?

-No Japão. - Pensei na hora em o que ele deve estar fazendo lá.

-Já está em turnê? - Espanta-se Leonel.

-Não. - Neguei com a cabeça também. - Foi para divulgação e coisas assim. - Dei de ombros.

-Ah bom. - O suspiro do Leonel foi forte. - Você gosta dele mesmo, não é?

Impressionei-me com a pergunta vindo sem mais nem menos. Engoli a seco.

-Eu gosto muito dele, eu não sei o que tem nele que me prende, sabe? Como se fosse alguma força maior. - Olhei para o anel no meu dedo e sorri. - Pode ser estranho falar isso contigo, e egoismo da minha parte. Me desculpa. - Coloquei uma mecha do cabelo pra trás.

-Não é estranho não. Sempre que quiser falar comigo, fale, não importa o assunto. E sobre quando eu falei pra você que estava apaixonado, talvez eu estivesse me precipitando, acho que confundi a amizade com paixão. - Leo fala tão descontraidamente que me fez sorrir.

-Obrigada, e você também pode falar comigo sempre que quiser, sobre o que quiser e precisar.

Minha mão alcançou a dele, eu não sinto nada por ele além de uma grande amizade, uma forte amizade.

-E a auto escola? - Pergunta, mudando de assunto.

-Ah, vou começar semana que vem novamente, eu acho. - Dei uma risadinha sem graça.

-O carro eu te dou. - Diz ele, me espantando.

-É óbvio que não. -Arregalei os olhos.

-Porque não? O Brunão não iria aceitar que você ganhasse um presente meu? - Ele ri.

-Não é por ele, mas é por mim. Não quero dar prejuízo á ninguém, o carro comprarei. - Falei dando um sorriso amarelo.

-Okay. - Não sei se fui convincente o suficiente, porém não quero ter que "mendingar" para os outros. Quero conquistar do meu próprio dinheiro. - Só queria recompensar tudo o que me fez.

-Você já me recompensa sendo meu melhor amigo, e me aturando. - Disse sinceramente, ele ri envergonhado.

Leo insistiu para me levar pra casa logo após que saímos da lancheiria. Ele me largou em casa, agradeci pela tarde de conversa que tivemos, e subi para casa.

-Cheguei. - Falei assim que abri a porta.

-To no banho. - Grita Anne.

-Ai que bonito, e deixa a porta de casa aberta, linda. - Falei alto e ela gargalha mais alto ainda.

Entrei no meu quarto, tirei minha roupa e coloquei um pijama. Escovei meus cabelos, vendo que os mesmos estão precisando de um corte, uma hidratação, me parecem 'mortos'. Com o demaquilante tirei a maquiagem pouca que ainda restava no meu rosto. Percebi que Anne havia passado para seu quarto, e fui rapidamente para o banheiro. Fiz minhas necessidades, e fui a cozinha.

-O que vamos jantar? - Perguntei com voz bem alta para que Anne escutasse.

-Não precisa gritar. - Diz sua voz próxima. Virei em palidez.

-Que susto. -Levei a mão direita ao peito e ela ri.

-Pensei em comermos pizza. - Ela passa por mim e olha para a geladeira. - E amanhã vamos para o mercado fazer as compras do mês. - Sorri bem grata.

-Ah sim. - Digo. - Pizza de mussarela.

-Molho tártaro, com carne e queijo. - Sua boca parecia estar a salivar.

-Perfeito, metade do que eu quero, e metade do que tu quer. - Sorri. - Você que pede.

Pedimos a pizza e colocamos em um canal aleatório que passava um programa de calouros, e logo começou um de aspirações a modelos no inicio de carreira. Começamos a falar tanto das modelos, tinha umas bonitas, mas a maioria era terríveis. A pizza chegou, nós comemos e ficamos mais um tempo conversando, até meus olhos pesarem e eu ir dormir primeiro que ela.

++++

-Espero que a casa seja bonita. - Digo enquanto descíamos as escadas.

-Eu acho ela muito linda. - Palpita Leo que foi nos buscar.

-Se você diz. - Anne sorri pra ele. Porque algo me diz que esses dois ainda vai rolar alguma coisa? Pode ser intuição boba, mas é o que eu acho.

-Ai ai. - Suspiro.

-O que foi? - Pergunta Anne.

-Não, nada. - Disse e fiquei calada. Pedi que eu fosse sozinha atrás. Dei a desculpa de que estava com dor nas pernas e precisava me esticar, e eles caíram feito patinhos, mas a verdade é que eu queria deixar a Anne e eles na frente, sentados lado a lado.