Capítulo 42

-Chegamos. – Diz Leonel parando o carro. Acho que foi a primeira coisa que eles falam que eu prestei atenção no percurso do nosso apartamento até a casa.

Enquanto nós estávamos indo, eles iam conversando, e eu para não ser inconveniente, coloquei meus fones de ouvido, deitei no banco virando para o banco fiquei olhando para o celular enquanto escutava alguma música.

-Parece aquelas ruas de filme de terror. – Digo assim que desço do carro.

-Para, a rua é linda. – Anne olha para os lados.

-Não digo aquelas ruas mal assombradas, mas aquelas que sempre tem uma casa sinistra. – Tirei os fones do ouvido.

-No caso, a casa sinistra é a minha. – Leo me assusta.

-Porque? – Pergunto.

-Porque essa casa já teve tanta gente morando comigo, e eu sou o único que permaneço, que ás vezes parece que eu estou escutando todos falando. – Ele revira os olhos e paira os olhos. – Minha casa é aquela branca ali. – Ele aponta. Olho entre os arbustos que estão no muro que ajudam a separar as casas.

-Cadê a mulher da imobiliária? – Perguntou Anne.

-Deve estar chegando. – Responde Leo.

Fiquei encostada na porta do carro. Olhei para os dois que engataram em outro assunto, voltei a colocar meu fone de ouvido e por milagre quando fui mexer no celular, recebi uma mensagem.

“Volto do Japão na segunda feira, mas vou direto para Nova Iorque divulgar mais algumas coisas. Ao total volto fixamente para Los Angeles no final de semana que vem, e é claro que volto louco para te ver. Beijos.” 

Bruno, me surpreendendo. Ainda tem uma semana pela frente? Droga! Acho que ele me deixou mal acostumada com isso, penso nele toda a hora. Nos falamos pouco essa semana, na verdade quase nem nos falamos. Mas ele deve estar bem ocupado com as coisas que ele tem pra fazer.

-Bom dia, desculpem a demora. – Chega uma moça a ajeita sua pasta na mão esquerda e deixa a livre para nos cumprimentar. – Meu nome é Janel McLee. – Ela passa a sua mão cumprimentando primeiramente Leonel, depois seguindo a ordem entre Anne e eu.

-Bom dia. – Dissemos uníssonos.

A mulher de cabelos curtos e bem lavados, castanhos mel sobre seus ombros retos. Rosto magro e corpo também, olhos castanhos marcados por uma leve maquiagem e um batom vermelho rubi nos lábios. Ela falou algumas coisas pra nós e nos abriu a casa. Primeiramente mostrando a sala com um lindo hall e pequeno também.

-Já comecei gostando. – Disse Anne.

-Mas nós mal entramos. – Reclamei baixinho.

-Mas eu gostei desde que soube que é perto da casa do Leo. – Ela diz e eu a olho espantada. Leo abaixa o olhar.

-Se tem coisa que eu não sei, depois me falem. – Disse rapidamente.

-Tem bastante coisa que não sabe, precisamos conversar. – Ela sorri em direção do Leo que continua de cabeça baixa e não fala nada.

-Que tensão. – Digo sobre o momento e resolvo calar minha boca.

A moça, na qual se chama Janel, mas eu não consigo chama-la assim, pois eu acho que ela tem cara de Mary, mas todo o caso. Ela mostrou as partes da casa. Primeiramente começando pela sala de estar, sala de jantar, depósito/área de serviço, cozinha. Aí então passamos pelos quartos. Haviam apenas três quartos e uma sala que antes era a biblioteca da casa. Entramos nessa primeiro e não sei porque ali vi um quarto perfeito para a tia Savanna, afinal já foi um recanto de leitura.

-Olha, que legal, dessa janela eu vejo muita coisa. – Anne olha pela janela.

-Muita coisa o que? O jardim e a casa do vizi... a bom. – Depois que eu me toquei que pela janela se via a casa do Leonel. Mas será que eles estão ficando, ou ela só está dando indireta pra ele perceber?!

-Então, por fim vamos aos fundos. – Mary, opa, Janel estava parada na porta, segurando a maçaneta.

Nos dirigimos para os fundos, e fomos pela porta que tinha na própria cozinha. O jardim era como eu imaginava, todo bonitinho e organizadinho. A antiga dona o cuidava muito bem pelo visto. Tinha uma pequena piscina, só ai que eu fui me tocar que essa casa é grande em comparação ao nosso apartamento dois dormitórios. Não sei se o dinheiro que temos, mais as economias que tínhamos guardadas a muito tempo, daria para comprar a casa. Por um momento deu um aperto no meu peito e uma vontade de chorar, eu gostei da casa e quero conseguir proporcionar isso ao meu irmão, e minha tia que me acolheu como mãe.

-Desculpa a pergunta logo agora. – Interrompi ela explicando algo no qual Anne prestava atenção. Chamei a atenção deles e os três me olharam. – Quanto que fica a casa? – Perguntei diretamente.

Ela olha para um papel que estava na sua mão e torce os lábios.

-90 mil doláres. – Diz ela.

-Ai meu bolso. – Olhei arregalada.

-Nossa. – Vi que Anne ficou sem palavras.

-Nós não temos tudo isso. – Fui até o lado da Anne.

-Eu sei, no máximo temos 60 mil. – Anne torce os lábios.

-O máximo que eu posso abaixar o preço pra vocês é 85 mil. – Janel torce os lábios, e despeja as palavras. Ai, bobagem minha, mas eu estava com vontade de chorar por não podermos comprar.

-E não dá para dar os 60 mil de entrada e ir quitando com o tempo? – Pergunta Leo, quebrando seu silêncio.

-Só um minuto, eu vou falar com o responsável pela venda. – Profissionalmente ela diz e se afasta de nós para fazer a ligação.

-Mesmo assim Leo, não dá. – Torci os lábios em reprovação. – Nós temos que nos sustentar por aqui, comida, roupas, bebidas, contas...

-Calma Mich, calma. – Leo pede com delicadeza. – Eu vou ajudar vocês.

-Ah não, ai é eu que não vou aceitar. – Disse quase num tom de ofensa.

-Nem eu. – Anne também. – Você é nosso amigo, não nosso pai para nos bancar.

-Mas eu quero ajudar. – Diz ele tentando tomar nossas dores.

-E nós não podemos aceitar. – Disse rispidamente. – Desculpa.

-Então deixem eu ajudar, e depois vocês vão me pagando, okay? – Diz ele.

Olhei para seus olhos e ele intercalou olhares entre eu e Anne, que também fazia isso. O encarei por um tempo. Não sei se é uma boa, mas apesar que se ele fizer esse empréstimo para nós, nós vamos dar todo o conforto para a nossa família, e não vai ficar tão apertado assim. Apesar de ser loucura, é bom aceitar.

-Isso é até cabível. – Disse e ele sorri.

-Deixem eu ajudar...

-Tudo bem, nós aceitamos. – Falei e Anne me olha e sorri.

-É, nós aceitamos. – Diz Anne.

Sei que ela está feliz pois vamos ficar ao lado da casa dele agora. Me veio uma coisa na minha cabeça... Onde será que a menina que morava aqui morreu? Nunca acreditei em espíritos que vem pra assombra-nos, mas eu vejo filmes de terror e tenho medo. Tá, tenho que parar de pensar nessas bobagens.

-Falei com o responsável e ele aceitou a proposta de quitar em parcelas logo após dar a entrada. - Janel falou. Incrível como a voz dela sai extremamente profissional, não consigo imaginar ela rindo e contando piadas como nós. Ai que ideia a minha.

-Perfeito. - Diz Anne. - Então nós ficamos com a casa. - Ela da um sorriso pra mim, bem apertado e eu faço o mesmo, por pouco tempo mostrei pequenas covinhas, mas não tenho muitas. O que é uma pena, porque eu amo covinhas.

-Ótimo. Bom vamos combinar a ida ao escrivão. A responsável pela casa leva todos os documentos, e de preferência vá com um advogado se quiser, assim ele esclarece melhor as coisas. - Janel fala com postura.

-E não tem como ficar no nome de outra pessoa. Por exemplo, nós que vamos comprar, mas queremos deixar para outra pessoa. - Supositei e Janel sorri.

-Não tem importância, somente na hora da escritura você tenha o nome dela completo. - Esclareceu Janel.

Conversamos mais um pouco e ela nos mostrou a garagem. Paramos em frente a casa e ela anotou todas os detalhes em um papel para nós, e num papel para ela anotou algumas informações nossas. Com isso finalizamos a visita e pegamos o carro.

-Poderíamos almoçar na minha casa, porém eu não estou afim de fazer comida. - Diz Leonel cuidando o retrovisor assim que dá ré no carro.

-Você que cozinha? - Espantada perguntei. Mas que vergonha, eu uma mulher de 27 anos não sabe cozinhar ele que é homem, sabe.

-Claro. - Cheio de si ele afirma.

-Oba, um dia vamos comer lá.

Anne falou. Mal prestei atenção, porque eu vi na hora que passamos em frente a casa do Leo, como se fosse o dia em que saímos do baile de mascaras e acabamos nos beijando. Essas lembranças são passados, eu sei, mas não dá pra apagar o que passou totalmente, a nossa mente é inanimavelmente grande e vasta, sendo assim ela é infinita, mesmo que queiramos apagar algo, sempre vai ter um pequeno detalhe que um dia vai fazer você se lembrar daquilo. É a lei da vida. Deixei os dois novamente conversarem e pus meus fones me desconectando do mundo externo. Abri a mensagem do Bruno e resolvi responder.

"Oi, mal vejo a hora de te ver novamente. Espero que tudo esteja bem. *-* beijos"

Eu ia colocar no fim da mensagem "te amo" mas achei que iria ficar muito em cima dele, é melhor não pegar muito no pé dele, assim eu posso conquista-lo mais ainda sem estar tomando o espaço da sua liberdade que ele tanto ama.

-Italiano pode ser né, Mich? - pergunta Anne.

-Hã? - Estava em completo transe. -Oi... italiano é uma ótima. - Respondi.

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Depois de almoçarmos, passamos no mercado com o Leo, ele foi comprar algumas coisas para a casa dele, e eu e a Anne ganhamos uma barra de chocolate cada uma. Parecíamos crianças pequenas naquele lugar fazendo a folia.

-Não gosto desse chocolate. – Melosamente falou Anne, vendo o chocolate que Leo pegou.

-E qual você gosta? – Ele perguntou apontando para as repartições cheia de chocolates.

-Sei lá, só não gosto desse. – Ela reclama.

-Afê. – Aturar gente apaixonada é o ó. Eu sei porque deve ser difícil me aguentar, mas eu não entendo porque esses dois não ficam de uma vez.

-Que foi? – Pergunta Anne com um chocolate na mão.

-Chocolate que a Mich mais ama. – Leo mostra uma pequena barrinha de Mars.

-Nossa, que piada engraçada. – Falei tediosamente.

-Está precisando sair pra animar. – Disse Anne dando um sorriso.

-Balada monstra hoje então? – Pergunta Leonel animado.

-Não dá ideia. – Disse estridente.

-Já deu... Nós vamos na balada. – Anne vira pra mim com um sorriso. Abri meu sorriso “animado” e ela riu.

Anne não parou de encher o saco falando dessa balada. Cogitamos quinhentas possibilidades e cada uma tinha um porém e um porque. Leonel disse que essa saída seria para comemorar a casa nova. Foi ai que ele prendeu minha atenção para eu ir com eles na balada. Não aguentando mais ficar segurando vela para os dois, chamei Zoe. Leo nos levou na casa dela e a pegamos. As duas se juntaram para falar de roupas, e eu e o Leo ficamos calados. Eu fiquei porque estava maravilhada olhando para algumas coisas na rua, e Leo porque não tinha o que falar. Chegando em casa, Anne pirou dizendo que tínhamos que separar as roupas desde agora, pois depois melhorava o tempo para nós nos arrumarmos e blá blá blá.

Escolhida as roupas. Bom, pra falar a verdade quem escolheu as roupas foram as duas, e a minha em especial foi a Zoe, e depois de muita discussão acabou que eu gostei da roupa. Comemos as porcarias que Leo deu pra nós no mercado e o combinado foi que ele nos pagasse ás oito horas para depois passarmos em um karaoke. Eu achei legal. 

Comecei me arrumar primeiro. Tomei meu banho descansada antes das duas, pois sabia que depois daria uma disputa danada pelo chuveiro. Comecei me arrumar e meu celular toca.

-Alô. – Digo sem conhecer o número.

-Aí é dia ou noite? – Ouço a voz do Bruno e meu coração dispara.

-Noite. – Digo apaixonadamente.

-Então boa noite princesa. – Ai meu Deus, posso gritar agora?

-Boa noite Bru. – Disse calma.

-Tudo bem?

-Tudo bem, e por ai? – Sentei-me na cama olhando para os meus pés e segurando o celular.

-Tá ótimo, porém cansativo. – Ele bufa. – Não vejo a hora de ir pra casa.

-Eu não vejo a hora de você voltar. – Quando eu disse, mesmo não querendo dizer isso, ele soltou um risinho.

-Já está pronta Mich? – Pergunta Anne e sai assim que vê que eu estava com celular.

-Quem era? – Pergunta Bruno, curioso!

-A Anne. – Disse.

-Vão sair?

-Sim, na verdade comemorar, compramos a casa. – Falei vangloriada.

-Nossa, que legal. – Ele pareceu realmente feliz.

-Bruno, eu quero descansar. – Escutei a voz de alguém, acho que do Phil.

-Bom princesa, vou desligar, divirta-se onde quer que você vá e se cuide. Beijos. – Posso dizer que eu me derreti quanto a isso que ele falou. Respirei fundo e sorri.

-Obrigada Bruno, boa noite pra vocês todos. – Disse e desligamos. – Beijos. – Dei um beijo na tela do celular.

-Ai, a paixão... – Diz Anne escorada na porta. Levei um susto com ela ali novamente.

-Você que diga né.

-Eu? Que isso. – Ela ri. – A propósito, amei a roupa, mas coloca uma maquiagem pesada. – Anne me analisou de cima a baixo.

-Virou consultora de moda? – Perguntei olhando para minha roupa.

-Sempre fui baby. – Ela toca os cabelos para o lado e saí pelo corredor.

Como ela disse eu sentei em frente da minha mesinha e com as minhas maquiagens e algumas coisinhas básicas que eu sabia fazer, fiz uma maquiagem mais pesada, e arrumei meu cabelo, deixando ele com um pouco mais de volume ficando assim mais descontraído.

• Eu fico triste sim quando eu vejo que o capítulo não rendeu comentários, porém eu não vou ficar mais mendigando, vocês comentam se quiserem e se acharem que eu mereço.
• Ah, e pra quem sempre comenta, um beijo bem especial, e muito obrigada <3 
• A partir de hoje ta disponibilizado nas páginas - lá em cima do blog - as fotos de como vocês podem imaginar a casa *-* (lembrando que é só uma ilustração, porque vai ser diferente)
• Beijooos <3