Capítulo 104

Depois que eu confortei o Bruno e ele também me confortou, pois vendo ele daquele jeito e pensando que eu estou tão perto dos meus pais agora, mas também tão longe, me apertou o peito. Eu chorei em seus ombros e ele secou minhas lágrimas. Mas, logo ele disse que não queria ver ninguém chorando hoje e que estava com calor.

-Piscina? - Sugeri.

-Ótimo! - Diz ele indo para perto da sua mala. - Vou trocar-me. - Ele chamou minha atenção como quem dissesse "pode sair do quarto agora". Dei um sorriso pra ele e saí do quarto.

No quarto da Pres procurei meu biquíni brasileiro que tanto amo. Há uma grande diferença entre os biquínis brasileiros e os daqui. Os brasileiros são mais sexys, os daqui são mais recatados, mais fechados, não sei explicar. Como havia tomado o banho mais cedo, não tomei agora, somente tirei minha roupa e pus o biquíni e peguei meu celular. Antes de fechar a porta do quarto para descer pra piscina, lembrei-me do protetor.

Passei em tudo onde eu alcançava e esperei o Bruno sair do quarto para passar nas minhas costas.

-Por favor! - Peço entregando o tubo pra ele.

-Claro. - Ele pega o tubo em mãos. - Gostou da surpresa ou preferia ficar sozinha mesmo? - Pergunta ele enquanto passava protetor e massageava ao mesmo tempo.

-Isso é bom. - Digo revirando os olhos. Com certeza se o Bruno não fosse cantor, ele poderia ser um belo massagista. - Eu amei você ter vindo pra cá, não sei se iria aguentar dez dias sozinha. - Respondo saindo da sua frente.

-Então tudo bem. - Olho para ele e sua roupa. Uma regata verde e uma bermuda havaiana. - Estou com fome!

-Eu também. - Falo colocando a mão sobre a barriga e andando para frente da porta do quarto novamente. Atiro o tubo do protetor sobre a cama, mas acaba quicando e caindo no chão, então fechei a porta. - O que podemos comer? - Pergunto.

-Você decidi. Eu vou arrumar o rádio para escutarmos enquanto estivermos na piscina.

-Teríamos que pedir algo. - Aviso. - Acho que não tem nada muito "mata a fome" na geladeira.

-Tem cereal no armário se eu não estou enganado. - Ele torce os lábios.

-Por mim tudo bem, quer comer cereal?

-Sim, mais tarde daí pedimos algo para comer.

-Ok. - Respondo.

Descemos as escadas juntos. Bruno foi para o lado oposto do meu para pegar o rádio e eu abri várias portas de armário, até achar a que continha o tal cereal. Ele estava fechado, chequei a data de validade e ainda estava no prazo. Claro, como eu sou idiota. Pete e as meninas vem pra cá com frequência, eles podem morar fixamente em Los Angeles, mas estão sempre aqui. Dei um tapinha na minha própria testa e procurei duas tigelas para por o cereal.

Torci para que tivesse leite na geladeira, mas não tinha.

-Bruno, não tem leite. - Falei numa altura que ele pudesse escutar.

-Tem duas garrafas fechadas ao lado da geladeira, na primeira porta, só olha a validade pra ver se ainda podemos beber.

Procurei o leite e facilmente achei duas caixinhas para porção única. Peguei as duas checando também a data de validade, e por milagre divino nós ainda poderíamos tomar o leite sem preocupações. Despejei o cereal e depois abri as caixas para por o leite em cada um. Peguei duas colheres e levei os dois potes em direção a mesa que havia no jardim. Sentei-me observando o Bruno mexer no rádio.

-Quer ajuda? - Pergunto quase gritando.

-Tá achando que eu sou idiota? - Pergunta ele gritando também, começo a rir, mas eu não concordo e nem discordo.

Esperei por um tempo e fui mexendo no meu cereal, já que o Bruno apanhava de dez à zero para o rádio.

-Quer ajuda? - Pergunto novamente com a boca cheia, aí que feio.

-Não. - Responde ele. Continuo vendo-o apanhar para o fio que ele não sabia onde conectar. - Tá faltando um buraco pra colocar esse fio. - Ele reclama. Passou um minuto a mais e ele toca o fio longe e de atira na grama. - Quero ajuda.

-Ah, agora você quer. - Mexo com ele e levanto de onde eu estava sentada.

Somente cheguei perto do rádio e fiquei procurando o fio onde eu poderia conectar, mas tirei o que estava conectado e coloquei esse no lugar. Tcharam! O rádio funcionou.

-Bruxaria, esse rádio nunca gostou de mim. - Bruno bufa e saí correndo para a água. Vejo ele se atirar na piscina e me aproximo um pouco mais.

-Não vai comer? - Pergunto enquanto ele passava a mão nos olhos por causa do mergulho.

-Ah é.

Comemos nosso cereal ao som de músicas que tocavam na rádio. Comentei com ele novamente que estava muito feliz dele estar ali, diversos sorrisos trocados. Por momentos distantes quando nós estramos na piscina, eu pensei em como seria legal tê-lo como namorado, mas aí sempre me lembro de como ele é com as namoradas, e se for pra passar a vida condenada a ser somente dele e ele sendo de todas, muito obrigada, mas prefiro somente a amizade.

Que bobagem, olha o que eu fico pensando. Sou uma idiota por estar me martirizando por dentro enquanto ele vive a vida dele muito bem. Caramba, passou quase um ano e ás vezes eu ainda me pego pensando nele - claro que não é tão seguido como era antes, mas ainda sim eu penso.

Fizemos uma guerrinha de água, competição de nado - nem preciso dizer que ele ganhou de mim no nado, eu não sou tudo isso nadando. Até agora nenhuma música do Bruno havia tocado, mas as mais atuais nós cantávamos juntos. Ele cantava, eu tentava.

-Olha, música do filme! - Grito quando ouço a música do filme Lilo e Stitch.

(Escute a música aqui)

-Ai, a música do filme. - Bruno começa a bater as mãos na água e fazendo voz de mulher como se estivesse me imitando.

-Como você é idiota. - Atirei água nele que mergulha para que não pegue. - Fique sabendo que eu não sei cantar, mas ainda sei dançar hula.

-Claro. - Bruno revira os olhos em dúvida.

-Senhor Mars, não duvide de mim. - Digo e ele não fala nada, mas mexe os lábios tirando sarro de mim.

-Agora eu vou mostrar. - Me apoiei na beira da piscina, mas não consegui subir assim, Bruno riu de mim dizendo que eu não conseguia nem sair da piscina sem ir pela escada, quanto mais dançar hula.

Me preparei um pouco afastada da piscina e estalei os dedos. Coloque um pé inclinado para frente e o outro deixei normal, unindo a palma das mãos, coloquei-as para o lado e fiz o mesmo movimento para o lado oposto. Mexi meu quadril um pouco com medo de ter enferrujado, mas não. Meu quadril foi se mexendo junto dos meus passos de dança e saiu tudo tranquilamente, fluiu de tão boa forma que eu nem pensei que fosse eu mesma dançando ali.

Virei-me de costas e na parte mais agitada balancei meus quadris rapidamente para dar movimento as minhas nádegas, e assim como minha mãe havia me ensinado uma vez, mexi os braços levemente para os lados de forma que se eu errasse algo, as chances de olharem para meus erros seriam melhores, pois os braços tirariam a concentração.

(Pode parar de escutar aqui, se quiser)

Ouvi Bruno me aplaudir e comecei a rir além de colocar o dedo do meio pra ele.

-Você tá debochado demais pro meu gosto. - Reclamo me sentando na beira da piscina e ajeitando o biquíni.

-Mas eu não fui irônico nem debochado agora, só não conseguia lembrar que você dançava hula tão bem.

-Claro, Deus não me deu o dom de cozinhar nem o de cantar, algo ele tinha que me dar. - Comecei a rir 'por dentro' pela rima que minha fala se deu.

-É, ele foi justo. - Bruno ri de mim e eu pulo para a piscina sem mergulhar. - Sabe que agora eu lembrei-me da nossa apresentação, bem pequenos, na escola.

-Aquela que Lia foi sua parceira? - Falei fazendo uma careta de nojo.

-Você morre de raiva dela até hoje? - Pergunta ele.

-Não, mas ela estragou meu papel na apresentação! - Digo emburrada.

-Era de praxe dela, estragar as coisas. - Fala Bruno bufando pelos ombros.

-Mas eu lembro que quando fomos para o ginásio você ficou com ela. - Dei um sorriso e ele fez uma cara de enojado.

-Pra que lembrar. - Ele pôs a língua. - Sério, que nojo.

-Nojo? Eu lembro que passaram uma semana se encontrando.

-Vamos falar do Kala, então? - Bruno cruza os braços e se encosta na borda da piscina.

-Kala. - Comecei a rir. - Que nojo.

-Nojo? Você beijou pela primeira vez com ele.

-Precisa lembrar? - Falei quase a mesma coisa que ele e ele ri descontraído. - Como nós eramos idiotas em certos pontos.

-Verdade, lembro quando eu fiquei bravo com você porque Alena contou a fofoca que você estava de olho num cara dois anos mais velho. - Eu não lembrava disso, dei um sorriso voltando lá no passado.

-É, eu não estava de olho nele, eu achava ele bonito, mas depois que ele se encarnou em meu irmão, perdeu o encanto.

-Você sempre a protetora do Theo.

-Agora é ele que me protege. - Dei um sorriso.

-É, eu lembro do soco até hoje. - Bruno encosta no rosto.

-Não foi por mal. - Bruno olha pra mim em deboche. - Tá, foi por mal, mas é que você tinha me magoado.

-Ainda está magoada? - Pergunta ele e meu estômago se revira dentro de mim me causando uma sensação não muito legal.

-Não... faz tempo que não estou mais. - Digo. - mas é melhor mudarmos de assunto. - Pigarreio e ele concorda.

++++

Eu e Bruno passamos um pouco da tarde na piscina. Saímos para nos arrumarmos. Vesti uma blusinha e um casaquinho básico com uma maria joão jeans e uma sapatilha. Deixei meu cabelo solto para secar melhor, já que tive que colocar bastante creme por causa do cloro da piscina.

Da casa nós fomos a um cybercafé onde é óbvio que o Bruno fez sucesso, todo mundo querendo tirar foto e dar abraços, querendo autógrafos e etc. Depois dali fomos andando até a nossa antiga escola. Não está tão diferente do que eu imaginava, está melhor pra falar a verdade, mas não mudou muita coisa!

A noite pedimos janta e tiramos uma foto para mandar pro pessoal dizendo que nós estávamos bem. Bruno entrou no twitter dele e falou que estava visitando o Havaí. Preciso comentar da chuva de pessoas falando, e duas fotinhos onde eu apareço com o Bruno no cyber café. Esse pessoal é ligeiro, credo.

• O gif do Stitch pra descontrair (curiosidade sobre mim: meus filmes preferidos de animação 3d são "Lilo e Stitch" e "Rei leão". Provável se um dia virem eu assistindo esses filmes - ou falando neles aqui na fic - vão me ver cantando todas as músicas, imitando os personagens e repetindo as falas dnasiondis :p)
• O que será que rola no próximo hein? Será que o Bruno terá coragem de falar de uma vez que ele ama ela? *-* Beijos