Capítulo 82

A pior dor foi quando eu desliguei o telefone, algo me dizia que eu não deveria ter dito irmão para ele. Mas é que simplesmente eu não sei o que está acontecendo. Antes ele fez tudo para que eu chorasse, para que nós não ficássemos juntos, me fez sofrer, e agora ele vem com músicas bonitas e eu devo ceder? Desculpa, eu prometi a mim mesma que não passaria por isso novamente, e outra que eu posso apostar que tem algo atrás dessas músicas lindas e declarações indiretas a mim. Eu não sou idiota, por que de uma hora para a outra ele mudaria da água para o vinho? Não existe isso!

Bufei com essas drogas de pensamentos, como posso ser tão idiota? Sentei-me na cama e fiquei olhando para meu guarda roupa aberto. Levantei e fiquei de frente pra ele. Puxei a primeira calça jeans que vi e a primeira blusa, mas era de manga curta. Peguei uma cor de areia de manga comprida e bufada. Vesti minha meia confortável e penteei meus cabelos, deixando-os soltos sobre minha roupa. Na parte dos meus casacos percebi que eu só tenho um casaco lindo que posso usar para sair, mas também não posso comprar porque não quero gastar com besteiras. Principalmente agora que irei para o Havaí... eu voltarei lá pela primeira vez depois de tudo que aconteceu. Onze anos já se completaram e é a primeira vez que voltarei... não sei o que dizer especialmente porque vou poder rever tudo, até o túmulo dos meus pais, o mar límpido, a areia macia, nossa antiga casa, tudo o que eu deixei pra trás, e quem realizou isso pra mim foi o Bruno. Tenho que parar de pensar nele ás vezes como uma opção novamente para minhas paixões desgastantes. Ele é meu amigo e eu estou melhorando e aprendendo a viver com ele somente como amigo mesmo. Bruno tem que ser aquele que eu falo sobre algum carinha e ele opina dizendo se está bom ou não, o que eu mereço!

Puxei meu casaco e o vesti, peguei em mãos minha bota preta, a mesma que usei para trabalhar, e quando ia as calçar pensei melhor. Vou pedir para Anne uma bota dela, de salto que combinará muito mais. Passei lápis nos meus olhos e duas batidinhas de blush pêssego em minhas bochechas para dar alguma cor em mim.

Fui até a porta e gritei o nome de Anne, que só consegui ouvir seus passos pesados e rápidos pela casa.

-Oi? - Anne chega perguntando.

-Oi. - Dei um sorriso pra ela, que retribuiu e me abraçou sem nada a dizer.

-Parabéns, muitas felicidades, eu te amo tanto! - Ela falou com os olhos marejados, e eu que sou a aniversariante estou normal, isso deve ser tpm nela.

-Muito obrigada, eu também te amo. - Segurei sua mão.

-Já está pronta?  - Pergunta ela me olhando e eu mexo os dedos dos pés junto com a meia e ela ri.

-Preciso que me empreste a sua bota pequena de salto. - Dei um sorriso bobinho e ela fez uma careta engraçada.

-Só porque está de aniversário. - Ela começa a gargalhar e vai em direção ao seu quarto.

Virei-me para o meu e guardei minhas botas no lugar e da minha bolsa que sempre vou trabalhar peguei minha carteira, meu celular e meu batom inseparável. Peguei uma pequena bolsa preta e pus tudo ali dentro.

-Aqui está. - Anne toca as botas para mim, delicada é ela. - Ah, só estamos te esperando para irmos de uma vez. - Ela aponta com o polegar sobre seus ombros.

-Ok, já irei descer. - Dei um sorriso.

Calcei as botas nos meus pé e mexi meus dedos para que ficassem completamente confortáveis. Peguei minha bolsa e fui até a sala.

Bruno Pov's

(Escutem essa música)Eu sou um idiota, me sinto um idiota, e não consigo pensar em outra coisa que caracterize isso. Como eu fui burro em mandar aquelas músicas, eu vivo repetindo a mim mesmo que não posso me precipitar, que devo ir com calma nessa história de me aproximar dela, mas eu me esqueci completamente disso e pensei nela no
estúdio.

Eu nunca senti uma dor desse jeito, é diferente, quando ela falou "quase um irmão". Depois disso fiz meu show da noite e esqueci completamente, mas assim que tirei o pé do palco aquela dor veio novamente, pedi licença para os caras para eu poder ficar sozinho um pouco, pensar. Uma coisa que não fazia a muito tempo, peguei meu cigarro eletrônico e o coloquei na minha boca. Droga, eu não posso ficar assim só por causa disso. Sentei-me isolado de todos observando um pouco da noite que caia.

Eu não sei o que acontece comigo, eu sei que minha necessidade passou dos limites, eu preciso dela ao meu lado. Phil já disse que eu estou amando ela, o que eu não concordo plenamente. Eu só penso nela, no que ela está fazendo, nos seus olhos castanhos tão lindos, no seu nariz que combina perfeitamente com seu rosto, com seus cabelos ondulados que ela insiste em dizer que são melhores quando estão lisos, nos seus lábios que são perigo para mim... eu penso nela assim, mas não creio que eu ame ela, só acho que eu me acostumei mal com ela ao meu lado que agora eu simplesmente me nego a viver sem ela.

-No que tanto pensa? - Ouvi a voz de Phil atrás de mim. Virei-me e confirmei que era ele, depois me virei pra frente e catei alguma coisa do chão para jogar longe.

-Nela. - Tinha pensado em não responder, mas ele não merece essa ignorância e eu preciso falar com alguém.

-Ah cara. - Phil se ajeita ao meu lado e pega alguma coisa para tocar longe também. - Brigaram no telefone? - Pergunta ele. - É que eu vi você meio cabisbaixo assim que falou com ela.

-Náo brigamos, mas ela disse que me tem como irmão. - Bufei de raiva.

-Ihh. - Phil fisga em repreensão.

-Ta legal, eu sei que isso é ruim, não precisa fazer isso. - Falei bravamente e bufei.

-Ruim seria se ela não falasse com você! - Diz ele em tom de pai. - Você quer a garota? - Porque eu me arrepiei quando ele perguntou isso?!

-Quero. - Respondi baixinho.

-Quer pra você ou quer pra fazer novamente o que fez antes? - Nós não estávamos falando de um objeto, mas sempre quando o assunto é 'como eu tratei a Michelle' eu sinto como se estivesse falando de um.

-Phil, eu quero ela pra mim. Eu quero ver o rosto dela todos os dias e dizer pra mim mesmo que sou eu o homem dela. - Não sei de onde as palavras saem.

-Então vai ter que conquista-la, mas não é com charmes e presentes que irá conseguir, é com o tempo. - Certas coisas que Phil fala que eu sinto como se ele fosse a voz da razão e da experiência, isso é legal.

-Quanto tempo? - Pergunto.

-Estipulo eu pelo que você fez a ela que será muito tempo, mas isso só ela saberá.

-E o que eu faço até ela ver que eu quero ela?

-Seja você mesmo, tente não aprontar, seja um cavalheiro pra ela, seja amigo dela. Ela quer o Peter e não o Bruno!

-Não sei quanto tempo eu aguento ficar perto dela e não tentar beijar a sua boca. - Lamento torcendo os lábios e fitando o chão.

-Bom, você já sabe o que fazer, então... - ele ameaça se levantar.

-Não! - Coloco a mão no seu braço. - E o que eu sinto por ela? - Pergunto curioso.

-Como assim? - Pergunta Phil.

-Eu quero saber o que eu sinto por ela, mas como?

-Vou te dizer os sintomas do amor e da paixão, ok? - Eu assenti com a cabeça. - Ok...Você está apaixonado quando a pessoa é a única coisa que você pensa, a única coisa que você vê. Normalmente a paixão você sente um desejo tão grande, uma atração pela pessoa antes de qualquer outra coisa. - Ele encara o céu e continua falando. - E amor é quando a pessoa é tudo pra você, quando você pensa em perde-la e sofre pela dor antecedente, quando uma só palavra dela já te conforta, quando só os braços dela te fazem sentir-se em casa, quando você se pega pensando nela e de repente sorri como bobo, quando você rabisca o nome dela em algum lugar por várias vezes sem nem se dar de conta do que está fazendo. Amor é quando a gente sente um aperto no peito e sente vontade de chorar, é quando a gente tem a vida da pessoa acima da nossa. Esclareceu alguma coisa? - Pergunta ele após a explicação.

-Na verdade, não sei! - Respondo confuso. Essa explicação dele me deixou desarmado, e eu perdi completamente nos meus pensamentos. (Podem tirar a música)

Michelle Pov's 

-Eu conheço esse restaurante de algum lugar... - Comento olhando desde fora como ele é chique.

-Pra mim ele também não é estranho. - Comenta tia Savanah.

-Claro que não é estranho, bem vindos ao Cicada, o tão famoso restaurante do filme: uma linda mulher! - Diz Anne toda empolgada.

-Ta brincando? - Pergunto!

-Não, e tem mais, vamos sentar na mesma mesa que eles gravaram a anos atrás. - Anne sorri brilhantemente e olha para Leo. - Leo planejou tudo, e ele que conseguiu uma reserva aqui para nós.

-Isso é muito chique! - Comenta Blair.

-Por favor, minha barriga ronca de fome, vamos entrar e comer uma linda mulher, opa, um belo prato de comida. - Theo brinca e leva um tapa da Blair de brincadeira.

Fiquei encantada, totalmente. Leo deu nossos nomes na entrada, mesa para sete pessoas. Perguntei quem era a sétima e Anne disse que Zoe já chegaria. Ao nosso lado no corredor tinha direção a um lugar bem parecido com um pub do próprio restaurante, mas a nossa mesa é uma bem grande, redonda, e no salão principal. Isso é tão lindo, e eu nem acredito que eu estou num lugar tão importante assim.

-Senhora! - Um garçom tira a cadeira para mim, e quando eu percebi Theo e Leo tiraram para as meninas também e o mesmo garçom que tirou para mim, tirou para minha tia.
Eu não escondia meu sorriso, fiquei tão empolgada com o restaurante, mas agora estava me sentindo una moradora de rua por causa da minha roupa perto da roupa de todos que estavam ali.

-Para abertura gostariam de vinho, champanhe, ou um licor? - Pergunta um garçom com pose de pinguim perto de mim, com seu terno branco e gardanapo estendido em seu braço curvado na frente de sua barriga.

-Vamos brindar com Champanhe! - Digo antes de todos.

-Ok! Com licença. - Ele se retira e eu olho para todos felizes, quando vejo Zoe entrando no restaurante com o olhar perdido a procura de nós. Uma mulher guia ela dizendo onde é e assim que ela olha para nós dá um sorriso enorme.

-Boa noite pessoal. - Diz ela apresadamente. - Minha princesa. - Ela curvasse para me dar um abraço e passa as mãos nas minhas costas. - Feliz aniversário, eu te amo tanto e sou tão grata por ter você na minha vida.

-Para antes que eu chore. - Reclamo no seu ombro e ela ri.

Zoe se ajeitou a mesa e logo o garçom-pinguim chegou com a nossa champanhe já estourada. Percebi que havia uma música ambiente, tudo bem climatizado e um lugar tão lindo.

-Vamos brindar! - Diz Leonel.

-Ok, vamos. - Anne levanta a sua taça.

-Só um minutinho que eu tenho que falar algumas coisas. - Anne desergue a sua taça e eu ergo a minha, mas não muito alta. Estufo o peito e me concentro em palavras. - Eu não tenho palavras pra dizer o que isso significa pra mim, vocês são as pessoas mais importantes pra mim, minha família, e isso ninguém pode tirar de mim um dia. Obrigada por me darem sorrisos, por me aturarem e me defenderem de quem eu precisei, por estarem comigo a todas as horas. Eu sou muito grata a vocês e quanto a isso não existe jantar que pague o que eu sinto! Eu amo cada um de vocês. - Disse sentindo meus olhos marejarem e os de Zoe já transbordando.

-Hey, esse jantar nesse restaurante paga qualquer coisa meu bem. - Leo disse imitando uma voz de mulher, uma coisa a dizer: ele ficaria muito legal de gay. Ok, eu não pensei nisso.

Começamos a rir e levantamos nossas taças.

-Um brinde a uma das mulheres mais guerreiras que eu conheço. - Minha tia diz e olha nos meus olhos. -A Michelle. - Diz ela.

-A Michelle. - Todos falam num uníssono.

O garçom-pinguim veio a nossa mesa perguntar o que íriamos querer. Foi uma confusão na hora do pedido, por que todos os 'educados' falaram ao mesmo tempo e o pobre do moço mal conseguiu anotar. Eu fiquei ali quieta olhando para todos falando o que queriam e rindo, comecei a rir também. Essa é minha casa, essa é minha família, esse é o meu lar.

No final cada um conseguiu manter a calma e disse o que queriam, pedi camarão no molho madeira para mim. Acompanhei a comida com água, e Zoe pediu licença para ir ao banheiro duas vezes.

Quando ela voltou depois da segunda vez, começamos a conversar e surgiu o tal do ensaio para o casamento. Zoe havia falado com a decoradora que lhe indicou uma organizadora de casamentos. Ela aceitou isso e agora vamos ter que nos submeter a ensaios de casamento com direito a aula de danças para não fazer mal lá no dia. Ta, não é palhaçada pensando bem, mas na hora eu ri pensando na desastrada como eu dançando valsa com o Phil, pisando nos pés dele com um salto agulha.

-Opa, tenho que lhe entregar algo. - Leo disse e pega uma sacola que estava no chão. - Fiquei pensando no que lhe dar, e acabei me apaixonando por esse porta jóias.

Ele e entrega uma embalagem roxa, a abro e tiro meu novo porta jóias. O abro encantada. Ele é branco de madeira forte, com uma pequena dançarina no meio. Ia dar corda, mas lembrei que eu estava num restaurante.

-Obrigada, de verdade, eu amei. - Digo passando a mão sobre a caixa.

-De nada. - Ele sorri pra mim.

-Bom, eu estou dando esse jantar, é meu presente! - Anne faz uma careta tão engraçada e eu atiro um bejo pra ela.
-Meu presente darei semana que vem. - Zoe torceu os lábios.

-Gente, que isso, até parece que eu estou pedindo e implorando presentes pra vocês, meus presentes são vocês! - Digo satisfeita.

-Mas então, eu estou curioso para saber, o que tinha naquela caixa que ganhou? - Pergunta Theo.

-Mas que gente curiosa. - Reclamo rindo.

-Que caixa? - pergunta Anne.

-Ela recebeu uma caixa hoje, um presente. - Theo dá de ombros.

-Agora vai ter que falar. - Anne começa a rir.

-Ganhei uma foto, um cd, uma carta linda e passagens de ida e volta. - Respondi calmamente, mas sorrindo por lembrar de quem mandou o presente e o lindo presente.

-Passagens? Pra onde? - pergunta minha tia.

-Vou voltar ao Havaí em Agosto, logo depois do casamento da Zoe. - Dou um sorriso aberto, de felicidade e minha tia leva as mãos ao rosto.

-Que lindo, serio, que lindo! - Anne fala.

-De quem mana? - Pergunta Theo.

-Do Bruno! - Respondo.

-Que feio, que horrível. - Anne concerta o que tinha falado e caímos na gargalhada.

-Para Anne, ele foi muito gentil em fazer isso, estou contente por você! - Minha tia sorri pra mim.

-Eu só não gosto mais dele. - Anne revira os olhos.

-Com licença, vou no banheiro. - Zoe se levanta rapidamente.

-Eu vou saber o que está acontecendo! - levantei-me e passei o guardanapo pela boca.

Caminhei em direção de onde é o banheiro, por pouco não tropeço no pé de um homem que estava saindo do banheiro masculino. Entro no banheiro feminino, mas primeiro penso em não fazer alarde, vai que tenha mais pessoas aqui dentro. Cuidei para não fazer barulho e me escorei na pia. Uma senhora com terninho creme e chapeuzinho de mesma cor, sai do banheiro, lava suas mãos e me cumprimenta com um sorriso, fiz o mesmo. Agarrei minha bolsa e me ajeitei esperando a Zoe.

• Hey gente, desculpem estar postando a essa hora, mas a péssima notícia é que eu estou sem notebook, dessa vez ele foi dessa para um melhor :'( Bom, eu vou continuar escrevendo pelo celular e a Julha que vai postar pra mim até eu conseguir um novo - creio eu que não demorará tanto assim. <3 Enfim, desculpem mais uma vez e me perdoem se houver algum erro, como disse fiz pelo celular :\