Capítulo 83

Vi um barulho de descarga e logo ela saí do banheiro.

-Tenho uma segurança agora? - Pergunta ela pondo sabão líquido em suas mãos.

-Duas seguranças. - Anne aparece de surpresa e eu tive aquele mini ataque cárdia.

-Ok. - Zoe lava suas mãos.

-Está passando mal? - Pergunta Anne.

-É, achei estranho vir várias vezes aqui no banheiro. - Comentei.

-Não é nada. - Ela diz não convincente.

-Ok, acho que eu não fui clara demais - Anne da dois passos pra frente e se apoia na pia. -, é o seguinte, você demorou pra chegar aqui, ontem te mandei duas mensagens e você não respondeu nenhuma, e hoje está estranha assim. Alguma coisa está acontecendo.

-Não é... - Zoe começou a falar e eu interrompi.

-O que veio fazer no banheiro? - Perguntei.

-Eu não posso falar dessas coisas aqui, vamos conversar em outro lugar.

-Ok, agora sim eu estou com medo. - Anne diz e eu olho pra ela com razão.

Seguimos em silêncio até nossa mesa, um senhor - eu digo senhor porque ele deve ter seus quarenta anos -, passou cuidando Anne e ela ri descaradamente, só passo vergonha com elas. Comecei a rir também.

-Ele acha que eu abri um asilo? - Pergunta ela se virando para nós.

-Se ele não achou isso, ele achou que você pode ser a enfermeira dele. - Zoe comenta fazendo nós rirmos.

Sentamos à mesa e entramos no assunto do momento ali: negócios. Agora minha tia disse que não quer ficar sem fazer nada e pretende arranjar algum tricô com crochê para fazer. Apoiei ela, já que ela fica sozinha sempre em casa, acho que isso não seria má ideia.

-E que tal termos um cachorrinho, ou um gato? - Pergunta Anne de olhos brilhantes.

-Ah. - Minha tia parece pensar em algo.

-Eu ajudaria a cuidar. - Theo opina.

-Gostei da ideia. - Comentei.

-Bom, vamos ver, mas eu prefiro um gato. - Tia da a opinião dela.

-Perfeito. - Anne pareceu bem empolgada.

-Eu dou o nome. - Falamos juntas.

Nos olhamos e caímos na gargalhada.

-Estamos rindo, mas saiba que sou eu que darei o nome. - Anne falou entre suas risadas e eu paro imediatamente de rir.

-Seu respectivo orifício anal, querida. - Digo, Theo e Leo deram uma gargalhada estridente.

-Agora para mandar longe tem que ser chique assim? - Pergunta minha tia rindo por baixo de sua mão que tapava sua boca.

-A única mesa a estar fazendo bagunça. - Anne bate na própria testa.

-Que foi querida, está com vergonha da gente? - Digo debochadamente.

-Cala a boca. - Ela coloca a mão sabre a testa. - Vamos parar, eu dou o nome e está decidido assim.

-Mas bem capaz! - Digo emburrada.

-Então vamos ter dois ai cada uma da um nome para cada um. - minha tia arranja uma solução.

-Vamos tirar na sorte. - Decidida, Anne pega sua bolsa e abre para procurar uma moeda.

-Não, aqui não! Vamos ir embora, daí no carro vocês fazem isso. - Theo se enche de vergonha nossa e nós rimos.

Leo chamou o garçom e Anne entregou o cartão a ele. Ele volta a mesa com a máquina do cartão, ela passa e ele destaca a notinha que saiu. Isso me lembrou que eu quero trocar de serviço de uma vez porque não quero mais ganhar tão pouco assim.

Saímos do restaurante, dei o braço para Zoe que sorriu pra mim.

-Hey, quer dormir lá em casa hoje? - Pergunto baixinho pra ela.

-Eu gostaria, se não for incomodo. - Ela torce os lábios, mas logo abre um sorriso.

-Nunca é incomodo, aprenda irmã! - Passo o braço sobre seus ombros, ou tento, porque ela é um pouco mais alta que eu.

Rimos juntas sobre isso e decidimos como iríamos. Leo iria levar tia, Theo e Anne para casa, e largaria Blair na casa dela. Eu iria de táxi com a Zoe até a casa dela, pegaríamos suas coisas e voltaríamos para minha casa depois.

Pegamos um táxi e fomos rindo até o apartamento dela. Passamos em frente do apartamento que é da Anne, por causa do emprego que cedeu à ela. Enfim, pegamos roupa para ela trabalhar, roupa para dormir e outras coisas que ela disse que precisaria.

-Vamos passar na farmácia? - Pergunta ela. - Tenho que comprar um remédio para minhas dores de cabeça. - Diz ela não convincente.

-Tudo bem, vamos. - Digo dando de ombros.

Ajudei ela carregando a sua mochila e ela carregou sua bolsa enorme, acho que leva o apartamento ali dentro. Passamos na farmácia e ela entrou, enquanto a minha paranoia com o peso continua. Passei na balança e me pesei enquanto ela comprava suas coisas.

Cantarolei Beatles enquanto parávamos um táxi.

-Sinceramente, eu acho que alguém está precisando atualizar o repertório de músicas. - Ela comenta assim que entramos no táxi.

-Boa noite, pra onde vamos? - Pergunta o taxista. Disse meu endereço a ele.

-Eu acho que o que é eterno nunca fica velho, e Beatles é algo que nunca sairá de moda. - Faço beiço pra ela que ri gostosamente e suspira. - Suspiro de saudades, foi longe esse hein.

-Aí, quero ele aqui comigo. - Ela torce os lábios e faz uma carinha digna de compaixão.

-É ruim ficar longe de quem a gente ama. - Olhei para a janela e encarei o escuro dos céus.

Sinto a mão dela em meu ombro como um conforto. Que droga, eu queria pensar nos meus pais, que eu amo eles e estou longe deles, mas quando pisquei os olhos a primeira pessoa que pensei foi no Bruno. Droga de coisas mal acabadas! Não quero mais pensar nele, não dessa forma. Fechei os olhos e o táxi seguiu seu caminho.

Paguei a corrida, mas Zoe me ajudou com a metade. Entramos em casa e minha tia estava com uma térmica de chá sobre a mesa.

-Querem um pouco antes de dormirem meninas ? - Pergunta ela.

-Não, obrigada tia. - Digo e olho para Zoe. - Você quer?

-Não, obrigada. - Ela sorri.

-Onde está a Anne? - Pergunto indo para as escadas.

-Foi dar boa noite ao Leo e disse que já voltará.

-Pode dizer pra ela passar no meu quarto antes de ir dormir, please?

-Pode deixar.

Arrumei o quarto enquanto Zoe ia ajeitando suas coisas num cantinho da minha escrivaninha. Guardei a caixa do presente do Bruno em cima do meu roupeiro e estendi a cama. Zoe foi para o banho e eu separei minha roupa para trabalhar amanhã e meu pijama para dormir agora.

Assim que ela voltou eu entrei. A água quentinha não dava nem vontade de sair dali. Vestiu meu pijama e corri para o quarto no qual Anne já estava ali também.

-Clube das meninas enquanto eu estou no banho, que feio. - Implico com elas.

-Sabe que nem tínhamos dado-nos conta de que você não estava. - Anne dá de ombros.

-Olha aqui ó. - Pulei sobre ela deixando seu corpo atirado na cama e engatando minhas pernas nele,. - Está de complô contra mim hoje, né? Quer apanhar? - Brinco fazendo cócegas em sua barriga e ela ri feito doida.

-Para, sério, tenho que ir dormir, mas antes eu preciso saber o que houve. - Ela se ajeita sentada na cama novamente.

-Eu estou apavorada. - Comenta Zoe já com os olhos brilhantes, dá pra ver que viriam lágrimas por ali.

-Porque? O que houve? - Pergunto sentando ao lado dela, oposto do de Anne, com ela ficando ao nosso meio.

-Eu estou enjoada, comecei com isso ontem, e minha menstruação não desceu. Eu não quero... - Ela começa a chorar antes mesmo que completasse sua frase.

Ela afaga seu rosto em suas mãos, abaixando-o. Olhei para Anne que me olhou com dúvidas do que fazer. É um choque, um bebê agora. Abraçamos ela fortemente e ouvimos seus soluços de choro contido por algum tempo.

-Meu amor, você tem certeza disso? - Pergunto colocando seus longos cabelos loiros para trás.

-Não. - Ela soluça mais uma vez. - Comprei dois testes de farmácia.

-Posso perguntar uma coisa? - Anne pergunta baixinho.

-Pode.

-Porque você não quer? Quer dizer, e se você estiver mesmo, o que vai acontecer? - Pergunta ela com os olhos levemente arregalados.

-Porque eu sou jovem pra isso. Sei que vou casar, e que isso também é sério, mas casamento é algo que pode ser desmanchado, dar um tempo, já filho não. Filho é um compromisso para a vida toda, e eu sou jovem, me nego de colocar muita coisa fora para ficar em casa trocando fraldas, pelo menos não agora! - Diz ela rapidamente passando seus dedos sobre os olhos para limpar as lágrimas.

-Zo, do jeito que falou parece que quis dizer que filho é um peso na vida. Tem razão que você está nova demais para isso e que não quer que isso aconteça pois tem muito o que aproveitar, mas acha justo trancar a vida de um ser humano fazendo um aborto? Pelo menos foi isso que eu entendi que você faria se estivesse. - Digo.

-Eu não sei, estou apavorada. - Ela balança as pernas. - Eu não consigo me ver mãe de alguém, ensinando e educando. Gosto de crianças, mas eu estou nova e isso seria um peso muito grande pra mim nessa parte da minha vida, e garanto que estragaria muita coisa do Phred também. Seus planos, nossos planos, a carreira dele, minha faculdade... - Conforme ela foi falando, seu tom de voz foi diminuindo.

-Filho não é peso, tá certo que também não é brincadeira, tem que ter um planejamento, uma estabilidade...Mas pensa que você não vai estar sozinha nessa se estiver mesmo. Ele terá ótimas madrinhas, padrinhos também, ele será amado sempre. Vai ter uma mãe perfeita, e um pai também, porque tenho certeza que Phred o receberá de braços abertos. - Anne tenta confortar ela.

-Se eu estiver, penso seriamente em tirar.

-Não, sua doida. Você corre riscos de vida fazendo isso, imagina ficar com uma sequela grande ou até vir a óbito? Não, eu nunca me perdoaria se você fizesse isso, não mesmo. - Comenta Anne apavorada.

-Zoe, você diz isso agora que o pavor está tomando conta de você, mas espera ver a primeira ecografia, os batimentos cardíacos, os bracinhos, as mãozinhas, seu rostinho, o sexo dele ou dela. E quando ele nascer, ver ele completo em seus braços, ver sua primeira mamadeira, quando ele tentar pronunciar algo, quando ele der os primeiros passinhos... - Até eu estava me emocionando com que eu estava falando, mas não sei dizer da onde as palavras e a emoção estavam vindo. - Você vai olhar pra ele e pensar "que burra que eu fui de um dia pensar em te tirar". Não é o fim do mundo.

-Não é mesmo! - Anne comenta quase se entregando ao choro.

-Vocês não existem. - Zoe dá um sorrisinho.

-Vamos fazer os testes? - Digo levantando. - Onde eles estão?

-Na minha mochila. - Responde ela quase inaudivelmente.

Pego os testes na sua mochila e os coloco sobre sua mão gélida. Ela nos olha e atiramos um beijo para ela. Lá se vai sobre a porta até o banheiro para fazer o teste. Anne disse que iria colocar o celular para carregar e já voltava. Sentei na cama e atirei meu corpo para trás. Fitei o teto.

Não posso crucificar ela por ter esses pensamentos, pois logo que pensamos que estamos grávidas não pensamos nos lados bons, e sim nos ruins, nas barras que teremos que enfrentar. Ser mãe não é pra qualquer um, e não é em qualquer momento. Assim como Anne disse, temos que ter um preparamento, mas se caso isso acontece acidentalmente o pobre feto/criança não tem culpa de nada.

Respirei fundo e agradeci que não sou eu no lugar dela, pois se caso eu tivesse ficado grávida do Bruno - o que graças a Deus não aconteceu -, eu não levaria numa boa, pois tudo isso iria acontecer, dele terminar comigo, de termos essa briguinha, essa "separação" e depois ficarmos somente amigos. Isso me mataria, ter que ver ele quando fosse visitar o seu filho, sempre que olhar para o pequeno lembrar das merdas que ele fez... Ainda bem que isso não me aconteceu.

-Ela ainda não veio? - Pergunta Anne.

-Ta vendo ela aqui? - Fui ignorante de brincadeira e ela pula por cima de mim.

-E agora? - Ela começa a fazer-me cócegas.

-Paraaaaaa. - Grito alto e ela ri pedindo pra eu não gritar, mas é impossível. - Lésbica, tarada. - Falo pra ela.

-Vem cá, sou lésbica mesmo, sempre te tarei. - Ela passa a mão pelos meus ombros.

-Não gosto dessa fruta. - Comento e ela gargalha.

-Meninas, querem acordar a vizinhança toda? - Pergunta minha tia chegando na porta. - Mas será possível, parece duas adolescentes.

-Desculpa. - Falamos juntas.

-Tudo bem, boa noite, eu amo vocês. - Diz ela fechando a porta.

-Boa noite, também te amamos. - Responde Anne por mim e por ela.

Ficamos na mesma lenga-lenga que estávamos antes da tia disser para nós controlarmos nossos risos, só que agora estávamos mais calmas em questão de gritos. Nem percebi a presença da Zoe até ouvir alguns soluços de choro.

-Oh meu Deus. - Falei e nós duas nos levantamos.

-Resultado? - Pergunta Anne curiosa.

Vi o sorriso da Zoe bem fraquinho e logo suas lágrimas estacando. Sorri também.

-Foi negativo, não é? - Perguntei e ela balança a cabeça positivamente. Abraçamos ela fortemente e ficamos por um tempinho assim.

Bruno Pov's

Prometi pra mim mesmo que seria um dia diferente. Acordei de bom humor ao contrário do dia anterior a esse, uma sensação boa. Peguei meu celular como não é meu costume e vi que tinha uma mensagem, mas antes de vê-la olhei meu twitter, muitas menções e eu ainda nem sei mexer nisso aqui.

Tweetei um pouco para as fãs e levei um susto quando Ryan invadiu o quarto.

-Na sexta vamos voltar a Los Angeles, folguinha de dois dias. - Ryan avisa e saí correndo.

-Ao menos um bom dia. - Torci os lábios e ri de mim mesmo exigindo atenção de alguém.

Voltei para o meu celular para ver a mensagem. Michelle...

"Bom dia batman, nem sei se aí já clareou, mas de qualquer forma, bom dia." 

Eu já havia acordado de bom humor, agora mesmo que nada fará com que ele mude. Fiquei sorrindo para a mensagem. Batman? Tive que rir sozinho, só de lembrar o dia que fiz ela me chamar assim, as risadas, os beijos, aqueles momentos. Tudo que eu passei com ela foi eterno de alguma forma, e eu quero muito que isso volte, mas eu não sei como... Phil disse que eu preciso ter paciência, eu até tenho, mas a cada segundo que fico longe dela, sinto que estou perdendo-a, isso não é legal.

• Hey girls, o capítulo não tá muito grande, mas vocês sabem qual é  minha situação. Vou dizer novamente, perdoem-me por alguns erros que tem, mas corrigir por celular não é nada fácil - escrever também não é :p. Enfim, aproveitem o capítulo, comentem para a minha felicidade e sexta feira eu tento postar mais um. Beijos <3