Capítulo 53

Talvez as pessoas falem mal, talvez algumas quando saibam disso até virem a cara pra mim, me chamem de louca, burra, idiota, e tudo mais, mas eu não consigo ficar longe dele. Não quero ser mais uma idiota – apesar de já estar sendo -, por isso voltei com ele com uma coisa na minha cabeça: Se não der certo, se terminarmos novamente, nunca mais ficarei com ele.

Depois de tudo pronto para mais um dia de trabalho amanhã, resolvi ir dormir, já que Anne deveria estar no quinto sono. Quando eu encostei a cabeça no travesseiro evitei ao máximo pensar em coisas da vida, em pensar. Fiquei focado teto, e logo peguei no sono.

Parece que é realidade, mas eu sei que é sonho. Estou perto de um lago, sentada em um banco de madeira maciça. Ao meu lado está uma moça de cabelos e pele negra. Estamos encarando o balanço que o vento gelado faz no mar. Não estamos em nenhum lugar que eu conheça, e vejo que não tem muitas pessoas em volta de nós. Apenas eu, ela, e mais adiante, atrás de nós perto de uma casinha feita de madeira também, tem umas pessoas conversando. É tipo uma excursão de escola, ou algo assim. Finalmente a moça abre a boca para falar algo.

-Sabe que nós não podemos falar nada para ninguém. – Sua voz era suave. – Não é?

-Sei sim. – O que eu sei? Eu estou respondendo, mas não estou falando nada. Quer dizer, do que elas estão falando?

Nós duas voltamos a encarar o rio. Meu ponto fixo é mais distante do dela, quando de repente meus olhos se voltam para o céu, e eu os fecho fortemente. A moça que está do meu lado repousa sua mão sobre a minha, fiquei com medo de inicio e percebi que me arrepiei.

-Melhor voltarmos para a cabana. – Disse eu com minha voz embargada. Porque eu estou assim?

-Preparada para encara-los?

-Não. – Respondi.

Apenas acompanho elas olhando para tudo, e parece que meu pensamento se difundiu com o seu corpo, e agora eu sei o que aconteceu. Meu olhar abaixou quando vi um menino com camisa preta meio suja. Meus olhos lacrimejaram, e eu não estou entendendo o porque, mas na minha mente – na mente da Michelle do sonho -, veio umas imagens embaçadas, gritos de dor, e pedidos por socorro. Entramos na cabana e vou disparado para um quarto que presumo que seja o que estou dormindo. Entrei no banheiro e sentei na privada, abaixei minhas calças jeans e olhei para minhas coxas, estavam com marcas vermelhas, e quando levantei a manga da minha blusa, vi algumas marcas vermelhas também. Me movi, ainda sentada, e sinto uma pontada no meu ventre, uma dor insuportável se fez no meu colo.

Agora tudo estava mais claro, na minha mente apareceram lembranças de como isso foi feito. Não muito bem, mas visivelmente eu via dois meninos, um me segurando, e outro, o que estava com a camisa preta, olhando para mim com voracidade. Nos seus olhos não era raiva, e sim desejo misturado com vontade. Depois dessas imagens, ouvi os gritos, e ele falando coisas pra mim. Entendi tudo. Levantei da privada e me pus de frente para a pia, olhei meu reflexo no espelho e me achei a pior pessoa do mundo. Dos meus olhos caiam lágrimas, e um nós se fez na minha garganta. Vomitei de nojo do que tinha acontecido.

-MICHELLE. – Ouço o grito da Anne e abro os olhos apavorada. Estou atravessada na cama, e minha cabeça está para fora, minha boca está aberta como se eu estivesse vomitando. – Se você me ama, se recompõe agora. – Seus olhos estavam esbugalhados.

Medo, talvez. Sentei na cama, cruzei as pernas e respirei fundo. Nos encaramos por alguns segundos e eu abri minha boca para falar.

-Eu fui estuprada. – Disse e ela arregala os olhos.

-Como é que é? – Sua face de preocupação ficou visível pra mim, tinha um misto de medo com espanto no seu olhar.

-No sonho. – Disse e ela suspira. – No sonho eu fui estuprada. – Fechei meus olhos.

-Você me deu um susto, mulher.

-Que horas são?

-Seis e doze. – Responde ela.

Fiquei encarando a parede, tentando não pensar no sonho em parte, mas outra parte queria se lembrar com detalhe. Queria ver isso com mais detalhes, pareceu uma coisa tão real, e ao mesmo tempo tão estranha. Posso dizer que fiquei com medo. Minha respiração um pouco ofegante denuncia isso, na verdade. Anne foi para o quarto dela logo depois que me trouxe um copo de água. Eu tinha tomado banho ontem a noite para não sair de cabelo molhado hoje pela manhã, mas tenho que tomar novamente, meu corpo insiste em suar. Sequei meu cabelo quando sai do banho, e estendi a toalha. Voltei para o meu quarto, peguei uma saia tubinho cor de grafite, uma blusa branca e meu cabelo num coque. Estava me sentindo uma velha com aquela roupa, então peguei um vestido florido não muito chamativo, e uma sapatilha preta. Não me maquiei, somente deixei meu cabelo no coque, e pus meu anel assim que o vi sobre a cômoda. O toque de mensagem do meu celular me assustou. Dei um pulinho para trás, que se eu estivesse de salto, calculo um lindo tombo.

“Eu sei que minha tendência é errar, e é isso que esperam de mim. Quero que saiba que apesar de tudo isso que aconteceu nesse pouco tempo, nunca mais se repita. Bom dia princesa.”

Um sorriso espontâneo brotou na minha boca, e meus olhos sorriram junto com meu rosto inteiro. Eu sei que eu espero que ele erre, e que eu quebre a cara novamente, mas percebo que agora ele está tentando fazer as coisas andarem de uma forma diferente, dessa vez pra melhor.

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Enquanto eu lia alguns papeis, Anne ficava ajudando os homens da mudança a levarem as caixas. Só de roupas tinha um monte.

-Assim é bom, ficar só lendo. – Leo me assustou, não esperava ele ali.

-Claro, sou a chefe aí tenho que organizar. – Dei um beijo no seu rosto como cumprimento. – Como estão as coisas?

-Me desentendi com um dos atores. – Seus olhos azuis estavam mais claros hoje, acho que é pelo tempo que está bem claro lá fora.

-O que esperar de uma segunda feira? – Disse ironicamente.

-Odeio segundas feiras. – Os olhos reviram novamente e pairam sobre a Anne.

-Gosta dela? – Dobrei os papeis que estavam na minha mão.

-É uma coisa diferente, parece que com ela eu me sinto tão seguro. – O sorriso já estava desde que ele começou a falar dela. – É estranho falar disso com você, sabia?

-Não é não, nós somos e sempre vamos ser amigos. – Espero que eu tenha esclarecido as coisas, se é que restava alguma duvida pra ele ainda.

-Sim, claro. – balançou sua cabeça. – Compreendo, mas é que eu pensei que gostava de você naquela época, ai me parece estranho.

-Que nada. – Passei o braço pelo seu ombro e dei um murrinho na sua cabeça e ele ri. Anne percebeu que estávamos próximos e veio na nossa direção.

-Oi. – Ela dá um sorriso pra ele, e olha pra mim. – Se divertindo? – Sua pergunta é aberta.

-Anne... – Antes que eu pudesse falar mais alguma coisa, meu celular toca.

-Alô. – Atendo a ligação do Bruno.

-Posso te levar para a casa nova? – Tinha barulho na sua volta.

-Mas você não está ensaiando? – Perguntei e olhei para Anne e Leo que estavam conversando bem de perto, me afastei um pouco deles.

-Estava. – O barulho cessou um pouco. – Eu estou vendo que o caminhão daqui a pouco irá ir!

-Está aqui na frente? – Arregalei os olhos.

-Mich, nós vamos ir com o caminhão agora, vamos indo. – Anne me chama e entrelaça a mão com a do Leo, achei tão fofo isso, e o sorriso dele saiu tão tímido.

-Vou descer com vocês, mas não vou com vocês. – Disse caminhando.

-Vai comigo. – Bruno grita.

-O telefone não está no auto-falante, Bruno. – Reclamei do volume no meu ouvido que chegou a me ensurdecer rapidamente.

-Ah, desculpa. – Sua voz saiu suave agora. Comecei a rir enquanto fechava a porta com uma mão e segurava o celular com outra. Ficamos um breve momento em silêncio.

-Eu já te encontro ai. – Digo. – Beijos.

Má educação foi eu nem esperar ele falar algo e já desligar o telefone, mas queria fechar a porta e descer rapidamente. Não via a hora de chegar em casa, na nossa casa nova, onde mês que vem já recebemos meu irmão, minha tia, e a família estará reunida novamente. Fui pensando nas coisas e nem percebi onde estava pisando, quando vi meu pé foi em falso e meu corpo se foi em quatro degraus de escada. Dei um berro quando cheguei na parte de baixo, fazendo a Anne voltar e olhar para trás. Ela caiu na gargalhada, e Leo veio ver o que aconteceu também, o resultado foi os três rindo. Meu celular voou longe de mim. Levantei, juntei ele e fui gargalhando com os dois até a saída do prédio. O apartamento ainda ficará com a Anne, até que ela saia da rádio.

-Se machucou? – Perguntou Anne não conseguindo parar de rir.

-Não, está tudo bem. – Ajeitei meu cabelo com as mãos.

-Como que você conseguiu cair? – Leonel perguntou entre os risos altos que dava e Anne ja chorava de rir.

-Parem de rir, estão me deixando com vergonha. – Fiquei passando a minha mão no corpo para me limpar da sujeira do chão.

-Tá até vermelha. – Comenta Leo.

-Se eu tivesse rolado as escadas, também estaria vermelha. – Anne não conseguia parar de rir.

-Posso rir também? – Bruno aparece na frente do prédio, pensei que ele ia me esperar no carro, mas ele estava ali, com nós. Paramos de rir e eu fui reparar na sua roupa, uma bermuda jeans, converse preto e camisa azul escura sem detalhe nenhum.

-É, oi Bruno. – Anne diz meio sem jeito. Fiquei sem jeito também por causa do Leonel, não sei qual vai ser a reação dos dois agora.

-Anne, Leo. – Bruno assente com a cabeça, mas não falou nada demais. Ainda bem.

-Oi Bruno. – Leo não foi seco, nem rude, nem nada do que eu esperava que saísse dele. Ele foi normal, ele foi o Leonel que é com todos. Que alívio.

-Oi princesa. – Bruno se posiciona ao meu lado, e me dá um selinho breve. Leo e Anne viraram o rosto por educação.

O homem que estava dirigindo o caminhão chamou nós para irmos com o caminhão até a casa. Anne e Leo foram, ficamos eu e o Bruno.

-A ideia de ter um apartamento sozinho nos esperando ali em cima me da uma coisa sem explicação. – Bruno me abraçou e falou no meu ouvido.

-Para de ser safado. – Mordi a ponta da sua orelha. – Vamos indo, quero chegar antes deles.

-Quero estrear o quarto com você.

Entrelaçamos as nossas mãos e fomos caminhando até o carro. Abri a porta e sentei no banco, Bruno se posicionou e começou a dirigir. Pedi pra ele para ligar o rádio, ele deixou. Tocava alguns rap’s, e eu como não sei de nada desse tipo de música, fiquei só escutando o Bruno cantar. E por incrível que pareça, só a sua voz já fazia toda a melodia da música, ele pode cantar só ele, somente a voz no palco, que ainda sim irá lotar um estádio. Ele me dá tanto orgulho.

-Do que estavam rindo? – Bruno cortou o silêncio meu, e sua doce voz que cantava.

-Caí das escadas. – Dei um riso bobo e ele intercalou seu olhar com o trânsito e meu rosto.

-Se machucou?

-Não, está tudo bem. – Respondi e olhei para a janela.

-Mês que vem nós vamos fazer uma viagem sem compromisso, é pra aproveitar antes de começar a turnê. – Informa ele. – Quero que vá junto comigo. Vê se consegue uma semana de folga do serviço.

-Uma semana? Acho difícil. – Torci os lábios, logo penso que hoje o Alejandro já estava de mau humor, imagina se eu peço uma semana.

-Mas o que custa? Depois você compensa, avisa pro seu chefe.

-Não é tão fácil assim, Bruno. – Revirei os olhos. – Eu não trabalho por conta própria, tenho um chefe muito chato por sinal.

-Se quiser eu falo com ele. – Bruno deu de ombros, como se fosse fácil assim.

-E o que iria dizer: “oi, eu sou o Bruno Mars, cantor famoso e namorado da sua funcionária. Preciso que o senhor libere ela por uma semana, tchau”. – Fiz uma voz como se estivesse imitando ele e ele gargalha com vontade, até me fazendo rir.

-Será que colaria?

-Bruno. – O repreendi. – É sério, eu vou falar com ele, mas não sei se vai dar.

-Tenta. – Ele faz uma carinha fofa pra mim, e o sinal fecha. Olhei para ele e a curiosidade despertou.

-Pra onde nós vamos? – Perguntei.

-Para Praga, na República Tcheca. – Comecei a tossir, meu coração quase subiu pela minha garganta e caiu pela boca. Engoli a seco isso.

-Definitivamente não. – Disse e ele me olhou, o sinal abri.

-Porque não? – O carro de trás buzinou e ele olhou para frente para dirigir.

-Porque eu pensei que fosse algo aqui perto, como Santa Monica, coisas que caibam no meu orçamento.

-Ah, se vamos viajar, vamos pra longe.

-Bruno, eu e a Anne acabamos de comprar uma casa nova, não tenho dinheiro para essas viagens, as passagens são caríssimas.

-Quem disse que vamos pagar passagens? – Ele arqueia uma só sobrancelha.

-Não aceito que pague pra mim. – Me pronunciei antes que ele falasse algo.

-Nós vamos com o avião da banda. Não é um avião enorme, mas é o que usamos para nos transportar, porque imagina fazer uma turnê levando tudo isso em um ônibus ou pagando passagem pra todos.

-Um avião só de vocês? – Perguntei espantada. – Que sonho! – Fiquei boquiaberta com isso.

-Então, o que me diz? – Sua pergunta veio, mas nem tive tempo de respondê-la. – Nós vamos de avião, não precisa se preocupar com passagem, e quanto a hospedagem, eu pagarei o quarto pra ficar de qualquer forma, e você dormirá comigo....

-Se for assim então, eu aceito. – Dei um sorriso e ele me olhou. – Presta atenção no trânsito. – Chamei sua atenção e ele desvia rapidamente de um carro que estava a nossa frente.

-Só falar com seu chefe chato.

-Vou ser bem amiguinha dele pra ver se ele me cede isso. – Dei um sorriso travesso.

-Só não vale abusar do seu corpo, ele é meu.

Comecei a rir demais, e ele começou a cantar novamente. Agora deixei o meu silêncio prevalecer para que pudesse escutar seus cantos e sua voz perfeitas. A sonoridade dele me encanta cada vez mais. Esse é o meu amigo, esse é o meu namorado e esse é o cara que eu amo.

Chegamos na frente da casa e Bruno parou assim que descemos para olhar a frente da casa e passa os olhos pela casa do Leonel.

-Posso te carregar no colo? – Ele pergunta.

-Não. – Respondi caminhando em frente.

Bruno correu atrás de mim e entramos na casa correndo um do outro. Já tinha alguns moveis lá, pelo menos no hall e na sala. Olhei para ele que deu de ombros. Fomos nos espalhando, até que achei o cômodo que escolhi para ser meu quarto.

-Aqui é o meu quarto. – Falei colocando a mão na maçaneta.

-Agora entramos assim.

Bruno encaixou os braços nas costas dos meus joelhos e eu transpassei meu braço pelo seu pescoço. Nós erguemos e ele passou pela porta de lado e entramos no quarto. Ele com o pé direito. Viajei num pensamento bobo enquanto ele fez isso. Pensei no nosso casamento – nem sei se vamos ter um -, mas imaginei nós dois assim, depois de casados. Aí, que sonho. 

-Pra dar sorte. – Ele me largou no chão e me deu um selinho.

-Pra dar sorte. – Dei um selinho nele.

-Já ouviu falar de casa nova, vida nova? – Ele pergunta indo pra frente da janela. Já tinha algumas coisas no quarto, como uma escrivaninha e um armário.

-Já sim, mas você faz parte da minha vida antiga, e quero que faça da nova também. – Me apoiei no seu ombro, ficando atrás dele.

-E sempre. – Ele vira-se de frente e nos beijamos.

Não foi nem um beijo safado, nem um beijo romântico, mas se eu disser que foi só mais um beijo vou mentir, foi um beijo bom, um beijo ótimo. Abracei-me nele e ouvi Anne chegando com o caminhão. Ela passou na frente do quarto e nos olhou. Fez um coraçãozinho com as mãos e eu coloquei o dedo do meio pra ela. Leo deu um sorriso pra mim. Depois de um minuto, pedi licença para ir ao banheiro.

-Mich, seu celular tá tocando. – Ouço a voz do Bruno assim que estou entrando no banheiro.

-Olha ai pra mim, é mensagem. – Afirmei. Pelo toque eu percebi.

Fiz minha higiene que queria e observei o banheiro. Ele é bem bonito e aconchegante. Os azulejos na cor branca com uma carreira azul escuro no meio. Achei bem decorado. Lavei minhas mãos e fechei a porta assim que sai. Bruno estava em pé, perto da minha nova janela do meu novo quarto. Ele olhava para algum ponto fixo.

-Quem era? – Perguntei chegando perto do seu braço.

-Não sei, responda você. – Sua voz saiu seca, tanto que ele nem olhou nos meus olhos.

-Como assim? – Perguntei sem entender nada. Bruno estica a mão e me entrega o celular. Desbloqueei e vi a mensagem.

“Oi, tudo bem? Ia te mandar uma mensagem ontem, mas acabei ficando com medo de parecer grudento. Eu sou o cara que você conheceu na boate, no sábado, o Jake. Estava pensando se nós poderíamos marcar algo?! Beijos”

Minha cabeça só pensava em uma coisa: “agora ferrou”. Apesar de que eu nem fiquei com o menino, não que eu não estivesse com vontade e que no fundo fosse só pra fazer ciúmes para o Bruno, mas a cara dele agora não está nada boa. Torci os lábios, bloqueie o celular e coloquei no bolso do meu short. Abracei ele sem ser correspondida.

-Parece que eu estou abraçada num poste. – Falei entre risos e ele não esboçou nada. – Qual é, Bruno? – Agora eu já estava me irritando.

-Tem um cara mandando mensagem pra minha namorada, e você me pergunta qual é?

-Bruno, para com isso, esse cara é aquele da festa. – Tentei manter o máximo de calma possível. – Eu não fiquei com ele, e nem vou ficar.

-Ah, não sei. – Ele dá de ombros, andando para um pouco mais longe de mim.

-Quer significar que eu sou o que? Uma vagabunda? – Usei bem o linguajar popular.

-Não disse isso. – Ele pigarreia. – Só não gostei dessa história.

-Então você não confia em mim.

-Confio.

-Não confia. – Rebati. – Se confiasse mesmo não teria dado um ataque de ciúmes por causa de uma mensagem.

-Eu não dei um ataque de ciúmes.

-E isso foi o que? Raiva? Ódio? Porque por mim naquela noite eu poderia ter muito bem ficado com ele e deixado você a deriva.

-Vai e corre atrás dele, então. – Bruno virou de costas pra mim.

-É assim que quer? – Perguntei seriamente, e ele não falou nada.

O silêncio diz tudo. Por incrível que pareça eu não queria chorar, eu estava com raiva. Mas não raiva do pobre Jake, porque ele não tem culpa por não saber como é esse minha vida complicada, com um namoro mais complicado ainda, ou melhor, ele nem sabe que eu estou namorando. Eu tô com raiva de tudo agora, Bruno conseguiu estragar meu dia com apenas alguns segundos de discussão. Odeio isso, odeio brigas. Não quero explodir porque Anne está vendo o quarto dela junto com o Leo, e eu estou aqui com ele, vendo o meu quarto.

-Mich. – Ouvi ele me chamar mas continuei sem fazer nada, apenas respirando no meu lugar, sem nem me mexer.

-Michelle, eu vou ali na casa do Leo pegar uma coisa e já volto. – Olhei para a porta e Anne estava ali.

-Tudo bem. – Dei um sorriso meio sem vontade e ela saiu dali. Quando ia voltar o meu olhar para o chão ou para a janela, Bruno me encontrou.

-Desculpa. – Ouvi a palavra da boca dele e bufei.

-Fácil assim – Resmunguei. –, diz que eu sou uma qualquer e também que é pra eu correr atrás de alguém que você sabe que não faz diferença pra mim, e agora me pede desculpas.

-Melhor do que não pedir e agir como se nada tivesse acontecido. – Ele dá de ombros.

-Não me faça arrepender-me de ficar com você, nunca. – Minha voz saiu com um misto de embargo com raiva.

-Eu não quero fazer isso, me desculpa. – Bruno se aproxima de mim e me envolve com os seus braços. Dei um soco fraco no seu peito e me aconcheguei nele. Aquele calor e aquela proteção que só ele me passa era tudo o que eu precisava. – Vai ficar tudo bem agora. – Ele beija minha cabeça e meu coração dispara a mil.

 

• Dedicado a você querida leitora que disse que eu sou analfabeta. Não sou escritora profissional meu amor, muito menos formada em Letras ou algo do tipo. Ah, eu poderia agradecer seus "toques", mas não irei agradecer até porque se você é tão inteligente assim sabe que analfabeta é outro grau de pessoa. Venha logada, ou me ache nas redes sociais para conversarmos melhor querida. Beijos. E por favor, não se refira a minha pessoa dessa forma na qual se referiu, tenho um nome e ele consta na minha identidade. 
• Desculpem aquelas que não mereciam ler o que está logo acima, mas eu precisava falar. Não estou dizendo que não aceito críticas, muito pelo contrario, eu as aceito desde que sejam construtivas e não venham com ofensas. 
• Não sei quando postarei o próximo, talvez sexta ou domingo. Mas mesmo assim comentem :) Beijos