Capítulo 52

-O que vamos comer? – Pergunta Bruno fuçando na geladeira.

-Não sei. – Digo enquanto faço meu cabelo preso num coque.

Seus olhos se arregalam quando olha pra mim, fiquei sem entender nada. Olhei para ele e fiz um sinal como se soasse um “e daí”. Ele deu uma risada abafada e balançou a cabeça.

-Tem algo errado em mim? – Pergunto olhando para minha roupa, não tendo uma visão completa, já que o campo dos olhos no meu corpo não permitem que eu veja tudo.

-Não. – Ele ri mais um vez. – Na verdade tem, mas nada que não possa ser resolvido.

Legal, agora estou com medo.

-O que é? – Perguntei me sacudindo.

-Vem cá. – Ele fecha a porta da geladeira e estica a mão.

Entrelacei meus dedos com o dele e fomos em direção do banheiro (?). Bruno passou na minha frente e paramos em frente ao espelho, fiquei olhando para o Bruno que olhava pra mim, sua cara estava meio assustada.

-Olha pro espelho. – Na hora em que ele falou eu olhei. Não contei ainda, mas meu peito se disparou, acho que tinha umas cinco chupadas no meu pescoço. Uma bem mais forte na região mais próxima do meu rosto. Arregalei os olhos passando a mão por cima, e na que estava mais forte, tinha uma relevância da pele. 

-Bruno... – Fiquei sem falar nada.

-Olha as consequências de transarmos num carro escuro e depois de uma reconciliação. – Ele ri e eu dei um leve tapa no seu braço.

-Como que eu irei trabalhar amanhã?

-Assim. – Ele olha para o espelho.

-Aham. – Disse. – Daí se meu chefe perguntar eu digo que cai de bicicleta? – Ironizei ao máximo.

-Dramática.

-Idiota.

-Eu compro aquelas maquiagens pra você.

-Não precisa, eu tenho.

-Tá, desculpa, não está mais aqui quem falou. – Ele faz uma espécie de rendição com as mãos. Entendi que ele tenha dito isso pelo jeito em que falei que não precisava que ele comprasse pois eu tinha.

Fiquei encarando o espelho com as duas mãos sobre o pescoço, e Bruno encostou uma parte do seu corpo no meu e ficamos nos olhando através do espelho.

-Ninguém precisa saber que nós terminamos por uns dias e voltamos, ok? – Pus essa ideia. Era melhor que ninguém mais soubesse além das pessoas que estão no nosso convívio e já sabem.

-Acho melhor assim também. – Bruno estica suas mãos gordinhas sobre meus ombros e faz uma espécie de massagem. A tensão que estava sobre meus ombros faz com que eu solte um gemido. – Não geme assim que eu lembro da noite passada.

Comecei a gargalhar.

-Você não tem vergonha na cara mesmo. – Virei de frente para ele, e seus braços envolveram minha cintura, assim como os meus envolveram seu pescoço.

-Não. – Ele me dá um beijo estalado, seguido de muitos selinhos. – Mudando de assunto. – Ele diz entre um selinho e outro, até que para com os mesmos. – Será que a sua tia vai gostar de ver nós dois juntos? E o Theo?

-Ah. – Dei de ombros imaginando o sermão e a missa que minha tia rezaria, dizendo que ele não é homem pra mim pois é famoso, mas também que nós nos gostamos desde pequenos. Já estou vendo tudo. – Quanto a tia tudo bem, eu estando feliz é o que importa. – Dei um sorriso.

-Você não falou sobre seu irmão. – Sua sobrancelha arqueia levemente. Aí meu Deus.

-Ele vai querer conversar com você. – Disse esticando os lábios, como se eu estivesse dando um sorriso sem mostrar os dentes.

-Tá brincando? – Ele pergunta e eu continuo encarando ele seriamente. – Ainda bem que ele tem só 20 anos.

-Mas tem o dobro da sua altura. – Assim que eu falei os olhos do Bruno viraram bolitas. Comecei a rir e tentei imaginar Theo ao seu lado. – É, ele deve ter uns 20 centímetros á mais que você. – Disse.

-Ah, e você me diz isso agora? – Ele começa a rir de nervoso. – Acho que eu vou ter que conversar com ele junto do Ryan. – Começamos a sair do banheiro, um ao lado do outro.

-Ele não vai bater em você, Bru. – Bruno já estava viajando num outro mundo.

-Eu sei que não, mas segurança nunca é demais. – Bruno disse e olhou para o nada. Comecei a rir da situação.

-Que namorado mais cagão esse. - Reclamei baixinho.

-Nunca me chame de cagão. – Ele semicerrou os olhos para mim. Eu faço o mesmo para ele.

-Então porque está com medo dele? Você não era o batman? – Ironicamente perguntei e ele ri, me empurrando para cima da cama.

-Você é uma boba. – Ele tira uma mecha do cabelo que estava sobre o meu rosto e sobre mim ele me encara ternamente. Acho que ele estava pensando em algo bem legal, pois os cantos dos seus lábios estavam levemente inclinados, como se ele fosse sorrir por algo. Não quis estragar o momento com algum pensamento idiota. Estiquei meus lábios pra ele, e seu indicador pairou sobre eles, nossos olhos se cruzaram, não entendi mais nada.

-Bru...

-Estava tentando procurar algum defeito em você. – Pode parecer a bobagem mais idiota que existe, mas meus olhos se inundaram assim que ele disse. Não sei o que deu em mim, o que eu senti no meu coração, mas fechando os olhos fiz um pensamento breve:

“Deus, eterniza esse momento. Faz com que isso fique em dias sem fim. Tomara que isso esteja iluminado e que dessa vez nossa relação se desenrole. Eu preciso dele, assim como precisamos da atmosfera que engloba nossa camada da terra. Eu sei que é clichê, mas esses olhos, ele por completo, é algo que eu não sei explicar, eu não consigo explicar, essa é a realidade.”

Acordei dos meus pensamentos com um assopro no meu rosto.

-Filho da mãe, me babou. – Disse passando a mão sobre meu rosto sentindo as mínimas gotículas de baba que saíram da sua boca assim que ele assoprou meu rosto.

-Desculpa. – Ele passa a mão no meu rosto carinhosamente.

Sabe, por momentos assim eu esqueço de tudo que aconteceu. E hoje, quando eu acordei e me toquei que eu estava ao seu lado e que nós tínhamos voltado, parece que uma luz reacendeu na minha vida, eu não sei explicar, mas ao mesmo tempo – diferente das outras vezes -, eu estou mais pensativa. Não sei explicar ao certo, dizer o que isso significa, mas é diferente das outras vezes, e dessa vez eu jurei pra mim, que se acabar não tem mais volta.

-Você ta tão pensativa. – Ele contraiu a mandíbula. – Parece que está pensando em algo tão distante.

Balancei a cabeça e dei um sorriso. É, não deixa de ser distante sim, porque não é no agora.

-É que tudo isso – dei uma gaguejada, logo engoli a saliva. – é estranho, essas idas e vindas.

-Eu te prometo que vai ser diferente. – Sua mão passa no meu pescoço, bem sobre as marcas que estão nele.

-Não prometa o que não irá cumprir. – Disse secamente, tentando mostrar algum afeto. – Porque caso aconteça algo, eu não irei me decepcionar tanto, e nem perder a confiança em você. – Apesar de que um pouco da minha confiança por ele já caiu.

-Mich – sua voz saí da sua boca, e aquelas covinhas tentadoras aparecem na sua bochecha. Esse sorriso me faz delirar em pensamentos grotescos com seus lábios e tudo mais. -, eu sei que eu não sou o melhor, mas eu quero, do fundo do meu coração, que você me ajude.

Suas palavras saem da boca, e eu as encontro sinceramente. Parecia que realmente ele queria mudar. Olhei para dentro dos seus olhos castanhos, aquele mel puro que saí daquele olhar, eu não sei como consigo enxergar tanta beleza nele. Nada nele é imperfeito, parece.

-Nós vamos conseguir. – Elevo a palma da minha mão e ele também. Entrelaçamos nossos dedos e uma corrente de arrepio se formou em todo o meu corpo, deixando o rastro de como eu o amo em minha corrente sanguínea. De alguma forma eu sou ligada á ele.

++++ 

-Então quer dizer que ele ajudou vocês a pagar a casa? – Bruno parecia tão concentrado quando falava disso.

-Sim – comecei a explicar. – Ele tinha dinheiro e apoiou nós para conseguirmos.

-Eu poderia ter ajudado vocês. – Seu punho bate levemente na mesa, acho que ele não percebeu que eu vi. Fiquei olhando nos seus olhos, que quando eu falava do Leo, soltavam fogo.

-Não vamos brigar por isso, não é? – Perguntei e nenhuma resposta saiu da sua boca. Fiquei olhando para ele e nada, ele não falou nada, isso me assusta. – Bruno! – Chamei sua atenção.

-Porque ele faz tanta questão de ajudar?

-Porque ele é meu amigo e namorado da Anne! – Respondo friamente.

-Namorado? Resolveram ficar?!

Dei um sorriso.

-É, acho que sim.

-Tudo bem, eu vou relevar isso. Prometo. – Ele cruza seus dedinhos que parecem ser pequenos, mas não são em comparação a sua mão com a minha.

Assim que nós terminamos de tomar café, Bruno falou com alguém no telefone, eu não sei quem era, chuto que seja o Ryan. Fomos para o quarto, onde ele deitou na cama reclamando de um pouco de dor nas costas. Fiz uma massagem nele, que ele já quis prolongar, mas eu evitei. Sentamos na cama e para aproveitar as duas horinhas que tínhamos para conversar, ligamos a televisão. Nem vi em que canal parou, quando senti seus lábios nos meus. Paramos com um selinho breve. De frente para o meu rosto ele disse: 

-Tive vontade de fazer isso. – Começamos a rir juntos e quando eu fui dar outro selinho nele, escuto um grito.

-O que foi isso? – Meus olhos se arregalaram.

-Foi na televisão, eu acho. – Ele senta-se de novo no seu lugar e quando eu olhei para a tela, tinha um programa de médicos, onde estava dando um parto.

-Acho que quando eu tiver um filho, não sei se conseguirei olhar o parto. – Acrescenta ele.

-Porque? – Pergunto.

-Por que é estranho... – Ele pareceu pensar em algo forçando os seus olhos. – estranho demais.

-Ok. – Digo sem ter o que falar na verdade.

-E também acho que não é tempo de ter filhos.

-Também acho. – Disse em concordância com ele.

-Mas pretende ter um? – Sua pergunta me encurrala. Nunca pensei em ter um filho, na verdade, bem na verdade, eu nunca me imaginei numa casa, com um marido, com dois filhos, um cachorro e uma piscina. Nunca. Eu sempre falava que poderia ser legal, mas nunca me pus na seguinte situação.

-Acho que seria legal, mas não agora. – Comentei em resposta a sua pergunta. – E você?

-Eu amo crianças. – Responde. – Já até sonhei uma vez que eu tinha um menininho que era minha cara, mas não consigo me imaginar pai agora. Sabe, alto da carreira, muita vida pela frente.

Eu entendo ele. Se eu tivesse essa fama também acharia que um filho poderia estragar um pouco. Não, estragar soou muito estranho. Digamos que ele atrapalharia um pouco, claro, que não deixando de ser uma benção.

-Somos jovens ainda. – Falei e olhei para ele somente com os olhos, ele fazia uma careta estranha olhando o bebê sair do ventre da mãe. A cena realmente é constrangedora e me faz ter calafrios. – Você já passou por isso, não fique impressionado.

Bruno gargalha tão alto.

-Não me imagino assim, com cara de rato.

-Acho que você era o rato mais olhudo que existia. – Comecei a rir.

-Para. – Me repreendeu. – Não tenho olhos muito grandes.

-Ah, tem sim. – Tentei segurar um pouco do meu riso.

O silêncio pairou sobre nós novamente. Em seus braços eu fiquei envolva e volta e meia falávamos algumas coisas que não tem sentido. Seus olhos estavam brilhantes, eu não sei o que significa isso, e aparentemente ele estava bem. Depois de mudarmos de canal pela milésima vez, decidimos - na verdade quem decidiu foi eu -, que iria embora. Apesar do Bruno fazer um auê para eu não ir; achei interessante eu ir e descansar. Foram fortes emoções para um só final de semana, e além do mais, preciso saber o que rolou com a Zoe e o Phred, chego a ficar próxima de roer as unhas so de pensar.

-Acho que alguém ta com sono. - Comentei assim que ele bocejou duas vezes seguido, quase me fazendo bocejar também.

-Um pouco cansado. - Comenta.

-E isso que nem começou a turnê ainda meu lindo. - Por muito pouco eu não digo meu amor, mas guardei minhas vontades. O carro continuou andando, e chegamos no apartamento. Passou um casal com uma filha, dava pra ver que eles estavam discutindo e a criança tapando os ouvidos para não dar bola. Quando olhei para o Bruno, ele olhava para a minha mão, pensativo.

-Tirou o anel. – Comenta ele. Ouço um tom de decepção na sua voz.

-Não queria lembrar de você. – Falei a verdade, no dia da festa eu me lembro que por mais que o coração quisesse ver ele, eu não queria.

-Ficou brava comigo demais, não é?

-Com certeza. – Respondo convicta. Já fechei meu rosto, me lembrei do que “passamos”, e meu humor já se foi por completo.

-Eu não quero ser uma pessoa ruim. – Sua mão segura a minha e causa um arrepio momentâneo em meu corpo. – E me desculpa se eu fiz isso com você.

-Bruno, eu quero que você saiba de uma coisa. – Disse e ele me encara.

-O que? – Um pingo de medo detectei em sua voz.

-Essa é a última vez que eu dou uma chance para nós – Minha voz ficou um pouco rouca, mas melhorou um pouco assim que pigarreei. -, a última mesmo. – Nossos olhos se cruzaram e sua mão apertou a minha.

-Eu sei. – Ele engole a saliva que estava na sua boca. – Eu sei disso, por isso vou fazer de tudo para que não haja mais erros.

-Eu espero Bruno. – De repente um pouco da minha paixão vai embora, e fica mais é a minha insegurança, e volta um pouco da raiva que eu tive por ele. Pra falar bem a verdade, acho que isso nunca foi embora. Mas não quero pensar sobre isso agora, me recuso.

• Ameaçaram me bater, me matar, só porque eu não postei ontem dsuaondisa vocês hein! Mas tá aqui o capítulo, não tá tão legal assim, sei lá porque, acho que faltou criatividade. 
• Comentem, me mandem perguntas na ask (@adryyanahhhh), me xinguem no twitter, e whatever ndsouadnosa beijos no core de vocês princesas.