domingo, 22 de dezembro de 2013

Capítulo 69

Bruno Pov’s

Nem sei como dormi. Acho que o cansaço me venceu e eu peguei profundamente no sono. Acordei a poucas horas antes de me arrumar, pegar o avião e embarcar para a próxima cidade da turnê. Pelo menos em cima dos palcos eu vou me esquecer de tudo que está acontecendo. 


Ontem eu falei com o Phil, mas foi por educação! Eu não conseguia falar, dirigi mal, somente pensando que dessa vez ela estava tão segura quando falou que não tinha mais volta e que nós precisávamos seguir nossas vidas, que eu vi que eu perdi a menina que eu sempre tive.

A minha casa as meninas estão se revisando para cuidar, e quando Meredith vem pra cá, nos dias de semana, ela cuida. Essa casa enorme antes era confortável, depois que eu comecei a me relacionar com a Mich, ela ficou extremamente perfeita, e agora parece vazia e silenciosa. Sinto que está faltando algo... Eu sei que eu fui burro, mas se ao menos eu pudesse falar algo pra ela, por mais que eu tenha esse jeito, eu não gosto de ver pessoas com o coração partido, e a última vez que eu a vi chorar tanto, ela estava na mesma situação... indo para o Brasil.

Tenho que me contentar com esse fato, fato de que irei ver ela novamente, não sei quando! O fato de que ela é importante pra mim, porque desde sempre ela foi minha amiga, desde sempre ela cuidou de mim, e eu deixei ela alimentar esse sentimento. Peguei uma toalha branca, enchi a banheira e mergulhei nela, mergulhei meus pensamentos também. Enquanto passava o sabonete pelo corpo eu vi o quão sujo eu fui, eu traí ela com várias garotas, eu errei feio, eu a enganei.

Enquanto me arrumava e olhava minhas coisas, vi o anel que ela me deu, e na hora lembrei que ela não estava usando aquele anel que dei a ela, na vez em que fiquei doente e ela veio cuidar de mim. Até nisso eu estou devendo a ela, quando passei mal ela estava aqui pra me ajudar. Balancei a cabeça e coloquei o anel no meu indicador da mão direita. Meu celular toca, peguei ele para atender na humilde e vasta esperança que fosse ela, mas era Ryan.

-Cara estou passando aí pra buscar você! – Diz ele apressadamente.

-Tudo bem, bom dia pra você também. – Falo segurando a risada.

-Estou quase na casa do Phil, vou pegar ele e passar aí, os meninos já estão tudo no avião, só faltou vocês.

-Culpa tua que não marcou horário somente disse “depois do meio dia”. – Meu estômago roncou quando falei em comida.

-Ta, depois nos falamos, tchau.

Desligou na minha cara, que beleza de menino!

Michelle Pov’s

Sabe quando temos um peso nas costas e que repentinamente isso saí, dando aquela sensação de alívio? É assim que eu me senti assim que acordei.

Tomei um banho gelado, pois a resistência desse chuveiro do apartamento estragou. Arrumei as pouquinhas coisas que trouxe pra cá e chamei um táxi. Pedi que me largasse no meu emprego. Assim que entrei a recepcionista me olhou com cara de “está atrasada”, nem dei bola, também se quiserem me demitir, eu não darei a mínima. Esse lugar é o inferno na terra.

Encontrei Alejandro, expliquei a ele que teria que pedir um mês das minhas férias mesmo, logo esperei que ele me dissesse mil e umas coisas e me demitisse, mas não, ele simplesmente imprimiu alguma folha, que depois que ele me deu para ler eu vi que era a liberação das minhas férias, e já disse que depositaria o dinheiro na minha conta a partir de amanhã, quer dizer, posso ir para o Brasil hoje mesmo se tudo der certo.

Peguei outro táxi, pois com as muambas de roupas e coisas assim, ficaria difícil pegar um metrô ou um ônibus. O taxista foi bem devagar, o que me possibilitou ver bastante as ruas de Los Angeles, não quero tratar isso como uma despedida, porque eu vou voltar, mas está com cara. Meu celular começa a tocar e eu me desperto com um pequeno pulo de susto. Peguei-o em minhas mãos e atendi a ligação.

-Achei justo te ligar, porque as mulheres sempre reclamam se o homem não liga no dia seguinte. – Comecei a rir pelo que Jake disse. – Muito bom dia.

-Bom dia, Jai. – Digo enquanto observava os lugares pelos quais passava.

-A que horas será seu voo? Dormiu bem? – Pergunta ele.

-Calma... Dormi muito bem, aliás, conversei com o Bruno ontem à noite.

-Ahhh... – Ele pareceu pensativo, comecei a rir.

-Não, ao contrário do que você pensou nós não voltamos, e nem pretendemos. – Disse e ele suspira. – E eu não tenho horário no voo ainda, porque não comprei a passagem, mas vou pedir pela internet pra hoje mesmo.

-Como eu queria conhecer o Brasil...

-Não vai ser dessa vez. – Ri. – Desculpa, Jai, mas eu quero pensar um pouco.

-Eu sei, me desculpe!

-Ok... – Pensei em alguma remota possibilidade de eu vê-lo antes de ir, seria legal! – Jai, hey, ta afim de me levar no aeroporto? – Perguntei animada.

-Claro que sim. – A resposta veio de imediato.

-Ok, bom, eu vou desligar então, preciso arrumar minhas coisas, beijos.

-Beijos!

Desliguei o telefone e bateu a depressão quando olhei o icone da galeria. Olhei para a janela e vi que ainda tinha um tempinho para chegar em casa. As fotos eu ainda não havia apagado, e no fundo nem queria, pois as fotos foram tiradas em bons momentos, elas são recordações de momentos maravilhosos. Algumas, muito poucas, só eu e o Bruno, outras muitas pessoas, pessoas que eu amei conhecer. 


Eu não pretendo me afastar, mesmo que meu coração doa bastante até se acostumar sem ele. A pior dor é essa, de um coração partido, mas eu sei que ela vai passar, e vai dar lugar a alegrias, eu não preciso disso na minha vida.

Não quero largar de mão os meninos, nem o Bruno, anos de amizade não podem ser postos fora por causa de uma bobagem de relacionamento fracassado. Sei que ele vai entender e respeitar minha decisão, mas eu preciso de todos eles como meus amigos, afinal eles fizeram e fazem parte da minha vida.

Meu peito fica se remoendo quando eu penso nele, vai ser difícil esquece-lo, eu entendo, mas é preciso. Não quero viver mais na vida em que eu sou sempre a chorona, em que eu sempre choro porque sempre acontece algo comigo. Começou isso na adolescência com a perda dos meus pais, depois com a saída do Havaí, depois com a adaptação minha ao Brasil e a falta dos meus amigos do Havaí, depois a saudades todos os dias, depois quando eu cheguei aqui e o reencontrei, mas não como o doce Peter, e sim como o Bruno, o cruel e sem coração.

Gostaria de saber se minha vida virasse um desses livros de corações partidos, de fracassos em relacionamentos e vida conturbada, será que daria dinheiro? Será que eu seria famosa por isso? Mas se famosa significa virar como o Bruno, um quebrador de corações sem sentimentos, obrigada, eu prefiro meu anonimato tranquilo e amável.

Paguei a conta ao taxista, e assim que desci e peguei minha malinha com as roupas e minha bolsa, veio Leo correndo para me ajudar. Ele pegou a mala e deu um beijo estalado em meu rosto. Está aí, outra pessoa que eu “magoei” para ficar com o Bruno, outro partido bem legal, mas se não fosse pra mim, seria pra Anne que está bem melhor com ele do que eu estaria. Não quero desperdiçar mais chances com as pessoas, sendo amizade, sendo um rolo, sendo um namoro, sendo um casamento, eu prometi a mim mesma, a partir de agora que eu não irei ser mais bobinha a ponto de viver por alguém, vou viver a minha vida e fazer minhas escolhas, sem pensar nos outros, somente no meu bem. Sem mais choros.

-Está tudo bem? – Leo passa seu braço por meus ombros assim que caminhamos em direção a casa.

-Tudo ótimo! – Respondo com um sorriso.

-Gosto de te ver assim, sorrindo.

-E não me verá mais chorando, não por bobagens. Enquanto eu puder sorrir, eu vou sorrir. – Disse feliz.

-Adorei isso! – Diz ele com um sorriso também. – Estou feliz por vê-la feliz.

-Obrigada Leo. – Falo gentilmente.

Caminhamos até a casa e entramos na porta. Entrei Theo e Blair que estavam ali na sala se levantaram e tia Savanna veio em minha direção secando as mãos em um pano de prato.

-Tá se sentindo melhor? – Pergunta ela abrindo os braços.

-Bem melhor. – Abracei-a e fui em direção do sofá.

-Precisamos dizer que o Bruno veio atrás de você. – Diz Theo. – Eu bati nele! – Ele estufa o peito como se orgulhasse disso.

-Por isso ele estava marcado. – Disse em voz alta.

-Encontrou com ele? – Pergunta Leo.

-Ele machucou você? – Pergunta Theo.

-Não sejam idiotas, ele nunca machucaria ela. – Diz minha tia apoiando a mão nos meus ombros.

-É, mas ele quase avançou na Anne. – Diz Leo.

-O que aconteceu exatamente aqui? Vocês disseram que eu estava no apartamento?

-Bruno veio atrás de você. – Minha tia sentou-se para falar, ih, a conversa vai ser grande. Theo sentou ao lado dela e Leo ficou em pé. – Ele entrou aqui e tudo estava bem, até Anne falar algo e ele quase avançar sobre ela, Theo se irritou e partiu pra cima dele, e quando falamos que você iria para o Brasil ele pareceu desolado, como se caísse um balde de água fria sobre ele. – Ela dá um sorriso meio de canto. Olhei-a com uma devastação no olhar, ele sentiu-se mal quando ouviu que eu iria para o Brasil... Não, não pense em besteiras.

-Bom pra ele, eu não quero mais nada com ele, nada além de amizade.

-Mas o que rolou quando vocês se viram? – Pergunta Leo, agora aconchegando-se no sofá.

-Ele falou que não queria viver sem mim, e que ficou louco no dia em que me viu na boate cm outro, mas não falou que me amava. – Dei de ombros. – Por fim, eu decidi que não queria mais nada com ele, falei isso e decidimos ficar na amizade.

-Então não irá ir para o Brasil? – Theo dá um sorriso.

-Claro que irei, apesar de eu ter parcialmente resolvido essa história, eu quero pensar... – O sorriso de Theo se desfaz, mas logo ele levanta-se e segura a minha mão.

-Sabe que estamos aqui para o que você precisar! – Diz ele e Leo e minha tia, concordam.

-Por isso hoje eu vou leva - lá para dar uma volta no estúdio onde trabalho.

-Eu adoraria, mas tenho que comprar a passagem, quanto antes eu ir, antes eu volto. – Dei um sorriso amarelo.

-Eu compro a passagem enquanto você visita lá. – Theo se pronuncia.

-E as malas... – Falei pensando nas coisas que tenho que levar.

-Eu arrumo as malas, nessa época o Brasil deve estar meia estação, então sei o que por. – Savanna diz.

-Então se é assim. – Olhei pra todos e dei um abraço no Leonel. – Obrigada. – Digo inalando o perfume dele, o mesmo que ele usou na noite que nos beijamos.

Fui para o quarto e a primeira lembrança que tive foi quando brigamos, quando eu falei para ele que fiquei com o Jake. Ótimo, nem aqui eu consigo pensar em outra coisa, por mais que eu tente. Peguei uma calça jeans, um tênis e uma blusa de manga comprida. No banho, enquanto lavava meus cabelos, pensava no quanto tempo perdi e nas coisas que perdi, enquanto era completamente cega por ele.

-Esse tempo já passou, você é uma nova mulher! – Falei a mim mesma em voz alta.

Na minha cabeça, tinha uma música, do Aerosmith, que há muito tempo não escutava, mas ainda lembro direitinho da minha tia ouvindo ela loucamente no seu cd, sentada no sofá, enquanto a televisão estava ligada com o volume baixo e ela fazia crochê para vender. Comecei a canta-la. (Deem play)

What could have been love

(O que poderia ter sido amor)

Should have been the only thing that was ever meant to be

(Deveria ter sido a única coisa destinada a acontecer)

Didn't know, couldn't see what was right in front of me

(Eu não sabia, não pude ver o que estava na minha frente)

And now that I'm alone

(E agora que estou sozinho)

All I have is emptiness that comes from being free

(Tudo o que tenho é o vazio que vem com a liberdade)

What could have been love will never be

(O que poderia ter sido amor nunca será)

Eu sou livre agora, tenho liberdade, mas também tenho o peso do “onde foi que eu errei” ou senão aquele pensamento de “tudo poderia ser diferente se eu...”. Não tenho experiência anteriores com relacionamentos fixos, agora posso dizer que tive uma, e que pensarei muito bem antes de ter outra, porque por mais que você não tenha errado, e você não tenha terminado, o sentimento de culpa sempre permanece, sempre você pensa no que fez, no que não fez, e no que poderia ter feito, isso é fato.

Me sinto impotente com toda essa história, sabendo que metade de mim quer continuar a viver sendo amiga dele, e a outra metade quer ouvir All by myself, comendo sorvete de chocolate direto do pote, enrolada em uma coberta, chorando e vendo sua foto. Eu sei que é constrangedor e até exagerado, mas essa confusão de sentimento me faz pensar em mil coisas e ao mesmo tempo não pensar em nada. Agora eu sei como é estar apaixonada e ter um coração partido.

Mas uma coisa é certa: Não era amor, nunca foi!

Vesti minha roupa e encontrei com o Leonel, entreguei meu cartão com a senha para Theo e disse para ele pegar uma passagem para o fim do dia, com ida e volta. Ele avisou que me ligaria para dizer mais alguma coisa. Entramos no carro e seguimos em direção.

-Você pode levar estranhos lá dentro? – Perguntei curiosa barra ansiosa.

-Acho que não posso, mas eu sou rebelde. – Ele coloca a língua sapeca para o lado, eu ri da cena e do que ele falou.

-Nossa, que moço mais rebelde que você é, agora escute Back in Black e pegue a estrada querido. – Disse na ironia.

-Mas que humor bom dona Michelle.

-Certas coisas precisamos relevar. – Dei um sorriso.

-Certas coisas nunca mudam, como seu sorriso. – Ele elogia-me e meu rosto cora.

-Você está sendo um ótimo namorado pra Anne, nunca a decepcione, por favor, você não tem ideia de quanto o amor e o coração partido doem.

-Eu tenho ideia sim. – Ele me olha rapidamente. – mas eu não farei isso com ela, porque eu a amo demais, e não vejo minha vida novamente sem ela, antes era tudo tão monótono e chato.

Eu percebo que já ouvi isso antes, de uma outra forma, mas ouvi. Espero que ele esteja realmente apaixonado por ela, porque Anne é forte demais, durona, encara tudo o que vier pra frente, mas no fim ela não passa de uma menina frágil, que ama intensamente. Ouve um tempo, na faculdade, que eu me desentendi com ela. Ela acabou andando com pessoas erradas, e tendo experiências das quais ela não se orgulha, e acabou brigando comigo feio e me mentindo. O comportamento dela foi completamente horrível, porém acabamos conseguindo mostrar pra ela o que era o certo novamente.

Qual é o meu problema que tudo sempre me leva ao passado, de certa forma?

Leo e eu conversamos mais um pouco e logo chegamos no estúdio. Passamos por um bando de catracas e ele pediu o crachá de visitante pra mim. Me apresentou para duas mulheres mais velhas que passaram por nós e entramos em um grande prédio. Conheci sua sala e logo ele disse que iríamos passar pelo set de gravações. Meu celular toca.

-Oi. – Falo para Theo.

-Passagem comprada.

-Ok, pra que horas? – Pergunto ansiosa e um certo frio na barriga.

-Nove e meia. – Ele diz e dá um tempinho em silêncio. – A volta é para semana que vem, numa terça, ás três horas da tarde embarca no Brasil.

-Ok, muito obrigada mano.

-De nada.

Desliguei e avisei para o Leo. Entramos no set de gravações, onde fomos levados por um jipe, ele me falava tudo de lá, dizia qual série estava sendo gravada, qual filme, o que exatamente, até clipes de música poderiam ser gravados ali. Fiquei encantada com tudo aquilo, muito lindo e bem organizados. Tinha algumas pessoas trabalhando, gravando, e um elenco passando, infelizmente eu não conheço quase ninguém porque estou completamente desligada desse mundo de atores e atrizes.

E a volta ao passado retornou. Lembrei que quando morava no Havaí, fiz uma peça de teatro na escola, a bela e a fera. Fiquei com vergonha e não era o papel principal, era uma xícara. Minha mãe se orgulhou de mim, e meu pai ficou contente, mas no momento que eu subi no palco daquele auditório para me apresentar a um bando de pais e pessoas que foram ver, bateu o nervosismo, foi aí que vi que não tinha habilidade nenhuma para aguentar palcos, nem holofotes e essas coisas. 

+++ 

Minha tia não quis vir no aeroporto. Theo veio acompanhado da Blair, e eu vim junto com o Jake. Sentamos nos bancos esperando a hora do meu voo, enquanto comíamos Mc Donalds, que Jake comprou para nós.

Meu olho corria pelas pessoas que passavam ali, mesmo sendo segunda feira, ainda tinha movimento, ainda as pessoas andavam de um lado para o outro arrastando suas malas para viajar seja a trabalho, voltando para casa, indo para a casa, de qualquer forma, ali elas estavam aproveitando.

“Voo 737 – 800 com destino Rio de Janeiro – Brasil, primeira chamada. Embarque no portão 12” 

-Esse é o meu. – Digo enrolando o resto do meu hambúrguer no papel.

-Que droga! – Reclama Theo.

-Volta logo, viu! – Diz Blair.

-Vou sentir saudades de vocês nesses dias, mas daqui a pouco estou aqui novamente. –Dei um sorriso e me levantei.

-Espero mesmo. – Diz Jake.

Dei um abraço apertado no meu irmão, com direito a dois tapinhas que ele deu nas minhas costas, dei um abraço em Blair e pedi que eles dessem um beijo na Anne, Zoe, Savanna e Leo. Theo disse que iria indo pois não queria me ver embarcando. Jake pegou minha mala e fomos em direção ao portão.

-Bom, é hora de eu seguir em frente. – Dei de ombros.

-Pior parte. – Ele torce os lábios, dei um tapinha em seu braço e ele sorri.


Bruno Pov’s

Maldito voo que tivemos que atrasar. Deu uns problemas com o motor do avião, e eles incomodaram para revisar e revisar, ficamos esperando e enquanto isso ensaiávamos. Passamos alguns toques das músicas e alguns passos de música que revemos. Minha turnê no seu segundo mês.

Bom, eu fiquei tentando pensar em tudo para não pensar na Michelle, mas não dava, simplesmente eu pensava nela do nada.

+++

-Caramba, finalmente! – Dei graças a Deus quando soube que iríamos ir de uma vez.

-Não aguentava mais esperar. – Phil diz se espreguiçando.

-Pessoal, só preciso que vocês tomem cuidado com bebidas lá dentro, e por favor qualquer barulho estranho, peçam ao comandante ou piloto, que pouse imediatamente. – Ordena um dos caras da equipe que arrumou.

-Que horas são? – Pergunto baixinho ao Phil.

-Nove e vinte e sete.

Fomos indo em direção ao portão que liberaram para nós, como sempre, tem cameras preparando para tirar fotos de todos os angulos seus. Abaixei o boné um pouco mais e assim que passamos pelo portão, olho para trás e vejo Michelle bem longe de nós abraçada ao pocahontas.

Meu coração, eu não sei explicar, ele se contorceu ali dentro. Tive vontade de sair soqueando ele, mas ao mesmo tempo de despedir-me dela. Ela está indo pro Brasil, e sabe-se lá quando voltará, quando eu a verei novamente. 


-Vamos cara, precisamos ir. – Ryan me chama.

Olho com um aperto no coração para os dois, estamos tão distantes agora, mas eu sinto como se estivesse abraçando ela, e dizendo que tudo ficará bem. Bruno, ela escolheu assim, precisamos aceitar os fatos! Repeti para mim o que falei assim que acordei pensando nela.

  • I'm back girls, desculpe a demora, mas primeiramente eu estava envolvida com formatura, viagem, festas de fim de ano, e tudo isso, depois quando consegui um tempinho para escrever, não consegui expressar nada, a falta de criatividade havia me pego, porém agora estou melhor, e escrevi esse big capítulo para vocês <3 

sábado, 14 de dezembro de 2013

Capítulo 68

A conversa com ele não foi muito longa, se eu alongasse mais iria acabar chorando, então decidimos que iriamos na padaria aqui na frente do apartamento tomar algo. Não queria ir longe pois eu ainda gosto do Bruno e isso tudo é tão recente, que se eu acabar sendo flagrada com outro cara em outro lugar, irão me taxar de muitas coisas das quais eu não sou.

Penteei meus cabelos, coloquei um short jeans e uma camisa de manga comprida, e claro, óculos escuros que eram mais do que necessários. Fiquei sentada na sala, no chão, enquanto esperava o Jake me ligar. Pensava em muitas coisas, minha cabeça chegava a latejar e meus olhos não aguentavam mais cair lágrimas. Meu estado emocional estava comprometido, todos esses acontecimentos... Bruno não me ligou, nem tentou mandar mensagem, ninguém de casa me ligou, ninguém apareceu. Eu sei que pedi para ficar sozinha, mas nos momentos de solidão são os que mais pesam e que bem lá no fundo queremos que as pessoas nos procurem, nesses momentos mais delicados é que precisamos de um abraço bem apertado mostrando um grande afeto e uma mensagem de “estou com você pro que der e vier”.

Meu celular tocou, a música eu já tinha trocado, agora estava uma mais agitada na qual eu amei. Desci as escadas e comecei a sorrir lembrando de quando cai nelas e Bruno riu de mim, foi um dia legal... Caramba!

Jake estava parado próximo ao seu carro, mexendo no celular de cabeça baixa. Cheguei na sua frente e bem na hora trovejou.

-Aí. – Reclamei do barulho. – Oi. – Digo a ele.

-Oi. – Ele dá um beijo na minha bochecha. – Pra que esse óculos? Nem tem sol... – Ele ia levando sua mão para ele e eu a puxei.

-Prefiro ficar de óculos.

-Ok... – Jake olhou para os lados, parecia espiado.

-O que foi? – Perguntei curiosa.

-Medo do Bruno aparecer e montar um circo novamente. – Ele ri e eu tentei, mas minha vontade foi de chorar mesmo.

-Bom, vamos tomar nosso café.

Guiei ele até a padaria. Sentamos em uma mesa próxima ao banheiro dali. Eu não tinha falado até então o porque queria tanto vê-lo, mas eu preciso sentir algo, preciso conversar com alguém, preciso deixar de chorar toda hora. Passei muitas horas chorando e descobri que não quero isso pra mim. Já tinha ouvido em algum lugar “vai doer, mas não tem jeito fácil de terminar”. Não tem mesmo, agora eu sei que isso é real.

-Mas o que houve com você? – Sua boca estava um pouquinho suja no canto por causa da torta de chocolate que havíamos pedido.

-Problemas... – Digo deixando-o confuso. – Mais precisamente... Problemas amorosos.

-Ah. – seu “ah” como se não estivesse afim de falar sobre isso. – Brigou com ele novamente?

-Não, quer dizer, sim, mas dessa vez terminamos e não tem mais volta. – Olhei nos seus olhos.

-Na noite em que nos conhecemos...- Eu sei o que ele iria falar.

-Na noite em que nos conhecemos eu ainda estava cega por ele, agora não mais! Eu me convenci que não é essa vida que quero.

-Bom – ele pigarreia na hora, eu sei que no fundo ele poderia estar feliz com a notícia, eu não quero confundir os sentimentos de ninguém. O que eu estou fazendo? -, Michelle, eu sei que nós não começamos tão bem assim, eu gostei de você na primeira vez que te vi naquela noite, e ainda gosto. E me desculpa pelo que irei falar – sua mão tenta procurar a minha sobre a mesa, esquivei-me – eu fiquei parcialmente feliz por isso.

-Jake, você sabe que eu amo ele, não sabe? – Pergunto olhando em seus olhos, ele desvia o olhar do meu.

-Porque está aqui nesse apartamento? – Mudando de assunto, sua mão sai de cima da mesa.

-Queria um tempo pra mim. – Dei uma garfada da minha torta extremamente gostosa e assim que engoli, complementei. – Sinta-se honrado em ser a única pessoa a falar comigo. – Digo tentando rir, mas sai algo forçado.

-Opa. – Ele ri gostosamente. – E os óculos, são pra que?

-Meus olhos estão horríveis, chorei muito. – Ajeitei eles enquanto falava, sem tira-los do rosto.

Continuamos conversando, sem entrar mais em detalhes sobre “nós dois”. Eu achava estranho falar com ele sobre isso, pois sei que ele pode querer algo comigo ou não, mas eu ainda gosto do Bruno. Amor não se apaga de uma hora para a outra. Mas apesar de eu gostar dele ainda, eu estou mais que decidida a não dar o braço a torcer se caso ele correr atrás. Eu vou sofrer esquecendo dele – ou não -, mas é o que eu preciso mais agora.

Uma hora e meia depois que conversamos ali, sentados – nada de fluxo de carros conhecidos na frente do prédio, ou seja, ninguém me procurou -, decidimos irmos embora. O tempo piorou, a chuva só apertou, a sorte é o console que meu prédio tem.

Pagamos a conta, na verdade ele discutiu comigo para pagar tudo. Saímos dali e assim que senti o primeiro pingo na minha perna nua, me arrepiei toda, corri para atravessar a rua e ele grita pra mim divertidamente dizendo que não queria que eu morresse atropelada justo na frente dele, mas nenhum carro passava, a chuva impedia as pessoas de saírem. Sair com chuva também não tem nem graça.

Senti meu corpo molhado pela chuva forte, minha blusa ensopada e ele ria alegre dizendo que a muito tempo não tomava banho de chuva. E de repente eu também começo a rir, talvez eu precise rir assim. E ali estava eu molhada da chuva, rindo e por momentos esqueci que o Bruno existia. Corri para o console do prédio e me protegi da chuva.

-Fazia anos que eu não pegava uma chuva dessas e caia na gargalhada como hoje. – Ele passava a mão no cabelo encharcado.

-A última vez que tomei banho de chuva foi no Havaí. – Eu sorri, mas meu peito doeu por duas coisas: uma é meu tempo no Havaí que não volta mais, e outra é meus pais que me deram uma bronca naquele dia.

-Era legal lá? – Pergunta ele se escorando na parede.

-Demais. – Respondo.

-Não gosto de vê-la triste. – Dois passos largos e ele estava na minha frente, sua mão subiu meu queixo e ergueu meu rosto. – Seu sorriso é tão lindo, e sua beleza não merece um pingo de tristeza. – As palavras que ele pronuncia me fizeram sorrir.

-Obrigada. – Digo sem jeito.

-Michelle, eu sinto muito por tudo que tem acontecido... Você não merece sofrer, já percebeu que tem tudo para ser feliz? Um emprego bom, uma formação. – E ele continuava falando, quase as mesmas palavras que todos me diziam, o jeito que ele as pronuncia.

Por um ato inconsequente minha mão pegou sua nuca e eu aproximei meus lábios dos dele, eu sei que chegaria um momento assim. Algo em mim diz pra eu ir em frente, esquecer do Bruno e dar valor a quem me dá, mas outra parte me diz que estou errando por estar beijando ele e sem querer afogando minhas magoas nele. Mas seu beijo é tão doce. Nossas bocas não se encaixam como a minha e a do Bruno, minha boca é menor que a dele, mas nossas línguas mantém um compasso, assim como a minha e a do... eu estou querendo enganar quem? Eu estou beijando o Jake e pensando no Bruno... 


-Como eu queria continuar com isso. – Ele encosta sua testa na minha.

-Um dia. – Dei um sorriso amarelo, sem graça.

-Desculpa se confundi sua cabeça...

-Fui eu quem te beijou, e eu gostei.

-Michelle, se quiser, você tem todo o tempo do mundo pra pensar.

-Eu sei. – Digo friamente. – Quando eu voltar do Brasil, nós nos falamos.

-Vai ir mesmo pra lá?

-Claro, preciso pensar, ficar sozinha.

-Ok, e eu preciso ir, amanhã é dia de trabalho.

-Pois é.

Nos despedimos com um beijo no rosto, nada demais. Subi as escadas sem sorrir, mas também sem chorar. Entrei e me atirei no sofá, molhada mesmo. Tudo que eu preciso é de um banho e minha cama não tão confortável como a nova que está na casa nova, mas preciso de uma cama.

Bruno Pov’s 
(Já comece escutando e vá até o final <3 )

Eu tinha posto tudo a perder. Encarando a parede branca da minha sala, sentado na poltrona, um copo de whisky e Gege deitado no chão. Penso em tudo que passamos, tudo o que eu gostei que passamos, ás vezes que eu brigava com ela e mesmo assim nós nos reconciliávamos, nas vezes que íamos para a cama e passávamos noites maravilhosas fazendo amor, nos beijos roubados, nas carícias, no apoio que ela me dava, e no primeiro “eu te amo” que ela me disse.

Eu nunca disse isso pelo simples fato de que eu não consigo mentir sobre meus sentimentos, eu não poderia falar que a amava só pra vê-la feliz momentaneamente, pois sei que quando ela descobrisse que eu não a amava, iria ser pior.

Eu não a amo, mas preciso dela pra viver.

Não consigo entender como tudo isso fica vazio sem ela, meu celular fica chato sem suas mensagens e suas respostas, suas ligações. Esse final de semana que era pra ser alegre, eu iria passar somente com ela, ainda mais com essa chuva que tornaria tudo melhor para nós, mas agora a única coisa que eu sinto é uma vontade de chorar, meu consciente me faz pensar em minha falecida mãe... O que ela me diria? Ela não sentiria orgulho de ver que eu magoei o coração de alguém.

Nunca dei bola para corações partidos, tudo que começa tem final e uma das partes sempre pesa mais que a outra, mas hoje algo está errado, será que ta tão pesado pra ela quanto eu sinto aqui? Sinto como se minha vida perdesse um pouco do sentido.

Phil sabe o que me dizer, mas eu sei que ele irá me xingar. E agora eu com esse rosto escoriado, ele vai ver que acabei brigando com o Theo. Não posso!

Tenho que crescer e resolver minhas coisas sozinho. Porém ela foi pro Brasil, e eu não posso ir atrás dela, mesmo que parte de mim queira, terça tem viagem novamente, tem mais shows, continuação da turnê. Peguei meu celular do bolso da bermuda e tomei o resto do whisky. Disquei o número da Pres.

-O que eu faço quando magoou alguém que não queria magoar?- Pergunto assim que ela atende.

-Oi... hã, Bruno, não sei... Porque?

-Eu preciso de um conselho de mãe. – Encaro a lareira.

-Só me falar no que eu posso te ajudar, que eu vou fazer o possível.

-Eu magoei uma menina... A Michelle.

-O que você fez pra ela? – Pergunta ela.

-Trai ela... Com muitas garotas.

-E fala isso na maior normalidade.

-O pior de tudo é que ela foi para o Brasil.

-Quando vocês brigaram?

-Ontem à noite.

-Não há nenhuma possibilidade dela ter ido pra outro local? Porque ela trabalha e não pode viajar assim do nada, não é?... – Verdade! – Pensa em algum refúgio pra ela, algum lugar que ela poderia ficar sozinha, porque mulher nessas horas precisa ficar só.

-res, você é a melhor. – Dei um sorriso pensando no possível lugar que ela poderia estar.

-Eu sei. – Já posso até ver o sorriso de convencida.

-Ok, muito obrigada, boa noite.

Desligo o telefone e disparo correndo para o quarto, Gege veio atrás pensando que eu estava brincando com ele. Tomei outro banho rapidamente e vesti uma roupa. Peguei o guarda chuva no hall de entrada e fechei toda a casa com cuidado.

++++ 

Toquei a campainha sentindo o que poderia vir, não sei se ela estava ali mesmo, afinal a casa estava toda apagada, mas tenho que considerar que é noite, chuvosa, e que ela pode estar dormindo. Ouço passos, ela está ali. Meu Deus, eu não sei o que fazer, não sei o que dizer, eu preciso falar algo que preste.

A porta abriu e sua cara quando me viu não foi a das melhores. Seu rosto tão lindo estava inchado, seus olhos com bolsas enormes abaixo deles. Ela calçava pantufas e um hobby.

-O. – Minha voz saiu fraca, quase nem eu mesma escutei.

-Oi. – Responde ela. – Quer entrar? – Não imaginei que ela fosse me convidar pra entrar, mesmo depois de tudo que aconteceu.

-Mich. – Eu não sei como começar, ela nem olhou pra mim quando chamei seu nome, não sei o que falar. - Eu sei que só pedir perdão não irá adiantar, tenho consciência disso. – Falei em voz alta, mas não era exatamente isso que iria falar.

- Quer se sentar? – Droga, ela está desconversando e evitando a conversa, não quero me irritar por isso. Controle!

-Sim. – Sentei-me no sofá e apertei meus joelhos com as mãos para ver se a tensão abaixava um pouco. – Nós precisamos esclarecer as coisas. – digo firmemente.

-Quer beber algo? – Ela estava nervosa, desconversava, fingia que nada acontecia, isso está me irritando.

-Viu, por isso brigamos. – Disse sem pensar muito. Droga que raiva. – Você vive fugindo de mim, caramba.

-Bruno, eu fui sua durante um ano, a droga de um ano regido a brigas, traições e fingimento, agora me diz quem é o errado na história? – Não foi um ano, não chegou a um ano, um ano fará no natal.

-Isso que eu me irrito, Michelle, a culpa não é só minha. – Respirei fundo, levantei-me e continuei a falar. – A culpa é nossa, nós dois erramos. – Ela também errou em me trair.

- Me diz o que eu fiz de errado? – Ela cruza os braços e pergunta. Ora bolas.

-Tudo. – Tá, eu sei que não foi tudo, mas eu sou orgulhoso, não aceito passar por isso sozinho. Droga. Eu não sou o único culpado. - Eu sei que errei, fui um idiota, porém, quero concertar as coisas.

- Bruno, já tentamos uma vez, não deu. Tentamos a segunda, não deu, não há nada que possamos fazer. Vamos seguir nossas vidas, arranje outra pessoa, e dessa vez, dê o devido valor. – Não, eu não aceito isso, meu peito apertou e senti uma grande dor por isso. Não pode ser assim, não pode acabar assim.

- Mich, eu sei que não lhe dei valor, mas você sempre esteve ao meu lado. Quando eu briguei com os meninos e fiquei mal, quando eu me embriaguei, você me trouxe pra casa, quando passei mal você cuidou de mim, quando minha mãe faleceu, você estava lá para me dar apoio. – Soltei o ar que estava difícil de respirar. – Caramba Mich, eu... eu – Eu não conseguia dizer que eu a amava, não dá, eu não sinto totalmente isso. Não posso mentir sobre meus sentimentos.

-Você o que Bruno? – Pergunta ela.

- Eu preciso de você. – saiu à verdade. Eu preciso dela, preciso muito. Preciso daquele corpo, do seu sorriso, do seu cheiro, do seu toque...

-Agora está tarde pra isso, precisamos seguir nossas vidas, Bruno entenda que mesmo com a relação conturbada que tivemos, cada momento foi único e especial. – Não, não precisa acabar. Eu não quero que acabe e não pode acabar, não assim ..ainda tem muito pela frente.

-Isso é um fim, pra valer? – Meu peito doeu, meu rosto se desolou, eu não sabia o que fazer, sentia que a qualquer momento iria chorar.

-Nunca teve um começo Bruno. – Nunca teve um começo.... Como não teve? E o que nósvivemos acaba assim do nada... Não pode ficar assim.

- E o que nós passamos? – Perguntei mesmo sabendo que ela iria responder algo que iria doer em mim, mais do que já estava doendo, mas eu preciso concertar as coisas.

-E o que eu passei? As lágrimas que derrubei Bruno... – Eu fui um idiota, ela chorou por mim todas as vezes... Cheguei perto dela para limpar uma única lágrima que caia do seu rosto, lutando com forças para não chorar também, mas ela se esquivou e limpou sozinha.

-Meu Deus, estou percebendo que fui um total idiota. – Coloquei a mão sobre a minha cabeça pensando em tudo o que fiz, ela chorava mais e agora eu não posso por a minha, que não é mais minha, nos braços para consolar e limpar suas lágrimas. Principalmente porque eu sou a causa delas.

- Bruno, desde sempre soubemos que não iria dar certo, porém, tenho uma pergunta para lhe fazer. – Ela para de chorar e suspira profundamente, o que será que vem por ai? – Porque aquela noite, você me tirou da boate, e me pediu em namoro? Eu só queria entender isso.

-Porque quando você dançou, me hipnotizou, e quando aquele cara lhe olhava com desejo, eu pirei. Desde sempre soube que você pertencia a mim. – Não queria mais pensar no que eu estava falando, apenas as palavras saiam e eu via seu rosto prestar atenção no meu, e de repente encarar a parede do prédio. Peguei uma cadeira, sentei perto do sofá onde ela estava cruzei os dedos e os estalei, o silêncio me matava. Porque ela não fala nada?

-Vai ir embora mesmo? – A pergunta chega a doer em mim. Não quero que seja verdade.

-Voltarei para o Brasil. – Balbucia ela.

O silêncio tomou conta da sala, os barulhos de trovoadas e relâmpagos extremamente claros faziam aquela situação tornar-se pior por natureza.

-Eu vou atrás de você. Não deixarei você ficar longe de mim. – Peguei nas suas mãos, eu não vou deixar que ela escape, ela recuou, mas eu as segurei mais forte ainda. - Nós já fomos separados uma vez, não faça isso acontecer novamente, por favor!

-Bruno!

-Michele, deixa eu gostar de você... Podemos começar novamente? – Eu não sei se era hora de fazer essa pergunta, mas eu preciso.

Ela levantou do sofá e andou. Fiquei com medo do silêncio dela, ela estava pensando demais, e ás vezes silêncio não é um bom sinal... Quase sempre. A chuva deu uma pequena trégua, mas ainda chuviscava. Levantei e segui-a, toquei seu braço e ela esquivou-se novamente dos meus toques. Quando vi seu olhar perdido, e senti uma dor no meu peito com medo do que ela poderia me responder, eu vi que talvez esteja apaixonado por ela.

Michelle Pov’s 

FLASHBACK OFF 

-Eu não aguento ficar sem nenhuma resposta. Me mande embora, mas fale algo, por favor. – Ele suplicava na minha frente. Eu não tinha o que falar, eu não sabia o que falar.

-Bruno, o que tinha entre nós morreu. – Doeu em mim falar isso. – Vai doer agora, mas depois vai passar, eu sei, pelo menos pra mim, e eu vou melhorar. Você vai seguir a sua carreira, sua linda carreira, vai arranjar alguém muito linda, e que te de muito valor, e você vai fazer o mesmo, vocês vão construir uma família e daqui a alguns anos vamos ver que isso, nosso namoro, foi um erro, uma bobagem. – E as minhas lágrimas já corriam enquanto eu falava. 


-Então dá um tempo pra mim, por favor. – Ele diz com a voz falha. Não entendi o sentido, então ele continua. – Não fica com ninguém agora que acabou na minha frente, tipo, espera um mês, espera eu me acostumar com o fato de que a minha pequena já tem outro grande na vida dela.

Eu nunca esperaria por isso. Minha pequena? Outro grande? Eu poderia jurar que via nos seus olhos algum brilho de lágrima, mas a escuridão não me permitia ver se é isso mesmo.

-Eu não vou, não agora que está tudo recente.

-Quando vamos nos ver agora? – O que eu iria responder. – Digo, você vai para o Brasil, e nós somos amigos, eu não quero perder o contato.

-Quando eu puder, eu ligo, dou um oi. – Dei um sorriso amarelo.

-Ok, bom eu vou deixar você aqui.

-Bruno, eu reparei antes... o que são essas marcas no seu rosto? – Perguntei e ele pôs a mão sobre elas.

-Bom, eu... eu cai da cama. – Desculpa mais idiota que eu ouvi em toda a minha vida.

-Hm. – Não digo mais nada e ele caminha em direção da porta.

-Então boa sorte pra você no Brasil. – Eu não queria mentir pra ele, mas também não queria dizer que só irei passar uma semana ou duas.

-Ok, obrigada. – Digo.

Nós sorrimos e ele saiu pela porta levando meu coração provavelmente, porque eu não o sentia mais, sentia um vazio, e uma dor insuportável na minha cabeça e minhas lágrimas rolarem mais e mais.

Sentei-me na minha cama e peguei meu celular. Passei a mão pelas mensagens e apaguei a pasta que continha as deles, e nos contatos exclui seu número. Dói, mas vai passar.


 
  • Desculpem por não postar ontem, mas eu avisei que talvez não postaria, ontem foi o último dia de aula e foi bem difícil pra mim e correria total... mas enfim, ai está. O FIM DO FLASHBACK, e capítulo bem grande pra vocês! 
  • O próximo na segunda, a noite talvez <3 
  • A quem perguntou no outro capítulo, eu vou fazer Letras - Língua Portuguesa na faculdade <3 

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Capítulo 67


Não sei da onde, não sei como, só sei que juntei as forças que tinha para pegar um táxi e me mandar dali. O tempo já estava se fechando novamente, observei isso pois escorei minha cabeça na janela do carro e fiquei olhando para as ruas. Volta e meia eu via o motorista olhar pra mim com certa pena no olhar, eu não quero que ninguém sinta pena de mim, eu não quero ser mais uma digna de pena.

O que aconteceu foi terrível, eu sei. Meu coração está mais quebrado do que antes, e dessa vez eu sinto que não tem concerto, pois ele não para de doer, sentimentalmente falando. Talvez eu e o Bruno não fomos feitos um para o outro, talvez nós não tenhamos um destino como eu pensei, e eu pensei nisso pois reencontrei ele muito tempo depois e a paixão só aumentou.

Como eu sou idiota em pensar que resgatei o Bruno antigo. O meu pequeno Peter.

Assim que passamos pela frente de um dos shoppings, havia uma grande placa indicando algumas das lojas que ali dentro tem. Sem nem querer olhar a tal placa, meus olhos bateram em uma loja, uma agência de viagens. É, pode ser que eu precise de um tempo sozinha, de um tempo pra mim. Posso pedir minhas férias, já que aquele serviço só me estressa, no inicio era mil maravilhas, mas agora... Aliás, tudo agora parece mais intenso, afinal é estresse no trabalho, estresse na vida amorosa, a única coisa que me salva é a família, a única!

Eu vive todo o tempo feliz no Brasil, apesar de ter aquele sentimento recente contido pela morte dos meus pais, eu era feliz, eu tinha amigos, minha tia, meu irmão, minha prima, vizinhos, já tive até um gato... Lá eu não ficava me preocupando com amor, afinal eu nunca quis namorar com ninguém, nunca pensei nisso, mas agora isso atrapalhou minha vida. O que eu preciso é passar pelo menos uma semana, ou duas no Brasil, esfriar a cabeça. Lá tem a casa da minha tia ainda, bem estruturada. Nosso vizinho está cuidando dela para nós, e já que não apareceu nenhum inquilino para alugar, ela está sozinha.

-Moça, já chegamos! - O táxista chama minha atenção.

-Ah... Obrigada. - Entreguei a ele o dinheiro de quanto tinha dado a corrida, acompanhado de um sorriso amarelo, sem vontade.

Desci e fiquei encarando a casa, casa que eu posso chamar de própria. Olhei para o céu escuro, a noite se tornando madrugada. Quase todas as luzes da casa estavam acesas e conforme eu caminhava em direção da porta, ouvia-se as vozes e risadas. Abri a porta e antes de falar qualquer coisa pensei que eu não posso estragar a noite de ninguém... Posso me trancar no quarto, ou ir para o apartamento que morávamos antes. O apartamento!

-Boa noite. - Digo chegando na sala. Os olhares vieram para mim e meu semblante horrível, como se eu estivesse saindo da segunda guerra mundial.

-Aí meu Deus. - Anne já se levantou.

-O que aconteceu lá? - Pergunta Zoe vindo na minha direção também.

-Vou buscar algo pra você filha. - Minha tia levanta-se do sofá e vai em direção da cozinha.

Recebi um abraço bem apertado das duas. 


-Eu vou matar ele, eu juro! - Abri os olhos para encarar Theo, que estava visivelmente irritado.

-Ele... o Bruno? - Coitado de Phred estava perdido. Somente balancei a cabeça e fui sentindo meus olhos voltarem a virar marés.

-Será que ele não ficou contente com o soco que eu dei nele? Com a nossa briga e o aviso bem avisado que falei? - Leo levanta-se irritado. - Esse aí que é seu amiguinho. - Diz ele pra Phred.

-Leonel! - Anne fala em tom bem mais alto.

-A culpa não é dele, ele apenas é amigo do Bruno. - Zoe fica parada ao meu lado.

-Que idiota esse cara. - Blair balança a cabeça negativamente.

-Michelle, vamos para o quarto. - Minha tia estava com uma bandeja prateada em mãos.

-Meninas venham comigo. - Disse enquanto caminhava em direção do quarto. - Vem, Blair! - Pedi que ela viesse.

Abri a porta do quarto e a primeira imagem que me veio na cabeça, não poderia ser outra, foi a do Bruno, sentado na cama, falando o quanto gostou da casa, e dizendo que deveríamos aproveitar. Eu vou sentir saudades.

-Toma, bebe isso. - Minha tia me dá um copo de chá, acho que ela não tinha feito ele na hora, apenas requentou.

-Eu quero matar ele. - Anne senta-se ao meu lado.

-Vocês tem que ficar bravas comigo, eu errei, eu fui burra todo esse tempo. - Bebi todo o chá que desceu queimando pela minha garganta. - Eu pressionei ele demais, eu fui afundo em algo que no fundo eu sabia que não iria dar certo.

-Mas ele alimentou suas esperanças. Isso não se faz. - Zoe passa a mão sobre meu braço. - Você está gelada, vou pegar algo para vestir.

-Eu sou mais em descontarmos tudo nele, batermos nele até ele ficar roxo, e largarmos ele em qualquer sarjeta. - Anne diz e me arranca um riso. - Você sabe que depois da primeira vez que ele fez você chorar, ele já perdeu todos os créditos que tinha comigo.

-Eu queria pedir o apartamento emprestado pra você. - Disse. - Quero passar duas noites lá, esfriar a cabeça. Ficar sozinha. - Digo pausadamente.

-Tudo bem. - Ela dá um sorriso de canto.

-Ah, tem mais, eu vou ver minhas econômias, ver se tenho o suficiente. Talvez eu vá para o Brasil, passar uma semana. - Respirei fundo.

-Brasil minha filha? - Minha tia fica boquiaberta.

-Lá foi meu refúgio por anos, é lá que eu quero me refugiar novamente.

-E seu serviço? - Pergunta Blair.

-Eu vou pedir férias, estou cansada daquele lugar mesmo, e talvez até procure outro.

-Caso o Bruno vier te procurar, o que nós dizemos? - Zoe me entrega meu pijama de soft e arqueia a sobrancelha.

-Verdade... o que vamos dizer?! - Pergunta Anne.

-Não digam que eu estou no apartamento, digam que eu não quero vê-lo. Podem até dizer que eu vou para o Brasil, mas não deem mais detalhes. - Meu tom de voz saiu quase uma ordem, o que eu não queria que saísse.

Minha decisão já estava tomada quanto eu e o Bruno. Nós não nascemos para ficarmos juntos, eu deveria ter pensado isso desde o inicio... Se bem que eu pensei, porém eu não queria abrir meus olhos para a realidade, eu era - ou eu sou -, uma garota apaixonada.

Não mais, esse "amor" que um dia existiu, não vai mais existir!

Bruno Pov's

-É melhor acabarmos por aqui! - Sua voz saiu tão firme, mas seu coração estava mole. Dei de ombros, sei que depois dessa briga nós vamos voltar novamente, como sempre. - Bruno, seja lá o que nós tivemos e estávamos tendo, agora eu estou acabando, e eu vou pedir que não venha atrás de mim. Eu quero viver a minha vida, e quanto mais longe de você, melhor vai ser!

Foi assim que ela saiu daqui.Virou as costas e foi lentamente a porta.

Senti um estranho vazio no peito. Caminhei até a cozinha e peguei um vinho, um vinho que eu deveria deixar para abrir em qualquer outra ocasião, mas queria agora... Por algum motivo que eu não sei qual é.

Bebi duas taças diretamente e deitei na minha cama, deixei todas as luzes acessas. Gege veio deitar comigo, eu nunca deixo, mas hoje deixei. Estou cansado da turnê, um poço de sono. 


++++

Dormi até ás 14:00 horas. Droga, Phil deve querer me matar, combinei que iria ligar para ele para falarmos de uns arranjos e eu passaria o dia com a Mich... Passaria! A droga é que ela foi embora ontem brava comigo. Peguei meu celular e tinha uma ligação perdida, somente uma, do Phil. Retornei ela e na terceira vez ele atendeu.

-Oi. - Digo.

-Alô, finalmente! - Ele diz.

-Desculpa não ligar antes, capotei na cama. - Comentei sentando na mesma.

-Ah, tudo bem. - Sinto sua voz tão distante. - Está se sentindo bem? - Pergunta ele.

-Flores ou bombons? - Pergunto.

-Pra que? - Pergunta ele rapidamente.

-Pra Michelle cara, ela foi embora daqui ontem brava pois eu traí ela.

-Brava? Traiu? - Sua voz incrédula não me passa boa impressão. - Bruno, sinceramente, não dá nada dessas coisas, nem corre atrás. Quais as últimas coisas que ela te falou?

-Disse que não era pra eu correr atrás, que o que nós tínhamos acabou. - Pigarreio.

-Então não corre atrás, acho que nem dá tempo! - Phil comenta. Ele sabe de algo.

-Tá sabendo de algo né? Dá pra falar por favor?!

-Cara, você diz que não gosta dela, então porque correr atrás? Ela não vai perdoar você. - Fico em silêncio. - Bruno? Bruno? - Continuo no silêncio. - Bom, você que sabe, mas não corre atrás da Michelle, ela é uma garota de ouro e não merece sofrer, deixa ela viver a vida dela sozinha!

-Como? Não... eu vou falar com ela.

-Ela não está aqui! - Diz ele.

-Não está na sua casa? - Pergunto confuso.

-Não idiota, ela não está em Los Angeles.

-A onde ela está? - Arregalo os olhos. - Por quanto tempo eu dormi?

-Sei lá por quanto você dormiu... Se quiser mesmo falar com ela, vá na casa dela.

-Ok, vou falar com o Ryan.

-Porque ele tem que ir junto?

-Acha mesmo que eu vou ficar cara a cara com o irmão dela, sem nenhuma proteção, depois que eu briguei com a irmã dele?!

-Acho que você tem que ser homem uma vez na vida, tem que pensar no que faz, pensar nas coisas que você perde e concluir que nada vai ficar sempre aos teus pés, e claro, parar de ser frouxo.

-Frouxo? - Arregalei os olhos.

-Tchau Bruno.

Ele desliga na minha cara. Nossa que amigo. Foi mais uma briga que nós tivemos, eu não sei porque essa tempestade. Apesar de que ontem quando ela falou isso, meu peito se isolou, senti medo do que poderia vir pela frente e medo do que virá.

Apesar de eu não ama-lá, eu gosto dela, gosto de estar com ela, gosto do seu sorriso, do seu beijo, do seu sexo, dos seus toques e da sua voz. Gosto daqueles todos os tipos de sorriso, dos quais Leonel um dia me listou. Ah, quando eu descobri que ele estava namorando com a Anne foi a maior alegria interior, saber que eu não preciso desputá-la com ninguém, e que toda ela é minha.

Ou era minha. Agora eu não sei como as coisas ficam... Tá, eu vacilei, eu traí ela feito louco, eu não liguei para os sentimentos dela, mas e como eu fico?

Fui em direção do banheiro do meu quarto, tomei um banho relaxante, com água bem morna, algo para "descarregar" tudo. Estou mais aliviado em relação ao cansaço da turnê, essas coisas exigem demais de nós. Entrei no closet, peguei uma camisa, uma jaqueta, uma calça e uma meia branca. Me arrumei e quando cheguei na sala, vi que tinha deixado tudo quanto era luz ligada. Droga! Gege estava atiradão no tapete, mas ele não tinha dormido comigo? Franzi as sobrancelhas. Peguei as chaves do carro, minha carteira, e antes passei na cozinha para comer algo rapidinho. Observei o dia, que estava parecendo noite, o céu ameaçando uma chuva bem rigorosa, odeio chuva quando preciso sair. Vesti minha jaqueta de couro e no meu cabelo só passei os dedos, já que estavam molhados.

++++

Depois do transito que peguei, todos indo para o litoral, cheguei na casa dela. Olhei para a casa, não estava lá movimentada, mas dá pra perceber que tem bastante pessoas, droga! Sinceramente, eu tenho que me admitir que estou com medo do irmão dela, eu não sei qual é a versão da história que ela contou pra todos ali. Me aproximei da porta e bati duas vezes.

-Boa tarde, dona Savanna. – Minha voz saiu tremula.

-Boa tarde Bruno! O que veio fazer aqui? – Pergunta ela mal abrindo a porta.

-Eu sei que pode parecer chato, mas eu preciso falar com a Michelle? – Pedi fazendo a minha cara mais “penosa”.

-Quem é tia? – Só de ouvir a voz do Theo já senti minhas pernas amolecerem. Nem parece que eu sou homem. Para, Bruno!

- O Bruno! – Ela responde.

-Manda ele ir embora. – Grita Anne. Imediatamente a porta se abre rapidamente e Theo me olha nos olhos, a fúria que saía, nem tinha explicação.

-Entra Bruno, vamos resolver as coisas aqui dentro. – A tia dela diz. E agora eu entro ou não?

-O que veio fazer aqui? – Pergunta Anne, a mesma coisa que a sua mãe perguntou assim que abriu a porta, agora eu havia entrado na casa. Theo tomou distância de mim. Tinha uma morena que eu havia visto uma vez, amiga da Mich, e acho que alguma relação do Theo.

-Eu preciso falar com a Michelle. – Disse secamente.

-Falar depois de tudo que fez pra ela? – Leo me encara, mas não sai do lugar. 


Eu não consegui responder, só senti meu rosto indo para o lado e meu maxilar estralar. Meu corpo caiu para o lado e ouvi um grito. Theo havia me acertado em cheio no rosto, um soco que ardeu na hora. Tentei levantar cambaleante e acertei um soco na sua barriga. Ele veio com tudo para cima de mim. Caímos no chão juntos.

-Faz alguma coisa Leonel! – Ordena a tia dela.

-Deixa o infeliz apanhar. – Diz Anne.

-Ele vai matar o Bruno. – Ouvi a voz que deveria ser da namorada do Theo.

Senti meu corpo mais leve quando o dele se afastou. Leonel segurou ele pela cintura fortemente. Levantei colocando a mão no rosto, ele havia me acertado alguns bons socos, mas seu rosto também não estava limpinho. Ele pôs a mão sobre a barriga quando viu que Leo não iria largar ele.

-Você me paga! – Bufa ele.

-Obrigada. – Agradeci para o Leonel.

-Não me agradeça, não fiz para o seu bem, apenas não quero que a minha sogra se incomode por pouca coisa. – Ele foi curto e grosso.

-Pensa mil vezes antes de magoar qualquer pessoa Peter. – Diz Anne. – Eu posso ser melhor, mas pelo visto eu sou bem melhor em briga do que você, pelo que eu vi agora...

-Vamos ver? – Fui debochado.

-Encosta um dedo nela, e eu quebro a sua cara sem dó algum! – Grita Leonel.

-Chega de briga meninos. – Tia Savanna tenta pacificar tudo. Ela olha pra mim. – Acho melhor você ir embora.

-Eu preciso falar com a Michelle.

-Ela não está aqui. – Diz Leonel.

-Onde ela foi? – Perguntei e todos ficaram se olhando. Theo saiu do abraço de urso do Leonel e foi para a cozinha, a menina foi atrás dele. – Ela ta aqui, não é? – Perguntei entendendo tudo.

-Não, ela não está aqui, se quer saber ela foi viajar.. ela vai voltar para o Brasil. – Anne diz e Savanna respira fundo.

Olhei nos olhos de todos e meu coração apertou mais do que deveria. Senti minha mente virar e de repente a dor mais forte que eu senti não foi a dos socos, não foi pela briga... não é dor física, é dor emocional... Na verdade não sou perito nisso, mas meu coração se apertou o máximo possível e estou sentindo meu peito como se ele tivesse apenas 20 cm. Isso não tá certo. Com os olhos perdidos procurei a porta, abri e não falei mais nada até sair dali.

Michelle Pov’s


Acordei com os olhos inchados, e estou até agora chorando, pensando em tudo isso. Eu não nasci pra sofrer, e não aceito viver assim. Mas eu sou tão idiota que continuo chorando, penso em tudo que ele me fez e no tempo que gastei gostando ou amando ele, e ele nem ai pra mim. Eu estou mais que pronta para não voltar atrás, eu não quero voltar.

Eu choro ainda porque amor de verdade não esquecemos de um dia para o outro!

Olhei para a janela, aquele tempo horroroso, feio, chuvoso. Eu preciso de algo para me distrair. Peguei meu celular e no relógio marcava três e meia... Bruno não veio atrás de mim, não me ligou, não me procurou... Ele não tem tanta falta assim de mim.

E dá onde eu tirei que ele sentiria saudades minhas?!

Disquei o número e na segunda chamada, atendeu.

-Alô.

-Oi Jake! – Disse tentando sorrir, mesmo que forçadamente.

  • Me perdoem a falta de criatividade, desculpem mesmo, mas me indignei com meu computador. Preparei antes de ontem um capítulo enorme - com 8 páginas de word, sem contar que não estava nem na metade -, e o word fechou sozinho e não salvou o capítulo, fiquei puta da vida, mas enfim, tentei o meu melhor! 
  • Ah e estou postando com pressa porque estou cheia de coisas, essa é a última semana de aula, e semana que vem é recuperações e eu pretendo não ficar para recuperações <3 POIS EU PASSEI NO VESTIBULAR E ANO QUE VEM COMEÇAREI MINHA FACUL <3 

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Capítulo 66

Dois meses passam voando. Estamos em Agosto!

Há dois dias atrás tivemos um almoço, e um pedido lindo de casamento que emocionou a mim e a todos que ali estavam. Phred e Zoe, assim como ela disse, aconteceu. Ele pediu ela em casamento na frente de nós todos, e bem, eu não contive as lágrimas. Bruno está na turnê já. Ontem ele foi pra Boston e hoje já voltará para LA, combinamos de passar o dia juntos para matar a saudades.

Meu serviço está péssimo, tive uma briga séria com o Alejandro, mas ele não me mandou embora, me ofereceu férias até por isso, mas fui obrigada a recusar, pois quero pegar férias em dezembro. Tina não trabalha mais lá, agora entrou uma outra menina com a qual eu nem falo direito.

Bom, eu e o Bruno estamos indo. Depois da traição, nós prometemos um ao outro que iriamos respeitar a privacidade, e ele deixou com muito custo eu ser amiga do Jake. Agora com a turnê quase nem brigamos, pra falar a verdade só discutimos uma vez nesses dois meses, e ainda por um motivo completamente superficial: comida. Eu queria japonesa, Bruno queria brasileira, então acabamos discutindo e não jantando.

Anne e Leo estão namorando oficialmente e até anéis estão usando para simbolizar isso. Ryan já mostrou que não está nem aí para os dois, ele apareceu outro dia com uma morena muito linda. Ah, falando em morena, agora eu tenho uma cunhada. Na verdade meu irmão e Blair estão enrolando, eles ficam quase todos os dias, porém ele ainda não pediu ela em namoro pois acha que ela não vai aceitar. E tudo começou quando ela conseguiu um emprego para ele onde ela trabalha. Estou feliz em ver minha família toda feliz.

Quanto ao Jake e eu... Estamos com uma amizade maravilhosa, ele é querido demais e entendeu os meus motivos por não querer mais ficar com ele. Estou conversando com ele direto, e como ele me prometeu um dia, ele foi me buscar uma vez para tomar café, mais vezes na verdade.

No momento estou acordada ás três da manhã, escrevendo algo em meu caderno pois perdi completamente o sono.

++++

-Os meninos vão ir direto para a casa do Brunz? – Pergunta Zoe.

-Não sei. – Digo abrindo o notebook.

-Não vai pra frente do computador, nós já vamos sair. – Zoe bate os pés no chão. – MICHELLE

-Eu só quero checar meu email. – Digo. Eu tinha que ver se a Meggie, a nova mulher que está trabalhando no lugar da Tina, havia me mandado o rascunho de algumas plantas.

-Aí, deixa pra depois. – Ela diz manhosamente.

-Tem alguém que tá ansiosa pra ver o amorzão. – Anne debocha da cara dela.

-Ah, tô com saudades dele. – Zoe faz beicinho.

-Viu ele há três dias no máximo. – Reviro os olhos.

-Vai dizer que não está com saudades do Bruno? – Zoe arqueia as sobrancelhas.

Não digo que estou com saudades, estou sentindo falta dele. Dele ser mais presente, dele me mandar uma mensagem, porém ele está em turnê e não posso cobrar atenção demais dele quanto a isso.

-Acho que não.

-Eu desisto de vocês dois. – Anne joga as mãos pro ar.

Nem eu sei mais se estou persistindo na nossa relação, acho que no fundo apenas estou me deixando levar pelo calor da emoção e pelo pouco de sentimento que ainda tenho por ele. É dose admitir que depois de tanta luta, eu quero desistir... Na verdade desistir não é a palavra, a palavra é outra, eu não sei qual ainda. Bom, enfim, o que eu quero dizer é que eu estou pronta e precisamente armada para quando nós tivermos outra briga, acabarmos de uma vez por todas. Literalmente eu estou cansada de tantas bobagens, palhaçadas, idas e vindas, isso não é vida pra mim, nem pra ele.

Chequei meu email e o de Meggie estava lá, acompanhado de um bilhete "tenha um bom final de semana". Meu sábado será ótimo ao que tudo indica. Respirei fundo e com a internet lenta, salvei o arquivo no computador.

-Não fecha! - Grita Zoe. - Eu preciso ver um negócio no meu facebook.

-Ok. - Saí da cadeira e dei espaço para ela sentar.

Me guiei até a pia da cozinha, peguei uma caneca e enchi de leite gelado, precisava beber algo assim, já que me neguei a tomar café.

-Bom dia família. - Diz Theo. Olho para ele que está com uma regata preta, bermuda jeans e tênis.

-Posso saber onde vai? - Pergunto. - Bom dia, mano. - Me aproximo dele e dou um beijo no seu rosto.

-Mal me deu bom dia e já começa a espionagem? - Ele ri e dá um sorriso de lado, bem timido, parecido com o de mamãe. - Vou correr um pouco.

-Não vai correr sozinho que eu sei. - Grita Zoe.

-Não grita infeliz, a tia ta dormindo. - Avisei a ela e olhei para ele. - Vai correr com a Blair?

-É... sim. - Timidamente ele diz.

-Prevejo sobrinhos antes mesmo que eu possa dar à ele. - Reviro os olhos e ele me dá um tapa.

Ouço um "oun" da Zoe, mas ignoramos. Zoe liga a televisão e se joga no sofá, bebendo uma garrafa de água, já disse o quanto ela está saudável ultimamente? Pois é. Retornei a cozinha e Theo saí porta à fora no pique da corrida. Lavei minha caneca e ouço o ruído da cadeira se arrastando.

-Michelle... - Ouço a voz da Zoe.

-Oi?

-Bruno está a onde mesmo?

-Boston? - Perguntei a mim mesma em voz alta.

-Ele esteve a onde nos últimos tempos?

-Ai, nem sei... - Fiz um esforço para pensar, mas realmente não sei a onde ele andou com a turnê ultimamente, ele anda tão disperço... - Porque a pergunta?

-Por nada não. - Ela diz indo para a frente do computador, mas logo se levanta novamente. - Você ainda ama ele? - Pergunta ela me rondando enquanto seco as mãos num pano de prato.

-Ora que pergunta. - Começo a rir. - É claro que sim, amor não se passa de uma hora para outra.

-Mas está apaixonada por ele? - Pergunta ela. Esse interesse todo está me deixando aflita, nervosa.

-Acho que sim. - Respondo confusa.

-Quer ver uma coisa?

Meu coração logo se apertou. Depois de uma sessão de perguntas como essas, e agora esse "quer ver uma coisa?" não me cheirou um bom resultado. Tenho medo do que está por vir.

-Pode ser... - Respondo com medo e concordando com a cabeça também. Anne estava tão concentrada na televisão que nem percebeu o que estávamos fazendo. 

(Escutem essa música até o final do capítulo)

Acompanhei Zoe até a frente do notebook. Tinha duas abas abertas. Uma era o facebook dela, outra era do YouTube. Não consegui ver o nome do vídeo, pois bem na hora pisquei e ela clicou em tela cheia. A príncipio uma casa noturna lotada, a música de fundo é um remix eletrônico. Vejo Ryan sentado tomando um líquido verde, ao lado dele está Phil. A pessoa que está gravando fala algo para outra que dá um gritinho. A gravação paíra sobre um único local, agora aparece Bruno escorado em uma parede vermelha veludo, a sua frente tem uma mulher com cabelos castanhos e longos, não é possível ver mais detalhes, afinal uma casa noturna não é tão cheia de luzes assim. A moça que está ao lado de quem está gravando fala algo, a câmera se vira rapidamente e logo volta para o local. A aproximação do Bruno e da tal mulher faz meu estômago se apertar, a mão de Zoe repousa sobre meu ombro que ao invés de relachado, está tenso. Bruno olha para a mulher e é visível sua mordida nos lábios. Sua mão parte para o cabelo dela e eles começam um beijo. Meu estômago revira como se eu tivesse comido algo podre a muito tempo, mas o mais engraçado é que eu sinto isso e não sinto vontade de chorar. Acho que eu estou em fase de negação do que estou enxergando. Estralei meu pescoço e continuei olhando, o beijo estava cada vez mais profundo e as mãos dele desciam pela cintura fina dela. Mas que droga. O vídeo acaba e eu fico encarando a tela cheia de vídeos sugestivos para assistir. 


-Desculpa te mostrar isso, não é minha intensão te magoar, mas eu sou sua amiga e sempre vou prezar o seu bem! - Zoe me conforta, se agaixando ao meu lado e olhando para o meu rosto.

-Obrigada. - É a única coisa que eu digo.

-O que vai fazer agora? - Pergunta Anne. Ué, mas ela nem estava vendo. Acho que Zoe pensou a mesma coisa que eu e olhou para ela. - Que foi? Eu sou curiosa e vim ver o que aconteceu.

-Eu não sei o que fazer. - Dei de ombros.

-Simples, fala com ele, pede explicações, conversa... - Diz Zoe na maior tranquilidade.

-Não. - Anne rebate. - Soca a cara dele, mostra quem manda, pega o Jake e esfrega na cara dele. - Como ela é radical, nossa.

-Não quero fazer isso. - Levantei e caminhei até o sofá, como sombra, as duas vieram atrás de mim. - Acho melhor eu pensar. - Disse e olhei para elas. - Sozinha. - Complementei.

Caminhei até o meu quarto e sentei na minha cama, de pernas de índio, olhando para o nada. Eu não sei o que fazer, isso tá doendo silenciosamente, e está me arrancando um bom pedaço do meu coração, minha mente fica girando, mas as lágrimas não veem aos meus olhos. Talvez seja tempo de acabar com tudo mesmo... Por isso ele está disperço, e feliz... Por isso não brigamos constantemente e ele não fica tão doido por sexo assim... É por isso! Ele anda com outras, sabe se lá quantas mulheres ele não andou no ínicio da turnê. Meu mundo, simplesmente, desaba.

Agora meus olhos se enchem de lágrimas, mas acho que são de raiva. Ser enganada e traída é pior do que receber um "não". Agora eu entendo a luta que as pessoas tem quando se sentem traídas e sabem que as coisas que eram, não são mais. Eu entendo o peso, e a dor que dá uma separação e o quão difícil vai ser ter que olhar para o seu rosto traíra e dizer que nada mais do que era vai continuar sendo.

Batidas na porta. - Com licença. - Diz uma voz que eu conheço tanto, com o antebraço tentei secar as lágrimas que pelo meu rosto rolavam. - Trouxe um chá para você. - Minha tia senta na cama e coloca o chá sobre a mesa da cabiceira.

-Obrigada tia.

-Sabe que a sua mãe teria o maior orgulho de você? - Balancei a cabeça negativamente. - Ela teria, seu pai também. Você se formou na faculdade, é uma bela arquiteta, e uma moça linda, com os traços da sua mãe, uma personalidade forte e sensível. Uma garota que desde cedo já sabia amar intensamente cada coisa, e que dá valor a tudo que tem, pois sabe o grande peso que é perder alguém...Ela teria muito orgulho de você, Michelle.

Eu só sabia chorar, eu sei que não era certo ficar chorando, mas agora que as lágrimas desataram a vir, não iram parar. Eu preciso puxar minha válvula de escape. Me inclinei e afaguei-me no abraço e colo de minha tia. Ela passou as mãos sobre os meus cabelos e deu um beijo na minha testa.

-Você nunca estará sozinha, e nem nunca esteve. Amores vão e vem, não vê eu e o pai da Anne? Nunca mais nos vimos, mas tivemos um amor perfeito enquanto durou, mas tudo tem um final. Quem sabe não é Deus mostrando à você que tem algo melhor reservado no teu nome?! A dor é momentânea, assim que se tocar vai sentir raiva dele, capaz de querer mata-lo. - Nós duas rimos. - Olha esse sorriso lindo, não deixa ele se perder assim. Hoje você chora por ele, amanhã pode aparecer alguém melhor.

Bruno se vingou da pior forma, fazendo o mesmo que eu fiz. Eu me sinto culpada por isso que está acontecendo comigo mesmo, meu peito desmorona. Se eu tivesse sido forte e não tivesse ficado com o Jake, se eu não tivesse traido ele, nós poderiamos estra felizes agora.

++++

Estava preparada. Coloquei uma roupa leve, nada demais, nenhuma produção muito chique. Zoe convidou Phred pra vir aqui, e Anne está com Leo aqui também. Blair, Theo e minha tia estão conversando na cozinha, e eu saindo pela porta da frente, determinada. Combinamos de não fazer nada na casa do Bruno, eu disse a ele que estava me sentindo meio mal, aí ele vai estar sozinho, assim é melhor para conversarmos. 


Peguei um táxi, e no percurso me lembrei do dia em que sai do Havaí, ele disse que sempre estaria aqui para mim, que sempre estaria comigo. Como ele pode ter mudado tanto, e tão repentinamente? Caminhei dentro do condomínio e cheguei perto da casa dele, o nó na garganta já estava presente. Vi acessa a luz da sala, e todas outras apagadas. Caminhei sobre a estradinha de ladrilhos que faziam o caminho até a porta e respirei bem fundo antes de continuar. Bati três vezes e fiquei esperando.

-Phil, o que esqueceu? - Pergunta ele e quando viu que era eu, sorriu. - Oi princesa.

-Oi. - Ele veio me dar um beijo e de um selinho nele, mal e porcamente.

-Não estava doente? - Sua sobrancelha se arqueia. - Quer beber algo?

-Já estou melhor, e não, obrigada, não estou com sede. - Digo e ele sorri. Caminhamos até a sala, calados.

Ele sentou-se no sofá e gesticulou para que eu sentasse ao seu lado. Pensei duas vezes antes de ir até o sofá, mas ao invés de ir, fiquei ali parada, o encarando.

-O que houve? - Pergunta ele estranhando meu jeito e já mudando o tom de voz.

-Podemos conversar? - Perguntei num to normal.

-Podemos, claro. - Ele pigarreia.

-Bruno, você é vingativo?

-Não... - Ele balança a cabeça.

-Então porque ficou com outra mulher? Ou seja, com outras, sei lá.

Seu semblante de surpreso foi comico, mas eu não tinha forças para rir e nessa situação não seria apropriado. Ele engoliu a saliva duramente e fez uma careta antes de responder.

-Como assim? - Ainda consegue se fazer de desentendido.

-Bruno, não se faça de bobo, coisa que você não é! - imponho e ele se assusta. - Há quanto tempo me trai?

-Eu não te trai! - Rebate ele aumentando um pouco a voz.

-Não grita, nós estamos conversando.

-Eu não te trai. - Diz ele em tom ameno.

-Vai negar até quando algo que está publico no YouTube? - Perguntei ironicamente.

-Michelle. - Seu rosto para e fica pensando. - Eu não acredito.

-Então sabe que é verdade! - Droga, parte de mim queria que não fosse.

-Aquilo... Aquilo foi idiotice, eu tinha bebido demais...

-Não me mente Bruno, por favor. Eu já sofri demais pra estar aguentando isso.

-Ah, quer saber. - Seu corpo levanta com fúria do sofá, fazendo o meu dar um passo para trás, agora o medo prevalecia. Eu não sei do que ele é capaz. - Eu traí mesmo, traí várias vezes, por que você merece. - Minhas lágrimas é claro que teriam que cair, mas contra a minha vontade! Eu não queria chorar, eu não queria mostrar uma Michelle fraca. - E não chora. - Diz ele um tanto quanto atensioso.

-Não chorar? - Pergunto espantada. - Bruno... - Eu não tinha o que falar, qualquer palavra seria bobagem. Eu que comecei com essa bobagem de traição.

-E não foi a primeira... Tá achando que me enganou primeiro? - Diz ele debochadamente. - A primeira foi uma japonesa, gostosa pra caramba, um corpo que era uma delícia. No nosso segundo dia de namoro... Lembra quando eu fui pro Japão? Pois é.

SEGUNDO DIA DE NAMORO? E eu me culpando... O que eu fiz com o Jake, aquele beijo de segundos, não chegou nem na metade do que ele fez pra mim. Meu peito doeu e eu o estufei, minhas lágrimas que tinham parado, agora estavam todas estacionadas nos meus olhos, qualquer piscada eu derrubava um rio. Nada era comparado com a raiva que eu estava sentindo dele. 


-Eu não consigo acreditar.

-Pois bem. - A única coisa que ele diz.

Já tá mais do que na hora de dar um jeito na sua vida Michelle! Qual foi a promessa que você tinha se feito? Que qualquer briga resultaria num fim definitivo, está nas suas mãos... Eu tenho que decidir. Meu subconsciente fica martelando as coisas para mim. Eu preciso por um fim nisso. Vai doer, mas vai passar, é melhor a dor repentina do que continua.

-É melhor acabarmos por aqui! - Digo firmemente, ele apenas dá de ombros. Ele não tá dando a mínima, que saco! - Bruno, seja lá o que nós tivemos e estávamos tendo, agora eu estou acabando, e eu vou pedir que não venha atrás de mim. Eu quero viver a minha vida, e quanto mais longe de você, melhor vai ser!

Não saiu nenhuma palavra da sua boca, enquanto o meu coração queria transbordar todo o alfabeto para ele. Minha vontade de escumunga-lo era grande, de deixa-lo triste, mas eu não posso atingi-lo, porque ele me atingiu primeiro, porque ele foi precavido, ele trabalhou nisso melhor que eu... E pra mim dói mais porque eu amo ele.

Mas vou deixar de amar! Eu juro!

  • O capítulo de hoje tá grande, tem babado dnsianodias e como dá pra perceber, o próximo é o fim do flashback. Será que o Bruno vai se arrepender, e será que ela vai correr atrás e deixar ceder? *U* quero saber de vocês. 
  • Ah, gente, a música que eu pus do Chris Medina - eu já havia posto um capítulo qualquer -, pois bem, ela é linda, a tradução mais ainda, e quem não sabe a historia dela, procurem que não vão se arrepender! 

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Capítulo 65


Dormi na casa do Phil, em um quarto ao lado do das crianças. Acordei com um barulho de vídeo game, e quando lavei meu rosto, arrumei a cama, fui até a sala para me despedir de todos, vi a cena talvez mais linda. Urbana estava de avental, provavelmente fazendo comida, e Phil debruçado na bancada de mármore dizendo que a ama. 
(escute essa música, se quiser até o fim do capítulo)

Eu estou sensível demais à certas cenas, certas coisas que vejo. Pigarreei e eles perceberam minha presença.

-Hey, desculpa incomodar vocês, mas eu estou indo. Queria agradecer pela hospedagem, e pela ajuda de ontem. – Dei um sorriso para os dois.

-Não vai, almoça conosco. – Diz Urbana.

-É, depois eu largo você em casa. – Phil concorda. – E outra que a comida da Urbana está maravilhosa.

-Não prometa nada a ela, Philip. – Urbana diz revirando os olhos.

-Você sabe que sempre fica ótimo. – Phil levanta-se e vem a minha direção. – Fica conosco.

-Não quero atrapalhar...

-Vá a merda com todo o respeito Michelle. – Phil diz e eu me assustei, exceto por suas gargalhadas depois. – Não atrapalha em nada.

-Então tudo bem. – Dei um leve sorriso e ele me guiou até a bancada.

Enquanto a conversa rolava solta entre nós três, algo na minha mente dizia que eu não estava bem, e que algo de muito ruim iria acontecer. Sabe quando acontece essas más impressões que fazem sua mente virar de ponta cabeça tentando descobrir qual é o real significado? Pois é assim que está tudo aqui. Tem que ter algo muito errado.

Agora mudando o assunto para o Bruno, isso sim está errado. No fundo ele que está com a razão, ele pode ter ficado com outras garotas, ter me feito chorar, mas isso foi antes de namorarmos, e agora sem querer eu acabei me vingando e criando um círculo no qual se ele aprontar alguma coisa, eu não poderei falar absolutamente nada, afinal eu vou estar com a imagem suja.

Droga de pensamentos. Meu celular vibra para me descontrair, e vejo uma mensagem, do Jake.

“Oi, desculpa se algo ficou mal entendido após nosso beijo, eu não queria lhe confundir e nem comprometer seu compromisso, foi mal. Espero que possa me entender.”

Eu entendo, Jake, eu entendo! Mas o que eu fiz foi burrada. Droga.

-Quer conversar? – Pergunta Phil apoiando sua mão no meu ombro.

Respirei fundo. – Quero! – Concordei.

Ele pediu licença para a Urbana e nos sentamos no sofá. As crianças correram pela casa, cada uma me deu um beijo no rosto e saíram correndo novamente. Phil me olhou e balançou a cabeça.

-Está arrependida?

-Sim, e não. – Balanço a cabeça e olho nos seus olhos. – Eu não sei o que eu estou!

-Você está apaixonada, está pondo a razão contra as emoções, criando um vínculo entre elas... Não é pressionar você Michelle, mas o tempo está correndo, você precisa saber que ser continuar com ele ou se prefere ficar sozinha.

-Phil, eu não consigo decidir isso. – Apertei os olhos. – Eu não consigo.

-Tenta.

Pensei nas razões. Bruno todo o tempo me fez de gato e sapato, ele me “traiu”, ele ficou com garotas, brincou e feriu meus sentimentos, me deixou a deriva de todos meus choros e profundidades.

Pensei nas emoções. Querendo ou não eu o amo, eu amo esse Bruno, eu amo o que ele sempre foi, e essa versão querendo ou não também é parte dele, faz parte da construção do Bruno. Seus olhos expressivos, sua fala calma e ás vezes safada. Sua boca desenhada, e seus perfeitos cachos.

Eu não tenho como escolher uma coisa só. Eu que errei. 


-Eu vou atrás dele, Phil.

-Isso garota! – Ele sorri e eu também.

-Posso ser tachada de burra por isso.

-Não. Você não vai ser tachada assim, sabe porque? – Balancei a cabeça negativamente. – Porque ninguém é burro de escolher os sentimentos.

-Obrigada. – Meus olhos estavam marejados, mas eu não estava com vontade de chorar.

-Mas vou esperar mais um tempo. 

-Você que sabe. - Ele sorri pra mim. 

-Eu tenho certeza que vocês se gostam, tantos anos e tantas coisas não devem ser passadas apenas em branco. Não vamos virar a página antes de lutar, e eu ainda vou ser convidado para o casamento de vocês.

-Casamento? – Balancei a cabeça. – Não, não.

-Quem sabe!?

-Não, não Phil. – Comecei a rir das suas ideias.

-Imagina você de branco, ele de terno... Paris para lua de mel... – Enquanto ele falava, mesmo não querendo para não alimentar meu ego de maneira errada, eu pensei em nós dois, não digo casando, mas juntos, com uma família, uma casa, cachorro... Eu tenho que parar com essas idiotices. – E quem sabe até um filho.

-Não tão cedo. – Balancei a cabeça.

-Um mini Bruno, uma mini Michelle.

-Só você mesmo. – Balancei a cabeça e ele ri.

-É sério, você sabe que o Bruno ama crianças, e mesmo dizendo que não quer, ele amaria um filho.

-Mas não. – Neguei! Eu não quero um filho agora, filho é compromisso e outra que do jeito que eu e o Bruno estamos, um filho seria pior, porque o coitadinho ficaria doido com as nossas brigas e discussões, não vou fazer meu filho passar por isso.

Me passou algo na cabeça, falando em casamento e filhos, algo que até então eu tinha esquecido completamente. Minha mãe falava, principalmente com a dona Bernie, enquanto faziam comida ou teciam em seus belos panos, algo sobre isso, traição! Me lembro que ela falava “Quando o relacionamento chega no estágio de traição, de ambos se traírem, é porque a relação já está gasta, e não há mais amor”. Tá, ok, não crucifico o Bruno porque ele não me ama, ou porque me traiu, mas agora ponho em questão a minha dignidade. Será que eu quero isso? Eu traí ele e agora estou nesse constante pensamento de que se realmente eu gosto dele. Esse é o problema, se eu gostasse realmente, eu teria certezas e não dúvidas.

Phil me chamou para a mesa posta. Sentei no meio das crianças, cada uma ao meu lado me fazendo perguntas. Comíamos e ríamos, porque é praticamente impossível estar na mesma mesa que Phil e Urbana e não rir das palhaçadas, piadas e até do próprio riso deles. Lavei toda a louça, porque era o mínimo pra eu fazer já que fui totalmente depreciativa quando não me ofereci a ajudá-la na cozinha.

-Então, é isso. – Digo secando as mãos em um pano que Urbana me alcançou. – Eu vou indo lá.

-O Phil vai levar você.

-Eu acho que não precisa se incomodar.

-Claro que preciso, vou levar você, o tempo está se armando, não quero que pegue uma gripe com essa possível chuva. – Diz ele.

-Tudo bem. – No fundo eu estava querendo uma carona mesmo, não vou negar. Ir de carro é milhares de vezes melhor do que ir de ônibus.

Me despedi das crianças e dei um abraço bem apertado na Urbana, agradeci a ela por ser uma pessoa tão acolhedora e hospitaleira como ela foi. Segui com Phil até o carro e sentei no banco do carona. Coloquei o cinto e ele ligou o rádio. Fomos conversando coisas banais, até eu perceber que aquele não era nem um pouco parecido com o caminho da minha casa.

-Phil, onde estamos indo? – Pergunto olhando para o bosque de palmeiras que passamos.

-Para um encontro!

-Hã? – Fiquei sem sentido quando ele falou.

-Vamos encontrar o Bruno, vocês vão se falar e resolver isso.

-Ele não quer me ver. – Principalmente depois do tapa, que sinceramente, acho que extrapolei, passei dos limites da física e do auto controle.

-Ele quer ver sim.

-Aí, como tem tanta certeza?! – Já comecei a me irritar.

-Vai por mim. – Ele fez o retorno e quando entrou no condomínio do Bruno meu coração se apertou, uma dor, uma coisa sem explicação. Não sei dizer o que eu senti, só sei que senti.

-Vamos parar aqui. – Disse e ele quase freio, porém somente diminuiu a velocidade. – Eu não sei se quero ver ele, eu cheguei a dar um tapa no seu rosto, Phil, ele deve estar muito bravo comigo.

-E dai, ele vendo que você está aqui é o que importa. – Chegamos à frente da sua casa. Passei a mão na porta do carro e a abri. – Vou estar aqui fora, qualquer coisa me chama.

Ajeitei minha roupa sem saber o que vinha pela frente, garanto que um tapa eu não levaria, pois ele nunca seria tão louco a ponto disso, mas prevejo uma longa discussão, brigas e bastante arrependimento da minha parte. Bati na sua porta, três vezes seguidas. Não demorou muito ouvi alguns barulhos e logo latidos.

-Vai estragar a porta, saí Gege. – Ouvi sua voz e o arrepio se formou na minha coluna. A porta se abre e assim que ele me vê, sua expressão muda, não sei dizer se é de bom ou de ruim, mas ela muda. – Oi.

-Oi, Bruno. – Tentei ao menos fechar os olhos, mas não consegui.

-Entra. – Diz sua voz seca. Olhei para trás e entrei na casa.

Bruno Pov’s

Há um tempo atrás, eu me lembro muito bem, que pensei “E daí, eu posso ficar com outras, da mesma forma que ela também pode ficar com outros homens, eu não ligo”. Eu acho que era mentira.

Quando vim pra casa, depois daquele episódio terrível de brigarmos e ela novamente bater no meu rosto, o que me deixou furioso, eu pensei em tanta coisa. Principalmente em nós dois juntos. Não sei se estamos fazendo o certo, ou o errado, ou se não estamos fazendo nada, mas eu não quero que acabe do jeito que aconteceu ontem. Se tiver que acabar, vai acabar tudo bem.

Soltei o Gerônimo dentro de casa um pouco, o tempo está ameaçando para chuva, e eu preciso de companhia. Ele acabou dormindo comigo, enquanto martelava algumas coisas na minha casa.

Pedi comida japonesa, daí lembrei que eu traí ela sim. No inicio do namoro, quando eu fui para o Japão, eu fiquei com outra garota, uma japa. Nossa! Desviei meus pensamentos absurdos e comi meu almoço. Liguei para Ryan diretamente.

-Alô. – Falei antes que ele dissesse.

-Fala aí negão, qual foi?

-Quando é que começamos outra viagem?

-Acho que daqui há três dias precisamos ir para Nova Iorque.

-Perfeito. – Já pensei em desviar meus pensamentos para lá.

-Porque?

-Ansiedade pra turnê.

Dei tchau e desliguei o telefone. Ansiedade pela turnê eu tenho muita, pessoas novas, meus shows, minhas músicas, meus fãs, isso tudo me acalma tanto. Meus hooligans me acalmam, eles são um ponto de equilíbrio nessa vida doida que tô levando. Peguei meu celular e escrevi uma mensagem pro Phil.

“Por favor, se a Michelle ainda estiver aí, traz ela aqui. Juro que não é pra brigar, eu preciso mesmo falar com ela. Obrigada brother” 

Arrumei as coisas do meu almoço e tomei um banho. Na porta ouço três batidas seguidas, coloquei minha camisa apressadamente e Gerônimo foi na frente. Eu sei que é ela.

-Vai estragar a porta, saí Gege. –Disse quase rindo da euforia dele. Suas patinhas arranharam a porta e eu o segurei pela coleira.Como eu esperava, assim que abri a porta ela estava ali, mas algo me fez fechar a cara quando vi ela, lembrei dela com aquele idiota. – Oi.

-Oi, Bruno. – Aí sua voz.

-Entre.

Michelle Pov’s

A qualquer custo eu iria falar com ele, saber o que se passa na sua cabeça, o que ele pretende, o que vai acontecer com nós dois, se é que ainda existe nós dois. Ele me guiou para a sala, sentei no sofá e ele se sentou na poltrona. Gerônimo veio pra cima de mim, querer brinquedo. Passei a mão no seu pelo macio e ele ficou todo feliz, abanando o rabinho de um lado para o outro rapidamente. Perdi o medo por ele. 


-Antes que me pergunte, o Phil que pediu pra mim vir aqui falar com você. – Saí na minha defensiva. Ele abriu um sorriso um tanto quanto irônico. – Mas se eu fiz mal, posso ir embora.

-Vamos conversar, ué. – O sorriso dele não era tão irônico assim, até que saiu meio verdadeiro, meu Deus que medo.

-Claro que vamos... Precisamos! – Cruzei minhas pernas e senti seus olhos passar por minhas pernas e me assustei com uma trovoada.

-Sabia que logo começaria a chover. – Ele olha para a rua e levanta-se da poltrona.

Observei ele fechar as janelas, e quando retornou para onde eu estava sentada, ele sentou-se no mesmo sofá que eu. A sala já estava mais escura do que antes, seus lábios estavam mais arroxeados, que cor mais linda. 


-Eu que pedi pro Phil trazer você aqui. – Por essa eu não esperava.

-Porque? – Pigarreei.

-Nós chegamos a terminar o que tínhamos? – Não nós não terminamos, mas sinto que agora vamos. Um pedaço de mim não quer acabar com tudo.

-Por mim, eu acho que não!

-Então se não acabamos... – Ele para pra pensar um pouco, desvia o olhar do meu e volta a encarar meu rosto de forma gentil. – Eu não quero terminar nada, ok?

-Tudo bem... – Não sabia o que iria falar.

-Não quero que tudo acabe assim, eu vou procurar entender o porque você fez isso, e como nossa relação está, eu juro que não quero mais brigar, e prometo tentar ser compreensivo. – Seu corpo se aproxima do meu. Suas mãos seguram as minhas.

-Bruno eu quero que saiba, que se nós vamos continuar junto mesmo após tudo isso, dá próxima vez que ocorrer qualquer coisa, não irá mais existir “nós”. – Disse convicta. Engoli minha saliva e ele sorri.

-Tudo bem, eu juro que eu vou tentar ser melhor.

-Aí, veremos.

-Acho que você é a pessoa mais sensata que existe. – Ele se aproxima mais do meu rosto e larga minhas mãos para segurar-me.

  • Desculpem se o capítulo ficou chato, mas estou com uma falta de criatividade enorme. Aiiiiin gente, amei os comentários do capítulo passado dsnioadnisa e entendam que a Michelle voltou com ele, porque na próxima briga é o fim do flashback TA CHEGANDO dsaudnsao <3
  • Ah, capítulo na segunda normal, porque tenho vestibular sábado e domingo, tô tentando tudo que é faculdade né *u* Obrigada por sempre estarem aqui comigo <3