terça-feira, 30 de julho de 2013

Capítulo 5


  • Eu sou um amor né? dnisaondosa' postando dois dias seguidos, isso porque vocês me deixaram feliz com os comentários, e número de comentários que cresceu! E como eu disse, quanto mais, mais recompensa. <3 Espero que gostem e comentem! 


Já estamos no sábado. Eu não dormi quase nada a noite, não sei porque, mas fiquei virando a noite toda, peguei até meu iPod para escutar algumas músicas, mas não consegui dormir. Eram cinco da manhã a ultima vez que olhei o relógio, ai sim peguei no sono, mas como se não bastasse, me acordei ás dez da manhã.
Como Anne ainda estava dormindo, eu dei mais um tempo na minha cama, olhando para o nada e levantei. Peguei os nossos esmaltes, fui para o sofá e liguei a televisão. Escolhi um tom nude, tanto para os pés quanto para as mãos. As fiz e por incrível que pareça, hoje quem acordou tarde foi a Anne. Meu celular tocou, alguma mensagem. Peguei ele com muito cuidado para não borrar as unhas, e vi a mensagem.
“Bom dia. Bom, vocês não precisam se preocupar pois o Ryan, junto com o Dre irá ir buscar vocês. Ah, outra coisa, tragam biquíni, amanhã com certeza as meninas irão arrastar vocês para a piscina. Beijos”
Sorri com a mensagem mas esperei um pouco para responder, ai escrevi.
“Oi Bruno, então vamos esperar o Ry vir nos buscar (: Ah, e pode deixar que nós levaremos.”
Larguei o celular e ouço o barulho da descarga do banheiro, e um barulho de passos largos e pesados. Aparece na sala, Anne, com o rosto inchado do sono, seus olhos quase fechados. A calça do pijama estava torta para o lado, e um pedaço da camisa para dentro das calças.
-Está uma princesa. – Ironizei e ela gentilmente põe o dedo do meio para mim.
-Acho que peguei alguma doença de ti, to morrendo de sono. – Ela se senta em uma cadeira da mesa.
-Trocamos de personalidade, pois eu acordei bem cedo. – O normal era ela acordar cedo e eu tarde.
-Não me fala isso. – Ela revira os olhos.
-Nossa, é tão ruim assim, ser eu? – Perguntei e ela ri.
-Não que seja ruim, mas também que não seja bom. – Ela fala e meu rosto se contorce em uma careta estranha. – Sei lá, to dormindo. – Ela escora a cabeça na mesa.
-Ah, o Bruno avisou que o Ry vai vir nos buscar. – Falei e ela ergue a cabeça rapidinho. – E também é pra levarmos biquini. – Falei observando minhas unhas.
-Festa na piscina? – Ela pergunta de má vontade.
-Não, é que ele disse que as meninas provavelmente irão nos arrastar para a piscina. – Falei e ela riu.
-Meu corpo ta horrível para colocar biquini. – Ela bufa.
-Sim, está horrível demais, com qualquer roupa. – Revirei os olhos. – Aliás, acho que você nem deve sair de casa, de tão feia e estranha que ta. – Revirei os olhos mais uma vez, ironizando tudo o que falei e ela ri.
-Sério. – Ela diz entre risos.
-Também to falando sério. – Falei e ela arqueia a sobrancelha. – Você é linda, não sei porque essas manias de se por pra baixo. – Verdade, não sei pra que ela tinha isso. Eu sou algumas vezes mais feia que ela, na verdade me sinto o smigol ao lado dela, e nem por isso fico me pondo para baixo.
-Eu estava pensando ontem a noite, que da próxima vez temos que ir ao starbucks... Afinal, estamos em Los Angeles. – Ela balança as mãos me fazendo rir.
-Verdade, temos que ir mesmo. – Concordei.
Passamos a tarde de molho. Tarde de meninas, rimos demais também com um programa, que pelo jeito só passava aos sábados. Ela fez as unhas dela, e fomos ver nossas roupas. Porque é tão difícil assim ser mulher? Homem somente pega uma calça, uma camisa, cueca, meias, e um sapato e pronto, está lindo, já nós não, nós temos que cuidar cada passo, detalhe por detalhe. Eu e Anne, como estavamos indecisas, decidimos eu escolher a roupa que ela irá usar, e ela escolhe a minha. Confio no gosto dela, e sei que irá escolher uma bela roupa, já eu escolher pra ela, não confio tanto.
Acho que eu escolhi uma roupa no mínimo bonitinha, já que tenho um gosto meio estranho para roupas, mas todo o caso, coloquei a roupa sobre a cama dela e fui até meu quarto, onde ela estava escolhendo a minha roupa.
-Posso? – Gesticulei minha entrada e ela barrou-me com a mão.
-Invente um penteado pra mim, pois irei inventar um look completo para você. – Ela diz fechando a porta na minha cara, fiquei olhando para a porta por alguns segundos.
-Educação é bom. – Reclamei voltando para o seu quarto, que era do lado do meu.
-Então comece a usa-la. – Ela reclama e eu esbravejo. Claro que isso é só apenas uma brincadeira.
Arrumei toda a roupa dela, montei-a sobre a cama, imaginando ela dentro da roupa, e para o meu gosto, estava muito linda! Procurei nos sapatos algo para combinar, mas apenas achei um meia pata preto, esse mesmo que ela irá usar. Maquiagem resolvi que ela colocaria algum tom mais claro, tanto na boca quanto nos lábios. Ouvi as batidas na porta.
-Seu look está pronto, agora vá para o banho, e depois seque o cabelo fazendo uma escova neles. – Olha que divertido, ela do outro lado da porta me dando ordens.
-Okay, depois do meu banho é a sua vez. Não molhe os cabelos, maquiagem é apenas tons claros com uma fina camada de delineador. – Falei e abri a porta. – Te amo. – Passei por ela e fui para o meu banho. Minha toalha já estava lá.
Sai do banho quentinho, que eu não queria sair, mas tive. Sequei meus cabelos primeiro com a toalha. Fui para o quarto e passei creme hidrante pelo corpo e logo depois um creme que passo nos pés para deixa-los bem macios. Fechei a janela por completo e parei em frente a cama observando a roupa que ela me deixará. Comecei a rir, mas ela acertou, a roupa estava linda. Coloquei minhas roupas intimas e uma meia calça fininha cor de pele. Fiz uma escova no meu cabelo e olhei para o celular, tinha uma mensagem.
“Pensei em amanhã pegarmos uma praia. Que tal?”
Leonel. Olhei a mensagem mas não respondi, já tinha planos para amanhã. Cobri meu rosto com uma leve camada de base liquida quase transparente, e conclui minha maquiagem. Vesti minha roupa, um calção que tinha a muito tempo e quase nunca usava, ele é meio social, e também acho que fica estranho em mim, ou ficava. Dei uma olhada no espelho, e até que não estava nada mal. Ainda de sutiã, abri minha sacola da Channel e coloquei meu biquini, um pijama fininho com estampa de uma bonequinha, coloquei também uma muda de roupa para amanhã. Dentro da minha bolsa, pus as demais coisas que á mim eram necessárias. Coloquei a blusa de seda vermelha e os sapatos que ela escolheu para mim.

-Estou pronta. – Gritei do corredor com minhas coisas nas mãos. Fui para a sala e deixei as coisas sobre o sofá.
-Amei a roupa que escolheu pra mim. – Anne aparece vestida, e né que eu acertei? Ficou lindo nela, a combinação da saia, com a blusa e o meia pata. A maquiagem também estava linda.- Ai meu Deus, está uma gata. – Ela abre os braços, é parecia mesmo que eu estava impressionando.
-Você também. – Falei e ela deu um gritinho em comemoração.
-Precisamos de uma foto. – Ela procura o celular na sua bolsa. – Vem cá. – Ela me chama para o quarto dela. Tiramos a foto.
Ela postou no instagram com legenda. “Jantar de reencontro, prevejo sucesso. #LA”. Comecei a rir quando ela me mostrou.


-Que horas o Ryan disse que estaria aqui? – Ela pergunta olhando para o seu celular.
-Umas sete e meia. – Falei enquanto verificava as coisas em minha bolsa.
-Então ele está uns cinco minutos atrasado. – Ela diz me mostrando a tela do celular que marcava sete e trinta e cinco.
-Vou ligar para o Bruno. – Peguei meu celular e procurei o contato dele e completei a chamada.
-Alô. – Ele diz com uma voz suave. Eu não tinha falado com ele por telefone, quer dizer, depois que nos vimos, nosso unico contato foi mensagem, suspirei fundo antes de responder. Porque eu fiz isso?
-Oi Bruno, é a Michelle. – Avisei quem era.
-É, eu meio que sei, tenho seu telefone e tal. – Ele fala ainda suavemente. É claro anta ignorante, é obvio que ele sabe quem é. – Vocês já estão vindo?
-Sobre isso mesmo que queremos falar, o Ryan não chegou aqui ainda. – Falei pegando minha sacola e minha bolsa.
-Ah, vou ligar pra ele e já retorno. – Nem falei mais nada, apenas desliguei.
-E ai? – Pergunta Anne.
-Ele vai me avisar agora. – Falei e meu celular avisa mensagem.
“Ele já está lá embaixo. Beijo”
-Ah sim, ele está lá embaixo nos esperando. – Revirei os olhos relendo a mensagem.
-Então vamos descer. – Ela pega a bolsa dela, e sua sacola com as roupas.
Descemos com as nossas coisas para a frente do prédio, e como Bruno disse, lá estava o Ryan e o Dre.
-Boa noite rapazes. – Falei assim que vi os dois parados em frente ao carro.
-Boa noite. – Anne disse e os dois olhavam boquiabertos.
-Vocês, com todo o respeito, estão lindas. – Ryan falou. Estamos lindas? Okay, ele nem olhou pra mim direito, não tirava os olhos da Anne.
-Quero ir na frente. – Me pronunciei para ir sentada na frente pois sabia que Ryan iria adorar ir o caminho todo ao lado da Anne.
-Ah, eu queria ir. – Anne fingi indignação, sei que ela está gostando da ideia.
-Que pena, mas eu quero ir conversando com meu amigo Dre. – Falei e ele riu.
-Isso mesmo. – Ele se engrandece e vai para a porta do motorista.
Fomos percorrendo o caminho, acho que iria demorar. No caminho todo, Dre veio conversando comigo, enquanto Ryan e Anne estavam no maior papo. Dre é uma pessoa muito querida, ele falou pra mim que apesar de ser segurança do Bruno e outras coisas, ele é fã da Lady Gaga. Eu morri rindo, pois não imaginei um homem daquele tamanho – ele é enorme, um monstro das bombas e forças – gritando pela Lady Gaga em algum show.
Ele foi parando o carro assim que entramos em um grande condomínio  ele se identificou e entramos. O condomínio fechado, mais parecia uma cidade. Passamos por um caminho com algumas arvores e chegamos em frente a casa dele. Os terrenos eram divididos através de estradas, e alguns pilares. Não vou negar que a noite, se não fosse tão iluminado, pareceria um cenário de filme de terror. Ele faz o contorno com o carro no grande arco que tem bem em frente a casa. Fiquei olhando a enorme casa, de queixo caido, era muito linda por fora, imagina por dentro.
-E isso que tem muito mais nos fundos. – Ouvi Ryan falar para Anne, que assim como eu, estava boquiaberta.
-Isso é enorme. – Falei e os dois riram.
-Espera ver lá dentro. – Dre fala abrindo a porta do carro. – Bom, estão entregues, eu só volto amanhã agora. – Ele sorri e eu saio do carro.
-Ta brincando que não irá ficar? – Perguntei, triste até, pois ele é uma boa companhia.
-Não vou poder, minha namorada está em casa. – Ele torce os lábios. Bom, ele tem namorada, eu não, isso significa... Muita coisa!
-Okay, que pena. – Anne lamentou tentando parecer que estava dentro da conversa, segurei meu riso.
-Pois é, dá próxima nós nos vemos. – Ele diz voltando para o carro. – Tchau. – Fiquei observando ele arrancar com o carro com as minhas coisas em mãos.
-Oh anta, vamos entrar. – Anne, querida, um amor, pede com uma gentileza que só ela tem.
-Claro. – Desviei meus pensamentos e andei até os dois. – Me chama de anta de novo e eu faço você engolir a grama. – Balbuciei nervosamente em seu ouvido, ela ri.
-Okay. – Ela começa a rir mais ainda.
Ryan faz a frente, abrindo a porta da mansão. Aquilo não dava pra ser chamado de casa, casa é normal, aquele local era enorme demais para ser apenas uma casa.
-Bem vindos a nossa casa. – Ele abre os braços e vejo um enorme cachorro vindo correndo na direção dele.
-AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH. – Gritei voltando para a área externa.
-Que foi? – Ryan pergunta sem entender.
-Mich tem medo de cachorros, desde que um mordeu ela na praça. – Anne explica com uma facilidade.
Eu não tem medo de cachorros, eu tenho pavor, remórcio. Cachorro para mim somente daqueles pequenos, pois esses grandes me dão medo. Uma vez, eu estava na praça com a Anne, lá no Brasil ainda, e sentei num banco, quando um cachorro de rua me mordeu na perna. Não foi uma mordida profunda, mas doeu e desde então, tenho pavor de cachorros grandes.
-Tira esse monstro de perto de mim. – Falei me escorando em um dos pilares da casa, ele e Anne começaram a rir.
-Ele não morde, né Gege. – Ryan acaricia a cabeça dele.
-Vai vendo, até ele arrancar a sua mão e comer toda a carne, e depois roer o osso por muito tempo. – Falei olhando diretamente para o cachorro.
-Credo! – Ryan reprova o que eu falei. – Ele é querido ó. – Ele chega mais perto com o cachorro e me encurrala. Não tenho lados para ir.
-Por favor Ryan, por favor. – Supliquei a ele que riu mais uma vez.
-Tem como prender ele? – Pergunta Anne segurando minhas coisas e as dela, ainda na porta.
-Eu vou fazer isso. – Ele fala indo pela lateral da casa, não demorou muito e Phred estava na porta.
-Que grito foi esse? – A pergunta que eu estranharia se não viesse.
-O Ryan colocou um monstro em cima de mim. – Ofegantemente expliquei com as minhas palavras.
-Tinha um cachorro aqui, ela tem medo de cachorros. Foi isso. – Anne pacientemente explicou.
-Ah, o Geronimo. – Ele da de ombros. –Entrem meninas. – Ele diz pegando as coisas da Anne.
-Obrigada. – Ela agradece.
Entramos na casa, e meu Deus, se parecia enorme por fora, eu estava enganada, era bem maior lá dentro. Um pequeno hall na entrada nos recepcionou. Phred guiou-nos até a sala.
-Sentem-se aqui, Bruno já vai vir, ele está na cozinha com o resto do pessoal. – Phred gentilmente da as costas para nós com nossas coisas em mãos.
Tinha uma música de fundo, bem alegre até, eletrônica, sentei-me num dos sofás que tinham em volta de uma lareira, a qual estava apagada.
-Essa casa é enorme. – Comentei baixinho com a Anne.
-Enorme é apelido, sinto nosso apartamento no chinelo. – Ele comenta me fazendo rir.
-Ora ora, vê se não é as mulheres mais lindas do Havaí. – Eric chega a sala, com uma mulher ao lado dele. Deve ser sua esposa.
-Deixa de ser bobo. – Falei rindo, levantei-me e cumprimentei ele, e a mulher ao seu lado.
-Essa é minha esposa. – Ele diz sorridente.
-Prazer esposa, sou Michelle. – Falei ela riu.
-Meu nome é Cindia. – Ela da um beijo no meu rosto. – Prazer.
Anne fez a mesma procedência com ela se apresentando.
-Vamos lá na cozinha. – Eric da a mão para a mulher dele e segue em frente, fomos logo atrás.
Passamos por um corredor onde tinha mais uma porta em forma de arco, onde era fechada por duas cortinas bordô e detalhes em dourado, estavam abertas. (Escute essa música, porque sim. Wide Awake – Katy Perry). Entramos na cozinha enorme, onde sentados na bancada estava Bruno e Dwayne, se eu não me engano, e uma mulher próxima ao coctop (fogão de balcão) com uma luva térmica nas mãos.
-Boa noite. – Alertei e Bruno nos olhou com um sorriso.
-Boa noite, que bom que vieram. – Ele vem em nossa direção e da um beijo no rosto de cada uma.
-Mich, Anne, esse é o Dwayne, que vocês já conheciam, e a mulher dele Liss. – Nos apresentamos assim que Bruno falou quem era quem, nos cumprimentamos, e eu e Anne fomos para próximo dela, puxar conversa. Afinal, os homens estavam falando alguma coisa sobre algum show que iriam fazer.
-O cheiro está bom. – Ryan chega junto com o Phred, chamando a atenção de todos.
-Claro, minha mulher que está fazendo a comida. – Dwayne se vangloria.
-Não leve a mal, mas a minha mulher também sabe fazer uma comida dos deuses. – Eric se vangloria também e ela que estava ali junto de nós mulheres, cora na mesma hora.
-Ah minha também, opa, me esqueci, não tenho uma mulher. – Bruno revira os olhos.
-Não tem uma né, porque tem um monte. – Phred comenta e os outros riem.
-O que vai fazer as minhas amigas de infância pensarem, que eu sou um safado, sem vergonha? – Ele toma um gole da sua bebida, que havia nos oferecido antes.
-Phil avisou que irá chegar daqui a pouco. – Eric avisa desligando o celular.
-Então vamos esperar para servir a janta. – Liss se pronuncia.
As meninas engataram numa conversa e eu comecei a me lembrar do passado. Me lembrei de quando nós brincávamos  nossa, a muito tempo! Ryan era apaixonado pela Anne, que nunca deu bola pra ele, pois achava um colega dela muito lindo, e era o sonho de consumo dela. Eric era o mais velho, então pouco ficava com nós. Bruno era o garanhão da escola, como sempre cantou, ele vivia em apresentações e coisas assim da escola, me lembro quando pequenino imitava o Elvis. Ryan não sabendo pra onde atirar, uma vez tentou me conversar, dizendo que me achava linda, eu apenas ria das bobagens que eles falavam, mas nunca ficamos, nem eu, nem a Anne com o Ryan, nem ninguém, eramos apenas amigos. Agora fiquei observando, ali estávamos nós, todos adultos, responsáveis por seus atos, Bruno com 27 anos, eu com 26, beirando os 27. Era tudo muito novo, mas ao mesmo tempo tão nostálgico.
-Cheguei. – Phil anuncia fazendo todos olharem para ele. – E estranhei o fato do Gege não está na minha cola. – Ele faz uma careta engraçada.
-Ah, verdade! Cade o Geronimo? – Pergunta Bruno percorrendo os olhos pela casa.
-Pergunta pra Mich. – Ryan cruza os braços me olhando, discretamente ponho o dedo do meio pra ele e ele ri.
-Cade ele? – Eric pergunta olhando para os lados também.
-Eu o prendi. – Ryan diz. – A princesa ali estava com medo dele. – Seus dedos apontam pra mim, perfeito, senti minhas bochechas corarem.
-Ta brincando? – Bruno pergunta, senti que ele queria rir.
-Não ta não, tinha que ver como ela tava, até gritou. – Phred ajuda um pouco mais, pronto! Eu estava morrendo de vergonha.
-Foi você que gritou aquela hora então? – Dwayne pergunta. Comecei a rir nervosamente.
-Foi eu sim. – Concordei e eles pegaram o embalo rindo também.
-A comida vai ser servida rapazes, todos para a sala de jantar. – Liss diz enquanto vai até o fogão.
Andei ao lado de Anne que logo foi raptada para o lado do Ryan que estava conversando com ela e com a Cindia empolgante. Bruno fica ao meu lado, passando um braço sobre meus ombros e com o outro segurando o copo. Já falei que ele estava um gato? Com uma camisa branca sem estampa, e por cima uma jaqueta de algum time de futebol americano, uma calça jeans e converses.
-O Gege não morde. – Ele diz assim que passa o braço sobre meus ombros.
-A é mesmo? Diz isso pra quem foi mordida por um. – Falei ironicamente fazendo ele rir.
-Sério, ele é mansinho, como o dono. – Papo de galanteador, eu morro e não vejo tudo.
-E o dono dele, vai cantar pra nós hoje? – Perguntei e ele me encara pensativo. Ainda estávamos andando até a sala de jantar.
-Se quiser ele pode cantar. – Ele sorri.
-Que dia é hoje? – Perguntei me lembrando de algo.
-Vinte de outubro. Porque? – Ele arqueia levemente a sobrancelha. Parei no corredor e automaticamente ele tirou seu braço, olhei pra ele e o abracei.
-Feliz aniversário atrasado. – Falei próximo ao seu ouvido.
-Que bom que lembrou, e obrigada. – Okay! Eu estava quase duas semanas atrasada, mas pelo menos me lembrei. – Confesso que não lembro o seu. – Ele diz assim que nos desvencilhamos.
-Oh! Que calúnia. – Disse levando a mão na boca como se tivesse impressionada e abismada, ele ri timidamente e eu começo a rir. – Dia dez... – Antes que eu continuasse ele me atrapalha.
-Claro, dez de novembro. – Ele sorri. – Do mesmo ano que eu. – Ele põe um sorriso bem grande nos lábios. Os dentes dele ainda continuam branquinhos e retinhos, como sempre foram.
-Isso! – Bati na palma da mão dele.
-O pessoas, a comida vai esfriar. – Liss avisa bem espontaneamente.
-Ah claro! – Falei seguindo o caminho e ele fica parado por um tempo, logo depois me seguindo.
A sala de jantar, assim como o resto, era linda. Uma grande mesa de tampa de vidro temperado, com cadeiras em tom mogno, de uma madeira cara. Dava para ver que as coisas que ali estavam naquela casa, os móveis, eram bem chiques. A arquitetura da casa, uma completa beleza, mas se fosse eu a arquiteta que tivesse planejando, faria diferente, colocaria do lado de fora algo mais rústico. A conversa entre o jantar estava agradável, na ponta da mesa estava o Bruno, logo para o lado estava eu, Anne, Ryan e Phred, na outra ponta o Phil, e do outro lado, Liss, Dwayne, Eric e a Cindia. Ajudei as meninas com os pratos e fomos para a cozinha dar uma geral.
Dividimos as tarefas enquanto os meninos estavam na sala de estar. Logo que terminamos ali, fomos pra lá também.
-Se formou em que? – Pergunta Phred enquanto tomávamos um vinho, agora com a lareira acesa graças ao Phil.
-Eu? – Perguntei e ele assentiu. – Em arquitetura. – Falei e ele sorrio.
-Inteligente. – Ryan debocha.
-Também te adoro querido. – Ironizei esticando a taça para ele como se fossemos fazer um brinde.
-E você, Anne? – Pergunta novamente Phred.
-Me formei em direito. – Ela diz e Ry fica boquiaberto.
-Então porque está na rádio? – Ele pergunta.
-Porque eu sempre trabalhei na radio, e como gosto disso, resolvi não largar, eu me dou bem com isso. – Ela diz sorridente.
-Sim, mas e porque não tentou Comunicações na faculdade? – Eric pergunta. Meu celular toca, me distanciei dele e pedi licença.
-Alô. – Atendi o chamado do Leonel.
-Se não atendesse pensaria que está fugindo de mim. – A voz dele faz causar-me um arrepio.
-Ah, me desculpe, mas tinha uma janta hoje e estava ocupada de tarde, desculpa por não te responder a mensagem.
-Tudo bem, mas e amanhã, vamos á praia?
-Olha, acho que não irá dar. – Respondi.
-Porque? – A voz dele muda um pouco.
-Porque vou ter um reencontro com umas amigas minhas de infância. – Falei e ele fica em silêncio por um breve tempo.
-Tudo bem então, deixa pra próxima, oportunidades não faltarão. – Ele responde, mas senti chateação na sua voz.

-Não vai ficar chateado né? – Perguntei delicadamente.
-Não, está tudo bem. – Podia ver ele sorrindo.
-Então, me desculpa, mais tarde te mando uma mensagem, beijos. – Foi quase como se eu estivesse desligando na cara dele, ele mandou beijos  e eu desliguei. Voltei para a sala e dei de cara com o Bruno saindo pela porta.
-Opa, desculpa. – Ele diz animadamente.
-Foi nada moço. – Falei e ele riu passando por mim.
Sentei junto com eles na sala.
BRUNO POV’S
Assim que Michelle me deu aquele abraço, inalei o perfume dela, senti um cheirinho tão bom. Liss avisou sobre a comida e ela foi na minha frente, fiquei parado olhando o andar dela, aquele caminhar de mulher.
Era tão nostálgico tudo aquilo.
Jantamos e logo fomos, nós homens primeiro, para a sala de estar. Phil ligou a lareira e logo elas chegaram. Começamos a beber vinho, com a lareira acesa. Todos conversavam alegremente. Reparei em muitos olhares do Ryan para Anne, vamos e viemos, Anne está muito linda, se eu não soubesse o jeito que ela é, poderia jurar que ela tinha virado modelo, já que tinha tudo para isso, sem contar o Miss Havai Mirim, que ela ganhou. O celular de alguém toca, percebi que era o da Michelle, ela levanta e pede licença se retirando da sala para ter privacidade.
-Terminou o vinho? – Pergunta Phil olhando para a garrafa vazia.
-Tem mais na cozinha. – Comentei.
-Ta esperando o que pra pegar? – Ryan brinca e eu dou o dedo do meio pra ele. Levantei e quando ia saindo pela porta escuto ela no telefone, eu sei que é feio, mas peguei o final da conversa.
“-Porque vou ter um reencontro com umas amigas minhas de infância. –Ela estava respondendo alguma pergunta.
-(...)
-Não vai ficar chateado né? – Ela pergunta com a voz melosa.
-(...)
-Então, me desculpa, mais tarde te mando uma mensagem, beijos. –Ela diz e desliga o telefone. Acho que era algum namorado."
Mas como? Ela disse que chegou a pouco tempo aqui, e em tão pouco tempo já está namorando? Balancei a cabeça e me recompus para pegar o vinho.
-Opa, desculpa. – Digo bem animado assim que esbarramos na porta.

-Foi nada moço. – Ela diz animada também e eu passo sorrindo por ela. 

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Capítulo 4

  • Não esqueçam que se tiver pouco comentário eu demoro mais para postar! :) O capítulo 3 teve a metade do que teve no primeiro e no segundo.

É estranho a vontade que eu estava em ligar para a tia Savanna e para o Theo, acho que passei tanto tempo junto deles, que agora fica difícil me acostumar a ficar longe. Peguei meu celular e disquei no número, porém a ligação não foi completa pois não tinha posto o DDD nem o DDI. Coloquei e liguei. Agora sim a chamada foi encaminhada.
-Alô. – Atende a voz doce da tia Savanna, sempre me conforta.
-Oi mãe. – A voz preta da saudades transpassava.
-Mich? – Ela diz, parecia estar sorrindo. – Que saudades.
-Muitas, como estão as coisas ai? – Eu já segurava o choro.
-Estão bem, mas essa casa está muito calma para o meu gosto. – Ela ri e eu lembro do fuzuê que eu, ela, Anne e Theo fazíamos.
-On, não me fale. – Respirei bem fundo para não chorar.
-E as coisas como estão ai? – Ela pergunta.
-Estamos bem, nos acostumando com tudo ainda, mas sinto tantas saudades. – Reclamei e ela ri.
-Tudo bem, vai passar. – Ela me conforta, até assim.
-E o Theo, como está? – Perguntei sobre meu irmão, apesar de chato, irritante, bobo, sem noção, ele é meu irmão, e eu amo ele.
-Está bem, atucanado com as coisas da faculdade, esses dia virou a noite no escritório estudando, quando acordei ele estava lá, dormindo na cadeira, todo torto. – Ela ri e eu fiquei imaginando a cena.
-Tenho que puxar as orelhas dele. – Falei e nós rimos. – Mãe, a senhora não vai acreditar quem nós encontramos! – Me lembrei da noticia principal.
-Barack Obama? – Ela me faz rir.
-Não. – Respondi e ela solta um ar de decepção por não ter acertado. – Encontramos o Eric, o Peter, e o Ryan. – Falei e ela fica calada.
-Os que eram nossos vizinhos no Havaí? – Ela pergunta mas não da espaçamento para eu responder. – Os filhos da dona Bernnie? – Ela pergunta novamente.
-Os próprios. – Nesse momento esquecemos que Ryan era só o agregado que passava o dia lá, e não filho, mas todos considerávamos família.
-Nossa, que coincidência  – Ela diz parecendo impressionada. – Mich querida, tenho que desligar para cuidar das panelas, diga a Anne que eu a amo, e amo você também, se cuidem. Ah estou morrendo de saudades.
-Tudo bem mãe. – Eu tinha o hábito de chama-la de mãe. – Nós também amamos você, tchau. – Nos despedimos e desligamos.
Ainda deitada no sofá, com minha tigela de cereais no chão ao meu lado, vazia. Olho para a televisão que não dava nada de interessante, nada de bom. Passo o dedo pelo celular e penso no que poderia fazer agora, o tédio estava me matando. Resolvi entrar no twitter. Ativei a internet do meu celular, configurei ele para outro país. Entrei no twitter mas não tinha nada de importante, apenas algumas coisas normais.
Acho que eu acabei pegando no sono ali, acordei o celular estava sobre o meu peito, a televisão ainda ligada, mas acho que ainda não deu horário de Anne chegar. Fui para o quarto e como não tinha nada para fazer, resolvi já ver a roupa que iria ao jantar. Separei a roupa, junto com o calçado e outros detalhes, enquanto fazia isso lembrei que era boa hora de fazer minhas unhas. Peguei o kit dos esmaltes que eu e Anne guardamos juntas, como também com as maquiagens, e arrumei minhas unhas de vermelho tomate.
-Cheguei. – Anne anuncia assim que entra no apartamento.
-Oiii. – Gritei da mesa da cozinha.
-Que ta fazendo ai? – Ela pergunta vindo na minha direção.
-Andando de bicicleta. – Ironizei e ela ri sarcasticamente. – Fiz minhas unhas, agora estou esperando elas secarem.
-Ah, okay. – Ela vira de costas para ir ao quarto. – Ansiosa pelo jantar? – Ela pergunta retirando os sapatos enquanto vai indo para o quarto.
-Demais. – Tentei demonstrar emoção, mas não consegui.
-Credo, nem parece que está afim. – Ela revira os olhos.
-Mas eu estou com preguiça. – Reclamei. Preguiça é minha companheira, estamos sempre juntas. Ela não desgruda de mim.
+++++
-Estou me sentindo aquelas executivas quarentonas e solteiras que vão jantar para ver se encontram alguém de interessante. – Falei passando a mão sobre a roupa que estava vestindo, frente ao espelho.
-Eu estou achando você um luxo. – Ela diz enquanto põe seus brincos pequenos.
-Acho que tenho problemas com o emocional. – Falei virando de costas e girando levemente minha cabeça para enxergar como estava na parte de trás.
-Para Mich, você está linda. – Ela me olha enquanto segura meus ombros. – Como está? – Ela gesticula para a sua roupa.
-Maravilhosa. – Não tem nada que a Anne coloque e que fique feio para ela, ela consegue ser tão linda, entendo o porque tantos garotos na faculdade gostavam dela.
Descemos e pegamos o metro, eu não estava com saco para ir de táxi e também nem é muito recomendável gastar-mos dinheiro demais. Paramos em frente ao restaurante para esperar o Leonel, mas logo ele veio, ou melhor, ele já estava ali, porém não tínhamos visto eles. Ele estava tão elegante, com os cabelos bagunçados, os olhos mais expressivos e azuis lindos que existem. Uma camisa preta normal, uma jaqueta de couro por cima, calça jeans e sapatos.
-Boa noite moças. – Ele da um beijo no rosto da Anne e se aproxima de mim, dando um beijo bem de leve no canto da boca.
-Boa noite. – Respondi.
-Esse é o Paul, meu amigo. – Ele diz apresentando o homem que estava ao lado dele. Ele era meio alemão, nem tanto, cabelo baixinho e espiqueado, olhos verdes escuros quase castanho, da altura do Leonel.
Ele nos cumprimentou, apresentações dadas, enfim entramos para o restaurante. Nossa mesa estava reservada, um restaurante chique, mas os toques de dentro eram do campo. Toalhas quadriculadas vermelha com branco, madeira pura, e detalhes bem rústicos no resto das coisas, como bela observadora da arquitetura, aquele local foi bem projetado.
-E você vai querer o que Mich? – Pergunta Leonel sentado ao meu lado, enquanto a garçonete estava com o menu a nossa mesa.
-Pato a Pequim. – Falei e ele sorri.
-Então é isso. – Ele diz entregando o menu para a garçonete que anotava tudo em um bloquinho sobre sua bandeja.
-Vão beber algo? – Uma voz enjoativa ela tinha.
-Vinho, por favor. – Ele diz se ajeitando na cadeira.
Passamos o jantar comendo e conversando, Leonel fazia algumas palhaçadas e nós riamos demais. Um cantor pegou um violão e começou a tocar músicas calmas ali, normalmente só tinha casais nas mesas, uma lá que outra estava com amigos. Anne engatou num papo com Paul, e enquanto eu fiquei observando o tocar do moço no seu violão solitário.
-Mal vejo a hora de poder provar seus lábios. – Ouvi a voz do Leonel nos meus ouvidos, o calor das suas palavras me causaram arrepios, mas como ele se atrevia? Isso é coisa de homem safado.
-Desculpa, não gosto de homens assim. – Falei virando o rosto, ficando bem próxima do dele.
-Desculpe, não foi minha intenção. – Ele diz distanciando nossos rostos.
-Não, está tudo bem. – Dei um sorriso e ele também.
-Que tal um quiosque para tomarmos uma cervejinha? – Leonel bate com o anel prata do seu dedo indicado da mão direita, em uma taça, chamando a atenção dos dois.
-Eu acho uma boa. – Concordou Paul.
-Bom, nós vamos indo, ainda tenho que acordar amanhã cedo. – Anne fala, dou graças a Deus por ela não aceitar o convite.
-Ah, que pena. – Leonel lamenta. – Podemos largar vocês em casa? – Docemente Leonel pergunta, voltando o olhar ao meu.
-Por mim, tudo bem. – Anne responde. Fiquei calada
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Hoje é a entrevista no escritório onde Leonel me indicou. Em plena quinta feira.
Fiquei olhando por muito e muito tempo as minhas roupas,olhei para as da Anne também, eu não sei o que usar, parece que é meu primeiro serviço. Olhei para todas as opções que coloquei sobre a cama.
Escolhi uma calça e um blazer sociais femininos, uma camisa social bege, combinando com a bolsa da Anne que iria pegar emprestado – sem ela saber, mas okay -, calcei meus sapatos, e meus cabelos ajudei um pouco com a chapinha, passando óleo para melhor manusea-lo. Prendi eles num rabo de cavalo, e fiquei encarando o espelho logo depois que fiz minha maquiagem, sim, eu estava precisando aparar as pontas do meu cabelo.

Ah meu cabelo, eu nunca pintei ele, nem pretendo. Peguei as chaves do apartamento, e como uma bela ladie, fui de metro até a empresa, nossa, fico impressionada com a tamanha chiqueza. Entrei no grande prédio meio espelhado por fora. Uma vasta recepção ali estava, as poltronas – ao que parecem, confortáveis, mas não para ficar horas esperando – marfim, estavam alinhadas em duas colunas, acompanhadas de uma mesinha com alguns itens, como jornais e revistas. O nome da empresa ficava fixado na parede falsa, ao fundo da mesa da recepcionista. Toda engomada e loura, cabelo num coque baixo, lábios quase transparentes no seu rosto branco sem bronzeamento, aparentemente ela deveria ter uns 18 anos. Fui até ela.
-Bom dia. – Ela fala com um sorriso, mais falso? Não tem.
-Bom dia, eu tenho uma entrevista com o senhor Alejandro.
-Vou contatar ele, alegando que já estás aqui. – Ela diz discando o ramal. Contatar? Alegando? Ela ao menos saberia o que é isso? Ai, adoro o Gerúndio.
Fiquei esperando ela falar com ele, e fui conduzida para a sala dele. Entrei e começou a tal entrevista. O homem, o Alejandro, era bem simpático, se mostrou com um profissionalismo incrível, e muito bem humorado, se eu conseguir esse emprego vejo que ele será um chefe muito legal. Pois sim, fui explicada no inicio, que o homem responsável pelo RH (Recursos Humanos) da empresa, não poderia estar no dia para me entrevistar, mas como eles precisavam de uma arquiteta urgente, ele mesmo daria conta de fazer a entrevista. Mas posso afirmar que não vi diferença entre ele e um gerente de RH.
A finalização da entrevista foi tranquila, ele me avisou que entraria em contato comigo na segunda feira, para me avisar se fui contratada ou não. Até já me avisou que eles trabalham somente pela manhã, e quando tem algum projeto muito importante, eles fazem serão. Peguei novamente o metro, sentei-me próxima a porta e coloquei meus fones de ouvido, mesmo sabendo que as ruas de Los Angeles nem sempre são confiantes, eu coloquei. Escutei a música que normalmente me acalmava, escutei-a a primeira vez num filme que vi, quando estava ainda no Brasil, depois disso nunca mais parei de escuta-la. (Clique aqui para escutar “You and Me – Lifehouse")
Eu sei que dez mais dez são vinte, e estou concluindo pensamentos bobos, mas algo me diz que a volta para os Estados Unidos tem algum significado maior, do que somente estar aqui novamente. Algum significado mais importante, ah, claro, tem o reencontro com o Bruno, o que de fato foi importante, mas sinto que é mais que isso. Desci do metro e andei alguns quarteirões até o prédio em que estávamos  No bar que tinha ao outro lado da rua, tinha alguns cupcakes que eu comi há dois dias atrás. Atravessei a rua e cheguei ao balcão para comprar.
-Boa tarde, em que posso ajuda-la? – Um menino veio me atender.
-Boa tarde, eu gostaria de três cupcakes. – Falei olhando entre o bomboniere cheio de doces. – E duas kolaches e um saco de cookies, para levar. – Nossa me senti uma gorda, mas eu precisava de açúcar no sangue.
Vi ele preparar a caixinha branca com os três cupcakes que escolhi, mais os dois kolaches bem embrulhados, e fora da caixa, o saquinho de cookies, me babei por tudo ali. Já vi que esse bar aqui na frente não irá prestar, engordarei três quilos só nisso.

-Aqui está. – Ele fala assim que efetuei o pagamento.
-Muito obrigada. – Peguei minhas coisas e atravessei a rua.
Entre no prédio e subi até meu andar. Foi um parto para achar a chave, foi outro parto para abrir a porta com aquelas coisas em mãos. Larguei as coisas sobre a mesa, fechei a porta. Larguei minha bolsa sobre o chapeleiro que tinha no meu quarto. Acho que nunca cheguei a comentar sobre o apartamento né? Pois então, ele é confortável, me sinto em casa com ele. Ele tem a sala relativamente grande, a cozinha, dois quartos e um banheiro. É bem legal, mas eu e Anne conversamos sobre ele, e logo que estivermos um tempo relativo e estabilizadas tanto financeiramente, quanto habitualmente, iremos comprar uma casa, para assim então trazer a tia Savanna e o Theo para cá.
Troquei minha roupa, por um pijama bem confortável de soft. Calcei minhas pantufas, fui até a cozinha onde estava a máquina de lavar, coloquei minhas roupas no cesto ao lado dela, e peguei um copo de suco na passada. Liguei a televisão, sentei na mesa e abri minhas compras, deixando todos os doces a vista.
-Cheguei. – Anne abre a porta e olha diretamente para a mesa, mesmo sendo longe, dava pra ver. – Quer engordar uns vinte quilos? – Ela arregala os olhos. Peguei meu cupcake de chocolate e dei uma mordida, ainda com a boca cheia, perguntei:
-Quer um? – Ofereci o cupcake.
-Obrigada. – Ela faz uma cara de nojo e vai pro quarto, logo vindo para a sala e sentando no sofá.
-Ta uma delicia. – Falei lambendo o dedo sujo que passei sobre meu cupcake.
-Imagino. – Ela faz outra cara de nojo. Dei de ombros e continuei a comer, mas pelo canto dos olhos observei que ela intercalava olhares entre os doces e a televisão. – Você não presta Michelle. – Ela fala pegando um cupcake. – Não presta. – Ela repete lambendo os lábios por realmente ele aparentar estar uma delicia, e estavam.
-Isso tava muito bom. – Falei passando a mão sobre a barriga depois que comi tudo o que meu estomago aguentava.
-Se eu engordar você me paga. – Anne fala sentada no sofá. Brincando, brincando, fiz ela mandar a ver, comendo bastante até.
-Pelo menos vai ser uma gorda feliz. – Falei e ela ri.
-Então deixa para me engordar quando eu tiver um marido, pelo menos assim não vou ser uma gorda e solteira. – Ela ri me fazendo gargalhar.
-Acha que consegue um namorado antes do natal? – Perguntei e ela ri mas depois me encara como se estivesse processando a informação.
-Porque? – Ela pergunta franzindo o cenho em dúvida.
-Porque sabe, o natal está chegando, estou com planos de engordar a leitoa até lá. – Dei de ombros e ela solta um “aaaah”. Como imaginei ela correu atrás de mim.
Levantei rapidamente quase tropeçando nas minhas velhas pantufas, passei pelo corredor e ela atrás de mim, entrei no meu quarto quase ultrapassando a porta, e a fechei em seguida, mas Anne estava do outro lado empurrando ela. Sei que logo irei perder isso, pois ela é muito mais alta que eu, e consequentemente mais forte. Não falei? Ali estava eu, no chão atirada, pois ela conseguiu empurrar a porta. Ela veio sobre mim e começou a fazer cócegas. Já falei que cócegas são meu ponto fraco? Pois é!
-Ai. Para. Por. Favor. – Pedi entre pausas, faltava ar nos meus pulmões.
-Quem é a leitoa agora? – Ela pergunta ainda fazendo cócegas.
-Continua sendo você. – Respondi entre risos e tentativas de faze-la parar.
-Resposta errada. – Ela continua sua vingança. – Mais uma chance.
-Sou eu. – Respondi ofegantemente.
-Hmm, boa garota. – Não entendi porque ela não parou de me fazer as cócegas. – Agora diga “Anne é a prima mais linda, legal, e a melhor que existe”.
-Ah, ta brincando. – Falei entre risos e ela piora as cócegas. – Okay okay. – Tentei respirar. – Anne, é a prima mais linda, legal, e a melhor que existe. -  Falei e ela sai de cima de mim.
-Abusada. – Ela fala passando a mão sobre a roupa dela.
-Abusada é você. – Falei levantando e dando a língua para ela.
-Num piscar de olhos eu te pego. – Ela arqueia levemente uma sobrancelha.
Passamos mais um tempo de brincadeiras, e de certa forma isso me lembrava o nosso tempo no Brasil. Dava uma saudades deles. Theo era um palhaço! Não posso negar que meu irmão é o que toda mulher quer. Ele tem a dosagem certa de romantismo , é humorado, simpático, legal, companheiro, e lindo. Sinceramente, meu irmão me encanta com a beleza dele, que foi herdada do meu pai. Ele puxou a pele amorenada dele, os cabelos da minha mãe, os olhos e o formato do rosto eram idênticos ao do meu pai. O jeito que seu maxilar se contorcia quando ele estava bravo com algo.
Tenho tanta saudades deles – dos meus pais – acho que era muito cedo para eles morrerem, e continuo achando. Eles eram jovens, maduros, e sabiam de tudo, queria eles aqui para me ensinarem os caminhos certos para tudo. Queria que minha mãe me falasse mais sobre a primeira vez com meninos, queria que meu pai xingasse o primeiro namorado que eu apresentasse em casa – mesmo nunca tendo um, quem sabe com eles não seria diferente -, queria colocar a culpa no meu irmão por algo que eu fiz e levar uma bronca deles. Acho que tudo isso faz parte de uma vida normal. Não que a minha vida seja anormal, mas a forma brutal e grotesca com o qual perdi eles, ela sim foi anormal.
Anne estava no banho e eu como boa preguiçosa, estava atirada no sofá, sem nada para fazer. Já passavam das sete da noite.  O toque patético do sinal da mensagem tocou, levantei e peguei meu celular sobre a mesa. Duas mensagens, provavelmente uma recebi antes e não consegui ver.
Primeira mensagem de duas horas atrás, do Leonel. Sim, está foi a que eu não ouvi.
“Boa tarde, e ai, como foi na entrevista? Quero detalhes, e espero muito que você consiga. Beijos.”
Tão fofo que até estranhei. Sabe, eu parei para pensar um pouco nas atitudes dele, e juntei um quebra cabeças alá Michelle Kern. Se ele, o Leonel, tentou me beijar aquela noite no restaurante, pediu meu número aquela vez quando nos pechamos no hotel, estava discutindo com alguma pessoa no elevador, e na mensagem deu a entender que poderia pegar eu ou a minha prima, que para ele tanto faz ( claro, convenhamos que não foi com essas palavras), então ele não passa de um sem vergonha, cafajeste. Não quero nada dele além de sua amizade. Abri a outra mensagem, que estava no nome de “Bruno ou Peter”, como salvei o número do Bruno no meu celular.
“Já é quase noite então, boa noite. Vim lembrar que sábado é o jantar, infelizmente irão poucos amigos meus, pois a metade estará em uma festa. Falei com minhas irmãs e no domingo elas estarão aqui em casa, e é claro que elas querem ver vocês, então pensei em vocês dormirem aqui. Tem quarto de hóspedes (:”
Comecei a rir com a mensagem, parecia uma idiota. Respondi.
“Boa noite, sobre nós dormirmos ai eu verei com a Anne, e é claro que eu estou ansiosa para ve-las novamente. Beijos.”
Não esperei nenhum tipo de resposta, apenas larguei meu celular sobre a mesa novamente e fui para a cozinha. Abri a geladeira e fiquei vendo o que poderíamos fazer para jantar, e decidi fazer uma lasanha. Fazer não, apenas tirar da embalagem, e coloca-la no forno, porque eu sou assim.
-Estava rindo de que? – Anne perguntou secando seus cabelos com a toalha.
-Com uma mensagem do Bruno. – Abri a embalagem. – A propósito, ele falou com as meninas, elas estarão na casa dele no domingo, então ele quer que vamos dormir lá. – Falei e coloquei a pequena lasanha num recipiente para ir ao forno.
-Boa ideia. – Ela diz passando por mim e pondo as toalhas no cesto (provavelmente, a que ela secou o corpo e a que secou o cabelo).
-Usou essa toalha quantas vezes? – Perguntei apontando para a toalha.
-Só hoje. – Ela disse.
-Então, ta achando que sabão achamos no lixo? – Arqueie a sobrancelha.
-Eu estou no meus dias, então não usarei ela novamente assim. – Ela diz fazendo uma careta engraçada.
-Desculpa. – Me desculpei pondo a lasanha no forno. – E ai, vamos para a casa dele e dormimos lá?
-Não sei , me responde você. – Ela diz indo para a sala, fui atrás.
-Por mim podemos dormir lá. – Falei vendo ela se atirar no sofá.

-Então vamos. – Ela diz mudando o canal da televisão.